sábado, 31 de janeiro de 2015

A saída da crise é salvar a mata Atlântica



por Mauricio Tuffani
 
Enquanto a Amazônia brasileira chama a atenção do mundo, com seu corte raso já tendo atingido  cerca de 19% da floresta original, grande parte da população de nosso país ignora ou nada faz para acabar com seu próprio prejuízo pela devastação da mata Atlântica, que já alcança mais de 87% de seu domínio desde o Descobrimento do Brasil e é um dos principais fatores da crise hídrica e energética que prejudica a região Sudeste.

O desmatamento da Amazônia alcançou uma área equivalente à metade do Estado do Amazonas. Metade desse estrago aconteceu nos últimos 25 anos. O ritmo dessa devastação teve uma significativa redução desde 2006, mas antes que restem menos de 80% da floresta na região é urgente diminuir ainda mais as taxas anuais de desmatamento.
No outro lado do país, na mata Atlântica, as proporções se invertem. Da grande floresta tropical que se estendia por 131 milhões de hectares do Rio Grande do Sul ao Piauí e do litoral ao Centro-Oeste, restam hoje apenas cerca de 16,5 milhões de hectares, ou seja, pouco mais de 12%. Se não cuidarmos desses remanescentes e não recuperarmos grande parte do que foi desmatado, nunca conseguiremos nos livrar da crise hídrica.

Conservar e recuperar

No final do século 20, quando a conservação da biodiversidade já era considerada importante, a Conservation International e outras entidades tentaram chamar a atenção para o fato de que a mata Atlântica e o Cerrado eram hotspots, ou seja, biomas de altíssima diversidade biológica, mas gravemente ameaçados pela devastação.

Além da necessidade de deter a devastação, como na Amazônia, na mata Atlântica é cada vez mais urgente promover a recuperação de grande parte das áreas degradada. Somente agora, com a crise hídrica e energética que assola a região Sudeste, começou a se compreender essa urgência, especialmente para as áreas das bacias hidrográficas, como a dos rios Piracicaba, Jundiaí e Capivari, onde está o sistema Cantareira e outros que abastecem a região de maior concentração populacional do Estado  de São Paulo.

Devastação prossegue

Apesar disso, além de a recuperação de áreas degradadas de mata Atlântica ainda estar engatinhando, o desmatamento segue em ritmo intenso em algumas cidades de Estados como Piauí, Minas Gerais e Bahia, segundo o monitoramento realizado desde 1986 pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Duas cidades do Piauí tiveram as “medalhas de ouro e de prata” no ranking das maiores desmatadoras brasileiras da mata Atlântica, de 2012 a 2013. Manoel Emídio foi a campeã, com 3.134 hectares, ou seja, 13% do total de 24,7 mil hectares de desmatamento nesse biênio. Alvorada do Gurguéia, a segunda colocada, teve 2.491 hectares devastados, o correspondente a 10% do total desmatado no bioma no mesmo período.
“Atlas dos Municípios da Mata Atlântica” aponta cinco desses dez municípios em Minas Gerais, Estado que liderou o ranking nacional do desmatamento por cinco anos consecutivos. 

Cinco séculos

A mata Atlântica foi o bioma mais devastado de nosso país por ter sido o principal cenário da história do Brasil em seus primeiros séculos. Foi no domínio original dessa floresta que se implantou o modelo predatório da agricultura colonial. Adotado pelos colonizadores portugueses sem a menor preocupação com a aplicação de conhecimentos de proteção dos solos, esse modelo de agricultura deixou perplexos os imigrantes europeus que chegaram a partir do final do século 19.

Essa cultura baseada na relação inconsequente com o uso da terra, que já havia sido  dissecada por Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) em seu clássico “Raízes do Brasil”, de 1936, foi mais tarde retomada no livro “A Ferro e Fogo: A história e a devastação da mata Atlântica brasileira”, de Warren Dean (1932-1994). Nas palavras desse brazilianist,

“Durante quinhentos anos, a Mata Atlântica propiciou lucros fáceis: papagaios, corantes, escravos, ouro, ipecacuanha, orquídeas e madeira para o proveito de seus senhores coloniais e, queimada e devastada, uma camada imensamente fértil de cinzas que possibilitava uma agricultura passiva, imprudente e insustentável. A população crescia cada vez mais, o capital ‘se acumulava’, enquanto as florestas desapareciam.” (Companhia das Letras, 1996, pág. 380)

Alerta

Tive o prazer de conhecer pessoalmente Dean em 1992, na biblioteca do Instituto Florestal de São Paulo, quando ele ainda estava pesquisando para essa obra, publicada postumamente em 1995. Influenciado não só pela magnitude da devastação, mas também  pela irracionalidade predatória de nossa história e pela descrição de Sérgio Buarque de Holanda sobre nosso caráter nacional, Dean era profundamente descrente da possibilidade de implantar modelos sustentáveis de agricultura na mata Atlântica.

Sob essa perspectiva pessimista, ele finalizou seu livro mostrando que nada mais restava a essa floresta senão servir de alerta para a Amazônia:

“O último serviço que a mata Atlântica pode prestar, de modo trágico e desesperado, é demonstrar todas as terríveis consequências da destruição de seu imenso vizinho do oeste.”

Crise hídrica

Na verdade, Dean, que mal teve tempo para testemunhar projetos sustentáveis nessa floresta, com essa frase de efeito subestimou suas próprias constatações sobre a importância dos remanescentes da mata Atlântica para a integridade das bacias hidrográficas.

Entre outros estudiosos, uma das fontes do brazilianist, Paulo Nogueira Neto, secretário especial do Meio Ambiente do governo federal de 1974 a 1986,  já havia alertado para a desastrosa obsolescência de nossos sistemas de abastecimento de água, programada imprevidentemente pelos desmatamentos  e pela falta de recuperação de áreas degradadas.
Hoje a crise hídrica e energética que assola a região Sudeste não nos deixa alternativas que não incluam a salvação de nossos mananciais. Foi um dos pontos que ressaltou há poucos dias a  Academia Brasileira de Ciências ao endossar um manifesto de 15 pesquisadores que alertaram para estiagens cada vez mais extremas, devidas a “fortíssimos os indícios de que há uma mudança climática em curso” (“Cientistas acusam muita discussão e pouca ação na crise hídrica”, 16.nov).

Mesmo que venha a chover o necessário para evitar uma catástrofe, ainda que passemos a usar água de modo consciente e por mais que os governos construam os sistemas de abastecimento que já deveriam estar prontos, nunca mais teremos segurança hídrica se não pararmos a devastação de nossa cobertura vegetal nativa e se não recuperarmos grande parte das áreas florestais degradadas, principalmente nas bacias hidrográficas.
Nunca estaremos livres dessa crise, sem salvar a mata Atlântica.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Por que será que o Planalto não sabia?!

Texto escrito por José de Souza Castro:

Lia-se no dia 28 de janeiro, no Blog do Planalto, declaração do governador Fernando Pimentel, após reunião com a presidente Dilma Rousseff, em Brasília: “Pela primeira vez o governo federal tomou conhecimento da gravidade da situação hídrica de Minas Gerais.” Segundo ele, a situação é grave: cerca de 50 municípios enfrentam racionamento e quatro estão em colapso eminente. Além disso, outras 100 cidades estão em estado de alerta.

“Pela primeira vez…”. Causa estranheza tanto desconhecimento do Planalto sobre a situação hídrica em Minas. Não se entende por que os mineiros Dilma Rousseff e Fernando Pimentel tenham se surpreendido. Não faltaram alertas, ao longo de 2014. Li-as até mesmo em editoriais de um jornal tido como aliado ao governo de Minas – o “Hoje em Dia”.

