segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

30 anos sem Mané Garrincha


Quase não falo de futebol. 


Tirando uma única exceção quando fui levar meu filho para ver o último jogo do Ronaldo no Mineirão, deixei de frequentar estádios em 1970, logo depois do Tri.

A primeira vez que ouvi falar de "um tal de Garrincha" foi em 1958, ouvindo a copa da Suécia, quando ele surgiu para o mundo do futebol como o mais incrível jogador, feito repetido em 1962 quando ele foi o responsável pela conquista do bi.

Parte de minha adolescência foi passada em Juiz de Fora e o que se acessava em termos de televisão lá eram apenas as emissoras do Rio de Janeiro. E através delas eu vi Garrincha jogar no Botafogo.

Também acompanhei o drama pessoal que ele viveu por conta da irresponsabilidade de dirigentes que, para conseguirem lucros maiores, obrigavam-no a jogar com o joelho arrebentado, à custa de injeções.

Muitas pessoas já escreveram sobre ele, inclusive o nosso grande poeta Carlos Drummond de Andrade que chegou a ver nele uma personagem chapliniana. E é exatamente esse lado humano do Garrincha que o transforma, em minha modesta opinião, no maior jogador de futebol de todos os tempos. 

Maior que Pelé, tão endeusado.

Pelé era máquina. Garrincha era humano. Uma diferença fundamental.

Os jogadores que hoje são chamados de craques, de fenômenos, de jóias e quejandos não chegam aos pés daquele que precisava de três, quatro adversários para tentar marcá-lo. E que ficavam estatelados no chão quando ele os driblava, sempre do mesmo jeito e sempre com sucesso.


Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar
de tudo e de todos". (Carlos Drummond de Andrade


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