sexta-feira, 27 de junho de 2014

Férias canadenses (12)

Mais um parque, maravilhoso, em pleno centro da cidade.
 









Globo é a grande derrotada da Copa

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:


A Copa do Mundo de Futebol no Brasil deveria ter sido vista como uma oportunidade rara para as empresas de mídia fazerem bons negócios. Poderiam aproveitar a visibilidade e o interesse no Brasil pelo evento esportivo de maior popularidade do planeta para vender ao mundo reportagens, documentários sobre cada região no entorno das cidades-sede e ampliar os canais de exportação para produtos jornalísticos e obras audiovisuais.

Mas estas empresas, quase todas "filhotes da ditadura", perderam esta oportunidade histórica por visão pequena, provinciana, e pelo vício de tratar seu próprio negócio como se fosse um partido político, daqueles obrigados a contestar qualquer ação de um governo o qual querem derrubar nas urnas ou sabe-se lá como.

Até o início do Mundial, as tevês, jornalões, revistas e portais alinhados ao pensamento demotucano detonavam a Copa no Brasil. Óbvio que essa corrente de pensamento do contra influiu na imprensa estrangeira. Mesmo empresas de comunicação que tenham correspondentes no Brasil acabam contaminadas pelo que ouvem e veem nas telas de TV, nas capas de revistas e nas páginas dos jornais de maior circulação.

Com a chegada da Copa, cerca de 19 mil profissionais de mídia de diversos países do mundo desembarcaram no Brasil. Por si só, esse número já mostra o fracasso da imprensa tradicional brasileira. Quase ninguém quis comprar suas reportagens e matérias por falta de confiança na narrativa. Todos quiseram ver com seus próprios olhos, fazendo suas próprias reportagens, tanto esportivas como sobre outros acontecimentos.

E o aconteceu é que essa multidão de jornalistas estrangeiros passou a produzir matérias de todos os tipos com uma visão positiva, sem deixarem de ser realistas, sobre o Brasil – e suas narrativas foram muito diferentes do que havia sido propagado até antes da Copa.

As minorais barulhentas, que protestavam com quebra-quebras localizados e ganhavam grande destaque na pauta do principal telejornal brasileiro, passaram a ser retratadas com sua verdadeira dimensão no exterior: sem serem desprezadas, mereceram notas na imprensa internacional proporcionais à sua relevância.

E a maioria do povo brasileiro, até então silencioso, explodiu em festa com a chegada da Copa.

Pois bem. Na quinta-feira (27), o Jornal Nacional da TV Globo fez uma longa matéria mea culpa, mas disfarçada, com o título "Clima festivo e sucesso da Copa conquistam manchetes internacionais".

O apresentador William Bonner abriu dizendo "Durante meses, os atrasos e os problemas de organização da Copa do Mundo foram assunto de muitas reportagens no Brasil e no exterior. Existia no ar uma preocupação generalizada com as consequências dos atrasos, das obras não concluídas. E os jornais estrangeiros eram especialmente ácidos nas críticas. Mas o fato é que, aos poucos, desde o início desse Mundial, isso tem mudado." Em seguida, citou algumas reportagens de revistas e jornais europeus e estadunidenses, comparando o conteúdo antes da Copa, que era negativo, e agora, francamente positivo.

O que o telejornal fez foi jogar no colo da imprensa estrangeira o que a própria TV Globo, junto com revistas como Veja e Época, e jornais como Folha de S.Paulo e O Estado de S.Paulo propagaram incessantemente e que acabou repercutindo no exterior.

É a inversão das coisas. É como dizer: "Caros e ingênuos telespectadores, nada do que nós falamos durante meses sobre um suposto fracasso da Copa era verdade, como vocês estão percebendo, mas 'existia no ar uma preocupação generalizada' de que o seria, respaldada na imprensa estrangeira."

Como se vê, o 'tucanismo' da Globo está levando-a à decadência.
(fonte: http://altamiroborges.blogspot.ca/2014/06/globo-e-grande-derrotada-da-copa.html)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Merval escreve o epitáfio de Joaquim Barbosa




Do Cafezinho
 
por Miguel do Rosário
 
Exatamente como eu pensei.
Pode-se até discordar que a decisão do STF de negar prisão domiciliar à Genoíno tenha sido um “acordo político”, como eu acho que foi, mas que teve este significado, isso está claro.
Prendeu-se Genoíno para se soltar Dirceu. Os ministros entenderam que não tinham força ainda para enfrentar as duas arbitrariedades ao mesmo tempo.
Barroso lembrou que Genoíno terá cumprido um sexto da pena até final de agosto, e que poderá passar do regime semi-aberto para o aberto. E voltar para casa.
O caso Genoíno é o mais emblemático, neste momento, para Joaquim Barbosa, por causa do entrevero que aconteceu entre ele e o advogado do réu, Luiz Fernando Pacheco.
Permitir a prisão domiciliar para Genoíno constituiria uma derrota insuportável para o presidente do STF. O plenário entendeu que ainda não é hora de impor uma humilhação tão absoluta a um ministro com uma popularidade mórbida como Joaquim Barbosa.
Barbosa inspira psicopatas, e não estou exagerando. Ontem, no twitter, pude comprovar isso. Fotografei e mostro os prints abaixo. Um sujeito que elogiou Barbosa e xingou Lewandowski, em seguida sugeriu que eu merecia ser morto por um “sniper”, um atirador de elite.
É curioso a inversão de valores desse povo. Eles elogiam Barbosa por ser um juiz, em tese, implacável contra o crime, mas pregam o pior dos crimes, o crime capital numa democracia, que é o assassinato por razões políticas. O termo “justiceiro” usado como epíteto elogioso pelos barbosianos em relação a seu ídolo, é o exemplo disso. Justiceiro é aquele que faz justiça com as próprias mãos, sem ligar para a lei.
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Além disso, Barbosa foi astuto em relação à Genoíno. Ele mandou o mesmo grupo de médicos antipetistas (como já pesquisamos) fazer repetidos exames em Genoíno, e produzir laudos favoráveis à sede de vingança do ministro. Quando os jornais falam que vários laudos de médicos oficiais dizem que Genoíno não tem cardiopatia grave, eles omitem que são os mesmos médicos, escolhidos a dedo por Barbosa, falando sempre a mesma coisa. E omitem, criminosamente, que  a saúde de Genoíno efetivamente está piorando na prisão, conforme previsto por seu médico e temido por sua família.
Hoje, todos os jornalões amanheceram com manchetes enormes sobre a soltura de Dirceu. O sensacionalismo e a pressão midiática em cima do caso ainda persiste. Aliás, agora mais que nunca, por causa da agenda eleitoral. A mídia corporativa, notoriamente tucana, entende que o caso gera dano político de imagem ao PT e procura requentar ao máximo tudo relacionado à Ação Penal 470.
Nenhuma crítica consistente aos erros da ação é publicado, ou se é publicado, não é discutido ou levado à sério.
O Globo de hoje, por exemplo, reforça a blindagem de Joaquim Barbosa. Merval Pereira dedica sua coluna inteira a dizer que a decisão do STF não trouxe “desmoralização” ao presidente do STF.
Trouxe sim, Merval. O próprio fato de você se sentir obrigado a falar isso é a prova.
Barroso, naquele jeito dele de gentleman britânico, desmonta todos os argumentos esdrúxulos de Barbosa para impedir que Dirceu trabalhasse fora do presídio.
Diz Merval que o plenário do STF não considerou “nenhuma das decisões de Joaquim Barbosa questionável por ilegal ou despropositada”.
Considerou sim. Tanto que Barroso fez questão de enfrentar ponto por ponto as alegações absurdas de Barbosa: que preso não pode trabalhar em empresa privada; que não pode trabalhar em escritório de advocacia; que o advogado seria “amigo de Dirceu”; que tem de esperar cumprir um sexto da pena.
Todos esses pontos foram ridicularizados em plenário. Ao cabo, até mesmo Celso de Mello parecia arrependido de ter dado o único voto em favor de Barbosa, provavelmente também num jogo político para que o ministro não perdesse de zero. Mello disse concordar com todos os pontos levantados por Barroso.
Ao final de sua coluna, Merval diz que: “ficou evidenciado que Barbosa não abusou de seu poder nem tomou decisões sem o apoio da lei”.
Ora, quando se precisa fazer uma defesa tão chapa-branca assim de um ministro do STF, em geral é porque ele abusou do poder e tomou decisões sem apoio da lei.
O colunista encerra o texto tentando apoiar-se, mais uma vez, na lógica do linchamento, ao dizer que “certamente há pensamento majoritário na sociedade, já detectado por pesquisas: o mensalão petista só levou poderosos para a cadeia e os manteve lá pelo estilo centralizador e autoritário de Barbosa, amplamente aprovado pela população, a ponto de uma parcela representativa querê-lo como candidato à presidência”.
É uma linda ode ao autoritarismo e um escárnio à função democrática e iluminista de uma corte suprema, cujos ministros justamente não passam pelo crivo do sufrágio universal para que tenham liberdade de tomar decisões contra-majoritárias.
Juiz não tem de agradar “ao povo”, e isso está bem claro na doutrina democrática de todos os países ocidentais: a razão é não amarrar os direitos humanos de um réu ou de uma causa às ondas de ódio que varrem a opinião pública.
Elogiar um presidente do STF porque tem caráter “centralizador e autoritário” e toma decisões com base em “pesquisas”, e que estas decisões teriam chancela eleitoral, me parece a pior crítica a um juiz que deveria se pautar unicamente pelos autos, pela Constituição e, sobretudo, pelos direitos humanos.
Merval é tão absurdamente tolo que, em seu esforço patético para defender Barbosa, acabou escrevendo seu epitáfio.

A busca do comum



Colaboração do professor Antônio de Paiva Moura


A busca do comum

            Em entrevista concedida à revista CULT, abril de 2014, o filósofo e ativista político italiano, Antonio Negri diz que as revoluções dos séculos XIX e XX ocorreram porque havia um clamor público, uma demanda, reivindicação de direitos e justiça. Além disso, as revoluções buscaram uma nova e maior forma de representação. A Revolução Francesa nasceu do desequilíbrio de força entre a aristocracia e as classes subalternas; daí a convocação dos Estados Gerais. A Revolução Russa procurou a paz e o desejo de uma nova constituinte. Na atualidade, há um clamor geral contra os poderes constituídos que protegem a opressão do capital, a disparidade e a destruição da natureza. Para Negri, as constituições burguesas, liberal-democráticas não compreendem ou não reconhecem o comum. Nelas só existem direitos individuais. Os representantes do povo, do interesse comum são eleitos com o poder do dinheiro. Por isso é uma máquina incapaz de conter e desenvolver um mecanismo democrático de decisão. O poder do dinheiro, por natureza é corrupto e a corrupção é uma forma de privilegiar os poderosos. Negri chama os poderes opressores, como o estado, as instituições e o capital, de “império”. Como somar forças para lutar contra esse “império”. 

            Para Negri, a luta pela busca, pela demanda do interesse comum implica em termos a sensibilidade marcada pelo amor à vida e por uma irrenunciável solidariedade dos que vivem e padecem as privações e humilhações que nascem da desigualdade e da servidão. Se ousamos pensar a política a partir do antagonismo que opõe inconciliavelmente os pequenos que desejam se libertar aos grandes opressores; Se desejamos construir comunidade a partir do respeito às singularidades e do reconhecimento da multiplicidade dos modos de viver, sentir, pensar e produzir; se tomamos o capital como relação violenta de comando e exploração sobre os que trabalham – então estamos buscando o “comum”, pensado por Antonio Negri.

            A marcha no sentido do “comum” só pode provir da práxis, das lutas. Para Negri a multidão é o conceito que permite designar a práxis coletiva. São as lutas, o poder em marcha da multidão. Para que a multidão tome a direção da práxis coletiva é necessário superar valores subjetivos sustentados por todas as categorias de assalariados. Para Marx a práxis se realiza em condições históricas dadas, postas pela divisão social do trabalho; pelas relações de produção; pela forma de propriedade e pela divisão social das classes. 

            No Brasil e na América Latina a consciência de classe é evidenciada pela ideologia capitalista de legitimar o capital e discriminar o trabalho. A mentalidade que prevalece é a de que são classificados como trabalhadores somente as categorias inferiores, como construção cível, operadores de máquinas, limpeza urbana e funções de baixa remuneração. Os trabalhadores especializados, como bancários, professores, médicos, advogados, engenheiros, administradores de empresas não querem ser classificados como trabalhadores, mas como funcionários. O funcionalismo público e privado constitui grande parte da classe média. A classe média manifesta sua aversão aos trabalhadores. Todos os partidos que têm na sigla a letra “T” sofrem intensa oposição da classe média. O PTB, criado pelo presidente Vargas sofreu todo tipo de infâmia e depreciação por parte da classe média. Hoje, esse mesmo segmento social demonstra muito ódio ao PT e ao PSTU, o que evidencia o antagonismo de classes. Da mesma forma, os sindicatos, as centrais sindicais e os movimentos de excluídos, a exemplo dos sem-terra, são os horrores da classe média.

Belo Horizonte, junho de 2014.

Antônio de Paiva Moura

terça-feira, 24 de junho de 2014

A estrada para Bagdad

por Mauro Santayana

(Jornal do Brasil) - Enquanto o mundo acompanha os jogos da Copa 2014, disputada no Brasil, as agências internacionais informam, em despachos urgentes, que rebeldes islâmicos sunitas se encontram há apenas algumas dezenas de quilômetros da capital iraquiana.
Há poucos dias, combatentes do EIIL - Estado Islâmico do Iraque e do Levante, capturaram Tikrit e Mossul, no norte do país, e em rápido avanço, tomaram em seguida Raqqa, Tal Afar, Suleiman Beg e Falluja. Ontem pela manhã, eles  cercavam Baquba, que, se cair também em suas maõs, lhes dará acesso à estrada que, ao longo de 60 quilômetros, os separa dos subúrbios de Bagdá.
Surpreendidos e desnorteados pela rapidez dos acontecimentos, os EUA, como já ocorreu antes, quando tiveram que abandonar, ás pressas, o Vietnam e a Somália, anunciaram o envio de 275 soldados para “proteger” seu corpo diplomático - quando na verdade eles podem estar indo para lá para organizar e cobrir sua retirada - no que pode ser o capítulo final de uma enorme tragédia que teve início com duas farsas: a do não comprovado envolvimento do regime de Saddam Hussein com os até hoje também não esclarecidos ataques de 11 de setembro de 2002; e a mentira sobre a existência, no Iraque, de “armas de destruição em massa” que nunca  foram encontradas.
Impossibilitado, pela própria opinião pública norte-americana - que não quer nem saber de falar em guerra - de se envolver diretamente com o conflito, os Estados Unidos falam em usar drones para atacar os rebeldes, e se dividem quanto a eventual cooperação com o vizinho estado iraniano, que por ser também xiita, simpatiza com o atual Primeiro-Ministro iraquiano, Nouri Maliki.
Chega a ser irônico que os EUA, agora, falem em proteger a “estabilidade” do Iraque. A intervenção norte-americana no país não foi somente injusta, cruel, absurda e desnecessária. Ela transformou-se em um verdadeiro fiasco moral, militar e econômico para os Estados Unidos.
No dia 16 de março de 2003, pouco tempo antes da invasão, o então Vice-Presidente de Bush, Dick Cheney, afirmou, em um encontro com a imprensa na Casa Branca, que a operação iria custar entre 80 e 100 bilhões de dólares, incluindo a conquista de Bagdá e a ocupação do Iraque, e dois anos de conflito.
Dez anos depois, em maio de 2013, um estudo denominado The Costs of War, do Instituto Watson de Estudos Internacionais da Universidade Brown - a sétima mais antiga dos Estados Unidos - calculou em quanto havia ficado a conta para os contribuintes: um trilhão e setecentos bilhões de dólares, mais 490 bilhões de dólares em despesas médicas e indenizações e pensões para os veteranos, que, até que essa geração desapareça, podem chegar a 6 trilhões de dólares, nos próximos 40 anos.
A isso, é preciso acrescentar, segundo a organização antiwar.com, cerca de 5.000 soldados norte-americanos mortos e desaparecidos, e um número estimado de 100.000 feridos.
As mortes diretas de iraquianos, ainda segundo o estudo da Brown, foram de 134.000 civis, número que deve ser multiplicado por quatro, considerados os que morreram por ferimentos, enfermidade e fome até agora, principalmente crianças. Somando-se ao número inicial, membros de “forças de segurança”, rebeldes, jornalistas e funcionários de organizações humanitárias, chega-se a um número aproximado de 189.000 vítimas.
Antes da intervenção norte-americana no Iraque, o regime de Saddam e o dos Aiatolás, se vigiavam mutuamente, contribuindo para manter certo equilíbrio de forças na região.
Com a destruição da nação iraquiana, os Estados Unidos – assim como estão fazendo na Ucrânia, na Síria, na Líbia - substituíram um país relativamente estável, sem grandes conflitos internos, no qual conviviam diversas etnias, por um inferno de morte e violência do qual, como sempre, se afastaram, depois, quando a situação piorou, como se não tivessem absolutamente nada a ver com isso.
E tudo isso para que ? Para, depois de tantos anos de uma guerra tão cara como brutal, desumana e inútil, os EUA, absolutamente impotentes, verem  tropas rebeldes sunitas islâmicas - muito mais anti-EUA do que Saddam Hussein jamais foi - tomarem conta do país.
Para, depois, correrem o risco de ter de assistir tropas do Irã - a maior potência política e militar da região – tomarem também a estrada para Bagdá, como pacificadores, entregando o Iraque, de bandeja, para um país que sempre consideraram seu arqui-inimigo naquela região.

(fonte: http://www.maurosantayana.com/)

Para os que amam Nova York mas detestam o Brasil

por Fernando Brito


ryanshelley

Se a nossa elite  mentalmente colonizada tivesse um pingo de lucidez e um grama de compaixão (ou apenas um dos dois) olharia  para o Brasil com um sentimento de paz e esperança, em meio a um mundo que regride à miséria das primeiras décadas do século passado.
Mas teimam em ver o exterior como um mundo ideal, onde tudo é limpo, lindo e tecnológico.
O mundo, em todas as partes, é simplesmente feito de pessoas.
Quando elas vivem reduzidas à condição de bichos, nem a cosmopolita Nova York é civilizada.
Leiam o trecho que reproduzo desta matéria de hoje em O Globo.
E a foto que copio acima, de Ryan e Shelley, um casal de moradores de rua.
Um ex-casal, aliás, porque Ryan, agora, está morto.
É bom para lembrar o que esquecemos depois que passamos a achar Charlie Chaplin apenas um comediante antigo, não um intérprete de gente sem cuidado e sem esperança.
E que o drama humano é só existencial e não também pela sobrevivência.
Talvez com isso os que praguejam contra as nossas alegrias e desprezam os nossos progressos possam entender o quanto caminhamos.
E, por isso, o quanto acreditamos que temos de continuar a caminhar.
Mas sempre assobiando, alegres, como Carlitos.

A Nova York dos excluídos

Isabel Deluca
O número de sem-teto em Nova York atingiu, este ano, o maior nível desde a Grande Depressão nos anos 1930. Segundo as últimas estatísticas federais, a população sem moradia aumentou 13% em comparação com o ano passado, apesar da suposta recuperação da economia — e enquanto a média nacional só faz diminuir. A tendência cresce sobretudo entre famílias e virou um dos maiores desafios do prefeito Bill de Blasio, que fez da habitação acessível um dos pontos centrais do seu discurso de campanha, para comandar uma cidade onde os aluguéis não param de subir.
Os nova-iorquinos que passam a noite em abrigos ou nas ruas chegaram a 64.060, de acordo com o relatório anual do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD, na sigla em inglês), que compila dados de três mil cidades americanas.
Só Los Angeles teve aumento maior: lá, os desabrigados cresceram 27%, embora o total ainda seja menor que o de Nova York. No resto do país, o número caiu 4% desde 2012: hoje são 610.042.
— A maior parte dos EUA mudou a tática de reagir ao problema, e está funcionando — explica o professor de Políticas Sociais da Universidade da Pensilvânia Dennis P. Culhane, autor do relatório do HUD. — O foco tem sido no realojamento imediato, muitas vezes na forma de mediação de conflitos, mas também com ajuda financeira. O modelo de botar num abrigo e esperar até que se consiga encontrar uma moradia, ou que o cidadão consiga juntar dinheiro para sair, não é o novo modelo que emerge no país. Mas é o de Nova York.
Na cidade mais rica do mundo, a crise é resultado sobretudo do aumento no número de famílias que já não podem pagar aluguel. O último censo registrou um declínio no número de apartamentos acessíveis em Nova York, enquanto a renda da classe média baixa só faz cair. Para Culhane, parte do problema ainda pode ser creditado à crise econômica:
— Há desemprego excessivo, afetando a capacidade de pagar o aluguel. Há mais jovens adultos e suas famílias com pais ou avós. Isso cria um ambiente estressante que pode levar ao despejo. É o que acontece em dois terços dos casos. A razão mais comum que os novos sem-teto reportam é conflito familiar na casa superlotada.
Em Nova York, as famílias já representam 75% da população dos abrigos. Há menos sem-teto nas ruas do que há uma década, mas a lotação nos dormitórios é recorde — 52 mil, sendo 22 mil crianças. Relatório divulgado em maio pela ONG Coalizão para os Desabrigados aponta outro recorde: o tempo médio que uma família permanece num abrigo atingiu 14,5 meses.
O Departamento de Serviços para Desabrigados disponibiliza diariamente dados sobre os abrigos. Na última quarta-feira, eram 30.540 adultos e 23.227 crianças. O número de sem-teto que pernoitam em refúgios municipais é, hoje, 73% maior do que em janeiro de 2002, quando o ex-prefeito Michael Bloomberg tomou posse. Ele tentou driblar a questão com uma série de políticas, mas o resultado foi a superlotação dos dormitórios públicos.
— Prefiro dormir na rua do que num abrigo — relata Elliot, um sem-teto de 52 anos que costuma passar as tardes na esquina da Rua 72 com a Broadway. — A comida é pavorosa. Os banheiros são imundos. Há ratos e baratas por todo canto.

(fonte> http://tijolaco.com.br/blog/?p=18600)

Férias canadenses (11)

Um pouco de cores da natureza para alegrar o inverno brasileiro













Minas Gerais deve R$ 4 bi em precatórios


Pautando Minas - A dívida do Estado em precatórios do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) já ultrapassa dos R$ 4 bilhões, em números corrigidos. Segundo Alfredo Baracho Júnior, presidente da Comissão Especial de Precatórios da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Minas Gerais, o pagamento desses compromissos está atrasado desde 2004.

"O Estado divulga o que paga, mas esconde o que deixa de pagar", critica Baracho. Ele se refere ao recente anúncio, feito com alarde pelo governo mineiro, da quitação dos precatórios do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais (TRT-MG). Só que o desembolso, de R$ 3,6 milhões, foi irrisório em face da dívida total em precatórios.

Segundo o advogado, desde 2009 o governo mineiro destina menos de 1% da receita para saná-la e o acúmulo de precatórios, que são dívidas do Estado reconhecidas pela Justiça, pode dificultar a obtenção de empréstimos pelo governo mineiro, impedir o repasse de verbas da União e culminar com o sequestro de verbas públicas para o pagamento dos credores.

Uma ação tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) para definir regras de pagamento de precatórios e pode determinar que eles sejam pagos até 2018, o que irá comprometer de forma severa o orçamento estadual nos próximos anos, fazendo com que o governo tenha que reservar mais de 1,5% da receita para quitar estas dívidas.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e interlocutor da Assembleia Legislativa de Minas Gerais com o TJMG, o deputado Durval Ângelo (PT) relata que recebe reclamações frequentes de credores do estado.

"O governo faz uma espécie de um leilão atualmente. Para ele te pagar, você tem que aceitar ter desconto. Tem gente que tem 300 mil para receber, por exemplo, e faz um acordo para receber 30, 40 mil reais", afirma ele.

De acordo com Durval, as pessoas que não aceitam os acordos com o governo de Minas Gerais têm seus pagamentos preteridos. O Projeto de Lei 4963/2014, da deputada Lisa Prado (PROS), propõe o uso temporário de até 25% dos depósitos judiciais de tributos para pagamento de precatórios.

A medida é uma sugestão da OAB para contribuir com a quitação dos títulos devidos. O texto prevê que o estado possa utilizar parte do montante disponível no Banco do Brasil para sanar estas dívidas, mas aguarda apreciação do plenário da ALMG.

(fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/minas247/143797/Minas-Gerais-deve-R$-4-bi-em-precat%C3%B3rios.htm)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Férias canadenses (10)

Domingo de sol, fomos à cidade de Niagara on-the-lake, às margens do Lago Erie, que mais parece um mar, de tão extenso. De lá, pode-se avistar, ao longe, a cidade de Toronto, que fica a 120 quilômetros de distância! Não há sequer um morrinho para atrapalhar!



A cidade tem 15.500 habitantes, belissimas casas, ruas muito arborizadas e praças e parques... é linda de morrer! Verifiquem nas imagens abaixo:













Abutres, coveiros e goiabas


A campanha nacional e internacional contra o Brasil e os brasileiros disseminou três tipos de detratores do nosso país: abutres, coveiros e goiabas.

Flávio Aguiar




1. Os abutres

São os mais ideológicos de todos. No plano internacional têm sido puxados por The Economist e Financial Times. Para eles o Brasil se assemelha a uma valiosa cariniça a ser saqueada. O valor da carniça aumentou muito desde as descobertas na camada atlântica do pré-sal. Muitos deles mantém uma pretensa elegância, muito própria para quem gosta de usar ternos de grife no trabalho. Seu estilo preferido é o prosaico analítico, com direito, vez por outra, a certos sarcasmos pesados, que eles vêem como mera ironia, como a de comparar a nossa presidenta a Groucho Marx. Adoram elogiar o México e a Aliança do Pacífico, como “respostas” ao Brasil e o Mercosul. No fundo, no fundo, o que queremé garantir o máximo possível de renda para o capital rentista e a parte do leão das riquezas brasileiras, passadas, presentes e futuras para ele. Às vezes animam gente mais grosseira, como no caso das vaias VIP, no Itaquerão. Mas aí começamos a entrar
 no segundo grupo.

2. Os coveiros

De um modo geral, são aqueles detratores que, no fundo, bem no fundo, acham que nasceram no país, na latitude e na longitude erradas, além do fuso horário trocado. Latitude errada: nasceram no hemisfério sul. Longitude errada e fuso horário trocado: a hora da nossa capital não é a mesma de Washington, nem de Londres, nem de Paris. Grosso modo, dividem-se em dois grupos. O primeiro simplesmente detesta o país em que nasceu. Não suporta olhar pela janela e ver bananeiras ao invés de pine trees. Detesta até ver palmeiras ao invés de palm trees. São os detratores de sempre, os que se ufanam da Europa e dos Estados Unidos e que pensam que o nosso povo é desqualificado para ser um povo. Sua abrangência é nacional, mas também aparecem alguns no plano internacional. Ouvi durante seminário recente aqui em Berlim que o Brasil é um país que não tem cultura, só tem música e samba. Não sei exatamente o que a pessoa em questão, que não era brasileira, entendia por “cultura”, “música” e “samba”, mas sei muito bem o que ela entendia por ”Brasil”: um bando de gente nu por fora e por dentro, mais ou menos como os primeiros europeus viam os índios quando chegaram para conquistá-los e dizimá-los. São e serão os coveiros de sempre. O segundo grupo pegou carona na campanha dos abutres. Gosta de falar mal do Brasil de agora, este que aí está, com pleno emprego e melhora na repartição de renda. Quer dar a volta no relógio e no calendário, nos ajustar de novo ao tempo em que pobre era miserável e miserável não era nada. Acha que pode garantir de novo os aeroportos só para si. Mas é um grupo que gosta de falar também em generalidades. Se dentro do Brasil, usa o pronome nós (“nós somos corruptos”, “nós somos violentos”, “nós somos ineficientes”, etc.), mas é um “nós” que tem o valor de “eles”, pois só vale da boca para fora.
É uma verdadeira proeza gramatical. Pois o distinto coveiro deste grupo se apresenta, explícita ou implicitamente, como uma exceção. Os estilos preferidos variam: vão do insulto grosseiro à lamentação sutil. Os coveiros deste grupo costumam ter um alvo preciso, que copiam dos abutres: no momento atual, a eleição de outubro. Já os coveiros do primeiro grupo não têm alvo preciso, a não ser o de fazer compras em Miami (alguns) ou passear de bonde ou ônibus nas capitais europeias enquanto faz campanha contra corredores de ônibus nas cidades brasileiras.

3. Os goiabas

Este é um grupo mais variegado. Seu estilo varia entre a euforia e a lamentação. Mas são plagiadores profissionais. Copiam sem restrição tudo o que lhes é servido pelos abutres e os coveiros. Repetem entusiasticamente: “o gigante acordou em junho do ano passado”. Ou chorosamente: “a Copa do Mundo no Brasil tirou dinheiro das escolas e dos hospitais”. E repetem firmes outras condenações peremptórias, como “a de que os estádios ficarão necessariamente ociosos depois da Copa”. São muito numerosos, barulhentos, tanto dentro como fora do país. Também repetem-se muito entre si mesmos, achando que estão sendo originais. Gostam de dizer que estão “mostrando o verdadeiro Brasil” ao nos detratar como um país imóvel, que não tem entrada nem saída.

Os grupos ficaram martelando – mais os coveiros, os goiabas e, mas com a reza em voz baixa a seu favor vinda dos abutres internacionais e também com as vezes a reza em voz alta dos abutres nacionais – que a Copa não ia dar certo, que seria um fracasso, que os aeroportos iam entrar em colapso, que as cidades (e o metrô de S. Paulo no dia da abertura) iriam parar, etc.

Deram com os burros n’água. Cavaram a própria cova e esqueceram de levar uma escada de saída. Ainda esperam que “algo”, alguma catástrofe, qualquer coisa, aconteça até o final da Copa. Depois deste final, vão tentar uma de duas: se o Brasil ganhar a Copa, vão dizer que o nosso povo é um bando de babacas que só sabem correr atrás da bola quando vêem uma. Se o Brasil perder, vão insistir na ideia de que o governo jogou dinheiro fora. Vamos ver o que vai acontecer.

Antes de encerrar, quero esclarecer que “abutres”, “coveiros”, “goiabas” e até “burros n’água” são apenas metáforas literárias, que não deve ser lidas literalmente. Nada tenho contra os abutres que, como os urubus, ajudam a manter a limpeza no seus espaços; nem contra a operosa classe dos coveiros, tão socialmente valiosos como qualquer outra profissão laboriosa; muito menos contra as goiabas, frutas deliciosas como tantas outras; e certamente na da contra os pacientes burros da vida real, que nada têm de burros. Burros, neste último sentido, apesar de alguns se acharem espertalhões, são os “abutres”, os “coveiros”, e os “goiabas”.

(Fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Abutres-coveiros-e-goiabas/4/31207)

domingo, 22 de junho de 2014

Férias canadenses (9)

Chegou o verão! No Canadá, lógico, porque no Brasil chegou o inverno... brrrr...

Ontem, sábado, fomos a Toronto, a capital da província de Ontário. Cidade bonita, com uma população parecida com a de Belo Horizonte, mas com diferenças marcantes entre as duas cidades. Primeiro, que Toronto é praticamente plana. Está situada às margens do lago Ontário, que mais parece um mar.

A cidade tem belos prédios, alguns gigantescos como este cuja construção está sendo finalizada, com uns 60 andares.


 
 Nem por isso abandonou os bons e velhos troleibus...



Pois a cidade de Toronto se enfeitou toda ontem para o início do verão, data que coincide com o início da semana do Orgulho Gay




Uma multidão incalculável nas ruas e praças, às margens do lago, apreciando e participando de atividades as mais diversas. Até uma praia pequena, bem modesta, para aqueles que só desejavam tomar um pouco de sol e descansar.

Para quem queria fazer uma prévia do Orgulho Gay, para quem queria dançar, passear de barco, ver acrobacias... o dia foi cheio! Apreciem as fotos!
















De volta  para casa, depois de um dia inteiro de alegria, a tranquilidade da paisagem rura, com direito a ver uma placa de trânsito um tanto ou quanto inusitada...