Não pretendo que tão altas autoridades da República leiam os editoriais desse ou de qualquer outro jornal, mas a questão não ficou restrita a editoriais. Quem leu o que se escreveu, certamente, não se surpreendeu.
No dia 27 de janeiro, ao discorrer sobre o projeto de construção do mineroduto de 482 quilômetros pertencente ao Grupo Votorantim e a uma empresa chinesa, a Honbridge Holding, para ligar uma usina de beneficiamento de minério de ferro em Grão Mogol, no Norte de Minas, e um porto em Ilhéus, no Sul da Bahia, o editorial daquele jornal que não era mais do bispo Edir Macedo, mas de um amigão da família Neves que governava então o Estado, alertou: “Muito já se disse sobre a inconveniência do transporte por mineroduto, em vez de ferrovia, numa região em que a água é escassa.”

Pelo projeto aprovado pelo então governador Antônio Anastasia, segundo o editorial, “12 milhões de metros cúbicos de água seriam consumidos anualmente pelo mineroduto, num prazo mínimo de 25 anos”. Pior, o empreendedor não precisaria mais investir na construção de duas barragens, porque a SAM – nome da empresa constituída para tocar o projeto – “conseguiu junto à Agência Nacional de Águas (Ana) outorga para captação de 6.200 metros cúbicos de água por hora na represa de Irapé, no município de Berilo”. E não deixou de lembrar que essa barragem foi construída pela Cemig, empresa controlada pelo governo mineiro, que aparentemente havia concordado com a tramoia.

E Pimentel, que anteontem pediu à presidente recursos para obras emergenciais, a serem feitas até novembro próximo para aumentar a captação de água da bacia do Paraopeba, para abastecer o sistema Rio Manso, na região metropolitana, será que ele concorda em se usar a água escassa para transportar minério de ferro?

Será que ele vai tomar conhecimento desta reportagem publicada ontem pelo O Tempo e orientar a bancada governista na Assembleia Legislativa a aprovar os projetos de lei que pretendem acabar com o uso da água escassa para transportar minério em Minas?

Será que vai cair a ficha, finalmente, após a chuva teimar em não cair na quantidade necessária para aplacar a sede dos mineiros? O governador empossado neste mês disse em Brasília que os reservatórios que compõem o sistema de abastecimento na região metropolitana de Belo Horizonte apresentavam 70% da capacidade em janeiro de 2014 e que, um ano depois, o nível caiu para 30%. “Essa situação já podia ter sido detectada em meados do ano passado”, disse.

Não foi? Mas, então, por que um editorial do “Hoje em Dia”, de 6 de fevereiro, já apontava a possibilidade de apagões de energia elétrica no país, em razão da provável escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas? Aliás, pouco antes, já se registrara apagões em cidades de 11 estados, deixando 6 milhões de consumidores sem energia, por algum tempo. Em Minas, segundo a Cemig, lembrou o editorial, o corte durara 56 minutos, atingindo 230 mil moradores de 63 municípios de cinco regiões. E mais: “O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou ontem que o volume de água que entrou naqueles reservatórios no mês passado foi o pior desde 1954″.

Não era uma situação suficientemente grave para que o Planalto tivesse tomado conhecimento dela, há quase um ano? E iniciasse uma campanha de esclarecimento e conscientização da população.
Por que só agora, segundo o mesmo Blog do Planalto, o governador Pimentel veio a público informar que estão em curso campanha de conscientização para uso racional de água e cobrança de sobretaxa para quem consumir acima da média? Essas medidas, disse Pimentel, já podiam ter sido adotadas há seis ou oito, meses atrás, e não foram. “Vão ter que ser adotadas agora com atraso e, portanto, com mais intensidade.” Fica difícil, até mesmo para ele, que não governava o Estado naqueles meses, lavar suas mãos com tão pouco.

Pergunta-se: por que só agora ele vem a público para tratar dessa importante questão? Em 2014, não era Pimentel ministro influente do governo e, em seguida, candidato a governar Minas?

Se houvesse se informado, ele poderia, por exemplo, ter lido outro alerta num editorial do “Hoje em Dia” – um jornal que, por ser ligado a Aécio Neves, não poderia ter passado despercebido ao futuro candidato petista ao Governo de Minas – publicado no dia 17 de fevereiro. Aliás, não faltaram entrevistas exclusivas de Pimentel àquele “jornal pequeno” (como classificou Aécio o ex-jornal do bispo, durante a campanha eleitoral), quando elas lhe foram convenientes.

O novo editorial dizia que o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, acabara por admitir riscos de apagões de eletricidade no Brasil, dependendo da entrada ou não de grande volume de água nos reservatórios das hidrelétricas, nos próximos meses. “Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, onde se localiza grande parte desses reservatórios, o período de chuvas geralmente acaba com as águas de março”, escreveu o artigo de opinião do jornal, acrescentando:
“E os reservatórios dessas regiões, que abastecem cerca de 70% das hidrelétricas brasileiras, estão com volume de água abaixo do normal nessa época do ano. Na quinta-feira, sua capacidade de armazenamento estava ociosa em mais de 64%. O volume de água das represas é o mais baixo desde fevereiro de 2001, quando foi decretado racionamento de energia no Brasil pelo governo Fernando Henrique Cardoso” […). “Não é o caso de decretar racionamento agora, porque hoje o país dispõe de número maior de usinas que não utilizam a força das águas para gerar eletricidade. Elas podem ser acionadas para poupar água dos reservatórios, mas a energia é mais cara e bem mais poluidora. Há outra providência que o governo pode tomar sem mais demora: convocar a população para poupar água. Se avisadas do risco, certamente as pessoas vão colaborar.
Em Belo Horizonte, por exemplo, é muito comum ver moradores desavisados, varrendo despreocupadamente as calçadas com jatos de água tratada da Copasa. É uma questão que não pode ser deixada exclusivamente por conta da empresa, para que faça uma campanha publicitária para alertar a população. Mesmo porque, diminuindo o consumo, cai o faturamento e o lucro de uma empresa que, embora controlada pelo governo de Minas, tem um grande número de acionistas privados e ações negociadas nas bolsas de valores.
No entanto, bem orientada pelo governo, a Copasa pode buscar soluções para um problema com potencial para afetar milhões de consumidores.”
No dia 11 de março, após a presidente Dilma Rousseff afirmar que não haveria problemas para o fornecimento de energia elétrica no país, o jornal voltou ao assunto, afirmando que “são preocupantes os níveis dos reservatórios de água que abastecem a população e as hidrelétricas da região Sudeste do país”. O editorial exemplifica com a represa de Furnas, que registrava “o nível mais baixo dos últimos 13 anos, para essa época do ano. “Ele baixou um metro e meio nas duas últimas semanas, chegando no domingo passado a 17,4%, apesar das chuvas nas bacias dos rios Grande, Paranaíba e Paraná, onde se localizam oito hidrelétricas que recebem água de Furnas”. E acrescenta:

“A escassez de chuvas pode não apenas causar futuramente o racionamento de energia, como o de água. Algumas cidades mineiras, como Pará de Minas, já enfrentaram em fevereiro esse problema, que agora está afligindo moradores da Região Metropolitana de São Paulo, maior concentração populacional do país.” E concluí: “É melhor prevenir do que remediar. Adiar medidas para evitar falta de luz e de água, por medo de exploração política de adversários, pode ter um preço alto em outubro.”

No dia 7 de junho, outra profecia que começa a se realizar:

“Mas outra espécie de bomba pode estar sendo armada, com grande possibilidade de explodir no ano que vem, meses depois das eleições presidenciais. O governo estaria represando os preços da gasolina e da energia elétrica. Esta última, pelo menos, deveria estar custando mais, pois aumentou o uso de energia mais cara, a termoelétrica, em substituição à produzida pelas hidrelétricas, para poupar água. O governo adiou a cobrança da fatura para o ano que vem, depois de empossado o presidente eleito em outubro.”

