domingo, 26 de novembro de 2017

Boas matérias para ler que indico


1 - Indústria de alimentos ocupa espaços da universidade na Anvisa

leia aqui: http://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2017/11/industria-de-alimentos-ocupa-espacos-da-universidade-na-anvisa/  

2 - Como incendiar (de novo) o Oriente Médio
Incomodados com seu próprio declínio, EUA e Arábia Saudita tornam-se provocadores e buscam a guerra -- no exato instante em que a região tenta livrar-se dela. Por Patrick Cockburn

leia aqui: http://outraspalavras.net/destaques/como-incendiar-de-novo-o-oriente-medio/ 

3 - Coca-Cola X Uruguai: as corporações contra a segurança alimentarInconformada com lei que obriga a estampar informação nutricional em suas embalagem, corporação quer processar país na Organização Mundial do Comércio… Por João Peres 

leia aqui: http://outraspalavras.net/ojoioeotrigo/2017/11/coca-cola-x-uruguai-as-corporacoes-contra-seguranca-alimentar/  

Ninguém está fazendo o suficiente para conter a crise climática

Análise de políticas climáticas mundiais mostra que países estão muito aquém das metas para frear aquecimento global.

A reportagem foi publicada por Coesus – Coalizão Não Fracking Brasil – e 350.org Brasil, 16-11-2017.
Representante de uma pequena ilha do Pacífico severamente ameaçada pelo aumento do nível do mar, o Primeiro Ministro da República de Fiji e Presidente da COP 23, Frank Bainimarama, afirmou na abertura da conferência que “todos estamos na mesma canoa.” Sua mensagem traz a ideia de que o problema do aquecimento global afeta democraticamente a todos e, portanto, também deve ser resolvido de forma global, com ações conjuntas e compromissos de todas as partes. No entanto, o Índice de Desempenho Climático 2018, apresentado nesta quarta-feira (15) em Bonn, na Alemanha, dá mostras de que isso, na prática, não está ocorrendo.

Elaborado pelas organizações Germanwatch, New Climate Institute e Climate Action Network (CAN), o relatório analisou a performance das políticas climáticas da União Europeia e mais 56 países, que juntos respondem por mais de 90% das emissões mundiais de gases do efeito estufa. O resultado aponta que “nenhum país está fazendo o suficiente para prevenir as perigosas alterações no clima.” Por esse motivo, ninguém ocupou as posições um a três no ranking.
Dentre os países latinos, apenas Brasil, México e Argentina foram analisados. Estes ficaram, respectivamente, na 19a, 27a e 46a colocações. Brasil e México foram avaliados como medianos e Argentina como “muito abaixo” das metas. Suécia, Marrocos, Lituânia, Noruega e Reino Unido lideram a lista; Estados Unidos se encontra em queda livre, ocupando a 56a posição, somente acima de Austrália, Coreia do Sul, Irã e Arábia Saudita.
“Dois anos depois de concordar em limitar o aquecimento global abaixo de 2°C, com esforços para chegar a 1,5°C, ainda vemos uma enorme lacuna entre a ambição das metas de redução dos gases de efeito estufa dos países e seu progresso em relação a uma real implementação do Acordo de Paris nas legislações nacionais”, atesta o relatório.
Mas nem só de negatividade se faz o documento. Segundo a análise, “existem sinais encorajadores de que uma transição energética global está em andamento.” Os números mostram que os investimentos em energias renováveis continuam a dominar os novos investimentos no sistema energético em todo o mundo. Além disso, em 2014, 2015 e 2016 as emissões globais de carbono no setor de energia não cresceram, o que não acontecia desde a revolução industrial, em anos sem uma grande crise econômica.

América Latina de mal a pior

No cenário climático global, que demanda uma mudança urgente de paradigma, uma avaliação “mediana” não pode ser considerada positiva. Ainda mais quando essa análise não leva em conta o efeito destrutivo de políticas atualmente em curso ou “em vias de”, num futuro bem próximo. No Brasil, o governo manteve a priorização aos combustíveis fósseis na matriz energética, com 70% dos recursos da próxima década destinados a carvão, petróleo e gás. Além disso, o presidente Michel Temer quer aprovar uma Medida Provisória que dará incentivos fiscais trilionários às empresas petrolíferas.
“Os incentivos do governo brasileiro à indústria fóssil revelam uma postura totalmente favorável às energias sujas e ao retrocesso. Para cumprir com as metas de combate ao aquecimento global, o Brasil precisa deixar todas as reservas de petróleo e gás no chão e redirecionar os recursos públicos e privados para iniciativas de energias renováveis, justas e livres”, defendeu Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora de 350.org Brasil e América Latina.
Seguindo no mesmo sentido, o governo de Maurício Macri, na Argentina, pretende aprofundar o modelo de energia baseado em fontes sujas, principalmente hidrocarbonetos não convencionais, como o gás de xisto, que trazem um alto custo ambiental e social.
“A Argentina tem avanços positivos com relação às energias renováveis, como a Lei de Regime Nacional de Geração Distribuída de Energias Renováveis, que está em tramitação no Senado. Mas ao mesmo tempo pretende aprofundar o modelo de extração de hidrocarbonetos através da técnica poluente do fracking, como é o caso da região de Vaca Muerta”, afirmou Juan Pablo Olsson, coordenador de campanhas climáticas da 350.org Argentina e colaborador do relatório.
No México, o governo de Enrique Peña Nieto também avança com o aprofundamento do modelo extrativista, promovendo a mega mineração e a extração de hidrocarbonetos não convencionais. De acordo com informações atualizadas, 3.780 poços já foram perfurados através do método do fracking, enquanto ativistas, pesquisadores e organizações ambientais alertam sobre os danos ambientais e sociais desse tipo de exploração.
(fonte:  http://www.ihu.unisinos.br/573840-ninguem-esta-fazendo-o-suficiente-para-conter-a-crise-climatica)

Uma frustrante conferência do clima em Bonn

Mundo dá sinais de esgotamento, mas governos seguem em frente com modelo de desenvolvimento. Dinâmicas política nacionais bloquearam quaisquer avanços na COP-23 em Bonn. EUA, Alemanha e Brasil parecem apostar no abismo.
"Os que duvidam dos efeitos da mudança climática ou se orientam por fé religiosa cega, retrógrada e conservadora ou por má fé daqueles que querem continuar o modelo de lucro fácil nas costas do trabalho mal pago da maior parte da população e do esgotamento da rica biodiversidade do planeta", escreve Iara Pietricovsky, antropóloga, mestra em Ciência Política pela Universidade de Brasília e atriz de teatro desde 1969, membro do colegiado de gestão do Inesc, em artigo publicado por Outras Palavras, 21-11-2017. Iara Pietricovsky participou dos debates da COP-23 em Bonn.

Eis o artigo.

