Estive, semana passada, em
Florianópolis, participando do XXVIII Simpósio, no campus da UFSC. Posso dizer
que foi o melhor simpósio de todos que acompanhei, e olha que acompanhei
muitos!
Apesar disso, forçoso é reconhecer
que o gigantismo do evento, já observado nos últimos simpósios, a par de
demonstrar a vitalidade dos estudos históricos – reflexo da ampliação dos
cursos de pós-graduação – reflete a impossibilidade de se acompanhar a maioria
dos cursos, debates e simpósios temáticos oferecidos.
Como exemplo: havia 37 mini cursos
ofertados, mas como todos aconteciam simultaneamente, só se podia acompanhar
um. Foram oferecidas diversas oficinas, mas seus horários coincidiam com os dos
mini cursos, logo, tinha-se de fazer uma opção entre um ou outro.
Excetuando-se a conferência de
abertura e do encerramento, aconteceram mais seis, na terça e na quarta-feira. Em
cada dia, tinha-se de fazer a opção, pois todas eram no mesmo horário. E dos
119 simpósios temáticos, interessantíssimos, só pude participar de um.
Para minha sorte, tanto o minicurso –
Fotografia e História – e o Simpósio temático – História da História ensinada e
os livros didáticos, que escolhi, não me desapontaram. Pelo contrário!
Assisti, ainda, a dois “Diálogos
contemporâneos”. Na terça-feira: Os
lugares das(os) historiadoras(es): feminismo e relações de gênero, com as
professoras Margareth Rago, Cristina Scheibe e Alcileide Cabral. Observação irritante: Como é que alguém pode
assistir à fala das participantes da mesa, com os celulares ligados, mandando
zap-zap a torto e a direito, ou vendo postagens do Facebook? Realmente, não dá
para entender isso. Ainda que não seja cara, a participação no evento é paga e
a pessoa vai lá pra quê? Pra ficar zapzapeando? Convenhamos, no mínimo é uma
falta de educação que não tem tamanho!
E isso se repetiu na quarta-feira,
no Diálogo História, memória e
temporalidade, com Angela de Castro Gomes, Benito Schmidt e Eliana Dutra.
Até laptops estavam ligados e seus portadores escreviam emails, enquanto se
ouviam as palavras dos debatedores...
No final, colegas se conhecendo e,
provavelmente, pensando que iremos nos encontrar, novamente, daqui a dois anos.
Um detalhe sobre Floripa. Já
conhecia a cidade, sempre bela, mas pude observar que o crescimento está
trazendo os problemas de trânsito, mendicidade, drogas. Pela primeira vez vi
mendigos nas ruas, gente dormindo nas calçadas e bancos das praças. E recebi
recomendações de motoristas de táxi para não andar a pé à noite, no centro,
pois assaltos têm sido comuns. É pena!
E conversando com amigos e novos
conhecidos, ouvimos a “voz das ruas”. Muitos haitianos chegam às cidades de
Santa Catarina. E não estão sendo bem recebidos. Meu amigo me contou que quando
ouviu conhecidos reclamarem, lançou a pergunta: - Mas seus ancestrais não eram
imigrantes? Por que não podemos receber novos imigrantes agora?
E outro comentário muito
interessante que ouvi. Numa cidade perto de Blumenau, os haitianos estão
ocupando os postos de trabalho nos supermercados e os trabalhadores brasileiros
reclamam que eles “trabalham demais” (sic). Não estão nem aí para a divisão do
trabalho. Fazem de tudo: estocam mercadorias, colocam preços, levam o lixo pra
fora... olha só que coisa absurda! Os brasileiros estão tendo uma dificuldade
muito grande para convencer os trabalhadores haitianos de que quem estoca, só
deve estocar; quem coloca preços só deve fazer isso e por aí vai. E além disso,
eles não ligam se é feriado, dia de folga... trabalham com o mesmo ímpeto todo
santo dia. Para os patrões, que gostariam muito de ver a escravidão
reabilitada, é uma maravilha...
Algumas fotos, tiradas por mim:
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Centro de Cultura e Eventos da UFSC |
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a turma do minicurso Fotografia e história |
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a turma do Simpósio temático |
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Margareth Rago falando |
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por do sol na Lagoa da Conceição |
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