O mesmo “jornal pequeno” voltou a insistir sobre a necessidade de economizar água – ou de preservá-la – nos editoriais de 23 e 30 de março, nos dias 2, 9, 17 e 27 de abril, no dia 12 de maio e no dia 6 de junho. No texto de maio, afirmou-se que a Petrobras teria no futuro a mesma importância da Agência Nacional da Água (Ana), pois a água doce seria tão valiosa, escassa e necessária, como o petróleo.

Ninguém discute o valor da Petrobras. Mesmo aqueles que tentam desvalorizá-la com denúncias e mais denúncias de corrupção para comprá-la barato dos brasileiros. Quanto a isso, pouco resta a fazer, a não ser botar um pouco de juízo na justiça e na imprensa. E torcer para que a ANA não passe pelo mesmo processo. Pois, em se procurando, é possível que ali também a Polícia Federal encontre a ação de corruptos e corruptores. A explicar, por exemplo, por que se autorizou construir minerodutos em regiões em que já se sabia ser bastante escassa a água.

Pimentel pode, sim, ter um papel importante na busca de solução para a água, pois, além de governar Minas – a antiga “caixa d’água do Brasil” – ele tem excelente relacionamento com a presidente Dilma. Que, bem informada, finalmente, não se negará a agir corretamente com os mineiros.

(fonte: blog da KikaCastro - http://kikacastro.com.br/2015/01/30/por-que-sera-que-o-planalto-nao-sabia/)

Quer saber o que está rolando em BH?

Um blog interessante, com dicas sobre eventos variados em Belo Horizonte.

Lembram da #dica sobre o #parquedasmangabeiras ? Pois é, hoje eu conto sobre um dos eventos que vão rolar por lá: #vivaocarnavalbh2015 ! Muito #samba , #animação , #galerabonita , e o #esquenta pra quando o carnaval chegar.. 👀 são dois dias!!! No dia 01 rola #sargentopimenta #carrosseldeemocoes #blocobaianasozadas #blocomebeijaqueeusoupagodeiro e no dia 08, rola #frevodomundo com o #otto #karinabuhr #céu e o #bnegao , #blococalixto (Aline Calixto) , #chamaosindico e #melaninacarioca . Pra quem gosta de um agito, fica a dica aí! Vamos aproveitar #bh, né pessoal? Aqui vai ter samba... mas 19 cidades de Minas cancelaram o #carnaval de rua.. 😔 Onde é: Parque das Mangabeiras, Av. José Do Patrocínio Pontes 580. . Quando ir: 01 e 08 de fevereiro , de 14:00 as 23:00. Quanto é: tá variando, viu? Passaporte para os dois dias, R$80,00 / e pra 1 dos dias R$50,00. Isso já no segundo lote, ok? Onde comprar: Central de eventos, na rua Fernandes tourinho, 470 loja 12, na Savassi. 💻 www.centraldoseventos.com.br . Quem tiver #face e quiser saber mais, procura lá: viva o carnaval bh 2015 , sempre tem alguém que comprou e não vai mais... 📤 *sorteio tá bombando! ☺️☺️ Boa sorte pessoal! Podem participar várias vezes, mas lembrem-se: marcar 3 amigos por comentário (e amigos diferentes,ok??) na foto oficial!!! Seguir o Chefsclub e o Bhdicas!!! 😉 #vaipraonde #bh #belohorizonte #carnavalizando #carnavalbh #dicas Dica boa, dá nisso: o @chefsclub vai presentear algum seguidor do @bhdicas com uma assinatura anual do clube!!! Olha que alegria!!! ☺️ Eu amei a iniciativa deles e tenho certeza que vocês vão adorar essa oportunidade! 👍
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Desemprego cai e seguro-desemprego dispara? Queremos direitos, não fraudes

por Fernando Brito, no Tijolaço
 
Não é preciso dizer que sou, e a vida inteira, contrário a qualquer retirada de direitos de trabalhadores.
Mas, igualmente, sou contra espertezas e arranjos que se possam fazer com dinheiro que pertencem ao trabalhador.
Hoje, quando os jornais noticiaram o primeiro déficit desde 1997, algo ficou pelo meio dos textos e pode ter passado despercebido.
É que os gastos com seguro-desemprego (e, em escala menor, abono salarial) responderam por R$ 10 bilhões, dos R$ 17 bilhões do déficit total do Tesouro.
Um crescimento de 21,7%.
Como são vinculados ao mínimo, estes valores subiriam 6,78%, se tivessem de atender ao mesmo número de trabalhadores desempregados.
Subiram o triplo.
E deveriam ter caído, porque  o desemprego, em 2013, foi de  5,4 por cento; e em 2014, ficou  em 4,8 por cento, a menor marca da história.
Algumas pessoas, todas com a maior boa-fé, estranharam aqui que eu tivesse defendido regras mais duras na regulamentação do seguro-desemprego.
Não preciso fazer demagogia e não confundo cortes moralizadores com cortes desastrados, que atinjam os programas de distribuição de renda  e os investimentos públicos.
Defendi e defendo, porque não vou ser hipócrita de negar que formou-se uma teia de cumplicidade entre empregados e empregadores para demissões simuladas, com devolução de multa do Fundo de Garantia e recebimento “por fora” (e menor) enquanto dura a percepção do seguro desemprego.
Claro que isso exige a regulamentação do dispositivo constitucional que pune a rotatividade excessiva de mão de obra.
Que não é simples e não pode ser linear.
Mas é dever do governo e deveria ser também das centrais sindicais encontrar caminhos para eliminar o mau uso de um seguro que, este ano, deve ter chegado perto de 10 milhões de beneficiários.
Hipocrisia não faz bem a ninguém.
E hipocrisia com dinheiro que pertence ao trabalhador (é com recursos do PIS que se paga o seguro) é pior ainda.
As regras mais corretas podem não ser exatamente as que o governo anunciou, é preciso verificar se elas atingem injustamente trabalhadores.
Mas que é preciso regras diferentes das atuais, é.
Tanto para a rotatividade quanto para as “espertezas”.
Obs.: O Setor de Seguro-Desemprego no MTE é todo terceirizado!

Minerodutos jogam no mar água que abasteceria milhões



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Em meio à crise hídrica, minerodutos utilizam água dos rios para levar polpa de ferro ao porto
Por Bruno Porto, no Hoje em Dia, via Desenvolvimentistas