No último dia 17, terminaram as intensas negociações da COP-23 – a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que deveria ter acontecido nas Ilhas Fiji, mas, em decorrência da falta de infraestrutura, aconteceu em solo alemão. Assim, o símbolo da COP, representando a presidência do país-sede, foi uma palmeira e uma onda do mar, mas o clima real era de árvores amareladas perdendo sua força num inverno que se aproxima na cidade de Bonn. O outono na Alemanha é muito bonito.
A COP-23 elaborou uma primeira versão do que está sendo chamado de o “Livro de Regras”, que pretende ser um texto mais detalhado do Acordo de Paris (APA), cobrindo todos os órgãos subsidiários SBSTA (sigla em inglês para Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice) e SBI, (sigla em inglês para Subsidiary Body for Implementation). O documento foi aprovado cheio de colchetes, que em linguagem diplomática significa que todos colocaram suas posições, mas longe ainda de um acordo, de modo que muitos temas em debate ainda serão submetidos a demoradas negociações.
O fato é que os tempos das negociações não estão equilibrados com os impactos reais que estão ocorrendo em função da mudança climática e da manutenção de um modelo de desenvolvimento que insiste em manter privilégios e intensificar desigualdades. A conclamada “nova economia”, recorrentemente referida pela diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, tem implicações diretas na vida de milhões de pessoas que ficarão desempregadas e sofrerão, cada vez mais, os efeitos da mudança de clima. O propalado salário universal, que toma corpo nos debates do Banco Mundial e FMI, é um grande colchão para amenizar o desastre que está sendo anunciado para um futuro não muito distante.
Mas, vamos às questões que me pareceram mais relevantes nessa COP-23: A Plataforma Indígena nasce no Acordo de Paris (APA), em 2015 e tem como objetivo incluir os conhecimentos indígenas e de comunidades tradicionais dentro do debate e das soluções para a mudança climática. Desde então, houve intensas negociações nas reuniões intermediárias, resultando, inclusive, em um grande encontro patrocinado pelo governo canadense, onde se estabeleceram princípios e bases comuns para serem apresentados na COP-23. O texto foi debatido e aprovado e agora seguirá para as negociações dentro dos órgãos subsidiários SBSTA e o SBI e da próprio UNFCC (sigla em inglês para Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima). Uma questão que parece ambígua no texto aprovado da Plataforma Indígena é o financiamento dos membros do Grupo de Trabalho, por parte da UNFCC, que terão a responsabilidade de acompanhar as negociações, efetivar a governança e construir o plano de trabalho. Aqui poderá se estabelecer uma desigualdade de tratamento em prejuízo da plena participação dos e das representantes dos povos indígenas e comunidades tradicionais, que definitivamente não tem condições financeiras de acompanhar estes processos.
A segunda questão se refere ao financiamento e ao caráter contencioso desde sua origem. São três os principais fundos de financiamento dentro do guarda-chuva da UNFCC: o GEF, o Fundo Verde de Clima e o Fundo de Adaptação. As nações mais ricas e industrializadas comprometeram-se, há sete anos, a levantar US$ 100 bilhões por ano, até 2020, para atacar os problemas de emissão dos gases de efeito estufa e a adaptação aos efeitos da mudança climática. Entretanto, até agora, o Fundo Verde só conseguiu levantar cerca de US$ 10,3 bilhões, muito aquém daquilo que havia sido acordado. Além disso, as decisões mais recentes de financiamento são alvo de críticas pela falta de transparência.
Os Fundos de Clima, em geral, podem estar sendo bloqueados em decorrência de mudanças nas regras da cooperação dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), e isso coloca mais pedras no caminho da efetivação desse compromisso.
Por fim, existe sempre a dimensão política nessas negociações -que, ao fim e ao cabo, é a que define tudo. Em seu discurso, Angela Merkel teve que explicar, com constrangimento, o inexplicável: o aumento do uso do carvão como energia. A redução dessa fonte energética pode causar-lhe prejuízos políticos irreparáveis na Alemanha. Do outro lado do Atlântico, o governo norte-americano, que bloqueia os debates, ameaça tirar dinheiro dos fundos dos trabalhos científicos do IPCC. Enquanto isso, o presidente francês Macron propõe que a França substitua a doação de US$ 2 milhões feitas pelos EUA até antes da era Trump. O Brasil, por sua vez, ignora toda a tendência mundial e amplia subsídios a combustíveis fósseis, na contramão da história e do tempo.
Os que duvidam dos efeitos da mudança climática ou se orientam por fé religiosa cega, retrógrada e conservadora ou por má fé daqueles que querem continuar o modelo de lucro fácil nas costas do trabalho mal pago da maior parte da população e do esgotamento da rica biodiversidade do planeta. Em ambos os casos, são forças poderosas que persistem e atuam dentro do jogo político. E, sem dúvida, pelo andar da carruagem e pelo estado da arte das negociações, vivemos tempos de guerra, um tempo de luta. O que prevalecerá saberemos em breve. Muito breve mesmo.

(fonte:  http://www.ihu.unisinos.br/573960-uma-frustrante-conferencia-do-clima-em-bonn)

Projeto inédito no Brasil ensina alunos, pais e professores a cultivar alimentos orgânicos


Prática já impactou 1,4 mil pessoas em Carazinho (RS); participantes recebem certificados neste sábado (25).
Um projeto inédito no Brasil, que une educação e conscientização ambiental, tem mudado o hábito de muitos moradores de Carazinho, cidade gaúcha com pouco mais de 60 mil habitantes. Em um ano, mais de 1,4 mil pessoas foram impactadas pelo “Educação & Sustentabilidade”, que ensina aos alunos de escolas públicas, professores e seus familiares teorias e práticas sobre como cuidar do meio ambiente.
A reportagem é publicada por EcoDebate, 23-11-2017.

A cidade já colhe os resultados de um ano da iniciativa. As escolas fazem a merenda escolar com produtos orgânicos plantados pelos próprios alunos e foram desenvolvidas unidades de compostagem de resíduos dentro das instituições de ensino. A comunidade envolvida reduziu o desperdício de água e energia, e a população está mais consciente sobre a importância da sustentabilidade.
Segundo Rodrigo Berté, idealizador da ação e diretor da Escola de Superior de Saúde, Biociência, Meio Ambiente e Humanidades do Centro Universitário Internacional Uninter, os objetivos foram além do planejado e a mobilização social foi surpreendente. “Nunca tinha visto uma cidade, uma Secretaria de Educação e escolas se mobilizarem tão rápido, o comprometimento deles foi maior do que o esperado. Geralmente as pessoas querem algo em troca para se movimentar. Em Carazinho, a adesão foi espontânea”.
O trabalho no município ainda não acabou. A próxima etapa é englobar mais colégios nesse movimento, os principais parceiros, a Secretaria de Educação e o Ministério Público estão discutindo a possibilidade de ampliar o número de escolas do Ensino Fundamental e inserir as de Educação Infantil.
“Todos os envolvidos foram, de fato, educados para a sustentabilidade e foi possível verificar uma significativa mudança de hábitos. Acredito que outras cidades deveriam implementar o projeto, tendo em vista que constitui uma excelente oportunidade de despertar a consciência cívica e motivar ações dessa natureza”, conta Adriana Costa, promotora de Justiça e titular do Ministério Público na cidade.
O encerramento do primeiro ano de atividades acontece no dia 25 de novembro, sábado, às 8h30, no auditório da Universidade de Passo Fundo, no campus de Carazinho que fica na Rua Diamantino Conte Tombini, 300. Todos os participantes receberão os certificados, os chamados Selos Verdes, que atestam que as ações sustentáveis desenvolvidas são amigas da natureza e seguem determinados parâmetros que neutralizam ou reduzem seu impacto no entorno. A solenidade vai contar com a presença de autoridades locais e parceiros.

Sobre o projeto

O “Educação & Sustentabilidade” foi criado em 2016 pelo professor Berté para que as escolas públicas trabalhassem o tema Meio Ambiente de forma prática, atraindo a atenção dos alunos e envolvendo a comunidade. As crianças aprendem a plantar, adubar, cuidar e colher os frutos da horta. Em casa, eles aplicam o que aprenderam sobre a reciclagem de resíduos para a produção de fertilizante, processo conhecido como compostagem.
Oito escolas públicas de Carazinho (RS) aderiram ao projeto. São elas: Eulália Vargas Albuquerque, o Patronato Santo Antônio, Alfredo Scherer, Capitão Aristides Gabriel, Piero Sassi, Pedro Pasqualotto, Pedro Vargas e Políbio do Valle.
Em 2016, o projeto começou com capacitações teóricas sobre Educação Ambiental. Na segunda etapa, foram desenvolvidas atividades práticas, ensinando o processo de compostagem e hortas mandalas. Além dessas atividades, as escolas são incentivadas a criar iniciativas próprias.
O desenvolvimento é feito pela Unibio com o apoio Ministério Público Estadual, por intermédio da Promotoria de Justiça Especializada de Carazinho, Uninter, Secretaria Municipal de Educação e Cultura, responsáveis pela capacitação, acompanhamento, material didático e supervisão de todo o processo.

