Artigo bem lúcido. Mas é bem claro que a mídia não irá modificar sua estratégia visando à derrubada da presidenta Dilma e de seu partido. Vamos nos cansar de ouvir falar do "desastre" econômico que se aproxima e para cuja salvação só o candidato da oposição será capaz. Ainda tenho sérias dúvidas de que esse candidato seja o Aécio. Mas haverá um candidato, isso é certo.
Quanto pior, melhor: os riscos de uma estratégia editorial
(Carlos Castilho, no Observatório da Imprensa).
Os três principais jornais do país, aqueles que em grande medida estabelecem a agenda nacional, estão sintonizados no uso da estratégia de alimentar o fantasma da inflação
e da estagnação do crescimento econômico, temas que ocupam um lugar
destacado no discurso político do presidenciável oposicionista Aécio
Neves.
Não há nada de anormal no fato do possível candidato do PSDB situar o país a beira do caos porque essa é uma tradicional contrapartida ao fato de o Palácio do Planalto invariavelmente carregar no otimismo em matéria de economia. O que preocupa, como muito bem mostrou o colega Luciano Martins Costa, é o fato de os três jornais adotarem a linha do “quanto pior melhor”, porque isso implica dois possíveis desenlaces: ou o pior acontece e voltamos ao passado, ou o pessimismo se dilui e o descrédito na imprensa aumenta mais ainda.
A grande imprensa brasileira está fazendo uma aposta muito perigosa tanto para o país como para ela própria. Os indicadores econômicos são preocupantes, não tanto pela situação interna, mas pela conjuntura internacional que, gostando ou não, determina muito do que acontece aqui dentro. Por mais que o governo diga o contrário, o Brasil não é uma ilha na economia mundial e obviamente sofre os efeitos da recessão mundial.
Os grandes jornais estão cansados de saber disso, mas por razões que ainda não estão claras preferem ampliar a percepção de disparada inflacionária e de estagnação do PIB. O comportamento dos consumidores está sujeito a fatores emocionais que por sua vez determinam condicionamentos econômicos com óbvios reflexos políticos. Não é fortuito o fato de quase todas as grandes manobras de desestabilização política de governos começarem invariavelmente pela desestabilização econômica.
Estamos entrando numa conjuntura pré-eleitoral e como sempre acontece nessas circunstâncias os partidos adotam a tradicional estratégia do fim justificando os meios. Também aqui não há nada de novo porque essa mesma situação se repete monotonamente a cada eleição. O que preocupa é que a imprensa prefira deixar de lado os conhecimentos e a experiência que adquiriu ao longo dos anos em coberturas eleitorais para envolver-se num jogo perigoso e de consequências imprevisíveis.
Num quadro internacional incerto e sujeito a mudanças bruscas, apostar na inflação significa alimentar a dúvida e insegurança entre os consumidores e produtores. Na dúvida, os primeiros tenderão a estocar para prevenir-se contra o pior enquanto os comerciantes, prestadores de serviços, indústrias e agricultura aumentarão os preços para evitar prejuízos futuros irrecuperáveis. Todos os brasileiros com 30 anos ou mais sabem no que isso vai dar.
A coincidência, intencional ou não, na ênfase dada ao fantasma da inflação e da estagnação econômica coloca a imprensa sob suspeita de participação num esquema politico-eleitoral, num momento em que os principais jornais do país precisam é se preocupar com a crise do seu modelo de negócios. A solução desse problema não virá com benesses estatais, seja lá qual for o governo de turno, e sim da recomposição da relação com os seus leitores.
Não é necessário ter bola de cristal ou de pesquisas de opinião para saber que os brasileiros estão razoavelmente satisfeitos com a situação econômica do país, mas ao mesmo tempo temem uma disparada de preços porque isso significará uma redução do seu poder de compra. Seguindo essa lógica, a estratégia mais adequada a uma aproximação com os leitores seria destacar as formas de evitar fatores emocionais que podem acelerar os aumentos de preço, em vez envolver-se numa obscura estratégia eleitoral.
