Trata-se de um relatório com mais sombras do que luzes: “A situação não é
muito promissora. Em relação a alguns objetivos, estamos distantes”,
reconhece o professor Angelo Riccaboni, ex-reitor da Universidade de Siena e responsável SDSN pela área do Mediterrâneo. “Precisamos de mais compromisso. E de um maior senso de urgência.”
De acordo com o relatório, apenas poucos países do G20 fizeram ações decisivas para alcançar os ODSs. Muitos estão fazendo progressos rápidos. Mas, no conjunto, o mundo corre o risco de não conseguir.
O Índice SDG,
que leva em conta os progressos realizados no que diz respeito a todos
os objetivos, vê nos primeiros lugares o “costumeiro” norte da Europa, com a Suécia, Dinamarca e Finlândia. Mas que ainda não estão na trajetória para atingir os objetivos. Alemanha e França são os únicos países do G7 entre os 10 primeiros (dos 193 monitorados).
A Itália é o 29º, o que significa que ela está na “lanterna” em nível continental. Mas, mesmo assim, à frente dos Estados Unidos (35º), China (54º), Rússia (63º).
Nenhum país do G20, no entanto, alinhou completamente o seu orçamento nacional com os ODSs.
Muitas nações de alta renda erradicaram quase completamente a pobreza
extrema e a fome, mas são deficitárias, por exemplo, na ação pelo clima.
Enquanto as nações de baixa renda tendem a não dispor de
infraestruturas e de mecanismos adequados para gerir as questões
ambientais fundamentais.
“Mas também há sinais positivos – explica o professor, que também é presidente da Fundação Prima, uma iniciativa euro-mediterrânea, cofinanciada (500 milhões de euros) por 19 países europeus e pela Comissão da União Europeia,
para pesquisas sobre temas como gestão sustentável da água ou sistemas
agrícolas sustentáveis – como o fato de que muitos países oficializaram e
institucionalizaram seu compromisso com os ODSs: entre eles, a Itália está entre os primeiros (com a recente constituição da Comissão Nacional para o Desenvolvimento Sustentável no Palácio Chigi), junto com o Brasil e o México. Mas é preciso aumentar o ritmo, em todos os níveis: os decisores políticos, o setor privado, a sociedade civil.”
A Itália,
porém, no relatório, não tem selos “verdes” (avaliação positiva) em
relação ao ponto do caminho em que se encontra no que diz respeito a
cada um dos ODSs. Há alguns selos “laranja”, por exemplo sobre a
biodiversidade terrestre, a saúde e o bem-estar, a nutrição. Mas também
preocupantes selos “vermelhos” (índice de atraso grave) sobre temas como
consumo e produção responsáveis ou a luta contra as mudanças
climáticas.
Então, quais são os caminhos à disposição para aumentar o ritmo? “É preciso pressionar – responde Riccaboni –
pela inovação, tecnológica e social. E ser concretos, que, aliás, é o
objetivo da nossa rede: promover soluções para alcançar os ODSs. Por exemplo, fizemos um ‘mooc’ (curso de formação a distância via internet, aberto a todos, disponível em www.sdgacademy.org)
sobre o tema dos sistemas alimentares sustentáveis, com 2.000 alunos já
inscritos. E, há muitos anos, lançamos um projeto sobre o tema ‘plastic busters’, hoje particularmente atual, para livrar o Mediterrâneo do plástico.
Certamente, um dos temas fundamentais para agir, por causa das
implicações que tem sobre a pobreza, a saúde, o ambiente, é a comida. E
um papel fundamental é desempenhado pelos consumidores, que estão cada
vez mais atentos a questões de sustentabilidade. Nesse sentido, a Itália,
que é o país da dieta mediterrânea, da comida como socialidade, poderia
aproveitar a oportunidade para reiterar a importância de um certo
estilo de vida. Que está destinado a ser cada vez mais redescoberto.”
*Publicado originalmente em Avvenire | Tradução de Moisés Sbardelotto, publicada na IHU On-line
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