(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/573966-projeto-inedito-no-brasil-ensina-alunos-pais-e-professores-a-cultivar-alimentos-organicos)

The Guardian descobre mais um escândalo no pré-sal

Texto escrito por José de Souza Castro:

“The Guardian”, importante jornal britânico, trouxe esperança de que as novas regras do pré-sal propostas pelo governo brasileiro ao Congresso Nacional não venham a prevalecer. Como ignorar o escândalo revelado neste fim de semana de que a comissão mista que aprovou as mudanças foi influenciada pelo lobby comandado no Brasil pelo Ministro do Comércio da Grã-Bretanha, Greg Hands, em favor da Shell, BP (que se chamava British Petroleum) e Premier Oil, gigantes petrolíferas de seu país?
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) faz aqui um bom resumo do mais novo escândalo deste governo, escândalo que, se bem entendido, pode contribuir para reverter o processo de entrega de nossas riquezas às multinacionais.
O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, o paulista Carlos Zarattini, é um dos que acreditam que a revelação de que o governo Temer trabalhou para a Shell, antes dos leilões do pré-sal, ajudará a oposição a derrubar a MP 795, que acabou com a política de conteúdo nacional e concedeu isenção fiscal de R$ 1 trilhão às multinacionais do petróleo. Para ele, “é um escândalo que só confirma o caráter entreguista desse governo golpista”. Conforme o site 247, entidades empresariais, como a Abimaq, “também pretendem usar a denúncia do Guardian para derrubar a medida provisória encomendada pela Shell e servida de bandeja por Temer”.
Vamos ao que publicou The Guardian. Um telegrama obtido pelo Greenpeace mostra que o ministro Greg Hands veio ao Brasil para negociar redução de impostos e mudanças nas normas ambientais na exploração do pré-sal pela BP e Shell, além da não exigência de participação de empresas brasileiras.
Conforme Requião, Hands foi tão bem-sucedido que justificaria chamar nosso presidente de Mishell Temer.
The Guardian informa que Hands viajou ao Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, em março, para ajudar empresas de mineração, energia e água a conquistar negócios no Brasil. Ele se encontrou com Paulo Pedrosa, secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, e diretamente levantou as preocupações da Shell, BP e Premier Oil com “taxação e licenciamento ambiental”. E obteve de Pedrosa a promessa de que pressionaria autoridades brasileiras sobre essa questão.
A MP 795 é o resultado dessas pressões. Em agosto deste ano, o Brasil propôs um projeto para redução em muitos bilhões de dólares para perfurações na área do pré-sal e, em outubro, PB e Shell venceram as mais importantes concorrências para explorar o petróleo brasileiro.
É um escândalo que atinge não apenas o governo brasileiro, mas também o britânico, razão maior da publicação do “The Guardian”. Trata-se de um embaraço duplo para o governo do Reino Unido, pois o ministro do Comércio fazia lobby junto ao governo brasileiro sobre um gigantesco projeto petrolífero que iria minar os esforços britânicos previstos para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, realizada neste mês em Bonn, na Alemanha. E tentou esconder suas ações do público, mas falhou ridiculamente.
Nada engraçado, de fato, para nós. O principal objetivo dos ingleses era enfraquecer as exigências do conteúdo local, impostas ainda no governo Lula, porque BP, Shell e Premier Oil seriam as beneficiárias britânicas diretas das mudanças. E que poderiam fazer suas compras na Grã-Bretanha, livres de impostos e outras amarras.
A Petrobras – e isso quem diz não é “The Guardian”,  que também sabe defender os interesses britânicos – seria a maior prejudicada. Sem um governo – e uma imprensa, como bem ressalta Roberto Requião – para defendê-la.
De resto, defender a Petrobras e a indústria brasileira pode sair caro. A Lava Jato cuida para que não saia barato.

(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/11/22/the-guardian-escandalo-pre-sal/#more-14724)

domingo, 19 de novembro de 2017

E Finlândia renova sua Educação…

Conhecido pela excelência no ensino, que é público e gratuito, país quer agora renovar currículos e métodos. Receita essencial: ainda mais participação
Por Claudia Wallin, na BBC Brasil

Novos tempos exigirão uma nova escola. O diagnóstico vem da Finlândia, país cujo sistema, já celebrado internacionalmente, agora planeja reformas de olho em como será sua educação daqui a duas décadas.
A meta é envolver os pais em um amplo debate sobre a agenda que os finlandeses acreditam ser necessária para preservar o nível de excelência do ensino público nos próximos anos.
E para isso, nesta quarta-feira a Finlândia vai realizar simultaneamente, nas escolas públicas de todo o país, o que está sendo anunciado como a maior reunião de pais e professores do mundo.
“O mundo está mudando, as escolas precisam mudar, e o diálogo com os pais é crucial nesse processo, uma vez que eles podem desempenhar um papel significativo na evolução da escola”, diz à BBC Brasil Saku Tuominen, um dos organizadores do evento e diretor do projeto HundrEd, criado no país para identificar e compartilhar inovações educacionais em todo o mundo.
Os finlandeses já se perguntam: que tipo de conhecimentos, habilidades e aptidões serão importantes para um aluno em 2030?
‘Diálogo permanente’
“Inovação é a chave”, afirma Tuominen. “Em um mundo em transformação, pensamos que em 2030, por exemplo, os alunos precisarão estar capacitados tanto em termos de novas tecnologias e da ênfase na criatividade como também no desenvolvimento de habilidades emocionais, autoconhecimento e pensamento crítico.”
A megarreunião de pais é resultado de uma colaboração entre o Ministério da Educação e Cultura, o Sindicato dos Professores, a Associação de Pais de Alunos da Finlândia e o projeto HundrEd.
Mais de 30 mil pais já se inscreveram para participar do evento – e a ideia é transformar a iniciativa em um evento anual.
“Queremos um diálogo de alto nível e permanente sobre os fundamentos da educação do futuro. E mais do que nunca precisaremos de soluções criativas em consonância com a base do pensamento finlandês, que é uma educação em que o aluno tenha prazer em aprender”, destaca Saku Tuominen.
Alunos viram professores
Para alavancar o debate, a reunião de pais e mestres será aberta em todas as escolas, que exibirão vídeos curtos com a fala de especialistas e educadores sobre o rumo das reformas em nível nacional, além de filmes sobre inovações que vêm sendo experimentadas em escala local.
Uma dessas inovações é um projeto-piloto que inverte os papéis entre mestres e aprendizes: alunos estão dando aulas a professores sobre o uso mais eficiente de tablets, mídias sociais e câmeras digitais.
“Os resultados têm sido excelentes”, diz Saku Tuominen. “É uma forma eficaz e econômica de capacitar melhor os professores de cadeiras não ligadas à tecnologia, e que também cria laços mais estreitos entre professor e aluno.”
Na visão finlandesa, professores não deverão ser apenas provedores de informação, e os alunos não serão mais somente ouvintes passivos.
“Queremos que as escolas se tornem comunidades onde todos possam aprender uns com os outros, incluindo os adultos aprendendo com as crianças”, diz Anneli Rautiainen, chefe da Unidade de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação finlandês.
“Habilidades tecnológicas e codificação serão ensinadas juntamente com outros assuntos. Para apoiar os professores, também haverá tutores digitais.”
Solução de problemas
Outra inovação a ser apresentada na reunião de pais é um projeto que vem sendo conduzido nas escolas da cidade de Lappeeenranta, no sudeste da Finlândia, para treinar os alunos em técnicas de solução de problemas. O projeto reúne uma equipe de psicólogos, especialistas e educadores.
“A ideia é capacitar os estudantes a desmistificar os problemas, e aprender a focar nas soluções”, explica Tuominen.
No raciocínio dos finlandeses, é preciso mudar a percepção sobre o que deve ser ensinado às crianças e o que elas necessitam para sobreviver numa sociedade e em um mercado de trabalho em rápida transformação.
“As escolas precisam se adaptar aos novos tempos e reconhecer que, com a revolução tecnológica e o impacto da globalização, as necessidades das crianças mudaram. É preciso incluir no currículo escolar temas como a empatia e o bem-estar do indivíduo, além de renovar os ambientes de ensino para motivar os alunos”, observa Kristiina Kumpulainen, professora de Pedagogia na Universidade da Finlândia.
O novo currículo escolar adotado em 2016 já inclui um alentado programa de tecnologia de informação, assim como aulas sobre vida no trabalho. Parte dos livros escolares, assim como a maioria do material de ensino, é completamente digital.
Diálogo
A Finlândia, país de 5,4 milhões de habitantes, é conhecida internacionalmente por pensar fora da caixa no que diz respeito à educação, o que atrai a curiosidade de especialistas do mundo inteiro.
Os dias são mais curtos nas escolas finlandesas: são menos horas de aula do que em todas as demais nações industrializadas, segundo estatísticas da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, que reúne países desenvolvidos). Em uma típica escola finlandesa, os alunos têm em média cerca de cinco aulas por dia.
Os estudantes finlandeses gastam ainda menos tempo fazendo trabalho de casa do que os colegas de todos os outros países: cerca de meia hora por dia. O sistema também não acredita na eficácia de uma alta frequência de provas e testes, que por isso são aplicados com pouca regularidade.
E para os desafios dos novos tempos, os pais querem voz ativa.
Para a presidente da Associação de Pais da Finlândia, Ulla Siimes, não há mais espaço para as tradicionais reuniões entre educadores autoritários e pais queixosos.
“Quando perguntamos aos pais o que eles esperam das reuniões com professores, a resposta é que eles querem se sentir incluídos nas questões escolares, e não apenas receber relatórios sobre o que está sendo feito”, disse Siimes em entrevista à TV pública finlandesa YLE, ao destacar a importância da reunião de pais e mestres da próxima quarta-feira.
“As experiências pessoais vivenciadas pelos pais décadas atrás podem influenciar as suas concepções sobre como as crianças devem ser educadas nas escolas, e precisamos atualizar nosso modo de pensar para adaptar as técnicas de ensino à realidade da nova era”, acrescentou ela.
A reunião também pretende informar os pais sobre os efeitos de mudanças que já vêm sendo implementadas nas escolas do país, como a criação de salas de aula mais versáteis e flexíveis.
Paredes vêm sendo derrubadas para a criação de espaços de ensino em plano aberto, com divisórias transparentes. Em vez das carteiras escolares, o mobiliário inclui sofás, pufes e bolas de pilates.
“No futuro, não haverá necessidade de salas de aula fechadas, e a aprendizagem acontecerá em todos os lugares”, diz Anneli Rautiainen.
Outra aposta consolidada no novo currículo escolar é o ensino baseado em fenômenos e projetos, que atualiza a tradicional divisão de matérias e dá mais espaço para que determinados temas – por exemplo a Segunda Guerra Mundial – sejam trabalhados conjuntamente por professores de diferentes disciplinas.
Ainda que não lidere o ranking internacional de desempenho de alunos medido pelo exame Pisa, da OCDE, a Finlândia costuma estar entre os mais bem colocados do mundo. Mas isso não é o que guia as reformas educacionais, dizem educadores.
“A importância de rankings como o Pisa no pensamento finlandês é bastante insignificante. Eles são vistos como uma espécie de medição de pressão sanguínea, que nos permitem considerar, ocasionalmente, a direção para onde estamos indo, mas os resultados dos testes não são nosso foco principal”, diz o educador finlandês Pasi Sahlberg. “O fator essencial é a informação que as crianças e os jovens vão precisar no futuro.”
“Na Finlândia, o objetivo da educação não é obter sucesso no Pisa”, reforça Saku Tuominen, um dor organizadores da reunião de pais. “Nossa meta é ajudar as crianças e adolescentes a florescer e ter uma vida mais satisfatória.”