A seca prolongada ameaça o abastecimento de água e energia elétrica, mas a crise hídrica passa longe das atividades de mineração em Minas Gerais. Os minerodutos – tubulações que levam o minério de ferro em estado arenoso misturado com água, como se fosse uma polpa – operam a todo vapor, e novos projetos estão em andamento, sinalizando para a continuação do desperdício de um recurso precioso.
Os quatro projetos de mineração do Estado que têm dutos para o transporte do ferro contam com uma outorga de captação de água suficiente para suprir uma cidade de 1,6 milhão de habitantes. O uso de água pelos minerodutos chama a atenção porque muitas vezes não há o reaproveitamento do recurso hídrico, que é descartado no mar.
A Manabi, por exemplo, mineradora em implantação no município mineiro de Morro do Pilar, tem outorga para uso de 2.847 metros cúbicos (m3) de água por hora. Deste volume, um terço, ou 949 m3 por hora serão usados no mineroduto, que irá até Linhares, no Espírito Santo.
A própria empresa informa: “o projeto não prevê reuso da água usada no mineroduto, mas para essa mistura que segue para Linhares, a Manabi projetou um sistema de tratamento e filtragem, garantindo atendimento da qualidade definida pelo Conama, antes do seu descarte no mar”.
Os volumes de água utilizados pelos minerodutos não foram informados, mas, caso as três outras empresas com minerodutos em operação ou em licenciamento ambiental no Estado utilizem a mesma proporção de um terço da outorga para uso no transporte via dutos, seriam 3.711 m3 por hora de água retirada dos mananciais mineiros que teriam como destino o descarte no mar.
Esse volume equivale a 3,711 milhões de litros de água por hora, e é suficiente para abastecer um município com 558 mil habitantes, mais do que a população de 546 mil pessoas de Juiz de Fora, a quarta cidade mais populosa de Minas Gerais.
A conta considera o diagnóstico dos Serviços de Água e Esgoto do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, do Ministério das Cidades, que apontou um consumo médio per capita de água, em Minas Gerais, de 159 litros por dia, ou 4.782 litros mensais.
Atualmente, quatro minerodutos estão em operação com captação de água em rios de Minas Gerais (três da Samarco e um da Anglo American) e outros dois (Ferrous e Manabi) estão em fase de licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama). A permissão para captação de água nos cursos de água é concedida pelo Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), órgão subordinado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
Lei prevê cobrança pelo uso de recursos hídricos
As quatro mineradoras com atuação em Minas Gerais que utilizam o mineroduto como meio de escoamento da produção foram procuradas pelo Hoje em Dia. Samarco e Ferrous foram as únicas que não informaram as outorgas que possuem, mas os dados foram informados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad).
A Anglo American, que possui um mineroduto em operação, sustenta que parte da água usada nos dutos de transporte de minério de ferro é reutilizada, mas não informa o volume e não detalha como o reuso se tornou viável.
A Manabi, em resposta aos questionamentos apresentados, ressaltou que nos estudos para verificação da viabilidade de seu projeto de mineração, a avaliação da disponibilidade hídrica foi um dos temas principais, “cercado dos cuidados demandados pela questão, com antecipação das tratativas legais associadas à obtenção da outorga de direito de uso das águas”.
Infraestrutura
A proliferação do uso do mineroduto surgiu como alternativa para o escoamento da produção, devido aos altos custos do transporte rodoviário para volumes elevados de minério de ferro e à saturação da malha ferroviária.
O investimento em novos ramais de ferrovias é considerado muito alto, o que assegura atratividade ao mineroduto. O ganho logístico gerado pelos minerodutos está ainda no fato de operarem 24 horas por dia, todos os dias.
A Política Nacional de Recursos Hídricos e a Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, regulamentada pelo Decreto 44.046, de 13 de junho de 2005, estabeleceu a cobrança pelo uso da água, até então sem nenhum ônus para as empresas.
Samarco e Ferrous não informaram o valor que pagaram pelas captações. A Anglo American informou que, em 2014, o pagamento foi de cerca de R$ 900 mil. A Manabi declarou ter pago R$ 542,3 mil.
Leia também:
Pimentel: Tucanos esconderam gravidade da crise da água em Minas

(fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/minerodutos-jogam-mar-agua-que-abasteceria-milhoes.html)

E se a água deixar de ser mercadoria?

Como Paris, Berlim, e dezenas de cidades estão remunicipalizando o abastecimento. Por que as metrópoles brasileiras, em crise devido à privatização, deveriam fazer o mesmo

Por Myriam Bahia Lopes

Em um momento no qual a vida na maior capital brasileira encontra-se ameaçada em razão da falta d´água, seria oportuno entender prática adotada em 86 cidades no mundo. Elas abandonaram o modelo de empresa privada de abastecimento de água, no qual a meta é o lucro e seu cálculo depende da cotação de ações na bolsa de valores. Tomara a decisão depois de avaliarem os limites desse modelo e os prejuízos ecológicos e sociais e econômicos dele decorrentes. Em dezembro de 2013, consolidou-se um grande agrupamento europeu de cidadania pelo direito humano de acesso à água e pela interrupção e reversão da privatização desse bem. Nessa direção observamos um movimento de remunicipalização e de retomada e criação de parcerias público-público para o abastecimento d´água nas cidades.

Breve história

Os sistemas de distribuição de água e de esgotamento foram aperfeiçoados, ao longo do século XIX, como uma resposta à eclosão de epidemias nas cidades industriais. Essas cidades, que haviam se adensado rapidamente, em apenas algumas décadas, concentraram milhares de habitantes em precárias condições de moradia e de trabalho. Nesse quadro, os sanitaristas e reformadores sociais dos oitocentos preconizaram que, sem um meio saudável, com circulação de água, luz e ar e uma alimentação regrada, a vida e a moral dos habitantes da cidade se esvairia. E mostraram como as epidemias não se detinham nas fronteiras dos bairros pobres: percorriam cidades, viajavam por oceanos e se distribuíam entre países. Para eles, seria impossível formar o cidadão sem um meio saudável, pois era o meio que constituía o indivíduo. O bom governo seria aquele que conseguisse reduzir a mortalidade e aumentar a população. A biopolítica impulsionou as reformas urbanas ocorridas nas principais capitais europeias e também no continente sul-americano, como as reformas ocorridas no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, no início do século XX.
Se cada cultura cria uma forma específica e diferenciada de lidar com as excreções do corpo, de fixar o que é sujo e o que é limpo, o reconhecimento de que a água é fonte da vida é um consenso universal. O direito ao acesso à água é um direito fundamental.


A partir da década de 1960, o continente sul-americano foi tomado pela intervenção de governos militares. Com o aporte e a ingerência do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, um amplo processo de privatização de serviços de abastecimento de água teve lugar no continente. O Chile tornou-se o exemplo mundial máximo, visto que a totalidade dos recursos hídricos desse país foi privatizada durante o governo do General Pinochet. A partir de 1990 e em resposta às pressões do capital financeiro, houve novo impulso e privatização desses serviços em outros países. Em 2000, a Comissão Mundial de Barragens avaliou que a sua construção desalojou entre quarenta e oitenta milhões de pessoas no planeta.

Os Movimentos sociais e a água

A apropriação privada da água e da terra e a cartelização mundial do hidronegócio vêm sendo denunciadas em diversas frentes. Como a água é indispensável à vida e possui um ciclo que deve ser protegido, encontramos uma variedade de grupos que direta ou indiretamente se engaja em sua defesa. No plano internacional, para citar apenas três exemplos, há profissionais que se associam à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) como consultores para investimentos em agricultura responsável, a organização internacional Fórum Mundial de Pescadores e Trabalhadores da Pesca (FMPTP), grupos que se batem contra o fracking – a forma mais predatória de extração de petróleo.
No Brasil, indicamos os grupos que lutam em defesa da demarcação das terras indígenas, grupos que se engajam na promoção da agricultura familiar e orgânica, da reforma agrária, cujo maior exemplo é o Movimento dos Sem Terra (MST), aqueles que lutam em defesa dos atingidos por grandes barragens (MAB), como Belo Monte e grupos que lutam em defesa dos atingidos por minerodutos, como o da Anglo-American, recém-inaugurado em dezembro de 2014.

Em campos opostos, enfrentam-se de um lado, grupos que exploram o recurso hídrico e promovem a perpetuação da temporalidade cíclica da água e de outro, multinacionais e empresas produtoras de commodities, que operam na temporalidade linear da técnica, realizam gigantescas e irreversíveis intervenções no território, tais como a construção de grandes usinas hidrelétricas, as explorações minerárias, os minerodutos. Além da resistência local, esses conflitos produzem uma batalha judicial no Brasil e na esfera internacional que coloca o país, em alguns casos, na posição de ser conivente com o desrespeito de direitos humanos fundamentais, a despeito do país ser signatário dos tratados internacionais.

Remunicipalizar?

Transferir os serviços de água das companhias privadas – que também podem possuir capital misto – para as autoridades municipais. A favor dessa reversão encontramos o exemplo de várias capitais, entre as quais, Paris, Berlim, Buenos Aires e de países como Malásia e Tanzânia. Essa transformação ou reversão foi possível a partir da tomada de consciência, por parte dos habitantes,das nefastas consequências do processo que transforma a água de recurso natural em commodity.