A reconquista da confiança dos leitores passa inevitavelmente pela preocupação jornalística com a serenidade e equilíbrio numa conjuntura de incertezas alimentadas por ambições eleitoreiras. Significa não inflar o fantasma da inflação e nem fenômenos como corrida aos caixas eletrônicos por causa do boato do fim do programa Bolsa Família. Os principais executivos e editores das indústrias da comunicação jornalística no Brasil sabem disso melhor do que todos nós. O que nos preocupa é por que não agem conforme o conhecimento adquirido no exercício da profissão?
Não há nada de anormal no fato do possível candidato do PSDB situar o país a beira do caos porque essa é uma tradicional contrapartida ao fato de o Palácio do Planalto invariavelmente carregar no otimismo em matéria de economia. O que preocupa, como muito bem mostrou o colega Luciano Martins Costa, é o fato de os três jornais adotarem a linha do “quanto pior melhor”, porque isso implica dois possíveis desenlaces: ou o pior acontece e voltamos ao passado, ou o pessimismo se dilui e o descrédito na imprensa aumenta mais ainda.
A grande imprensa brasileira está fazendo uma aposta muito perigosa tanto para o país como para ela própria. Os indicadores econômicos são preocupantes, não tanto pela situação interna, mas pela conjuntura internacional que, gostando ou não, determina muito do que acontece aqui dentro. Por mais que o governo diga o contrário, o Brasil não é uma ilha na economia mundial e obviamente sofre os efeitos da recessão mundial.
Os grandes jornais estão cansados de saber disso, mas por razões que ainda não estão claras preferem ampliar a percepção de disparada inflacionária e de estagnação do PIB. O comportamento dos consumidores está sujeito a fatores emocionais que por sua vez determinam condicionamentos econômicos com óbvios reflexos políticos. Não é fortuito o fato de quase todas as grandes manobras de desestabilização política de governos começarem invariavelmente pela desestabilização econômica.
Estamos entrando numa conjuntura pré-eleitoral e como sempre acontece nessas circunstâncias os partidos adotam a tradicional estratégia do fim justificando os meios. Também aqui não há nada de novo porque essa mesma situação se repete monotonamente a cada eleição. O que preocupa é que a imprensa prefira deixar de lado os conhecimentos e a experiência que adquiriu ao longo dos anos em coberturas eleitorais para envolver-se num jogo perigoso e de consequências imprevisíveis.
Num quadro internacional incerto e sujeito a mudanças bruscas, apostar na inflação significa alimentar a dúvida e insegurança entre os consumidores e produtores. Na dúvida, os primeiros tenderão a estocar para prevenir-se contra o pior enquanto os comerciantes, prestadores de serviços, indústrias e agricultura aumentarão os preços para evitar prejuízos futuros irrecuperáveis. Todos os brasileiros com 30 anos ou mais sabem no que isso vai dar.
A coincidência, intencional ou não, na ênfase dada ao fantasma da inflação e da estagnação econômica coloca a imprensa sob suspeita de participação num esquema politico-eleitoral, num momento em que os principais jornais do país precisam é se preocupar com a crise do seu modelo de negócios. A solução desse problema não virá com benesses estatais, seja lá qual for o governo de turno, e sim da recomposição da relação com os seus leitores.
Não é necessário ter bola de cristal ou de pesquisas de opinião para saber que os brasileiros estão razoavelmente satisfeitos com a situação econômica do país, mas ao mesmo tempo temem uma disparada de preços porque isso significará uma redução do seu poder de compra. Seguindo essa lógica, a estratégia mais adequada a uma aproximação com os leitores seria destacar as formas de evitar fatores emocionais que podem acelerar os aumentos de preço, em vez envolver-se numa obscura estratégia eleitoral.
A reconquista da confiança dos leitores passa inevitavelmente pela preocupação jornalística com a serenidade e equilíbrio numa conjuntura de incertezas alimentadas por ambições eleitoreiras. Significa não inflar o fantasma da inflação e nem fenômenos como corrida aos caixas eletrônicos por causa do boato do fim do programa Bolsa Família. Os principais executivos e editores das indústrias da comunicação jornalística no Brasil sabem disso melhor do que todos nós. O que nos preocupa é por que não agem conforme o conhecimento adquirido no exercício da profissão?
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