(fonte: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/e-finlandia-renova-sua-educacao/)

Café Historia - boletim 26

você pode acessar o Café Historia por aqui:
https://www.cafehistoria.com.br/newsletter/boletim-cafe-historia-edicao-26/

História e videogames: como os jogos eletrônicos podem ser pensados por historiadores
Os videogames, ou jogos eletrônicos, são um fenômeno econômico e socio-cultural que tem crescido rapidamente nas últimas décadas, devendo ser pensados em sua inserção na Indústria Cultural e como constituidores de um imaginário sobre o passado com características próprias. Clique aqui para ler. 
 


 

Vereador que é autor de projeto de lei em prol do “Escola sem partido” envolve-se em polêmica com professores

Ronaldo Pohl chamou professores que protestavam na Câmara Municipal de Marechal Cândido Rondon de “escória”. Ele nega ter se referido a todos os professores da cidade.

Plataforma usa animações de curta duração para explicar eventos e autores consagrados em História

Projeto “Academia Play” aborda diversos temas, desde as diferenças entre o teatro grego e romano até as ideias do filósofo Ortega y Gasset. Vale a pena conhecer o material. 

Ninguém é racista no Brasil.

O texto escrito pela designer gráfico Graziele Martins merece ser lido e compartilhado por todos. Que este Mês da Consciência Negra desperte reflexões importantes como estas em toda a sociedade. Diga NÃO ao racismo!
Vamos ao texto dela. Os grifos em negrito são meus, só pra destacar as partes mais absurdas do que ela viveu:

“Ninguém é racista, mas aos 5 anos eu fui vítima de racismo sem nem saber do que se tratava. A mãe de uma garotinha (da mesma idade) a tirou de perto de mim na piscina que brincávamos no clube com os dizeres: ‘Não quero você brincando com essa neguinha’.

Ninguém é racista, mas, aos 13, um colega de escola que não ia com minha cara gritou aos berros: ‘Macaca preta!’ Aos 17 eu entrei na faculdade (através do ProUni) e minha vaga era de cotas para negros, já que na ficha de inscrição eu não me enquadrava nas categorias de cores que ali estavam: eu não era branca, nem amarela, nem parda, eu era negra. A faculdade exigiu que eu comprovasse minha cor, se nem na minha certidão de nascimento estava escrito: cor negra. Fui obrigada a escrever uma carta de próprio punho explicando que minha cor era negra e era assim que eu me considerava.

Ninguém é racista, mas aos 18, numa loja de departamentos, a vendedora (branca) me perseguia por achar que eu não tinha condições de comprar nada ali… Aos 25, uma mulher branca deixou de sentar ao meu lado, o único lugar vazio dentro de um ônibus lotado, com aquele olhar de superioridade, e disse em tom de voz baixo: ‘Não gosto de preto’. E, em seguida, sentou-se com medo de encostar em mim…

Ninguém é racista, mas no ano passado eu fui a uma festa (predominante de pessoas brancas) e eu era a única negra do local, quase um evento à parte. Perdi as contas de quantas pessoas ‘elogiaram’ minha cor, meu cabelo. Um rapaz (branco, claro) disse que nunca tinha ficado com uma mulher da minha cor (eu não seria a primeira, com certeza).
Ninguém é racista, mas olha com cara de desprezo quando um negro se aproxima, ou infelizmente com olhar de medo, já que os negros são sempre marginalizados na nossa sociedade…

Ninguém é racista, mas não dá credibilidade quando vê um negro em um cargo que ‘deveria ser de um branco’. Quantas vezes você duvidou da capacidade de um médico, advogado negro? Quantos profissionais dessas áreas, negros, você conhece? Quantos negros trabalhavam na mesma empresa que você?

Ninguém é racista, o Brasil não é racista, mas os números (infelizmente) não mentem, a maioria da população morta é de negros, a maioria dos feminicídios são com vítimas negras (sem contar os casos de solidão de mulheres negras), quantos casos de racismo acontecem todos os dias? Tem gente que se mata por causa da cor da pele, mas o nosso país não é racista, ‘somos um povo miscigenado, cheio de misturas’, mas as estatísticas de desigualdade racial são alarmantes….

Ninguém é racista, mas tem gente achando que o William Waack foi ‘pego de surpresa’, não cometeu racismo, afinal, quem nunca disse isso em tom de brincadeira quando se referia a um negro, não é mesmo? Tem gente achando que a Rede Globo cumpriu um papel democrático ao ‘retirar ele do ar’. Gente, a Globo é racista, tirar o âncora do jornal é só uma forma de a emissora ‘se preservar’, não um ato para combater o racismo.

Ninguém é racista, mas eu já fui racista com os brancos, já que a maioria das minhas referências infantis eram de pessoas brancas. Eu tinha que acreditar todo dia, e ainda tenho, que a cor da minha pele não determina o meu caráter, nem a minha capacidade, muito menos superioridade… Ser negro num país racista é um ato de coragem diário. Se reconhecer como negro é ainda mais corajoso.

Talvez você diga que eu não sou negra (já que tenho pele clara), mas é assim que eu me considero, uma mulher negra. Reconheço que tenho privilégios que os outros negros não tem, o que muito me entristece, mas, ainda sim, sou negra, sem medo de ser.

Ninguém nasce racista, nenhuma criança é racista, ela vai aprender com os demais ao seu redor, portanto, eu ainda tenho esperanças nessa nova geração que vem por aí. Pais de crianças negras, eu tenho um orgulho imenso de vocês, ensine a elas o quanto são lindas e capazes!

Precisamos falar de racismo (não somente em casos como o vídeo vazado de um jornalista, não só quando algum ator/atriz é atacado em suas redes sociais…). Precisamos ler mais sobre racismo, racismo reverso (velado), colorismo, preterimento, objetificação dos negros… Existe um mundo de temas que precisam ser debatidos, em escolas, bares, onde for.

Racismo tem que ser pauta diária, as pessoas precisam reconhecer que têm preconceito para que assim (talvez) mude algo, mude o olhar. Se a gente começar a olhar de outra forma, talvez mude (de maneira bem singela) esse preconceito que mata, fere, denigre, dói, corrói.

