A arte encontra a sua perfeição dentro de si, e não fora. Não pode ser julgada segundo um critério externo de semelhança. Mais que um espelho, ela é um véu. Tem flores que nenhuma floresta conhece, pássaros que nenhum bosque abriga. Cria e destroi os mundos e pode tirar a lua do céu com um fio de luz. São dela as “formas mais verdadeiras que a verdade”, dela os arquétipos dos quais as coisas que existem só nos parecem cópias imperfeitas. Para ela, a natureza não tem leis nem uniformidade. A arte pode fazer milagres à vontade, e quando chama os monstros das profundezas, eles aparecem. Pode fazer florescer a amendoeira no inverno e cobrir de neve as messes maduras. A um sinal dela, a geada embaça com o seu dedo de prata os lábios ardentes do verão, e os leões alados saem cuidadosamente de suas tocas nas colinas da Lídia, as dríades espiam entre as moitas quando ela passa, e os faunos morenos sorriem estranhamente quando ela se aproxima. É adorada por deuses com cara de gavião, e os centauros galopam ao seu lado (Oscar Wilde).
(Fotos: Ricardo de Moura Faria)
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