Texto escrito por José de Souza Castro:
Finalmente, uma boa análise da atual política de preços da Petrobras que vem prejudicando o consumidor brasileiro e aprofundando a desnacionalização. Foi feita por Ricardo Maranhão em entrevista ao site Petronotícias e reproduzida aqui. Aos interessados, mais vale a leitura da entrevista tal como foi publicada. Mesmo assim, tento um resumo como tenho feito em outros casos.
Conforme Maranhão, Conselheiro da Associação dos Engenheiros da Petrobrás (Aepet), o Plano de Negócios e Gestão (PNG 2018-2022) da Petrobras “tem viés colonialista, pois que as políticas de conteúdo nacional e o uso estratégico do petróleo para o desenvolvimento do país foram praticamente esquecidos”.
O reajuste quase diário do preço do combustível, além de prejudicar o consumidor, resulta em perda absurda de divisas, pois a Petrobras, vem comprando gasolina e diesel no exterior e deixando ocioso o parque de refino da própria empresa, que vem perdendo mercado. “É uma incongruência, uma insensatez e uma incoerência. Tudo isso para manter uma política equivocada e entreguista”, diz Maranhão.
Mesmo tendo em caixa entre 25 bilhões e 30 bilhões de dólares, que lhe dariam capacidade de fazer frente às dívidas de forma antecipada, a Petrobras, sob a direção de Pedro Parente, sobre quem tenho escrito neste blog, embarcou num programa de desinvestimento e de desnacionalização do setor petrolífero.
Ao elevar os preços, equiparando-os aos preços internacionais, a Petrobras desiste de ter uma energia mais barata para aumentar a competitividade da economia brasileira. A paridade com o mercado internacional está abrindo a possibilidade para que importadores e refinadores estrangeiros vendam gasolina e diesel no Brasil. “E quando traz esse produto do exterior, a Petrobrás não refina, porque não consegue revender”, acrescenta Maranhão.
Segundo ele, este é um modelo colonialista. “Seremos um grande produtor de petróleo cru sem valor agregado e, ao mesmo tempo, um grande importador de derivados”. Pior: os preços do mercado exterior sofrem a influência de um número enorme de fatores imprevisíveis, que dão uma volatilidade muito grande a eles. “Quando você adota essa política de paridade, está expondo os consumidores brasileiros a toda essa multiplicidade de fatores”, como um inverno muito rigoroso no Hemisfério Norte que cria uma demanda sazonal elevando os preços, ou até mesmo uma briga na Casa Real Saudita. O Brasil nada teria a ver com isso, não fosse essa política de Parente apoiada pelo presidente da República.
Além disso, o Brasil não tem nem os salários nem os índices de desenvolvimento dos países ricos, o que mais uma vez demonstra o erro dessa política de paridade de preços. E não só da gasolina e do óleo diesel. O gás de cozinha, produto de grande consumo nas faixas de renda mais baixa, subiu muito além da inflação. “É uma estranha concorrência, que ao invés de baixar os preços e beneficiar os consumidores, está elevando os valores”, critica Maranhão.
Enquanto prejudica o consumidor brasileiro, essa política de Parente beneficia especialmente os refinadores americanos. “Até 80% do diesel que está sendo importado pelo Brasil é proveniente dos Estados Unidos. Tanto que estamos chamando esta política de América First”, diz o conselheiro da Aepet, lembrando slogan da campanha de Donald Trump.
Pedro Parente e Michel Temer fazem o que podem para que o presidente dos Estados Unidos cumpra sua promessa.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2018/02/27/america-first-de-trump-recebe-grande-apoio-da-petrobras-de-parente/#more-15101)
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