Li uma vez que ‘se a coisa tá preta, a coisa tá é boa’. É assim que tem que ser, ser negro é lindo. A cor da minha pele jamais pode superar o ser humano que há por trás, jamais. #racismoécrime #racistasnãopassarão”

(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/11/16/ninguem-racista/#more-14698)

Dono do Inhotim condenado a nove anos de prisão

Texto escrito por José de Souza Castro:

A profecia ouvida de meu chefe, quando comecei a carreira no “Jornal do Brasil”, em 1972, vai sendo realizada aos poucos: quem começa a frequentar muito as páginas sociais acaba saindo na página policial. Seria o caso, agora, de Bernardo de Mello Paz, o badalado dono do Inhotim, condenado a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro. Sob o estado atual da imprensa, não sei se ele frequentará a página policial ou mesmo, dadas as inúmeras possibilidades de recursos na Justiça, se gozará alguns dias de paz numa cela de prisão antes de morrer.
Diga-se que não foi só este blog, pela prosa animada da Kika (pode-se ver aqui, aqui e aqui e ainda por suas belas fotografias), não foi só este blog, ia dizendo, que contribuiu para que Inhotim tenha se transformado numa das maiores atrações turísticas de Minas – na qual, por culpa minha, nunca fui.
Também o “New York Times” gastou muito espaço para descrever as maravilhas do Inhotim e de seu idealizador. O iG traduziu e puxou o assunto, no título, pela fortuna de Bernardo Paz: “O empresário brasileiro que gasta US$ 70 milhões ao ano para ter um jardim de arte”.
Não é também a primeira vez que a imprensa se ocupa de Bernardo Paz e de suas estripulias, digamos assim, pouco artísticas. A Folha de S.Paulo, por exemplo, no dia 17 de setembro de 2009, publicou reportagem que pode ser lida aqui, denunciando que o governo de Minas, na época sob a regência de Aécio Neves, deu benefício de R$ 20 milhões a suspeito de sonegação. O suspeito: Bernardo Paz. O fato vem descrito abaixo do intertítulo “Negócio da China”:
“O governo mineiro acertou com o Instituto Cultural Inhotim, que gerencia o centro e cujo conselho de administração é presidido por Bernardo Paz, a construção de um centro de convenções orçado em R$ 19,6 milhões. O prédio ficará ao lado do centro cultural.
Para isso, o instituto doou ao governo de Minas, em dezembro passado, um terreno de 25 mil m², avaliado em R$ 20 mil. Mas a doação veio acompanhada de uma série de condicionantes — entre elas, que o governo construirá o centro e entregará a administração do espaço ao próprio Inhotim.”
Nada mal para um empresário que, pouco depois, faria outro negócio da China. Em março de 2010, anunciou a venda para uma empresa chinesa, por US$ 1,1 bilhão, da Itaminas, mineradora de Bernardo Paz que tinha dívidas de US$ 400 milhões.
O valor da venda despertou a cobiça de parentes e outros acionistas da Itaminas que se sentiram prejudicados por Bernardo. Quem tiver pachola, vai encontrar algumas ações tramitando na Justiça. Não foi por alguma delas que ele e uma irmã foram condenados agora. Foi nesta: Ação Penal nº 0046570-71.2013.4.01.3800.
Conforme nota divulgada nesta quinta-feira (16 de novembro) pela assessoria de imprensa do Ministério Público Federal, o “empresário idealizador do Museu de Inhotim é condenado por lavagem de dinheiro”. E mais: “Sentença considerou que Bernardo de Mello Paz utilizou artifícios, como a pulverização de movimentações financeiras entre as empresas de seu grupo, para lavar dinheiro proveniente da sonegação de contribuições previdenciárias.”
Sonegações de contribuições previdenciárias: um tema bem atual, né mesmo? A notícia interessou? Você pode ler mais aqui.

(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/11/17/dono-inhotim-condenado-prisao/#like-14711)

“O glifosato provoca alterações no DNA”. Entrevista com Siegried Knasmüller


Os Estados membros da União Europeia, reunidos na quinta-feira, 9 de novembro, no Comitê Plantas, Animais e Alimentos, não conseguiram obter maioria sobre proposta da Comissão Europeia para renovar a licença de uso do glifosato por mais cinco anos. E isso quando a licença para o herbicida, que entra na composição do famoso Roundup da Monsanto, expira no dia 15 de dezembro.

Reconhecido internacionalmente por seus trabalhos em toxicologia genética, Siegfried Knasmüller, pesquisador do Instituto de Pesquisa sobre Câncer de Viena, oferece uma visão científica sobre esta questão. Segundo ele, o parecer emitido pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e pela Agência Europeia de Produtos Químicos (ECHA), concluindo que o glifosato não é cancerígeno e não genotóxico, não é sério. O próprio Siegried Knasmüller fez pesquisas in vitro que demonstram o efeito nocivo do glifosato.

A entrevista é de Cédric Vallet, publicada por Alternatives Économiques, 09-11-2017. A tradução é de André Langer.

Eis a entrevista.

O senhor é toxicologista em Viena. O senhor pode nos explicar que conclusões tira dos seus trabalhos sobre o glifosato?

Eu trabalho no Instituto de Pesquisa sobre Câncer de Viena e me especializei em toxicologia genética. Eu estudo a genotoxicidade, portanto, as lesões que afetam o patrimônio genético, o DNA, e que podem ser mutagênicas (causar mutações; nota do editor). Esses danos podem estar na origem do câncer. Eu mesmo consagrei vários trabalhos aos impactos do glifosato sobre o DNA. Nós fizemos estudos in vitro em células epiteliais bucais (células derivadas da boca).

O que constatamos foi muito claro. O glifosato sozinho (e o round up ainda mais) é citotóxico: ela danifica as células. E ele é genotóxico: deforma o DNA. Este experimento revelou danos cromossômicos que favorecem o desenvolvimento de cânceres. Mesmo em doses muito baixas, existe um risco provável de que a inalação, através da pulverização, cause câncer nos órgãos do sistema respiratório. Mais experimentos deveriam ser realizados em trabalhadores nos locais de produção de glifosato para chegar ao fundo da questão. Mas nenhum estudo válido foi realizado nas plantas industriais, o que ajudaria a compreender melhor o aumento dos riscos de câncer associados ao glifosato.

Como explicar que as agências europeias, a EFSA e a ECHA, concluem que o glifosato não é nem cancerígeno nem genotóxico?

A EFSA, no relatório do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BFR), considerou apenas um espectro muito estreito de estudos. Eles basearam sua decisão em testes muito específicos, definidos pela OCDE, que avaliam os efeitos mutagênicos do glifosato em células retiradas da medula espinhal de ratazanas ou ratos. Esses testes têm resultados negativos em muitos estudos, mas outros experimentos com animais indicam danos no DNA de células de outros órgãos.

Experimentos in vitro com células derivadas de fígado indicam, por exemplo, que este órgão pode ser afetado pelo glifosato, mas nenhum estudo em animais foi então realizado para esclarecer esses dados.

O glifosato vem sendo estudado há 40 anos. Muitos trabalhos acadêmicos indicam uma relação entre o glifosato e o câncer. Mas eles não foram levados em consideração. Há, por exemplo, cerca de vinte estudos realizados com pessoas expostas ao glifosato, principalmente trabalhadores agrícolas. A maioria deu resultados positivos. O DNA dessas pessoas tinha sofrido lesões. Mas a indústria não considera esses trabalhos como confiáveis sob o pretexto de que as pessoas em questão foram expostas a outros componentes. Seria necessário pelo menos fazer estudos adicionais com pessoas que estiveram mais em contato com o glifosato.

A Monsanto tentou influenciar o debate científico...

O que aconteceu nos últimos anos é muito desafiador. A Monsanto pagou bons cientistas, como Gary Williams ou David Kirkland, para escrever "revistas", isto é, compilações de estudos sobre a periculosidade do glifosato. Essas compilações induziram os leitores ao erro, porque criticavam apenas os estudos que estimavam que o glifosato era cancerígeno.

Por sua vez, os dossiês submetidos às autoridades pelas empresas que comercializam produtos à base de glifosato continham estudos encomendados pela indústria e cujos dados eram secretos. Estes estudos não são publicados na literatura científica. Eles não são revisados pelos pares.

O senhor acredita que os membros das agências europeias ou do BFR sofreram pressão para sentar as bases para renovar a licença de uso do glifosato?

Pressões... eu não sei. Penso que todo o processo de classificação e avaliação de riscos em nível europeu está longe de ser ideal, porque depende muito dos dados fornecidos pela indústria. E, no entanto, o BFR, na origem das conclusões da EFSA, é um instituto muito respeitado. Mas eles são humanos e, como todos nós, podem cometer erros. À medida que os conhecimentos científicos se desenvolvem, ou você admite ter cometido um erro, ou você persiste até o fim. A deles, é essa última opção, por enquanto. Em 2015, o CIRC [Centro Internacional de Pesquisa sobre o Câncer, agência especializada da Organização Mundial da Saúde] considerou que o glifosato era "provavelmente cancerígeno". Essa é, para mim, uma classificação muito melhor, baseada em estudos científicos, revisados por pares.