Nos últimos quinze anos, pelo menos 86 cidades no mundo remunicipalizaram os serviços de água. Paris, capital e sede de duas poderosas empresas do hidronegócio, a Veolia e a Suez, remunipalizou em 2010; Berlim, em 2013. A PUPS, ou seja, parceria público-público, público-comunidade e comunidade-comunidade é forma de parceria que envolve o planejamento e a participação coletiva do uso dos recursos hídricos e que rejeita a concepção, segundo a qual, o alvo do empreendimento é o lucro.

Segurança Hídrica

O que fazer quando São Paulo, a maior capital brasileira e várias outras cidades não tiverem mais água para distribuir entre os seus habitantes? O modelo adotado pela Sabesp, cujo lucro reverbera a imprevisível bolsa de valores de Nova York, atende a quem? Ao habitante comum, visto a qualidade e a escassez da água fornecida pela empresa, não tem sido. É admissível que o provedor de água crie uma pirâmide de usuários na qual destaca as maiores empresas consumidoras para hierarquizar e comercializar privilégios em relação ao acesso à água? E que guarde a sete chaves esses dados, à revelia da lei da transparência? Na hipótese de haver vultosos investimentos federais para se tentar evitar o pior, esses recursos atingirão positivamente os serviços dispensados ao pequeno usuário? Em um momento de ameaça à vida de seus habitantes, por todos os riscos que a ausência ou escassez de água de boa qualidade para o consumo humano provoca, devemos insistir na defesa cega desse modelo de negócio privado que por sua essência visa o lucro?

Ou devemos olhar com muito cuidado e aprender com o processo de remunicipalização da água em curso em outras capitais? Com segurança hídrica não se brinca pois a vida de todos não pode ser um jogo e alvo de especulação.
Referências Bibliográficas:
* Martin Pigeon, David A McDonald, Oliver Hoedeman, Satoko Kishimoto Remunicipalization Putting Water Back into Public Hands.
Transnational Institute, Amsterdam, March 2012
* Karen Piper The price of thirst University of Minesota Press, 2014
* http://outraspalavras.net/brasil/agua-as-mineradoras-tem-muita-sede/
* http://apublica.org/2015/01/sabesp-se-nega-a-publicar-contratos-de-empresas-que-mais-consomem-agua/

(fonte: http://outraspalavras.net/brasil/se-a-agua-deixar-de-ser-mercadoria/)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

O “exército islâmico” dos Estados Unidos.

por Fernando Brito

Recebo, do meu velho professor Nílson Lage, um interessante resumo das práticas do governo da Arábia Saudita, maior aliado (militar, inclusive) dos EUA no Oriente Médio.

Apenas sete pontos, que não causam escândalo na mídia mundial.

Todos práticas oficiais do Rei Abdullah, pranteado pelo Ocidente como grande governante.

1. Nada de eleições, nada de partidos, nada de oposição.
2. Decapitação, amputação de membros ou chicoteamento público de acusados de crimes, “infiéis” ou opositores políticos e religiosos.
3. Nepotismo oficial, com bons empregos e renda  garantidos para os 7.000 parentes da dinastia Saud.
4.O poder passa de pai para filho ou de irmão para irmão e as brigas de família levaram até a uma revolta de sobrinho e um assassinato real “familiar”.
5. A tortura é legal, na polícia e na Justiça. Tanto que, em 2013, um homem foi condenado a ficar paraplégico como punição.
6. As mulheres não têm direitos, até pouco tempo eram “legalmente” espancadas e até dirigir um automóvel lhes é proibido.
7. Financia, nas palavras de ninguém menos que Hillary Clinton, o terrorismo internacional: “Al Qaeda,  Taleban,  LeT [o grupo Lashkar-e-Taiba, sediado no Paquistão] e outros grupos terroristas”, disse ela.

Alguma diferença com o “Estado Islâmico” que os EUA e a Europa bombardeiam, literalmente, nas areias da Síria?
Só o fato de serem os melhores amigos dos EUA.
(fonte: http://tijolaco.com.br/blog/?p=24405)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Operação Brasil (lançamento)

A participação bélica do Brasil na Segunda Guerra, deflagrada após o afundamento de navios mercantes e de passageiros brasileiros pelos alemães, foi um divisor de águas na história da Nação e de grande importância estratégica para a vitória dos Aliados. Mais de 70 anos depois, descubra o segredo que mudou o curso da Segunda Guerra Mundial.
Operação Brasil já está disponível, aproveite!
 
     
   
Agosto de 1942: o Brasil declara guerra ao Eixo. O estopim: o ataque a vários navios mercantes e de passageiros brasileiros no litoral do Nordeste por uma ofensiva naval nazista, provocando a morte de centenas de inocentes. Por que os nazistas afundaram navios desarmados de um país até então não envolvido na guerra? Qual era o objetivo do governo comandado por Hitler?
Operação Brasil revela a origem dos eventos que culminaram com esse ataque e levaram nosso país a entrar na Segunda Guerra Mundial. A obra traz aspectos até agora inexplorados da ação militar que não só mudou os destinos do país, mas também alterou os rumos do conflito a favor dos Aliados.
Além de uma narrativa fascinante, que mantém o leitor preso até o final, o livro apresenta documentos importantes, relatos de sobreviventes e testemunhos de civis, militares, funcionários do setor diplomático e do alto escalão do Estado (brasileiros, alemães e norte-americanos).
Leitura necessária.
(Observação: no site da Contexto você tem um video e pode ler um capítulo
www.editoracontexto.com.br
 
 
Participe dos lançamentos:
JUIZ DE FORA - MG
Data:
03/02/2015

Horário:
a partir das 19h
Local: Saraiva - Independência Shopping
Endereço: Av. Presidente Itamar Franco, 3600
Mais informações:
(11) 3832-5838 / (32) 3241-2099
Veja o convite eletrônico
SÃO PAULO - SP
Data:
07/02/2015

Horário:
a partir das 15h
Local: Centro Histórico Overlord
Endereço: R. Caio Graco, 466 - Vila Romana
Mais informações:
(11) 3832-5838
Veja o convite eletrônico
 
 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Prêmio de até R$ 20 mi a Youssef escancara Lava Jato e Moro

