sábado, 29 de novembro de 2014

Um novo califado do Estado Islâmico em busca da unidade



Como surgiu esse Estado Islâmico, que ocupa já boa parte do Iraque, chegando perto da nova Bagdá, dominando o norte da Síria e que já tem ramificação na Líbia.


O califado otomano desapareceu em 1923, pelas mãos da modernização ocidental de  Ataturk, fundador da Turquia. Em outubro passado, um auto proclamado califa, Ibrahim, no novo Estado Islâmico (EI), de tradição sunita, quis recriar a UMA (comunidade muçulmana reunificada), dos tempos gloriosos do grande califado abássida de Bagdá (750-1258) que, como uma tenaz,  afogava a cristandade; foi retido no ocidente em Poitiers no século VIII e, pelo oriente, o Islã chegou às portas de Viena no século XVI. Aquele califado era razoavelmente tolerante, de grande cultura, como aconteceu também com o califado de Córdoba, ao contrário do atual, fanático e violento. As redes sociais têm difundido um mapa com a ambição expansionista do EI, de ir, como uma lua crescente deitada, da península Ibérica ao Paquistão. Mas não confundamos intenções com realidade. O EI pode a meio termo ter dificuldade em crescer e mesmo sobreviver.

Como surgiu esse Estado Islâmico, que ocupa já boa parte do Iraque, chegando perto da nova Bagdá, dominando o norte da Síria e que já aparece com ramificação na Líbia? Os serviços secretos dos Estados Unidos, Inglaterra e França financiaram e treinaram grupos heterogêneos da oposição armada na Síria contra Bashar al-Assad, considerado, com o Irã, um dos grandes inimigos  das potências ocidentais. Porém daí surgiu um grupo radical, que criou o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, logo depois apenas Estado Islâmico. Assim como, anos atrás, os Estados Unidos financiaram os talibãs, na luta contra o  governo pro-soviético no Afeganistão. Criavam, nos dois casos, o ovo da serpente.

Os meios de comunicação do ocidente apresentam o Estado Islâmico somente em sua crueldade, na degola de inimigos. A realidade é mais complexa. Sua política impunha, em princípio, que as populações ocupadas se convertessem ao Islã, ou pagassem pesados tributos. Entretanto, na realidade, os muçulmanos xiitas – o grande inimigo-, ou mesmo sunitas  que não aderiam, assim como curdos, cristãos, entre os quais a velha Igreja Caldéia e os yázidis,  grupo religioso de antiga tradição zoroastrista, vêm sendo massacrados e fogem aos milhares para a fronteira com a Turquia. Mas o EI não é apenas “uma horda de fanáticos religiosos” ou um grupo terrorista, como proclamaram os Estados Unidos, mas formou um verdadeiro estado se, com Max Weber, consideramos que cumprem com os requisitos para tanto, ou seja, possuem um território e concentram  o monopólio da força .

Como o EI tem tanto poder econômico? Um portal russo avaliou sua riqueza em dois bilhões de dólares. E de onde vem seu mais sofisticado armamento, que não se reduz àquele tomado ao inimigo? Seu centro está em Mossul, grande  produtor de petróleo. Este petróleo é vendido, clandestinamente, por intermediários turcos, em troca de armamentos. A indústria bélica das grandes potências se beneficia disso.

Durante anos, para as potências ocidentais e para seu aliado Israel, o inimigo eram os governos xiita do Irã e xiita-alauita da Síria. Mas o Estado Islâmico se opõe violentamente a estes e coloca aqueles em situação contraditória e embaraçosa, sem saber qual o inimigo principal a combater. O mesmo acontece com os governos sunitas da Arábia Saudita e dos países do Golfo. Para Israel, toda luta entre os estados árabes é útil porque os enfraquece. Mas os Estados Unidos e seus aliados estão interessados no petróleo do EI. Há então uma tímida abertura diante dos antigos adversários. Na sessão das Nações Unidas deste ano, o primeiro ministro inglês Cameron, encontrou o presidente do Irã, Hassan Rohani, mais moderado que seu antecessor. Entretanto, começavam ao mesmo tempo violentos ataques aéreos ao EI, certamente matando indiscriminadamente não só seus contingentes, mas populações civis. Apresentam-se as horrendas degolas do EI, não as consequências desses bombardeios. A posição mais cômoda é a da Rússia (e da China, mais em surdina), apoiando o governo sírio e o Irã dos ayatolás.

Como explicar a enorme atração de milhares de jovens para essa causa, no fundo, política e de identidade cultural e não apenas religiosa? Muitos são filhos de imigrantes árabes que vieram para o ocidente, e que, mudando seu nome, reencontram uma nova e ao mesmo tempo antiga identidade. Juram lealdade ao califa, proclamam ser candidatos ao martírio e dão testemunho através da mídia, instando outros jovens para que os sigam.

Vendo esse conflito e outros, como na Ucrânia, no Sudão ou na Nigéria, Francisco, bispo de Roma, diz que já estamos numa terceira guerra mundial “em partes”, “com crimes massacres e destruições” e faz um dramático apelo pela paz. Quando a presidenta Dilma, na ONU, falou na necessidade de diálogo no conflito com o EI, foi classificada de ingênua ou anti-americana. Porém, estava na linha tradicional do Itamarati. Não podemos fazer do EI um novo “império do mal”, como se referiam a países inimigos, com maniqueísmo, Reagan e Bush. A realidade é mais complexa, inclui petróleo, indústria bélica, a política destrutiva de Israel contra o mundo árabe e a posição geopolítica de dominação dos países ocidentais. Há também uma tentativa impossível de unir o Islã. E, numa perspectiva mais geral, percebe-se nessa temática tão complexa, o mal-estar da juventude numa modernidade excludente.


(*) Sociólogo. Diretor do Programa de Estudos Avançados em Ciência e Religião da Universidade Candido Mendes.
(fonte: http://www.cartamaior.com.br/?/Coluna/Um-novo-califado-do-Estado-Islamico-em-busca-da-unidade/32295)

Por um novo professor, capaz de transformar escola

Estudiosa sustenta: papel de transmissor de saberes esgotou-se. Mas o de orientar alunos em seu próprio aprendizado será cada vez mais indispensável 

Verônica Branco, entrevistada por Ana Luiza Basílio, no Educação Integral

Diferenciação entre ensino e aprendizagem, contestação da tradicional fórmula de transmissão de conhecimento e avanços das tecnologias e da comunicação. Estes elementos demandam uma reorganização da escola e o professor tem um papel central nisto. A opinião é da doutora em educação Verônica Branco, docente do setor de educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Em entrevista ao Centro de Referências em Educação Integral, a educadora analisa as demandas do século XXI e endossa a necessidade da mediação na aprendizagem, que pede um repensar das práticas escolares e, sobretudo, novo posicionamento por parte do professor, que deve sustentar uma postura orientadora, dialógica e capaz de ampliar os conhecimentos para além do território escolar. Confira a entrevista concedida durante o I Seminário Internacional de Educação Integral – TEIA.

Centro de Referências em Educação Integral: De onde se parte para diferenciar o tempo do ensino e o tempo da aprendizagem?

Verônica Branco: A organização da escola, nos séculos XVIII e XIX, veio acompanhada de uma concepção do ensino atrelada ao transmitir, de passar o que se sabe ao outro. A ideia era de que se aprendia ouvindo, memorizando e repetindo, princípio que ainda se vê hoje em dia. Só no século XXI se tem a clareza de que essa forma é  ultrapassada, desnecessária, até porque o professor não tem acesso a toda essa informação que o jovem tem e a comunicação extra-escolar é, de fato, muito mais eficiente. Também começamos a nos dar conta de que a escola trabalhou muito com o ensino, mas sem uma clareza de seus resultados, validando a lógica de que “se eu ensinei, ele tem que ter aprendido”. Caso contrário, faltou esforço por parte do aluno.

E qual concepção surge após estas constatações?
Verônica Branco: Surge a preocupação com a aprendizagem, desvinculando-a do ensino. Porque o ensino é trabalho do professor e a aprendizagem, do aluno. Isso não quer dizer que quem ensina não aprenda, mas temos segmentos responsáveis por essas habilidades. O professor, então, passa a ter o papel de repensar o ensino e suas práticas, já que transmitir não é mais o esperado. A conduta é de mediação, ou seja, orientar a aprendizagem a partir dos recursos já existentes, apoiando os alunos na leitura, interpretação e apropriação das informações, gerando conhecimento.
O aluno que não aprende passa a ser problema do professor, uma vez que se passa a avaliar em que medida ele atendeu as necessidades do estudante. Por isso, há a necessidade do docente garantir esse espaço de experimentação e reflexão para os sujeitos, que se torna possível ao conhecê-los e considerar os diversos contextos que os rodeiam.

Como esperar que a escola dê conta dessa integralidade do indivíduo, se não resolveu muitos dos problemas relacionados ao ensino?
Verônica Branco: Não estamos mais nessa evolução linear que a humanidade foi alcançando em séculos. O conhecimento deu saltos exponenciais. Isso mostra o quão ineficiente se torna  um professor se fechar em sala de aula com cartilha e quadro negro e tentar resolver a alfabetização, por exemplo. As crianças precisam aprender o que fazer com a leitura e escrita no mundo. Elas devem sair, ler as placas e cartazes, e estabelecer significado para o que aprendem. É aí que o professor pode atuar como mediador.

 Eles estão preparados para esta nova função?
Verônica Branco: A questão é que eles também não são formados para isso. As universidades ainda trabalham como se os docentes fossem reproduzir a sua lógica de ensino; muitos professores universitários nunca pisaram em uma sala de aula. As discussões nas formações abordam teoria ou filosofia, mas não as práticas de ensino.
As crianças aprendem mais quando estão imersas em uma situação. Os professores têm que fazer uso disso e ajudá-las a sistematizar esses conhecimentos, de maneira integrada. É nessa medida que o tempo do ensino e da aprendizagem ainda são diferentes, porque são postos em caixinhas desconectadas. A escola se ocupou da educação formal e não dialoga com a que vai acontecendo ao longo da vida.

 E como a escola deve se articular para que esse processo aconteça?
Verônica: Há um ponto central nas discussões sobre educação integral que é: precisamos de mais tempo. As quatro horas, organizadas em 50 minutos, já eram insuficientes para o modelo em que o professor tinha que transmitir conhecimento. Hoje, a mediação pressupõe participação e não se encaixa ao modelo. E veja que estou apenas falando do tempo em sala de aula.
Esse conhecimento também está no mundo, ou seja, as crianças têm que sair da escola. Claro que algumas coisas podem adentrar esse ambiente, mas é preciso considerar o tempo de levar as crianças para a rua, ao parque, ao cinema ou ao teatro. A escola tem que se assumir enquanto espaço de organização e não somente um espaço de permanência.

Vista a defasagem na formação dos professores, como imaginar que eles possam dar conta desse arranjo?
Verônica Branco: Eu não fui formada para ter filhos. Como eu aprendi? Na vida. Fui buscar os livros, outras referências e fui aprendendo com tudo isso. É um processo de se abrir também, de buscar o conhecimento que não se tem. O professor também precisa estar aberto a aprender, não só as crianças. Aí é que está o problema, fechado ele se sente protegido, fecha a porta e faz o que quer dentro da sala de aula. Ele ainda não se deu conta de que é um ator social e que tem compromisso com cada uma das crianças. O professor é o principal articulador do arranjo de educação integral.

Como vê essa implementação?
Verônica Branco: Nas discussões de educação integral, sempre aparece a questão do espaço mas este  não é o maior problema. O professor tem que ser o maior foco para garantir essa revolução que pretendemos nas escolas, para que elas deixem de ser jurássicas. É um trabalho que independe do espaço, começa a partir da formação do professor, para que ele seja capaz de expandir esses espaços, esse território da escola para o seu entorno.
Temos aí o Plano Nacional de Educação que quer 50% das escolas ofertando educação em tempo integral nessa década para pelo menos 25% dos alunos (meta 6). Isso não é pouco em termos de Brasil, temos muito a fazer ainda nessa década.
(fonte: http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=64893)

Outro curso, também muito interessante!












O Brasil venezuelano e a volta do Febeapá



Texto escrito por José de Souza Castro:
A "Folha de S.Paulo" esclareceu ontem o caso, numa reportagem de Samy Adghirni, de Caracas. O governo venezuelano não estava cooptando jovens brasileiros, como suspeitava o Ministério Público Federal em Goiás. Resumindo:
No dia 17 de novembro, um procurador federal em Goiás, cujo nome completo se encontra na reportagem, mandou que se investigassem "ações ou omissões ilícitas da União, relativamente às condutas praticadas pelo governo venezuelano, ao levar, desde 2011, crianças e adolescentes brasileiros à Venezuela, com o fim de transmitir conhecimentos relativos à 'revolução bolivariana'".
Tomo emprestado de Luciano Martins Costa, do Observatório da Imprensa, um
parágrafo que mais bem resume o caso:
"O nobre procurador não se deu conta de que o comunicado do Ministério das Comunas da Venezuela – equivalente ao nosso Ministério das Cidades –, publicado em 2011, se referia a um bairro chamado Brasil, da cidade de Cumaná, no estado venezuelano de Sucre. Provavelmente foi contaminado pelo palavrório segundo o qual o Brasil vai aderir ao 'bolivarianismo', suspeitou de uma rede de tráfico humano comandada pelo governo da Venezuela e se cobriu de ridículo."
Todos já ouviram falar do Febeapá – o Festival de Besteira que Assola o País, com o qual o jornalista Sérgio Porto, o Stanislaw Ponte Preta, iluminou com seu texto bem-humorado a tragédia vivida pelo país pós-golpe militar de 1964. Ele morreu de ataque cardíaco, no dia 29 de setembro de 1968, apena 45 dias antes do Ato Institucional nº 5 que assombrou o país por muitos anos e quase acabou com o bom-humor dos brasileiros.
Entre os "ódios inconfessos" do criador de personagens inesquecíveis, como Tia Zulmira, Rosamundo e Primo Altamirando, Stanislaw Ponte Preta selecionou os seguintes: puxa-saco, militar metido a machão, burro metido a sabido e, principalmente, racista.
Como se vê, não seria difícil concordar com ele, naquele tempo e agora.

Relendo sua biografia AQUI e, sobretudo o texto escrito pelo poeta mineiro Paulo Mendes Campos logo após a morte do amigo, encontrei uma frase que conhecia dos tempos em que eu era adolescente em Lagoa da Prata: "Se peito de moça fosse buzina, ninguém dormia nos arredores daquela praça". Eu a ouvia, durante sermões dominicais, referindo-se à praça em que se localizava nossa igreja matriz, dos lábios do monsenhor Alfredo, um velho holandês que jamais a atribuiu ao humorista carioca, mas que, desse modo, fazia sorrir discretamente o seu sofrido rebanho. E corar mocinhas recatadas com suas inescapáveis buzinas.
Tempos e costumes mudaram muito desde então. Há ainda militar metido a machão, como aquele notório deputado federal inimigo do comunismo, do bolivarianismo e do governo Dilma, há muito burro metido a sabido, há racistas e o diabo a quatro. Livramo-nos do AI-5, mas o Febeapá continua aí, 46 anos após a morte de Stanislaw Ponte Preta.
Vão-se os milicos, aprochegam-se os procuradores federais...
festival-besteira-assola-pais-stanislaw-ponte-preta-brasil
fonte: blog da KikaCastro



Educação ambiental: onde falhamos?

Mais um bom artigo da Ciência Hoje que, como sempre, só posso indicar  o link. Não deixe de ler e, sobretudo, de colocar em prática!

Educação ambiental: onde falhamos?

Basta observar o comportamento de banhistas em uma praia qualquer para perceber quão longe estamos de ter consciência sobre o respeito aos outros e ao meio que nos abriga. Nem mesmo locais ‘classe A’ escapam das condutas inadequadas.  

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Convite para um curso





Por Uma Comemoração Sem Bombas

Faço minhas as palavras da Cristina. É insuportável a barulhada que se apronta!


by Cristina Moreno de Castro
Eu adoro fogos de artifício, daqueles que enchem o céu de luzes coloridas, indispensáveis nas viradas de ano. Mas já não curto os fogos que são apenas bombas, que só fazem barulho, como se estivéssemos num campo de guerra.
Esperei meu Galo ganhar a Copa do Brasil para abordar o assunto, porque o que vou defender a seguir diz respeito a todos os times de futebol, está longe de ser exclusividade de uma torcida ou outra.
O negócio é o seguinte: é mais que normal haver alegria, festa e comemoração no dia que nosso time vence um título importante, como a Libertadores, o Brasileirão e a Copa do Brasil. Tudo bem soltarem uns foguinhos logo que o jogo termina, passarem pelas avenidas (não ruas de bairro) buzinando logo que o jogo termina, vizinhos gritarem um "Viva o Time Tal!" ou "Perdeu, Time Qual!" nas janelas logo que o jogo termina. Mas tudo tem limite -- o limite do bom senso.
Ficar a noite toda soltando bombas de dez em dez minutos extrapola qualquer limite. Temos que lembrar que um terço da população de Beagá não torce para time nenhum -- ou seja, está totalmente alheia ao que motiva a alegria que atleticanos e cruzeirenses viveram nesta semana. Provavelmente só querem uma boa noite de sono antes de encarar a labuta do dia seguinte.
Temos ainda cerca de 60 mil bebês com até 2 anos vivendo na capital mineira. Esses bebês ainda não sabem para que time torcem, querem apenas comer, fazer suas necessidades e dormir -- querem sossego, enfim. Imagina como se sentem quando são bombardeados durante o sono? E os pais desses bebês, que precisam acordar de madrugada para acalmá-los, aos berros?
Considerando as crianças com até 4 anos, são 132 mil. Elas ainda não entendem por que diabos estão sendo acordadas com tanto estardalhaço durante a noite, por que algumas pessoas estão fazendo tanto barulho, por que alguns estão gritando de felicidade e outros, de tristeza. O que entendem é que estão com sono e querem dormir.
Existem ainda pelo menos 17 mil grávidas na cidade, que também já sofrem com várias dificuldades próprias do período de gestação, que estão mais suscetíveis ao cansaço e ao estresse, que ainda precisam trabalhar, e certamente querem sossego na hora do sono.
E a população idosa? Cerca de 300 mil pessoas que moram em Beagá têm mais de 60 anos -- dessas, 137 mil têm mais de 70 e 45 mil têm mais de 80 anos. São pessoas com mais sensibilidade auditiva e, em muitos casos, com a saúde mais frágil. Também é razoável supor que eles queiram uma boa noite de sono, sem sustos durante a madrugada.
Além disso, são 275 mil cães e 55 mil gatos vivendo em Belo Horizonte. Ao ouvirem os estrondos das bombas, esses pets sofrem com perda auditiva, ansiedade, tremores, taquicardia e, em alguns casos, podem até, literalmente, morrer de medo. Imagine a dor dos donos desses bichinhos que não param de ganir e chorar durante todo o alvoroço? Já me aperta o coração ouvir o cachorro do vizinho chorando, que dirá se fosse o meu.
Minha pergunta é: é indispensável mesmo soltar fogos e bombas para comemorar uma alegria no futebol? Sem os fogos, os rivais já não se sentirão devidamente provocados pela derrota sofrida?Será que não é possível comemorar sem provocar transtornos a milhares de trabalhadores que apenas não gostam de futebol, além de bebês, crianças pequenas, pais de crianças pequenas, grávidas, idosos e donos de pets pela cidade afora? No seu círculo de amigos, quantas pessoas se encaixam em todas essas categorias? Você já conversou com elas sobre isso, para ver o que pensam?
Eu falo por mim. Adoro futebol, acompanho, torço, vibro, comemoro muito quando o Galo vence um jogo ou um campeonato. Mas me incomodo quando vejo que as bombas continuam a estourar durante toda a madrugada, porque lembro das minhas irmãs, com filhas pequenas e com cachorrinhos, reclamando do quanto são afetadas por isso. Tive o azar de estar em São Paulo, a poucos metros do Minhocão, quando o Corinthians foi campeão do Brasileiro, da Libertadores e do Mundial e posso dizer: foi um INFERNO. Por não ter nenhum interesse no time em questão, foi ainda mais insuportável para mim, e entendi melhor o ponto de vista daquele um terço que não está nem aí para futebol: a festa durou a noite inteirinha, e eu acordava tremendo, morrendo de susto, coração na boca com o som dos rojões, às 2h... 3h... 4h... 5h... 6h da madrugada. Podem me chamar de mal-humorada, mas não acho isso certo. E mais: acho desnecessário.
Por tudo isso, lanço agora uma campanha. Se concordar, embarque nela comigo, ajudando a divulgar por aí e compartilhando com seus amigos que não pararam de reclamar da barulheira dos rojões na última semana: #PorUmaComemoraçãoSemBombas. De quebra, ainda estaremos contribuindo com a tão necessária paz no futebol ;)
(fonte: blog da Kika Castro)

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Guerra sem fim no Oriente Médio


De certa forma, pode-se argumentar que não houve uma série de guerras no Oriente Médio durante esse período de 40 anos, mas sim uma única e longa guerra

Reginaldo Násser

Vocês sabem qual pais é um grande produtor de petróleo, vizinho de um membro da Otan, onde há militantes muito bem armados com histórico de práticas de execução, extorsão e decapitação de pessoas? Nesse país também está em marcha uma sistemática campanha contra repórteres, além de milhares de pessoas escravizadas, tráfico de mulheres e uma série de ações de intimidação nas comunidades nativas. Quem pensou na Síria, Iraque e no grupo Isis errou, pois estamos falando do México. Além disso, os cartéis mexicanos não só já realizaram ataques e assassinatos dentro dos EUA, mas já mataram mais cidadãos norte-americanos dentro dos próprios EUA do que os atentados terroristas no dia 11 de Setembro.

Apesar de tudo isso, é o Isis que representa “um claro e real perigo “para os EUA, de acordo com general Martin Dempsey, chefe do Estado-maior, que acrescentou ser necessário formar uma coalizão internacional para enfrentá-los. O secretário de Defesa Chuck Hagel afirmou ainda que o Isis representa uma ameaça superior à de grupos como a al-Qaeda, e acredita que combatentes estrangeiros com passaportes ocidentais poderiam realizar ataques em qualquer lugar do mundo.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Washington Post-ABC News no mês de outubro, 90% dos norte-americanos avaliaram o Isis como uma séria ameaça aos interesses vitais dos EUA. Esse estado de espírito foi muito bem orquestrado pelo governo e mídia. Uma pesquisa realizada pela FAIR (o grupo de verificação da mídia nacional) sobre os principais programas de debates, mesas-redondas e entrevistas na TV entre os dias 7 a 21 de setembro (quando teve inicio exposição dos vídeos de decapitações) avaliou que, do total de 205 fontes que apareceram em programas discutindo opções militares na Síria e no Iraque, apenas seis dessas pessoas expressaram oposição à intervenção militar dos EUA. Listas de convidados foram constituídas, em sua grande maioria por funcionários e ex-funcionários da Casa Branca, bem como por oficiais militares ligados ao Pentágono. (No Debate and the New War).

Essa percepção de que o Isis representa uma “ameaça existencial” permitiu, por sua vez, que o presidente Barack Obama solicitasse ao Congresso o montante de 5,6 bilhões de dólares para o inicio de uma nova guerra liderada pelos EUA no Iraque e na Síria. Assim, a Síria poderá tornar-se o 14º país islâmico que as forças dos EUA já invadiram, ocuparam ou bombardearam, e em que os soldados norte-americanos mataram ou foram mortos desde 1980. São eles: Irã (1980, 1987-1988), Líbia (1981, 1986, 1989, 2011), Líbano (1983), Kuwait (1991), Iraque (1991-2011, 2014-), Somália (1992-1993, 2007-), Bósnia (1995), Arábia Saudita (1991, 1996), Afeganistão (1998, 2001-), Sudão (1998), Kosovo (1999), Iêmen (2000, 2002-), Paquistão (2004-).

Como se sabe, em todas essas operações militares ocorre, previamente ou posteriormente, a montagem de uma enorme infraestrutura de guerra. As estimativas de gastos giram em torno de 10 trilhões de dólares ao longo das últimas quatro décadas com o argumento de combater ameaças e promover estabilidade no Grande Oriente Médio (America’s Bases of War in the Greater Middle East. From Carter to the Islamic State 35 Years of Building Bases and Sowing Disaster By David Vine Global Research, November 17, 2014).

À medida que os EUA se tornam, cada vez mais, uma sociedade multicultural e plural, torna-se cada vez mais difícil moldar um consenso sobre questões que envolvam ações militares internacionais, exceto nas circunstâncias em que se configura a iminência de uma ameaça externa poderosa (real ou virtual). Nas últimas décadas, os policymakers e a mídia em geral nos EUA têm trabalhado para convencer a opinião publica de que supostas intencionalidades de determinados atores são uma ameaça real, independente de suas capacidades militares, e assim passaram a construir modelos explicativos sobre as causas da guerra. No nível coletivo, processos de percepção são compartilhados e comunicados para criar um estado de espírito coletivo de medo. Neste sentido, as ameaças são socialmente construídas por meio de articulações, públicas e privadas, entre especialistas, líderes políticos e militares. Por exemplo, quase não se fala de onde procede, nem muito menos quais são, os recursos e as reais capacidades militares do Isis, mas são repetidos à exaustão os vídeos de execuções e decapitações para impactar emocionalmente o público.

Como lembra o poeta Mia Couto, para fabricar armas, é preciso fabricar inimigos. Para produzir inimigos, é imperioso sustentar fantasmas. O que requer a construção e manutenção de enorme aparato de militares, jornalistas, acadêmicos que nos ensinam que, para enfrentarmos as ameaças globais, precisamos de mais exércitos, mais serviços secretos e a suspensão de direitos. (https://www.youtube.com/watch?v=jACccaTogxE).

Sem dúvida que tudo isso faz parte da cultura do medo que sempre existiu nos EUA, é verdade, mas que se tornou onipresente e absoluto após o 11 de Setembro. Em maio de 2004, o procurador-geral dos EUA, John Ashcroft, alertou que terroristas poderiam “atacar em qualquer lugar, a qualquer momento, e com praticamente qualquer arma”, sem, contudo, especificar sobre quem estava falando e quais eram as reais capacidades desse suposto grupo terrorista. Quando perguntaram ao então secretário de Defesa do governo Bush, Donald Rumsfeld, o que constituiria a vitória na guerra contra o terrorismo após os atentados do dia 11 de Setembro, ele respondeu que dever-se-ia convencer a opinião publica de que seria uma longa batalha. Não foi outra coisa o que disse, recentemente, uma das pessoas mais influentes em questões militares nos EUA, Leon Panetta, que já teve os cargos de chefe de Gabinete da Casa Branca na administração Clinton, diretor da CIA e secretário de Defesa na administração Obama. Em entrevista para oUSA Today advertiu que os norte-americanos precisam se preparar para uma “espécie de guerra dos 30 anos”, que deveria se estender além do Isis, incluindo as ameaças emergentes na Nigéria, Somália, Iêmen, Líbia e em outros lugares.

De certa forma, pode-se argumentar que não houve uma série de guerras no Grande Oriente Médio durante esse período de 40 anos, mas sim uma única e longa guerra, uma guerra sem fim. Supondo que o Estado islâmico seja derrotado, algo bastante provável, podemos ter certeza que de as campanhas militares seguiram seu curso. Assim como até pouco tempo atrás a Al Qaeda era a maior ameaça nunca vista anteriormente, novas ameaças, tão ou mais poderosas que o Isis, serão construídas e, provavelmente, teremos o 15º pais islâmico a ser atacado, ou o retorno para algum campo de batalha de uma guerra considerada inacabada.

Podemos vislumbrar, ainda que remotamente, que essas guerras acabem algum dia? Para responder a uma questão como essa, só recorrendo à genialidade de Mia Couto. Os fantasmas vão morrer apenas quando morrer o medo, mas há quem tenha medo que o medo acabe. E não se iludam, são pessoas poderosas que colocam à sua disposição todos os recursos que possuem para que o medo permaneça.

Artigo publicado originalmente na Revista Forum

(*) Reginaldo Nasser é professor do curso de Relações Internacionais da PUC-SP e do programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e PUC-SP).

Paulo Francis e a ‘Suíça connection’

Por Paulo Augusto

No dia 14/11 dei uma de Stanislaw Ponte Preta e gozei, no Twitter, o nome dado à Operação Lava Jato, que alguns ainda grafam com hífen. Se não havia na história um avião a jato, nem sequer um prosaico ultraleve a ser lavado, a expressão era descabida. Dada sua clara intenção de conotar uma faxina em regra, como a executada nos carros em postos de gasolina, o nome correto seria “lava a jato”.

Minha picuinha onomástica, de imediato turbinada pelo Facebook, cumpriu apenas uma parte do seu objetivo: divertir os internautas com mais essa prova de que o Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País), inventado há cinco décadas por Stanislaw, ainda não encerrou suas atividades.

Indiferente ao flagra vernacular e às gozações nas mídias sociais, a Polícia Federal manteve o nome (e até o hífen) de sua operação, concentrando-se nos afazeres que lhe competem, a fim de evitar bobeadas mais sérias, como os erros processuais que inviabilizaram as operações Castelo de Areia e Satiagraha, e a indevida inclusão de José Carlos Cosenza na petrorroubalheira, que por um triz não comprometeu a limpeza em andamento, àquela altura já com uma extensão: Juízo Final, nome mais que apropriado se as investigações estiverem de fato em seus versículos derradeiros e os condenados, prestes a serem punidos.

Agindo com impressionante competência e rapidez na perseguição aos saqueadores da maior empresa pública do país, a PF tem saldo credor para cometer impunemente mais umas duas ou três mancadas ortográficas. Aliás, não me lembro de outra nas mais de 2 mil operações por ela executadas neste século, ora batizadas com nomes de bichos, ora com títulos de filmes, na maioria das vezes com personagens e episódios históricos e mitológicos. Por mais que tentem esconder quem os sugere (o segredo também é a alma do marketing), sabe-se que até 2007 quem com mais frequência o fazia era o delegado Zulmar Pimentel, diretor executivo da PF, afastado do cargo e desterrado para Manaus com a fama de boquirroto.
Ignora-se quem associou a caça aos envolvidos no escândalo da Petrobrás à lavagem de carros. Seja lá quem for, seu maior erro não foi omitir uma preposição e acrescentar um hífen, mas desperdiçar a oportunidade de homenagear quem pela primeira vez alertou publicamente para a rapinagem na Petrobrás.

“Verdadeira estupidez”

Há quase 20 anos, o jornalista Paulo Francis denunciou, no programa Manhattan Connection, que “todos os diretores da Petrobrás” punham dinheiro na Suíça. Apesar do alerta em off de Lucas Mendes (“olha que dá processo”), Francis não tirou o dedo do gatilho. Referiu-se a um amigo, advogado, que num almoço com um banqueiro suíço ouvira deste o seguinte comentário: “Bom mesmo é brasileiro, porque esses bilionários árabes depositam US$ 1 milhão, US$ 2 milhões, mas uma semana depois tiram. Os brasileiros põem US$ 50 milhões, 60 milhões e deixam.” Segundo Francis, toda aquela grana era fruto de roubalheira, de superfaturamento.

Novo alerta de Lucas, dessa vez gestual (um discreto tapinha no braço direito), novamente ignorado por Francis, que reiterou sua certeza de que a Petrobrás fora dominada “pela maior quadrilha” em atividade numa empresa pública brasileira.

Lucas suspeitou certo: deu galho. Não contra a quadrilha vagamente apontada por Francis (o que só poderia ocorrer se o então presidente da Petrobrás, Joel Rennó, tivesse mandado investigar a procedência das acusações e as tivesse comprovado), mas contra o próprio acusador.

Sem provas concretas para substanciar sua denúncia, Francis acabou processado por Rennó, no foro de Nova York. Um processo impagável de US$ 100 milhões, ao qual o jornalista ainda se referiria em outra edição do Manhattan Connection, quando citou nominalmente o presidente da Petrobrás e acusou os diretores da estatal de tentarem intimidá-lo e silenciá-lo.

Nesse programa, houve um diálogo quase cômico entre Lucas e Francis. Ao ouvir o colega afirmar que, dos “três porquinhos” que dirigiam a Petrobrás, conhecia apenas o presidente, “um rapaz gordinho” que comia “nos melhores restaurantes de Nova York”, Lucas quis saber se já haviam comido juntos alguma vez. “Infelizmente, já”, respondeu Francis, simulando um engulho.

Se Francis errou ao dizer o que disse sem provas materiais, o presidente da Petrobrás não podia tê-lo processado nos Estados Unidos por coisas ditas numa televisão brasileira e jamais transmitidas fora do Brasil, embora gravadas num estúdio nova-iorquino. Muito menos envolvendo uma indenização que, hoje sabemos, só os petrogatunos teriam condições de pagar com seu butim, guardado aqui e lá fora.

Mesmo ciente de que perderia o caso, o presidente da Petrobrás esticou o litígio até onde pôde. Queria infernizar o jornalista e como dispunha de recursos ilimitados para cozinhar o processo, manteve-o em banho-maria, para discreto constrangimento do presidente Fernando Henrique Cardoso, que tampouco se empenhou em esclarecer se as imputações de Francis tinham ou não fundamento.

Rennó afinal venceu a parada. Mas não nos tribunais.

Estressado e deprimido pela milonga judicial, Francis morreu de um ataque cardíaco em 4 de fevereiro de 1997. Na Folha de S.Paulo do dia seguinte, Elio Gaspari encerrou seu comentário com esta observação: “Dizer que o processo do doutor Rennó o matou seria uma injustiça piegas, verdadeira estupidez. O que aconteceu foi outra coisa. O doutor Rennó conseguiu tomar uma carona no último capítulo da biografia de Paulo Francis. E, se algum dia Rennó tiver biografia, terá Paulo Francis nela. É difícil que consiga fazer coisa melhor, sobretudo à custa do dinheiro da viúva.”

A Operação Paulo Francis demorou 17 anos para se concretizar. “Lava-Jato” é apenas seu nome fantasia.
***
Sérgio Augusto é colunista do Estado de S.Paulo
(fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed826_paulo_francis_e_a_suica_connection) 

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Viver Amsterdam - uma boa pedida!

Conheci Amsterdam ainda no século passado. Apesar de uma estadia curta, gostei muito da cidade. Todas as fotos abaixo são de minha autoria.











Gostou das fotos? Pois acredite, não é tão difícil ir lá não! E agora, mais legal ainda, tem uma professora mineira, que mora lá e criou uma agência para bem receber os brasileiros que se aventuram.
Conheça o site da agência dela e quando quiser, vá! Ela vai te receber muito bem!

Jornalista alemão denuncia controle da CIA sobre a mídia


Sou jornalista há 25 anos, e fui criado para mentir, trair, e não dizer a verdade ao público. Mas vendo agora, e nos últimos meses, o quanto … como alemão a mídia dos EUA tentar trazer a guerra para os europeus, para trazer a guerra à Rússia. Este é um ponto de não retorno, e eu vou me levantar e dizer … que o que eu fiz no passado, não é correto, manipular as pessoas, para fazer propaganda contra a Rússia e o que os meus colegas fizeram no passado, porque eles são subornados para trair o povo, não só na Alemanha, mas de toda a Europa.
A razão para este livro é que estou muito preocupado com uma nova guerra na Europa, e eu não quero de novo a situação, porque a guerra nunca vem de si mesmo, há sempre pessoas atrás que levam à guerra, e não é só políticos, jornalistas também.
Eu só escrevi no livro sobre como traimos no passado nossos leitores apenas para empurrar para a guerra, e porque eu não quero isso, eu estou cansado dessa propaganda. Nós vivemos em uma república de bananas, não é um país democrático, onde teríamos a liberdade de imprensa, direitos humanos.
[...]
Se você olhar para a mídia alemã, especialmente os meus colegas que, dia após dia, escrevem contra os russos, que estão em organizações transatlânticas, que são apoiados pelos Estados Unidos para fazer isso, pessoas como eu. Eu me tornei um cidadão honorário do Estado de Oklahoma. Por que exatamente? Só porque eu escrevia pró-Estados Unidos. Eu escrevia pro-Estados Unidos e fui apoiado pela Agência Central de Inteligência, a CIA. Por quê? Porque eu tinha que ser pró-americano.
Estou cansado disso. Eu não quero! E assim que eu acabei de escrever o livro — não para ganhar dinheiro, não, ele vai me custar um monte de problemas — só para dar às pessoas, neste país, a Alemanha, na Europa e em todo o mundo, apenas para dar-lhes um vislumbre do que se passa por trás das portas fechadas.

Sim, existem muitos exemplos disso: se você voltar na história, em 1988, se você for ao seu arquivo, você encontrará em março de 1988 que os curdos do Iraque foram atacados com gás tóxico, o que se tornou conhecido em todo o mundo. Mas em julho de 1988, eles [o jornal alemão] me mandaram para uma cidade chamada Zubadat, que fica na fronteira entre Iraque e Irã.
Foi na guerra entre iranianos e iraquianos, e eu fui enviado para lá para fotografar como os iranianos tinham sido atacados com gases venenosos, gás venenoso alemão. Sarin, gás mostarda, fabricado pela Alemanha. Eles foram mortos e eu estava lá para tirar fotos de como essas pessoas foram atacadas com gás venenoso da Alemanha. Quando voltei para a Alemanha, só saiu uma pequena foto no jornal, o Frankfurter Allgemeine, e saiu apenas uma pequena seção sem descrever como era impressionante, brutal, desumano e terrível, matar … matar, décadas após a Segunda Guerra Mundial, o povo com gás venenoso alemão.
Foi uma situação em que eu me senti abusado por estar lá apenas para fazer um documentário sobre o que tinha acontecido, mas não estar autorizado a revelar ao mundo o que tínhamos feito atrás das portas fechadas. Até hoje, não é bem conhecido do público alemão que havia gás alemão, houve centenas de milhares de pessoas atingidas nesta cidade de Zubadat.
Agora, você me perguntou o que eu fiz para as agências de inteligência. Então, por favor, entenda que a maioria dos jornalistas que você vê em outros países afirmam ser jornalistas, e eles poderiam ser jornalistas, jornalistas europeus ou americanos … mas muitos deles, como eu no passado, são supostamente chamado de “informantes não-oficiais”.
É assim que os americanos chamam. Eu era um “informante não-oficial”. A cobertura extra-oficial, o que isso significa?
Isso significa que você trabalha para uma agência de inteligência, você os ajuda se eles querem que você para ajude, mas nunca, nunca [...] quando você for pego, se descobrem que você não é só um jornalista, mas também um espião, eles nunca dirão “era um dos nossos.”
Isso é o que significa uma cobertura extra-oficial. Então, eu ajudei-os várias vezes, e agora eu me sinto envergonhado por isso também. Da mesma forma que eu sinto vergonha de ter trabalhado para jornais como o Frankfurter Allgemeine, porque eu fui subornado por bilionários, subornado pelos norte-americanos para não refletir com precisão a verdade .
[...]
Eu só imaginava, quando eu estava no meu carro para vir a esta entrevista, tentei perguntar o que teria acontecido se eu tivesse escrito um artigo pró-russo no Frankfurter Allgemeine. Bem, eu não sei o que teria acontecido. Mas todos nós fomos ensinados a escrever artigos pró-europeus, pró-americanos, mas por favor não pró-russos. Portanto, estou muito triste por isso …. Mas não é assim que eu entendo a democracia, a liberdade de imprensa, e eu realmente sinto muito por isso.
[...]
Sim, eu entendi a pergunta. A Alemanha ainda é uma espécie de colônia dos EUA, você verá em muitos aspectos; como [o fato de que] a maioria dos alemães não querem ter armas nucleares em nosso país, mas ainda temos armas nucleares americanas.
Então, sim, nós ainda somos uma espécie de colônia americana e, por ser uma colônia, é muito fácil de se aproximar de jovens jornalistas através de (e isso é muito importante) organizações transatlânticas.
Todos os jornalistas de jornais alemães altamente respeitados e recomendados, revistas, estações de rádio, canais de TV, são todos membros ou convidados destas grandes organizações transatlânticas. E nestas organizações transatlânticas, você é abordado por ser pró-americano. Não há ninguém que vem a você e diz: “Nós somos a CIA. Gostaria de trabalhar para nós? “. Não! Esta não é a maneira que acontece.
O que essas organizações transatlânticas fazem é convidá-lo para ver os Estados Unidos, pagam por isso, pagam todas as suas despesas, tudo. Assim, você é subornado, você se torna mais e mais corrupto, porque eles fazem de você um bom contato. Então, você não vai saber que esses bons contatos, digamos, não-oficiais, são de pessoas que trabalham para a CIA ou outras agências dos EUA.
Então, você faz amigos, você acha que você é amigo e você vai cooperar com eles. E se perguntam: “Você poderia me fazer um favor?”. Em seguida, seu cérebro passa por uma lavagem cerebral. A pergunta: é apenas o caso com jornalistas alemães? Não! Eu acho que este é particularmente o caso com jornalistas britânicos, porque eles têm uma relação muito mais próxima. Também é particularmente o caso com jornalistas israelenses. É claro que com jornalistas franceses, mas não tanto como com os jornalistas alemães ou britânicos.
Este é o caso para os australianos, os jornalistas da Nova Zelândia, de Taiwan e de muitos países. Os países do mundo árabe, como a Jordânia, por exemplo, como Omã. Há muitos países onde você encontra pessoas que se dizem jornalistas respeitáveis, mas se você olhar para trás, você vai descobrir que eles são fantoches manipulados pela CIA.
[...]
Desculpe-me por interrompê-lo, dou-lhe um exemplo. Às vezes, as agências de inteligência vêm para o seu escritório e sugerem que você escreva um artigo. Dou-lhe um exemplo, não de um jornalista estranho, mas de mim mesmo. Eu só esqueci o ano. Só me lembro que o serviço de inteligência alemão no exterior, o Serviço Federal de Inteligência da Alemanha (isto é apenas uma organização irmã da Agência Central de Inteligência) veio ao meu escritório Frankfurter Allgemeine em Frankfurt. Eles queriam que eu escrevesse um artigo sobre a Líbia e o coronel Kadafi. Eu não tinha absolutamente nenhuma informação secreta sobre Kadafi e Líbia. Mas eles me deram toda a informação em segredo, só queriam que eu assinasse o meu nome.
Eu fiz isso. Mas foi um artigo que foi publicado no Frankfurter Allgemeine, que originalmente veio do Serviço Federal de Inteligência da Alemanha, a agência de inteligência no exterior. Então, você realmente acha que isso é jornalismo? As agências de inteligência escreverem artigos?
[...]
Oh sim. Este artigo é parcialmente reproduzida no meu livro, este artigo foi “Como a Líbia e o coronel Kadafi secretamente tentam construir uma usina de gás tóxico em Rabta”. Acho que foi Rabta, sim. E eu tenho toda essa informação… foi uma história que foi impressa em todo o mundo, alguns dias depois. Mas eu não tinha nenhuma informação sobre o assunto e  foi a agência de inteligência que me sugeriu escrever o artigo. Então isso não é como o jornalismo deve funcionar, as agências de inteligência decidirem o que é publicado ou não.
[...]
Eu tive uma, duas, três … seis vezes a minha casa foi revistada, porque eu tenho sido acusado pelo procurador-geral alemão pela divulgação de segredos de Estado. Seis vezes invadiram a minha casa! Bem, eles esperavam que eu nunca iria me recuperar. Mas eu acho que é pior, porque a verdade virá à tona um dia. A verdade não vai morrer. E eu não me importo com o que acontecer. Eu tive três ataques cardíacos, não tenho filhos. Então, se eles querem me processar ou me jogar na cadeia… é pior para a verdade.
PS do Viomundo: Quem serão as fontes não oficiais da CIA no Brasil?

(fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/jornalista-alemao-denuncia-controle-da-cia-sobre-midia.html)

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Nossa água entra pelo cano. E o minério (e nós) vamos juntos

Texto escrito por José de Souza Castro:
No dia 20 deste mês, o jornal "O Tempo" publicou reportagem de Ana Paula Pedrosa informando que a prefeitura de Viçosa, na Zona da Mata mineira, revogou todos os atos administrativos que autorizavam ou davam parecer favorável à passagem do mineroduto da Ferrous pelo município. "No decreto, o prefeito Ângelo Chequer alega que o empreendimento causará ‘inúmeras interferências’ ao meio ambiente, com destaque para o prejuízo aos mananciais", diz o texto.
Vejo que, aos poucos, vão-se descobrindo os malefícios de um meio de transporte de minério de ferro -- o mineroduto -- que, se deixado por conta exclusiva do mercado, sem atenção às questões ambientais, dominará esse setor no Brasil. Pois, indiscutivelmente, é o meio mais econômico de se transportar minério. Por enquanto, responde por apenas 5% do setor no país. Mas, em Minas, avança impetuosamente.
É aqui que se constrói o maior mineroduto do mundo. Já escrevi sobre as artimanhas que o tornaram possível, envolvendo um dos mais notáveis empresários brasileiros, Eike Batista. O maior mineroduto do mundo liga Conceição do Mato Dentro ao Porto de Açu, no litoral fluminense, e hoje pertence à Anglo American, que comprou o negócio de Eike e vem procurando um sócio, no momento em que começa a transportar o minério, em plena crise de água em Minas e no país.
É em Minas também que surgiu o primeiro desses caminhos fáceis do minério exportado para o mundo e que deixam para o Estado pouco mais que enormes crateras. É o mineroduto da Samarco, do Grupo Belgo-Mineira, que já opera dois minerodutos, com 398 quilômetros de extensão, ligando Mariana a Anchieta, no Espírito Santo, e se prepara para construir um terceiro. Tem feito propaganda na imprensa, dizendo como cuida bem do meio ambiente...
Empresas que pagam pouco em royalties de minério, com a cumplicidade do relator do novo marco da mineração, deputado Leonardo Quintão, do PMDB mineiro, que recebeu doações de mineradoras para sua campanha eleitoral, têm conseguido captar água em rios mineiros, sem pagar nada por isso. Tudo em nome do desenvolvimento...
Reação em Viçosa
É interessante saber que se inicia uma reação. Criou-se a Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous. Seu coordenador, Luiz Paulo Guimarães, diz que, se for implantado, o mineroduto vai impactar 30 nascentes ou mananciais do ribeirão São Bartolomeu, que abastece 50% da cidade e 100% da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Também vai impactar o rio Turvo Limpo, que é a alternativa de expansão do sistema de abastecimento da cidade. Viçosa vive uma severa crise de abastecimento desde fevereiro e enfrenta racionamento há cerca de 40 dias. O receio é que ocorra em Viçosa, sede da mais importante universidade rural mineira, o que se observa em municípios onde a Anglo American implantou o projeto Minas-Rio. Ou seja, aquele maior mineroduto do mundo.
Em março, "O Tempo" publicou uma série de reportagens, finalista do Prêmio Esso, mostrando como o empreendimento deixou um rastro de danos sociais e ambientais. "Quando vimos o impacto do mineroduto da Anglo, entendemos o que pode acontecer no nosso município. Isso nós não queremos", diz Luiz Paulo Guimarães.
Viçosa se prepara bem para a luta. Existe ali também a Comissão Parlamentar de Enfrentamento à Construção do Mineroduto da Câmara, presidida pelo vereador Idelmino Ronivon (PCdoB). No dia 13 de novembro, essa Comissão promoveu uma reunião, com participação de várias entidades municipais, incluindo os Conselhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente (Codema) e de Desenvolvimento Rural (CMDRS). O prefeito, do PSDB, compareceu. Ele assumiu o cargo no dia 2 de outubro, após a morte por enfarte do prefeito Celito Francisco Sari (PR), do qual era vice.
Um dos participantes, Luiz Paulo Guimarães, criticou o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela Ferrous, segundo o qual seriam atingidas apenas seis nascentes na região. "No entanto, apenas na Bacia do São Bartolomeu, trinta nascentes poderão ser atingidas pelo mineroduto", rebateu.
Parece, no entanto, que o município pouco poderá fazer. O licenciamento para a instalação do mineroduto é de competência do Ibama, órgão federal. O prefeito Ângelo Chequer, ao contrário do colega de Conceição do Mato Dentro, que, embora filiado ao Partido Verde apoiou o mineroduto da Anglo American, afirmou que apoiará o enfrentamento ao mineroduto, "inclusive judicialmente, se necessário for". E comprometeu-se a assinar o decreto que revogue os efeitos de quaisquer documentos que tenham sido emitidos pela Prefeitura a favor da obra do mineroduto.
É esperar para ver.
Pega, ladrão!
Enquanto isso, o maior mineroduto do mundo avança. Ele vai ligar a mina, em Conceição do Mato Dentro, e a unidade de beneficiamento de minério de ferro, em Alvorada de Minas, ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro. O porto começou a ser construído em 2007. O empreendimento no Brasil é o maior investimento mundial da Anglo American, no momento. São 525 km de tubulação que atravessa 32 municípios mineiros e fluminenses. O mineroduto começou a ser construído em abril de 2008, pela empreiteira Camargo Corrêa, que está hoje sob a luz da ribalta no processo da Petrobras. A tubulação de 26 e 24 polegadas foi fornecida pela Techint, que a comprou no Japão e na Argentina. Por sinal, bem distantes de Minas...
Mas de Minas sairá todo o minério e a água utilizada no transporte pelo mineroduto. Serão bombeados 1.826 metros cúbicos por hora, dos quais 32% de água e 68% de minério. Essa mistura, depois de entrar pelo cano rumo a algum país no estrangeiro, sai de Minas a uma velocidade 1,6 metros por segundo. É preciso correr, antes que gritem "pega o ladrão".
São dados da Anglo Ferrous Brazil, que não costuma errar nos cálculos. E nem poderia, porque há muito dinheiro em jogo. Mas errou. O investimento começou com a compra do projeto Minas-Rio, das mãos de Eike Batista. Deveria custar US$ 5 bilhões, mas já passa dos US$ 8,8 bilhões. E há quem fale em R$ 20 bilhões. O aumento dos gastos previstos e a rentabilidade menor do que a esperada levaram à demissão, em 2012, da presidente da empresa, Cynthia Carrol.
Água transformada em lama
Foram muitos os problemas em Minas, incluindo denúncias de problemas sociais e danos ambientais. O primeiro embarque de minério para o exterior, previsto para dezembro do ano passado, atrasou bastante. De fato, não é fácil conseguir licenciamentos ambientais e de funcionamento de uma obra dessa natureza. Aliás, absolutamente contra a natureza.
Mesmo assim, as licenças foram concedidas. E, no dia 24 de agosto deste ano, chegou ao Porto do Açu o primeiro carregamento do mineroduto. O primeiro embarque em navio está previsto para o final deste ano. As operações do terminal de minério de ferro do Porto do Açu são gerenciadas pela joint-venture Ferroport, com participação de 50% da Anglo American e 50% da Prumo Logística.
Se a reação de Viçosa não surtir efeito, em pouco tempo estará realizada a profecia feita em junho de 2012: A expansão dos minerodutos em Minas, de três para cinco, vai levar o Estado a exportar água transformada em lama "em quantidade equivalente a 30,4% do consumo residencial, industrial e comercial de Belo Horizonte".
E la nave va...
Pelo menos, enquanto houver água (doce) para navegar.
(fonte: blog da Kika Castro)



sábado, 22 de novembro de 2014

Uma em cada três mulheres é vítima de violência no mundo, mostra OMS

Estudo da Organização Mundial de Saúde revela que cerca de 100 milhões a 140 milhões de mulheres são vítimas de mutilação genital e aproximadamente 70 milhões se casam antes dos 18 anos, frequentemente contra a sua vontade

Por Agência Lusa

Uma em cada três mulheres é vítima de abusos físicos em todo o mundo, indica uma série de estudos divulgados hoje pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Entre 100 milhões e 140 milhões de mulheres são vítimas de mutilação genital e cerca de 70 milhões se casam antes dos 18 anos, frequentemente contra a sua vontade.
Os dados indicam que 7% das mulheres correm o risco de sofrer violência em algum momento das suas vidas.
A violência, exacerbada durante conflitos e crises humanitárias, tem consequências dramáticas para a saúde física e mental das vítimas.
“Nenhuma varinha de condão vai eliminar a violência contras as mulheres. Mas a prática revela que é possível realizar mudanças nas atitudes e nos comportamentos, que podem ser conseguidos em menos de uma geração”, afirmou Charlotte Watts, professora na Escola de Higiene e Medicina Tropical em Londres e coautora dos documentos.
Os investigadores apuraram que mesmo nos casos em que existe legislação forte e avançada de defesa das mulheres, muitas continuam a ser vítimas de discriminação, violência e falta de acesso adequado a serviços jurídicos e de saúde.
Os autores sustentaram que a violência contra as mulheres só vai retroceder se os governos colocarem mais recursos na luta e reconhecerem que ela prejudica o crescimento econômico.
O documento também sustenta que os líderes mundiais deverem mudar legislações e instituições discriminatórias que encorajam a desigualdade e preparam o terreno para mais violência.
(fonte: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/11/uma-em-cada-tres-mulheres-e-vitima-de-violencia-mundo-mostra-oms/)

"Dr. Freitas" e o sumiço de Aécio Neves

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:
Nas últimas entrevistas, o senador Aécio Neves (PSDB), apareceu histérico tentando pautar desesperadamente a mídia na Operação Lava Jato para atacar o governo Dilma e afastar os holofotes dos tucanos. Parece que vai ser difícil agora.

Depois de muita enrolação, com direito a manchete do tipo “Doações de investigadas na Lava Jato priorizam PP, PMDB, PT e outros”, para não citar PSDB, apareceu o Doutor Freitas. Notinhas tímidas, em letras miúdas, no rodapé de páginas dos grandes jornais informam que o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato mais próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas, Sérgio de Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação de campanhas tucanas em 2010 e 2014 e esteve com o empreiteiro na sede da UTC. Ainda de acordo com o depoimento, objetivo da visita do Doutor Freitas foi receber recursos para a campanha presidencial de Aécio.

Dados da Justiça Eleitoral sobre as eleições de 2014 mostram que a UTC doou R$ 2,5 milhões ao comitê do PSDB para a campanha presidencial e mais R$ 4,1 milhões aos comitês do PSDB em São Paulo e em Minas Gerais, além de R$ 400 mil para outros candidatos tucanos.

Depois dos depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordos de delação premiada, e afirmaram que existia um "clube" de empreiteiras que fraudava licitações e pagava propinas, misteriosamente o tucano Aécio Neves sumiu da imprensa.

Aécio é senador até 2018, mas também não é mais visto na casa. De 11 sessões, compareceu apenas a cinco. O ex-candidato tucano precisa aparecer para explicar a arrecadação junto à empreiteira, o que, para ele, sempre foi visto como "escândalo do PT", e outras questões. Como se não bastassem antecedentes tucanos na Operação Castelo de Areia, como se não bastasse a infiltração de corruptos na Petrobras desde o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), como se não bastasse o inquérito que liga o doleiro Alberto Youssef à Cemig, basta observar o caso da construção do palácio de governo de Minas na gestão de Aécio quando foi governador.

Para quem não se lembra, a "grande" obra de Aécio como governador de Minas, além dos dois famosos aecioportos, não foi construir hospitais, nem escolas técnicas, nem campi universitários. Foi um palácio de governo faraônico chamado Cidade Administrativa de Minas, com custo de cerca R$ 2,3 bilhões (R$ 1,7 bi em 2010 corrigido pelo IGP-M). A farra com o dinheiro público ganhou dos mineiros apelidos de Aeciolândia ou Neveslândia.

Além de a obra ser praticamente supérflua para um custo tão alto, pois está longe de ser prioridade se comparada com a necessidade de investimento em saúde, educação, moradia e mobilidade urbana, foi feita com uma das mais estranhas licitações da história do Brasil.

O próprio resultado deixou "batom na cueca" escancarado em praça pública, já que os dois prédios iguais foram construídos por dois consórcios diferentes, cada um com três empreiteiras diferentes.

Imagina-se que se um consórcio ganhou um dos prédios com preço menor teria de construir os dois prédios, nada justifica pagar mais caro pelo outro praticamente igual.

Se os preços foram iguais, a caracterização de formação de cartel fica muito evidente e precisa ser investigada. Afinal, por que seis grandes empreiteiras, em uma obra que cada uma teria capacidade de fazer sozinha, precisariam dividir entre elas em vez de cada uma participar da licitação concorrendo com a outra? Difícil de explicar.

O próprio processo licitatório deveria proibir esse tipo de situação pois não existe explicação razoável. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.

No final das contas, nove grandes empreiteiras formando três consórcios executaram a obra. Cinco delas estão com diretores presos na Operação Lava Jato, acusados de formação de cartel e corrupção de funcionários públicos.

Em março de 2010 havia uma investigação aberta no Ministério Público de Minas Gerais para apurar esse escândalo. Estamos em 2014 e onde estão os tucanos responsáveis? Todos soltos. A imprensa mineira, que deveria acompanhar o caso, nem toca no assunto de tão tucana que é. E a pergunta do momento é: onde está Aécio?
 
(fonte: http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/11/dr-freitas-e-o-sumico-de-aecio-neves.html)

Convite para um debate


Ainda existem tucanos honestos e inteligentes. Conheça um!

Está virando moda impedir que a gente copie matérias para os leitores.
Então vejam aqui o que o empresário tucano - com muito orgulho - escreveu na Folha de São Paulo - também tucana, não sei se com orgulho.


Nunca se roubou tão pouco - 21/11/2014 - Opinião - Folha de S.Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/196552-nunca-se-roubou-tao-pouco.shtml

Boas matérias para ler na Ciência Hoje

Como sempre informo, a revista não permite a reprodução das matérias, então indico os links. Bom proveito!

Nação sufocada

Dados sobre suicídio no país escondem realidade ignorada: indígenas se matam em taxas até 20 vezes superiores às da população geral.  


Por uma sociologia libertária

Em entrevista à CH, o sociólogo palestino Sari Hanafi, considerado um dos expoentes da intelectualidade do mundo árabe, compartilha reflexões sobre o mundo islâmico e a atual cena política do Oriente Médio neste início de século.  


Corte de emissões por EUA e China: pouco e tarde

No embalo do acordo firmado pelos governos norte-americano e chinês para reduzir efeitos de gases-estufa, Jean Remy Guimarães lembra problemas crônicos em terras brasileiras, como desmatamento, poluição, caos e mortes no trânsito.  

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mafalda ganha exposição em SP em comemoração aos seus 50 anos

Depois de passar por Argentina, México, Chile e Costa Rica, é a vez do Brasil receber a exposição "O Mundo de Mafalda", que presenteia o público com todo o universo da personagem mais querida de seu criador, o cartunista argentino Quino.

A exposição aterrissa em São Paulo, na Praça das Artes, em 16 de dezembro, em comemoração aos seus 50 anos. Em cartaz até 28 de fevereiro, fica aberta todos os dias, das 9h às 20h. Desenhos originais, reproduções de cenários, vídeos e fotografias integram "O Mundo de Mafalda", que faz parte do Circuito SP, da Secretaria Municipal de Cultura, programa que incentiva a cultura na cidade e oferece diversas atrações com entrada Catraca Livre.

Criada por Quino em 1964, Mafalda é uma garotinha de 6 anos, que, apesar da pouca idade, tem uma visão humanista da vida e questiona diversos valores impostos pela sociedade. Mesmo depois de 50 anos, a personagem possui uma legião de fãs por todo o mundo e serve como referência para reflexões atemporais, que se encaixam tanto para a época em que foi criada até os dias de hoje.

Acompanhe todas as novidades da exposição "O Mundo de Mafalda" aqui no Catraca Livre. 
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