(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/573557-o-glifosato-provoca-alteracoes-no-dna-entrevista-com-siegried-knasmueller)

Emissões em 2017 batem recorde e soterram esperança de “pico”

Foi bom enquanto durou. Mas a esperança de que o mundo tivesse atingido o platô de emissões de dióxido de carbono acaba de ser assassinada. Seu algoz foi o GCP (Global Carbon Project), um grupo internacional de cientistas que monitora todos os anos quanto carbono a humanidade despeja no ar.
A reportagem é publicada por Observatório do Clima, 13-11-2017.

Nos últimos três anos – 2014, 2015 e 2016 – o GCP tem feito a publicação de seus dados nas conferências do clima, sempre com uma boa notícia: as emissões globais do setor de energia haviam aparentemente interrompido sua trajetória incansável de crescimento, mesmo com crescimento da economia. Embora os cientistas do GCP sempre tenham tido cuidado em afirmar que não dava para dizer que isso era uma tendência, muitos formuladores de políticas públicas viam nos dados uma evidência de que a humanidade poderia ter atingido o pico de emissões – seguido de um inevitável declínio.
Só que não. Os dados preliminares de 2017, apresentados nesta segunda-feira (13) na COP23, em Bonn, apontam para um crescimento de 2% nas emissões globais de CO2 até o fim do ano. Elas devem bater um novo recorde, atingindo 41 bilhões de toneladas.
O GCP não põe nessa conta outros gases de efeito estufa, como o metano. Somados, eles aumentariam as emissões globais por todos os setores significativamente. No ano passado, por exemplo, dados da ONU mostram que as emissões totais atingiram 51,9 bilhões de toneladas de CO2 equivalente.
“Isso mostra que não dá para sermos complacentes e acharmos que as emissões ficarão estáveis”, disse Glen Peters, pesquisador do CICERO, na Noruega, e um dos líderes científicos do GCP. Ele admitiu, no entanto, que os dados de 2014, 2015 e 2016 foram uma ilusão útil. “Isso trouxe um otimismo e uma esperança muito necessários à discussão climática, de acreditar que poderíamos cumprir a meta de [estabilizar o aquecimento global em menos de] 2ºC”, afirmou. Esse objetivo foi consagrado no Acordo de Paris, cujo manual de instruções está sendo negociado em Bonn até o final desta semana.
A lógica dos esperançosos se baseava num suposto “desacoplamento” entre crescimento econômico e emissões. Ganhos de eficiência energética, substituição do carvão mineral e avanço das energias renováveis, em especial nos quatro maiores emissores do mundo – China, EUA, União Europeia e Índia – haviam produzido o aparente milagre de manter as emissões estáveis mesmo com um crescimento médio de 3% do PIB mundial ao longo desse período.
E isso de fato aconteceu. Nos EUA, o carvão mineral deu lugar ao gás natural; na China, várias centenas de usinas a carvão vêm sendo desativadas ou tendo sua construção cancelada, devido ao barateamento dos fósseis; e na Europa, uma combinação entre eficiência e renováveis tem reduzido emissões.
No entanto, “esse equilíbrio é muito frágil”, disse Corinne LeQueré, diretora do Tyndall Centre, da Universidade de East Anglia (Reino Unido) e uma das investigadoras principais do GCP. Em 2017, uma retomada do consumo de carvão na China e um aumento no uso de petróleo, na esteira de um pacote de estímulo econômico baixado pelo governo no fim de 2016, além de um ano seco que reduziu a geração das hidrelétricas, causaram um aumento de 3,6% nas emissões chinesas.
Mesmo com uma desaceleração nas emissões indianas, que cresceram apenas 3% (metade dos últimos anos) em 2017 e o leve declínio visto na Europa (0,2%) e nos EUA (0,4%), a China mais uma vez puxou as emissões globais para cima.
“A tendência nos próximos anos é crítica para o nível de aquecimento que veremos nas próximas décadas e os riscos a ele associados”, afirmou LeQueré.
E deu um recado para países como o Brasil, que estão mergulhando de cabeça na economia do petróleo: “Precisamos de reduções em toda a economia, não apenas no carvão, mas também no óleo e gás.”
Os dados são um balde de cerveja fria para a COP de Fiji-Bonn, que começou sob ameaça de ressurgimento da rusga política entre países ricos e pobres que contaminou as negociações climáticas por 20 anos antes do Acordo de Paris. E sinalizam que a meta do acordo do clima, mais uma vez, está balançando.
“Quando você olha para as promessas nacionais, elas implicam emissões mais ou menos estagnadas pelos próximos anos. Não estamos nem de perto no rumo de 2ºC”, disse Glen Peters. “Até mesmo para assegurar emissões estagnadas precisamos reforçar as políticas públicas, e não há muita coisa acontecendo em termos de políticas públicas”, continuou. “Nos últimos anos tivemos sorte de ter o crescimento econômico compensado pelo aumento da eficiência energética e das renováveis. Mas, no rumo de 4% ao ano de crescimento, para não ter aumento correspondente de emissões, teremos de ter políticas públicas fortes”.

(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/573608-emissoes-em-2017-batem-recorde-e-soterram-esperanca-de-pico)

COP 23: Em Conferência sobre Clima, FAO alerta para pobreza e má nutrição

Diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, José Graziano da Silva, afirmou que emissões geradas pelo setor agrícola devem subir a não ser que mundo adote formas sustentáveis de produção, transporte e consumo de alimentos.
A reportagem é de Monica Grayley, publicada por Rádio ONU, 14-11-2017.

A mudança climática coloca milhões de pessoas num círculo vicioso de insegurança alimentar, má nutrição e pobreza. O alerta foi feito pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO.
O diretor-geral da agência, José Graziano da Silva, afirmou que o mundo não está fazendo o suficiente para enfrentar o que ele chama de uma “imensa ameaça”. E os países que correm maior risco são os menos desenvolvidos e as pequenas ilhas em desenvolvimento.

Soluções

Graziano da Silva afirmou que a meta de atingir fome zero até 2030 ainda é possível. Para ele, a agricultura é onde as lutas contra a fome e a mudança climática juntam-se para gerar soluções.
A agência lançou um relatório durante a Conferência sobre Mudança Climática, que ocorre em Bonn, na Alemanha.
O documento “Rastreando Adaptação em Setores Agrícolas”, numa tradução livre, oferece metodologias para acompanhar as medidas de adaptação do clima na agricultura.
Antes do evento, a líder da Aliança para o Futuro do Oceano, Isabel Torres de Noronha, falou à ONU News sobre como o aquecimento global tem afetado os mares e também infraestruturas relacionadas a fontes de alimentação.

Fenômenos

“O mar, de facto, é o recipiente de 93% do aquecimento global. Apenas 1% na atmosfera e 3% em terra. Isso tem estado a acontecer em vários casos. Na zona costeira, outros impactos relacionados com a destruição devido aos fenômenos climáticos, extremos, têm a ver com a destruição de infraestrutura. Mas há muitos mais exemplos. E por exemplo, os portos também podem ser afetados por estas mesmas tempestades.”
Para o diretor-geral da FAO, é preciso integrar a mitigação e adaptação em toda a cadeia alimentar. Segundo Graziano da Silva, não funciona apenas transformar a maneira como é produzida a comida. Mas transporte, processamento e consumo também devem ser examinados.

Secas

A receita da agência é clara: mudança climática, pobreza e fome podem ser combatidos e vencidos ao mesmo tempo.
Dados divulgados pela FAO em setembro revelaram que o número de pessoas como fome no mundo subiu, pela primeira vez, em uma década totalizando 815 milhões de pessoas.
O aumento deve-se, principalmente, a conflitos e crises econômicas, mas também à mudança climática e uma série de secas prolongadas na África.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática mostra que o problema pode aumentar o risco de fome e má nutrição em 20% até 2050.

(fonte:  http://www.ihu.unisinos.br/573709-cop-23-em-conferencia-sobre-clima-fao-alerta-para-pobreza-e-ma-nutricao)

domingo, 12 de novembro de 2017

Fim do Glifosato na Europa pode ser um marco histórico na luta contra os agrotóxicos

Está prevista para esta quinta-feira, dia 9 de novembro, a decisão final da Comissão Europeia sobre a renovação ou não da licença para o Glifosato.
A reportagem é de Alan Tygel, publicada por Brasil de Fato, 08-11-2017.