Paulo Moreira Leite

Poucas notícias sobre a Operação Lava Jato causaram tanta indignação nos meios jurídicos como a revelação de que delator Alberto Yousseff pode voltar para casa com um prêmio de 2% sobre cada centavo que ajudar a localizar em contas secretas no exterior. Isso quer dizer que, se trabalhar direito, Yousseff pode embolsar até R$ 20 milhões, quantia espantosa para um cidadão que, pela letra fria da lei, poderia acumular penas de até 200 anos.
“Agora escancarou”, reage Antonio Claudio Mariz de Oliveira, que defende Eduardo Leite, executivo de uma empreiteira.
“É repulsivo,” afirma Nélio Machado, advogado do acusado Fernando Santana.
Para Claudio José Lagroiva Pereira, professor de Direito Processual Penal na PUC paulista, instituição da qual foi vice-reitor, a decisão envolve uma medida absurda: “como é que o Estado brasileiro vai tirar uma porcentagem de um dinheiro que deve ser devolvido ao povo brasileiro, pois é fruto da corrupção, para entregar a um bandido?”
Num país onde esse tipo de recompensa não é previsto pela legislação — não consta sequer das regras que definem a delação premiada –, o acordo reforça a visão de que o juiz Sérgio Moro está empenhado em obter condenações fortes a qualquer preço — literalmente. A tradição jurídica brasileira admite várias concessões a um acusado capaz de auxiliar no andamento de um processo. Mas são acordos que envolvem redução de pena, suspensão de acusações consideradas pouco consistentes e assim por diante. Nem advogados nem autoridades ligadas ao mundo da Justiça já tinham ouvido falar de um caso semelhante. Para um delegado ouvido pelo 247, e que já participou de várias investigações semelhantes, “pode ser aceitável permitir que um condenando fique de posse de bens que ele pode demonstrar que adquiriu honestamente. E só.”
O curioso é que há uma década o mesmo Sergio Moro acertou com o mesmo Yousseff um acordo de delação premiada, que permitiu ao doleiro safar-se das principais acusações, entregando pouco mais de 60 concorrentes no comercio ilegal divisas — inclusive Toninho da Barcelona, o maior doleiro paulista na época — e cumprir uma pena relativamente leve. Uma das cláusulas dos acordos de delação é óbvio: os beneficiados assumem o compromisso de não retornar às atividades ilegais. Embora não tenha cumprido sua parte do pacto, o que deveria ser um agravante em seu caso, dificultando até um novo acordo acordo de delação, em 2014 Yousseff conseguiu um segundo pacto, tão generoso que lhe permite até cobrar comissão por serviços prestados.
“Estamos no mundo dos caçadores de recompensa,” afirma o professor Claudio Lagroiva, apontando para um crescimento da influência da escola utilitária da Justiça norte-americana no interior do Judiciário brasileiro. Não é uma novidade que caiu do céu, já que, através de acordos bilaterais de cooperação, mantidos pelo Departamento de Estado, muitas idéias jurídicas dos EUA ganharam curso no país em anos recentes, competindo com as escolas europeias que formaram boa parte de nossos juristas.
No debate jurídico, o termo “utilitarismo” ajuda a designar práticas destinadas a obter provas condenatórias de qualquer maneira, ainda que seja possível ferir princípios maiores do Direito. Depois dos escândalos financeiros dos anos 1990, os EUA se tornaram a pátria da delação premiada, que permitiu ao chefe de uma quadrilha, que manipulava informações privilegiadas acumular fortunas na Bolsa, salvar o pescoço em troca da delação de sócios e parceiros.
Para falar num caso extremo: durante o governo George W. Bush, a Casa Branca assinou um decreto que autorizava os interrogatórios por afogamento de prisioneiros de guerra — o utilitarismo era dizer que essa forma de violência não constituía tortura. O decreto foi revogado por Barack Obama mas ainda hoje, em determinados estados, policiais acusados de torturar prisioneiros podem até ser processados e cumprir penas — mas as provas obtidas pela tortura não são anuladas, o que implica numa forma de respaldo.
O emprego das prolongadas prisões preventivas por parte de Sérgio Moro não é definida como tortura — é uma medida prevista em lei e os prisioneiros têm sua integridade física preservada. Mas o regime é de uma dureza peculiar, como descreve o advogado Nélio Machado, num habeas corpus em que pede a soltura de seu cliente, detido, como a maioria, sem provas. O acesso de familiares de cidadãos encarcerados nas celas da Polícia Federal no Paraná, que são simples acusados, é mais restrito até do que nas penitenciárias que guardam condenados com pena transitada em julgado. O contato com advogados é mais restrito. O que se busca é uma prova que guarda uma semelhança essencial com a tortura, mesmo que não seja obtida com choques elétricos — uma confissão involuntária.
O utilitarismo é político, também. Como as investigações da Lava Jato interessam aos adversários do governo Lula-Dilma, fecha-se os olhos a um abuso. Imagine se o mesmo regime fosse empregado para se obter confissões dos envolvidos no esquema do metrô do PSDB paulista. Recorde-se a pronta resposta do Supremo Tribunal Federal quando ocorreram as prisões dos acusados na Operação Satiagraha.
Para além do necessário debate jurídico, há uma questão política. Quem lê um texto de Sérgio Moro escrito em 2004, “Considerações sobre a Operação Manni Puliti,” constata que a Operação Lava Jato estava pronta antes mesmo de aparecer a primeira denúncia sobre a Petrobras. Moro já falava na necessidade de “deslegitimar” o sistema político — processo em curso quando parlamentares e ministros são colocados contra a parede por vazamentos cuja origem ninguém assume, cujo conteúdo integral ninguém conhece.
Durante uma década a Lava Jato foi uma ideia em busca de uma oportunidade, escrevi neste espaço, em 16 de janeiro. Num país onde os principais meios de comunicação são adversários assumidos do governo federal, não foi difícil obter adesão a suas ações, indispensável para dar sustentação a uma operação dirigida contra o núcleo do sistema representativo e da soberania popular.
No pedido de habeas corpus, Nélio Machado afirma: “impõe-se que o magistrado do Paraná, o quanto antes, se dê por impedido ou se declare suspeito, pelo inescondível apaixonamento que revela pela causa, que parece ser, em boa verdade, a sua causa, que talvez possa chamá-la de ‘minha, ‘minha causa,’ou quem sabe ‘minha luta,’tarefa incompatível com a judicatura, que há de ser impessoal.”

(fonte:  http://paulomoreiraleite.com/author/pml2/)

Yemen: balança um aliado de Washington


Rebeldes cercam, em sua casa, presidente que autoriza os assassinatos seletivos praticados com drones, pelos EUA. Ocupado o palácio do governador
Por Antonio Martins

Uma peça importante no tabuleiro geopolítico do Oriente Médio pode estar se movendo neste instante. Na manhã de ontem, combatentes do grupo político-religioso houthi, de tendência muçulmana xiita, tomaram o palácio presidencial do Yemen em Sana’a, a capital. Como o presidente, Abdu Rabbu Mansour Hadi, encontrava-se em sua residência particular, esta foi cercada pelos rebeldes — e assim permanece. Um automóvel da diplomacia norte-americana foi incendiado. O líder dos houthis anunciou, num discurso pela TV, que não pretende destituir o governo, mas que adotará “todas as medidas necessárias” para que as reivindicações políticas de seu grupo sejam atendidas.

Os novos atos indicam a retomada de uma ofensiva houthi, iniciada em setembro e motivada por duas questões. A primeira é econômico-social. As condições de vida já precárias (o Yemen é o 157º colocado, numa lista de países segundo seu Índice de Desenvolmento Humano — IDH) agravaram-se em agosto, quando o governo de Abdu Hadi eliminou subsídios e provocou alta de 100% no preço dos combustíveis. Os houthis, que existem como movimento há 25 anos e adquiriram força militar em período recente, ocuparam pontos estratégicos da capital — inclusive estações de rádio e TV.



Em negociações subsequentes, o presidente aceitou a formação de um governo “de unidade”, que acabou não se conformando. A ofensiva houthi dos últimos dias foi deflagrada depois que autoridades anunciaram plano para dividir o país em seis províncias, o que é rechaçado pelos revoltosos. Na segunda-feira, eles aprisionaram o chefe de gabinete da Presidência. Ontem, tomaram o palácio e sitiaram Abdu Hadi.

O segundo fator da ofensiva é geopolítico e aflige Washington. O Yemen é base de um ramo importante da Al-Qaeda — o mesmo que teria assumido a responsabilidade pelo atentado praticado este mês contra o Charlie Hebdo. Os EUA desencadearam há anos, contra o grupo, uma guerra baseada em assassinatos seletivos, praticados por drones. Assim como ocorre no Paquistão, os homicídios, além de serem afronta brutal os direitos humanos, costumam atingir também a população civil. Só em 2014, segundo o Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo, entre entre 148 e 214 pessoas foram mortas em ataques deste tipo. São mais vítimas fatais, por mês, do que as mortas na carnificina praticada no jornal francês…

Os houthis combatem a Al-Qaeda, mas se opõem tanto aos assassinatos por drones quando à interferência de Washington nos assuntos do Yemen. Não são os únicos a fazê-lo. Em abril de 2013, Farea al-Muslimi, uma jovem ativista yememita que cursou ensino médio nos EUA, prestou depoimento no Senado norte-americano. Ela é originária da cidade de Wessab, uma das atingidas por assassinatos por drones. “O ataque conseguiu realizar, num instante, o que os terroristas jamais haviam obtido”, disse: “Agora há ira intensa e ódio crescente dirigidos aos Estados Unidos,” disse ela. A possível queda de Abdu Radih, o presidente submisso a Washington, pode ser mais um sinal deste sentimento.

(fonte: http://outraspalavras.net/blog/2015/01/24/yemen-balanca-um-aliado-de-washington/)

sábado, 24 de janeiro de 2015

Estamos à beira da total auto-destruição?

Noam Chomsky, Alternet

O que o futuro trará? Uma postura razoável seria tentar olhar para a espécie humana de fora. Então imagine que você é um extraterrestre observador que está tentando desvendar o que acontece aqui ou, imagine que és um historiador daqui a 100 anos - assumindo que existam historiadores em 100 anos, o que não é óbvio - e você está olhando para o que acontece. Você veria algo impressionante.

Pela primeira vez na história da espécie humana, desenvolvemos claramente a capacidade de nos destruirmos. Isso é verdade desde 1945. Agora está finalmente sendo reconhecido que existem mais processos de longo-prazo como a destruição ambiental liderando na mesma direção, talvez não à destruição total, mas ao menos à destruição da capacidade de uma existência decente.

E existem outros perigos como pandemias, as quais estão relacionadas à globalização e interação. Então, existem processos em curso e instituições em vigor, como sistemas de armas nucleares, os quais podem levar à explosão ou talvez, extermínio, da existência organizada.

Como destruir o planeta sem tentar muito

A pergunta é: O que as pessoas estão fazendo a respeito? Nada disso é segredo. Está tudo perfeitamente aberto. De fato, você tem que fazer um esforço para não enxergar.

Houveram uma gama de reações. Têm aqueles que estão tentando ao máximo fazer algo em relação à essas ameaças, e outros que estão agindo para aumentá-las. Se olhar para quem são, esse historiador futurista ou extraterrestre observador veriam algo estranho. As sociedades menos desenvolvidas, incluindo povos indígenas, ou seus remanescentes, sociedades tribais e as primeiras nações do Canadá, que estão tentando mitigar ou superar essas ameaças. Não estão falando sobre guerra nuclear, mas sim desastre ambiental, e estão realmente tentando fazer algo a respeito.

De fato, ao redor do mundo - Austrália, Índia, América do Sul - existem batalhas acontecendo, às vezes guerras. Na Índia, é uma guerra enorme sobre a destruição ambiental direta, com sociedades tribais tentando resistir às operações de extração de recursos que são extremamente prejudiciais localmente, mas também em suas consequências gerais. Em sociedades onde as populações indígenas têm influência, muitos tomam uma posição forte. O mais forte dos países em relação ao aquecimento global é a Bolívia, cuja maioria é indígena e requisitos constitucionais protegem os “direitos da natureza”.

O Equador, o qual também tem uma população indígena ampla, é o único exportador de petróleo que conheço onde o governo está procurando auxílio para ajudar a manter o petróleo no solo, ao invés de produzi-lo e exportá-lo - e no solo é onde deveria estar.

O presidente Venezuelano Hugo Chávez, que morreu recentemente e foi objeto de gozação, insulto e ódio ao redor do mundo ocidental, atendeu a uma sessão da Assembléia Geral da ONU a poucos anos atrás onde ele suscitou todo tipo de ridículo ao chamar George W. Bush de demônio. Ele também concedeu um discurso que foi interessante. Claro, Venezuela é uma grande produtora de petróleo. O petróleo é praticamente todo seu PIB. Naquele discurso, ele alertou dos perigos do sobreuso dos combustíveis fóssil e sugeriu aos países produtores e consumidores que se juntassem para tentar manejar formas de diminuir o uso desses combustíveis. Isso foi bem impressionante da parte de um produtor de petróleo. Você sabe, ele era parte índio, com passado indígena. Esse aspecto de suas ações na ONU nunca foi reportado, diferentemente das coisas engraçadas que fez.

Então, em um extremo têm-se os indígenas, sociedades tribais tentando amenizar a corrida ao desastre. No outro extremo, as sociedades mais ricas, poderosas na história da humanidade, como os EUA e o Canadá, que estão correndo em velocidade máxima para destruir o meio ambiente o mais rápido possível. Diferentemente do Equador e das sociedades indígenas ao redor do mundo, eles querem extrair cada gota de hidrocarbonetos do solo com toda velocidade possível.

Ambos partidos políticos, o presidente Obama, a mídia, e a imprensa internacional parecem estar olhando adiante com grande entusiasmo para o que eles chamam de “um século de independência energética” para os EUA. Independência energética é quase um conceito sem significado, mas botamos isso de lado. O que eles querem dizer é: teremos um século no qual maximizaremos o uso de combustíveis fóssil e contribuiremos para a destruição do planeta.

E esse é basicamente o caso em todo lugar. Admitidamente, quando se trata de desenvolvimento de energia alternativa, a Europa está fazendo alguma coisa. Enquanto isso, os EUA, o mais rico e poderoso país de toda a história do mundo, é a única nação dentre talvez 100 relevantes que não possui uma política nacional para a restrição do uso de combustíveis fóssil, e que nem ao menos mira na energia renovável. Não é por que a população não quer. Os americanos estão bem próximos da norma internacional com sua preocupação com o aquecimento global. Suas estruturas institucionais que bloqueiam a mudança. Os interesses comerciais não aceitam e são poderosos em determinar políticas, então temos um grande vão entre opinião e política em muitas questões, incluindo esta. Então, é isso que o historiador do futuro veria. Ele também pode ler os jornais científicos de hoje. Cada um que você abre tem uma predição mais horrível que a outra.

“O momento mais perigoso na história”

A outra questão é a guerra nuclear. É sabido por um bom tempo, que se tivesse que haver uma primeira tacada por uma super potência, mesmo sem retaliação, provavelmente destruiria a civilização somente por causa das consequências de um inverno-nuclear que se seguiria. Você pode ler sobre isso no Boletim de Cientistas Atômicos. É bem compreendido. Então o perigo sempre foi muito pior do que achávamos que fosse.

Acabamos de passar pelo 50o aniversário da Crise dos Mísseis Cubanos, a qual foi chamada de “o momento mais perigoso na história” pelo historiador Arthur Schlesinger, o conselheiro do presidente John F. Kennedy. E foi. Foi uma chamada bem próxima do fim, e não foi a única vez tampouco. De algumas formas, no entanto, o pior aspecto desses eventos é que a lições não foram aprendidas.

O que aconteceu na crise dos mísseis em outubro de 1962 foi petrificado para parecer que atos de coragem e reflexão eram abundantes. A verdade é que todo o episódio foi quase insano. Houve um ponto, enquanto a crise chegava em seu pico, que o Premier Soviético Nikita Khrushchev escreveu para Kennedy oferecendo resolver a questão com um anuncio publico de retirada dos mísseis russos de Cuba e dos mísseis americanos da Turquia. Na realidade, Kennedy nem sabia que os EUA possuíam mísseis na Turquia na época. Estavam sendo retirados de todo modo, porque estavam sendo substituídos por submarinos nucleares mais letais, e que eram invulneráveis.

Então essa era a proposta. Kennedy e seus conselheiros consideraram-na - e a rejeitaram. Na época, o próprio Kennedy estimava a possibilidade de uma guerra nuclear em um terço da metade. Então Kennedy estava disposto a aceitar um risco muito alto de destruição em massa afim de estabelecer o princípio de que nós - e somente nós - temos o direito de deter mísseis ofensivos além de nossas fronteiras, na realidade em qualquer lugar que quisermos, sem importar o risco aos outros - e a nós mesmos, se tudo sair do controle. Temos esse direito, mas ninguém mais o detém.

No entanto, Kennedy aceitou um acordo secreto para a retirada dos mísseis que os EUA já estavam retirando, somente se nunca fosse à publico. Khrushchev, em outras palavras, teve que retirar abertamente os mísseis russos enquanto os EUA secretamente retiraram seus obsoletos; isto é, Khrushchev teve que ser humilhado e Kennedy manteve sua pose de macho. Ele é altamente elogiado por isso: coragem e popularidade sob ameaça, e por aí vai. O horror de suas decisões não é nem mencionado - tente achar nos arquivos.

E para somar um pouco mais, poucos meses antes da crise estourar os EUA haviam mandado mísseis com ogivas nucleares para Okinawa. Eram mirados na China durante um período de grande tensão regional.

Bom, quem liga? Temos o direito de fazer o que quisermos em qualquer lugar do mundo. Essa foi uma lição daquela época, mas haviam outras por vir.

Dez anos depois disso, em 1973, o secretário de estado Henry Kissinger chamou um alerta vermelho nuclear. Era seu modo de avisar à Rússia para não interferir na constante guerra Israel-Árabes e, em particular, não interferir depois de terem informado aos israelenses que poderiam violar o cessar fogo que os EUA  e a Rússia haviam concordado. Felizmente, nada aconteceu.

Dez anos depois, o presidente em vigor era Ronald Reagan. Assim que entrou na Casa Branca, ele e seus conselheiros fizeram com que a Força Aérea começasse a entrar no espaço aéreo Russo para tentar levantar informações sobre os sistemas de alerta russos, Operação Able Archer. Essencialmente, eram ataques falsos. Os Russos estavam incertos, alguns oficiais de alta patente acreditavam que seria o primeiro passo para um ataque real. Felizmente, eles não reagiram, mesmo sendo uma chamada estreita. E continua assim.

O que pensar das crises nucleares Iraniana e Norte-Coreana

No momento, a questão nuclear está regularmente nas capas nos casos do Irã e da Coréia do Norte. Existem jeitos de lidar com esse crise contínua. Talvez não funcionasse, mas ao menos tentaria. No entanto, não estão nem sendo consideradas, nem reportadas.

Tome o caso do Irã, que é considerado no ocidente - não no mundo árabe, não na Ásia - a maior ameaça à paz mundial. É uma obsessão ocidental, e é interessante investigar as razões disso, mas deixarei isso de lado. Há um jeito de lidar com a suposta maior ameaça à paz mundial? Na realidade existem várias. Uma forma, bastante sensível, foi proposta alguns meses atrás em uma reunião dos países não alinhados em Teerã. De fato, estavam apenas reiterando uma proposta que esteve circulando por décadas, pressionada particularmente pelo Egito, e que foi aprovada pela Assembléia Geral da ONU.

A proposta é mover em direção ao estabelecimento de uma zona sem armas nucleares na região. Essa não seria a resposta para tudo, mas seria um grande passo à frente. E haviam modos de proceder. Sob o patrocínio da ONU, houve uma conferência internacional na Finlândia dezembro passado para tentar implementar planos nesta trajetória. O que aconteceu? Você não lerá sobre isso nos jornais pois não foi divulgado - somente em jornais especialistas.

No início de novembro, o Irã concordou em comparecer à reunião. Alguns dias depois Obama cancelou a reunião, dizendo que a hora não estava correta. O Parlamento Europeu divulgou uma declaração pedindo que continuasse, assim como os estados árabes. Nada resultou. Então moveremos em direção a sanções mais rígidas contra a população Iraniana - não prejudica o regime - e talvez guerra. Quem sabe o que irá acontecer?


No nordeste da Ásia, é a mesma coisa. A Coréia do Norte pode ser o país mais louco do mundo. É certamente um bom competidor para o título. Mas faz sentido tentar adivinhar o que se passa pela cabeça alheia quando estão agindo feito loucos. Por que se comportariam assim? Nos imagine na situação deles. Imagine o que significou na Guerra da Coréia anos dos 1950’s o seu país ser totalmente nivelado, tudo destruído por uma enorme super potência, a qual estava regozijando sobre o que estava fazendo. Imagine a marca que deixaria para trás.

Tenha em mente que a liderança Norte Coreana possivelmente leu os jornais públicos militares desta super potência na época explicando que, uma vez que todo o resto da Coréia do Norte foi destruído, a força aérea foi enviada para a Coréia do Norte para destruir suas represas, enormes represas que controlavam o fornecimento de água - um crime de guerra, pelo qual pessoas foram enforcadas em Nuremberg. E esses jornais oficiais falavam excitadamente sobre como foi maravilhoso ver a água se esvaindo, e os asiáticos correndo e tentando sobreviver. Os jornais exaltavam com algo que para os asiáticos fora horrores para além da imaginação. Significou a destruição de sua colheita de arroz, o que resultou em fome e morte. Quão maravilhoso! Não está na nossa memória, mas está na deles.

Voltemos ao presente. Há uma história recente interessante. Em 1993, Israel e Coréia do Norte se moviam em direção a um acordo no qual a Coréia do Norte pararia de enviar quaisquer mísseis ou tecnologia militar para o Oriente Médio e Israel reconheceria seu país. O presidente Clinton interveio e bloqueou. Pouco depois disso, em retaliação, a Coréia do Norte promoveu um teste de mísseis pequeno. Os EUA e a Coréia do Norte chegaram então a um acordo em 1994 que interrompeu seu trabalho nuclear e foi mais ou menos honrado pelos dois lados. Quando George W. Bush tomou posse, a Coréia do Norte tinha talvez uma arma nuclear e verificadamente não produzia mais.

Bush imediatamente lançou seu militarismo agressivo, ameaçando a Coréia do Norte - “machado do mal” e tudo isso - então a Coréia do Norte voltou a trabalhar com seu programa nuclear. Na época que Bush deixou a Casa Branca, tinham de 8 a 10 armas nucleares e um sistema de mísseis, outra grande conquista neoconservadora. No meio, outras coisas aconteceram. Em 2005, os EUA e a Coréia do Norte realmente chegaram a um acordo no qual a Coréia do Norte teria que terminar com todo seu desenvolvimento nuclear e de mísseis. Em troca, o ocidente, mas principalmente os EUA, forneceria um reator de água natural para suas necessidades medicinais e pararia com declarações agressivas. Eles então formariam um pacto de não agressão e caminhariam em direção ao conforto.

Era muito promissor, mas quase imediatamente Bush menosprezou. Retirou a oferta do reator de água natural e iniciou programas para compelir bancos a pararem de manejar qualquer transação Norte Coreana, até mesmo as legais. Os Norte Coreanos reagiram revivendo seu programa de armas nuclear. E esse é o modo que se segue.

É bem sabido. Pode-se ler na cultura americana principal. O que dizem é: é um regime bem louco, mas também segue uma política do olho por olho, dente por dente. Você faz um gesto hostil e responderemos com um gesto louco nosso. Você faz um gesto confortável e responderemos da mesma forma.

Ultimamente, por exemplo, existem exercícios militares Sul Coreanos-Americanos na península Coreana a qual, do ponto de vista do Norte, tem que parecer ameaçador. Pensaríamos que estão nos ameaçando se estivessem indo ao Canadá e mirando em nós. No curso disso, os mais avançados bombardeiros na história, Stealth B-2 e B-52, estão travando ataques de bombardeio nuclear simulados nas fronteiras da Coréia do Norte.

Isso, com certeza, reacende a chama do passado. Eles lembram daquele passado, então estão reagindo de uma forma agressiva e extrema. Bom, o que chega no ocidente derivado disso tudo é o quão loucos e horríveis os líderes Norte Coreanos são. Sim, eles são. Mas essa não é toda a história, e esse é o jeito que o mundo está indo.

Não é que não haja alternativas. As alternativas somente não estão sendo levadas em conta. Isso é perigoso. Então, se me perguntar como o mundo estará no futuro, saiba que não é uma boa imagem. A menos que as pessoas façam algo a respeito. Sempre podemos.


Tradução: Isabela Palhares
(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Noam-Chomsky-estamos-a-beira-da-total-auto-destruicao-/6/32713)