O Glifosato é o ingrediente ativo do agrotóxico RoundUp, produzido principalmente pela Monsanto. O Glifosato é o agrotóxico mais utilizado no mundo, e no Brasil representa cerca 50% das vendas de venenos, de acordo com o Ibama.
Na Europa, ao contrário do Brasil, o registro de agrotóxicos tem validade definida. A validade de registro do Glifosato terminou em 2015, e desde então uma guerra vem sendo travada no contexto da sua renovação. Após sucessivas extensões, o atual prazo de validade do Glifosato é dia 15 de dezembro.
No mesmo ano de 2015, o IARC – Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, ligada a Organização Mundial da Saúde, órgão da ONU - classificou o Glifosato como “provavelmente cancerígeno” após extensa revisão de publicações sobre o assunto.
As agências reguladoras da Alemanha e da União Europeia (EFSA) chegaram à conclusão inversa, ou seja, de que o Glifosato não causaria câncer. Umas das diferenças entre os estudos é que o IARC considerou mais pesquisas independentes. Grande parte das pesquisas avaliadas pela EFSA são financiadas pela indústria de agrotóxicos.
No dia 24 de outubro, o Parlamento Europeu, eleito pelos países membros, aprovou uma resolução não vinculativa, defendendo a proibição do Glifosato até 2022, com restrições de uso desde já em ambientes urbanos. No mesmo dia, o Greenpeace entregou um abaixo-assinado com 1,3 milhões de assinaturas pelo banimento imediato da substância.
A proposta inicial da Comissão Europeia, formada por representantes dos 28 Estados-membros, previa a renovação da substância por 10 anos. No entanto, devido à resistência de vários países, sobretudo a França, já se fala em renovar por 5 anos ou menos. A Alemanha, por outro lado, vem defendendo o prazo maior.
A decisão deveria ter sido tomada no dia 25 de outubro, porém não se conseguiu formar uma maioria e a votação foi adiada para o dia 9 de novembro.
É importante lembrar que está em curso o processo de compra da Monsanto, dos EUA, pela Bayer, da Alemanha. E que a Alemanha é hoje o país economicamente mais forte da UE, e cujas decisões têm o maior peso.
A Monsanto, ciente de que a vida do glifosato está chegando ao fim, passou a investir em sementes transgênicas resistentes ao Dicamba. Interessante notar que, ao contrário do discurso que sustenta a inovação no setor agroquímico com foco em substâncias menos perigosas, o Dicamba é uma molécula antiga, registrada em 1967.
E nos Estados Unidos, o Dicamba já enfrenta forte resistência, e até suspensão de uso em alguns estados. Fazendeiros alegam que o produto é altamente volátil, e está atingindo propriedades vizinhas. Quem não usa a nova semente da Monsanto resistente ao Dicamba, perde a produção.
Na imprensa, uma guerra também vem sendo travada. A superpoderosa agência Reuters, a mesma que publicou o “Podemos tirar, se achar melhor”, vem produzindo uma série de ataques ao IARC, buscando desqualificar o relatório que classificou o Glifosato como provavelmente cancerígeno. Em resposta, o IARC afirmou que suas monografias “são resultado de deliberações científicas dos grupos de trabalho de cientistas independentes, livres de conflitos de interesse.”
Historicamente, desde a década de 1970, a indústria de agrotóxicos do Brasil se movimenta a partir daquilo que já não presta na Europa e EUA. Por se tratar de um setor fortemente regulado, as empresas buscam o máximo de lucro enquanto a substância é permitida nos países centrais. Depois, o objetivo passa a ser maximar o lucro na periferia, onde a regulação é mais fraca e mais barata de ser comprada.
O Paraquat, da Syngenta, teve há poucas semanas seu banimento decretado pela Anvisa, mas com prazo de 3 anos para entrar em vigor. O tempo foi concedido para que haja tempo da indústria reagir. A pergunta principal dos ruralistas agora é: o preço para fazer a Anvisa voltar atrás vale a pena, em comparação com os lucros gerados pelo Paraquat?
Dia 9 de novembro pode ser um dia histórico na luta contra os agrotóxicos no mundo. Resta saber, por quanto tempo mais nós no Brasil seremos obrigados a engolir o que já não presta na Europa.

(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/573462-fim-do-glifosato-na-europa-pode-ser-um-marco-historico-na-luta-contra-os-agrotoxicos)

Os estranhos poderes do Uber no Brasil

Como o presidente da corporação evitou uma lei que regulamentaria o serviço no país – após “conversas” com senadores e o ministro Meirelles
Por Roberto Santana dos Santos e João Claudio Platenik Pitillo

Nesta terça-feira dia 1º de novembro o Senado votou um projeto (PLC-28) que deveria ser a regulamentação do Uber e demais aplicativos de transporte privado. Ao contrário do estardalhaço dos apoiadores do Uber, o projeto era muito simples e visava adequar esses aplicativos ao Código de Trânsito Brasileiro. Reduzia a fatia – de 25% para 5% – a fatia dos rendimentos dos motoristas abocanhada pela transnacional norte-americana. Exigia, entre outras coisas, vistoria anual nos veículos, registro dos mesmos no nome dos motoristas e habilitação adequada para o transporte particular de pessoas. Regras básicas de segurança e legalidade.
As previsões sobre o resultado da votação eram amplamente favoráveis à aprovação do projeto. Eis que o presidente-executivo do Uber, Dara Khosrowshahi, em pessoa, veio dos EUA para o Brasil, sendo recebido por senadores e até pelo ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Resultado? O projeto foi descaracterizado por emendas que visam deixar o Uber e os demais aplicativos operando acima das leis vigentes. Aprovado por ampla maioria, o novo texto foi remetido novamente à Câmara dos Deputados. Para tal mudança brusca de direção do projeto, é de se imaginar os mimos que a presidência da corporação tenha oferecido aos nossos senadores. O fato de um presidente de uma empresa estrangeira vir ao país e virar radicalmente uma votação no Senado dá dimensão do tamanho da força dessa empresa multinacional.
Ainda vamos pagar caro pela fetichização que a maior parte das pessoas têm pelo Uber. Enquanto ele serve para satisfazer o desejo de parte da população em andar de carro (e se endividar no cartão de crédito), tudo parece lindo. Quando a “plataforma” for aplicada nas demais profissões1, muitos vão hipocritamente se perguntar como isso aconteceu. A “uberização” do mercado de trabalho vai nos deixar com saudade da reforma trabalhista de Michel Temer. A “uberização” do mundo do trabalho vem sendo objeto de estudos e de severas críticas por parte dos organismos internacionais, como a Organização Internacional do Trabalho. Vários países europeus já se mobilizaram para impedir o Uber em seus territórios. O exemplo mais recente é o de Londres, onde o aplicativo teve sua licença cancelada
.

O governo brasileiro e o grande capital tentam vender o Uber como saída para o desemprego que atinge cerca de 14 milhões de brasileiros. O discurso do Uber para seus “parceiros” (como chama os motoristas, para não denotar vínculo empregatício) é o mesmo que os governos neoliberais usam para a população em geral: “se houver qualquer regulamentação o aplicativo ficará inviável! (…) Teremos que encerrar as atividades!” Exatamente igual às falas do tipo “a reforma trabalhista é necessária para gerar empregos”, como se a culpa do desemprego fosse dos direitos do trabalhador. Pura lorota. O Uber pagar mais impostos e seguir regras básicas de funcionamento e segurança não inviabiliza sistema nenhum. Mas prevalece a ganância de ganhar mais às custas do trabalho dos motoristas.

Ao contrário do que se pensa, não está em questão uma disputa entre taxistas e motoristas sem alvará para o serviço2 – mas a soberania e proteção ao trabalho. O Uber é o suprassumo dos desejos dos empresários, por estabelecer uma clara relação de trabalho sem proteção laboral, convertendo o trabalhador em “responsável” pela sua própria remuneração. Com a miserável remuneração das corridas do Uber, um/uma motorista do aplicativo trabalha em média de 10 a 12 horas por dia. Não há qualquer tipo de lei trabalhista que dê conta de proteger os motoristas de aplicativos, até porque, como ressaltamos, do ponto de vista legal essa modalidade de trabalho sequer existe para a legislação trabalhista e de trânsito brasileira.
A Uber, que diz ser uma empresa de tecnologia, mas opera no mercado de transporte sem ter um veículo sequer, tem objetivos muito mais lucrativos do que transportar pessoas. Suas metas passam por mapear o comportamento de todos os cidadãos, criando assim uma rede de informações vendável, sem nenhum controle estatal. Se conseguirem quebrar o táxi de vez, monopolizarão o mercado e poderão impor os preços, objetivo primordial de qualquer monopólio.

Roberto Santana Santos é Historiador e secretário-executivo da REGGEN-UNESCO. Doutorando em Políticas Públicas pela UERJ.
João Claudio Platenik Pitillo é Historiador e pesquisador do Núcleo de Estudos das Américas da UERJ. Doutorando em História Social pela UNIRIO.
1A prefeitura de Ribeirão Preto/SP do PSDB tentou fazer um “Uber” para professores recentemente. Após críticas o projeto está paralisado, por enquanto. https://www.cartacapital.com.br/sociedade/professor-uber-a-precarizacao-do-trabalho-invade-as-salas-de-aula
2https://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2017/11/01/a-questao-principal-nao-e-uber-vs-taxis-mas-uber-vs-trabalhadores/

(fonte: http://outraspalavras.net/brasil/os-estranhos-poderes-do-uber-no-brasil/)

Chamada para artigos - II Seminário Internacional Histórias do Pós-Abolição

Prazo 07 de janeiro de 2018
 
 
A abolição da escravidão no Brasil completa 130 anos em 2018. A data articula uma série de significados atribuídos, questionados e disputados por diferentes sujeitos sociais do passado e do presente.

Para debater o assunto, o Laboratório de Estudos Étnico-Raciais (LEER) a Escola de Ciências Sociais da FGV (CPDOC) em parceria com LABOI da UFF, ANPUH, GT Emancipações e Pós Abolição, UnB, UFRRJ e apoio da UFRJ, do e CNPq, realiza, dias 15 e 18 de maio de 2018, o “II Seminário Internacional Histórias do Pós-abolição no Mundo Atlântico”.

Os pesquisadores interessados em participar dos debates devem submeter seus trabalhos para avaliação até 7 de janeiro de 2018

Encorajamos, em especial, a submissão de trabalhos que dialoguem com os seguintes eixos temáticos:

I. Memória e História Pública da escravidão e da liberdade;
II. Racismo e antirracismo em perspectiva histórica;
III. Intelectualidades e ativismos negros;
IV. Trajetórias e práticas de sociabilidade: raça, classe, gênero e sexualidades;
V. Balanço historiográfico do pós-abolição;
VI. Políticas públicas de reparação para a escravidão atlântica;
VII. Reeducação das relações étnico-raciais.

Os trabalhos poderão ser inscritos nas modalidades:

Comunicação individual de pesquisa
Pôster – Iniciação Científica
Pôster – Práticas Inovadoras de Ensino de História

O Seminário prevê ainda a participação de ouvintes.

Para mais informações clique aqui.

  INSCRIÇÕES
 

 
 
 
Datas importantes

Envio de propostas: 23/10/2017 – 7/1/2018

Prazo final para respostas e envio de cartas de aceite: 5/2/2018

Prazo final para o pagamento da inscrição: 16/3/2018

Envio de texto completo: 30/4/2018

História e parcerias - Congresso!

Prezados(as) Colegas,
 
É com grande prazer que convidamos a todas e todos para o primeiro Encontro Internacional e XVIII Encontro de História da Anpuh-Rio, cujo tema é "HISTÓRIA E PARCERIAS". 
O evento será realizado no campus Gragoatá da Universidade Federal Fluminense entre os dias 23 e 27 de julho de 2018. Nessa edição, privilegiaremos o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento com a História.
As inscrições para propostas de Simpósios Temáticos (ST's) e Minicursos (MC's) estão abertas até o dia 11/12/2017. Convidem os amigos, esperamos todos vocês!

Comissão Organizadora
www.encontro2018.rj.anpuh.org

 
 

sábado, 11 de novembro de 2017

60% dos jovens estão aprendendo profissões que vão deixar de existir

De acordo com o relatório The New Work Order, divulgado pela Foundation for Young Australians (FYA), mais da metade dos estudantes do país estão atrás de carreiras que se tornarão obsoletas pelos avanços tecnológicos e automação.
A reportagem é de Lucas Bicudo, publicado por Portal StartSe, 20-10-2017.

Em um apontamento preocupante, a pesquisa mostra que 60% dos jovens entram no mercado de trabalho em empregos que serão “radicalmente afetados pela automação”, que pode ocorrer dentro dos próximos 10 a 15 anos.
A CEO da FYA, Jan Owen, disse que enquanto a taxa de desemprego e subemprego para os jovens na Austrália já é de cerca de 30%, as chances de conseguir uma posição no mercado de trabalho vão continuar a encolher.“Nossa análise descobriu que 60% dos estudantes ocuparão empregos que terão um nível de automação de dois terços nas próximas décadas”, destacou.
O relatório também afirma que a forma como trabalhamos mudará – mais automação, globalização e carreiras mais colaborativas poderiam ajudar a diminuir as barreiras do trabalho e tornar nossa vida mais flexível e menos regulada.
No entanto, essas mudanças também podem levar a aumentos de desemprego, desigualdade e insegurança no emprego. Preparar-se para essas mudanças é fundamental: adaptar à Nova Economia é uma grande necessidade atualmente. Por isso, o StartSe está promovendo um curso sobre o assunto com Maurício Benvenutti, autor do bestseller Incansáveis.
O relatório recomenda que se dê mais ênfase às habilidades digitais e ao empreendedorismo para os jovens. Acrescenta também que a redução dos impostos para os trabalhadores de baixa renda e a concessão de mais direitos aos trabalhadores freelancers poderiam ajudar a preparar a economia e a sociedade da Austrália para o futuro.
Fazendo coro, no ano passado, um relatório dos professores da Oxford, Carl Benedikt Frey e Michael Osborne, descobriu que um terço de todos os empregos no Reino Unido se tornará obsoleto pela robótica nos próximos 20 anos.
Os trabalhos de secretariado, administrativos e de caixa já foram prejudicados pelos avanços da computação e acredita-se que muitos empregos em seguros e trabalhos manuais podem estar em risco significativo de serem automatizados.
(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/573485-60-dos-jovens-estao-aprendendo-profissoes-que-vao-deixar-de-existir)

OPORTUNIDADE - EDITAL INTERNACIONAL NA ITÁLIA


Informamos que o Instituto Internacional Ítalo-Latino-Americano (IILA) está divulgando o seu edital anual de bolsas para especialização ou atualização profissional na Itália. O programa é voltado para cidadãos latino-americanos que trabalham nas áreas de alimentação, saúde, meio-ambiente ou patrimônio cultural.

A ideia das bolsas financiadas pelo Ministério das Relações Exteriores italiano é oferecer uma espécie de “estágio” a profissionais que já tenham graduação. O programa tem duração de no mínimo três e no máximo seis meses.
As bolsas para especialização do IILA incluem um auxílio mensal de 1,2 mil euros para custos de acomodação e alimentação e um seguro contra doenças, acidentes e responsabilidade civil. Os gastos com as passagens aéreas de ida e volta da Itália ficam a cargo do bolsista ou da organização na qual ele trabalha.
Os selecionados realizarão suas experiências de pesquisa, especialização ou atualização em instituições italianas, como universidades e hospitais, ou no setor público, em ministérios e prefeituras, por exemplo.
Como se inscrever no programa do IILA
Os formulários para as bolsas para especialização do IILA devem ser enviados por email para borse@iila.org até 17 de novembro. Indique no assunto da mensagem para qual área você está se candidatando. 
É necessário enviar também no mesmo prazo o formulário e os documentos solicitados impressos para Embaixada do país de origem em Roma. A data, a forma de candidatura e os benefícios são os mesmos para todos os setores.
Os documentos que o interessado deve enviar junto ao formulário para a embaixada são:
-    Esquema do projeto que pretende realizar (máx. 300 palavras);
-    Texto justificando a importância da bolsa para o seu trabalho (máx. 200 palavras);
-    Cópia dos diplomas de estudos universitários (graduação, pós, etc);
-    Certificado de saúde física e mental com data não anterior a três meses da apresentação da candidatura;
-    Carta de apresentação da instituição na qual trabalha;
-    Carta de aceite de um tutor, no caso do candidato já ter contatado a instituição onde irá fazer o estágio (se tiver);-    Certificado de conhecimento de italiano (se tiver);-    Cartas de recomendação (se tiver).
Para mais informações e acesso aos editais: