A pesquisa foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) da Univates com 130 agricultores de Imigrante - RS.
O texto é de Nicole Morás, da Univates, publicado por Revista Brasileira de Ciências Ambientais, reproduzido por EcoDebate, 15-01-2018.
Apesar de conhecerem os problemas que os agrotóxicos podem gerar ao meio ambiente e à sua saúde, os agricultores não relacionam o uso inadequado dos agrotóxicos ao seu estado de saúde. Esse foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pela diplomada em Ciências Biológicas Mônia Wahlbrink, sob orientação da doutora Claudete Rempel, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e ao PPG em Sistemas Ambientais Sustentáveis(PPGSAS) da Univates, realizada com 130 agricultores do município de Imigrante, no Rio Grande do Sul.
Os dados foram obtidos a partir da resposta dos participantes a um questionário que abordava temáticas como o perfil do trabalhador, a utilização de agrotóxicos, a saúde, a segurança e a higiene do trabalhador. Os dados coletados apontaram que 93,8% dos respondentes eram homens e a maioria dos entrevistados possui Ensino Fundamental incompleto.
A maioria declarou que começou a trabalhar ainda na infância na propriedade, em média aos 12 anos de idade. Grande parte dos agricultores de Imigrante (89,2%) disse ter conhecimento sobre os riscos que o uso de agrotóxicos pode ocasionar e nenhum afirmou comer ou fumar durante a aplicação dos agrotóxicos.
Entre os entrevistados, 73,3% relataram ter sentido ao menos um sintoma de intoxicação por pesticida nos últimos seis meses, sendo o mais citado a dor de cabeça (70,2%), seguido por cansaço (52,1%) e dor no corpo (46,0%). Dos 73,3% que mencionaram ter sentido ao menos um dos sintomas, 17 agricultores (18,1%) acreditam que esses podem ter alguma relação com o uso de agrotóxicos.
Quando questionados se ao longo da vida já haviam sentido algum mal-estar por ter usado agrotóxicos, 54 agricultores (41,5%) responderam que sim, sendo a dor de cabeça novamente o sintoma de intoxicação mais citado (55,6%), seguido por enjoo (48,1%) e fraqueza (11,1%).
Dentre todos os agricultores participantes da pesquisa em Imigrante, 118 (90,8%) utilizam algum tipo de equipamento de proteção individual (EPI) no momento da aplicação do agrotóxico, enquanto 12 (9,2%) não utilizam nenhum tipo de EPI. Destes que utilizam EPIs, 95,0% usam botas, 93,3% usam roupa longa (calça e camisa de manga longa) e apenas 1,7% utiliza viseira.
De acordo com Mônia, de maneira geral, os resultados obtidos mostram que existe um quadro de exposição humana e ambiental aos agrotóxicos. “Grande parte dos agricultores afirma conhecer os riscos que essa exposição pode ocasionar, porém é notável o uso parcial dos EPIs, bem como a não leitura e a falta de compreensão do rótulo e da bula dos agrotóxicos pela maioria dos agricultores”, analisa ela, acrescentando que foi observado que quase metade dos entrevistados já sentiu algum sintoma de intoxicação.
O descarte inadequado das embalagens também é uma preocupação constante em relação à atividade agrícola, pois contribui para a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, podendo expor parte da população aos efeitos desses compostos.
A orientadora da pesquisa, professora Claudete, destaca que os dados mostram que os estudos de percepção de riscos são importantes instrumentos para a gestão ambientale o controle dos riscos associados ao uso de agrotóxicos no trabalho rural. “Percebe-se a importância da implementação de políticas públicas que incentivem a prática agrícola mais sustentável e que reduzam a vulnerabilidade a que os agricultores e o meio ambiente estão expostos”, explica ela. Claudete afirma ainda que é necessário também incentivar o enfoque agroecológico e o desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis, “o que contribui para a manutenção da capacidade produtiva e a diminuição dos efeitos negativos que os agrotóxicos causam à saúde humana e ao meio ambiente”, finaliza ela.
O estudo foi publicado na Revista Brasileira de Ciências Ambientais(RBCIAMB), disponível aqui.
O texto é de Nicole Morás, da Univates, publicado por Revista Brasileira de Ciências Ambientais, reproduzido por EcoDebate, 15-01-2018.
Apesar de conhecerem os problemas que os agrotóxicos podem gerar ao meio ambiente e à sua saúde, os agricultores não relacionam o uso inadequado dos agrotóxicos ao seu estado de saúde. Esse foi o resultado de uma pesquisa desenvolvida pela diplomada em Ciências Biológicas Mônia Wahlbrink, sob orientação da doutora Claudete Rempel, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD) e ao PPG em Sistemas Ambientais Sustentáveis(PPGSAS) da Univates, realizada com 130 agricultores do município de Imigrante, no Rio Grande do Sul.
Os dados foram obtidos a partir da resposta dos participantes a um questionário que abordava temáticas como o perfil do trabalhador, a utilização de agrotóxicos, a saúde, a segurança e a higiene do trabalhador. Os dados coletados apontaram que 93,8% dos respondentes eram homens e a maioria dos entrevistados possui Ensino Fundamental incompleto.
A maioria declarou que começou a trabalhar ainda na infância na propriedade, em média aos 12 anos de idade. Grande parte dos agricultores de Imigrante (89,2%) disse ter conhecimento sobre os riscos que o uso de agrotóxicos pode ocasionar e nenhum afirmou comer ou fumar durante a aplicação dos agrotóxicos.
Entre os entrevistados, 73,3% relataram ter sentido ao menos um sintoma de intoxicação por pesticida nos últimos seis meses, sendo o mais citado a dor de cabeça (70,2%), seguido por cansaço (52,1%) e dor no corpo (46,0%). Dos 73,3% que mencionaram ter sentido ao menos um dos sintomas, 17 agricultores (18,1%) acreditam que esses podem ter alguma relação com o uso de agrotóxicos.
Quando questionados se ao longo da vida já haviam sentido algum mal-estar por ter usado agrotóxicos, 54 agricultores (41,5%) responderam que sim, sendo a dor de cabeça novamente o sintoma de intoxicação mais citado (55,6%), seguido por enjoo (48,1%) e fraqueza (11,1%).
Dentre todos os agricultores participantes da pesquisa em Imigrante, 118 (90,8%) utilizam algum tipo de equipamento de proteção individual (EPI) no momento da aplicação do agrotóxico, enquanto 12 (9,2%) não utilizam nenhum tipo de EPI. Destes que utilizam EPIs, 95,0% usam botas, 93,3% usam roupa longa (calça e camisa de manga longa) e apenas 1,7% utiliza viseira.
De acordo com Mônia, de maneira geral, os resultados obtidos mostram que existe um quadro de exposição humana e ambiental aos agrotóxicos. “Grande parte dos agricultores afirma conhecer os riscos que essa exposição pode ocasionar, porém é notável o uso parcial dos EPIs, bem como a não leitura e a falta de compreensão do rótulo e da bula dos agrotóxicos pela maioria dos agricultores”, analisa ela, acrescentando que foi observado que quase metade dos entrevistados já sentiu algum sintoma de intoxicação.
O descarte inadequado das embalagens também é uma preocupação constante em relação à atividade agrícola, pois contribui para a contaminação das águas superficiais e subterrâneas, podendo expor parte da população aos efeitos desses compostos.
A orientadora da pesquisa, professora Claudete, destaca que os dados mostram que os estudos de percepção de riscos são importantes instrumentos para a gestão ambientale o controle dos riscos associados ao uso de agrotóxicos no trabalho rural. “Percebe-se a importância da implementação de políticas públicas que incentivem a prática agrícola mais sustentável e que reduzam a vulnerabilidade a que os agricultores e o meio ambiente estão expostos”, explica ela. Claudete afirma ainda que é necessário também incentivar o enfoque agroecológico e o desenvolvimento de práticas agrícolas sustentáveis, “o que contribui para a manutenção da capacidade produtiva e a diminuição dos efeitos negativos que os agrotóxicos causam à saúde humana e ao meio ambiente”, finaliza ela.
O estudo foi publicado na Revista Brasileira de Ciências Ambientais(RBCIAMB), disponível aqui.
Dados do gráfico
Perfil dos respondentes
Total de respondentes: 130
Homens 93,8%
Mulheres 6,2%
Escolaridade: Ensino Fundamental incompleto 83,1%
Relação de trabalho: Proprietário 85,4%
Idade média 54,7 anos
Média de idade com a qual começou na atividade rural 12,0 anos
Tempo médio de utilização de agrotóxico (em anos) 18,1 anos
Principais sintomas reportados
73,3% relatam ter sentido ao menos um dos sintomas nos últimos seis meses
Sintomas mais citados foram dor de cabeça (70,2%), seguido por cansaço (52,1%) e dor no corpo (46%)
Mal estar
54 agricultores (41,5%) responderam já ter sentido mal estar após uso de agrotóxicos.
Dor de cabeça foi novamente o sintoma de intoxicação mais citado (55,6%), seguido por enjoo (48,1%) e fraqueza (11,1%).
Uso de Equipamento de Proteção Individual
118 (90,8%) utilizam algum tipo de EPI
12 (9,2%) não utilizam nenhum tipo de EPI
EPI’s mais utilizados
95,0% usam botas;
93,3% usam roupa longa
1,7% utilizam viseira
Total de respondentes: 130
Homens 93,8%
Mulheres 6,2%
Escolaridade: Ensino Fundamental incompleto 83,1%
Relação de trabalho: Proprietário 85,4%
Idade média 54,7 anos
Média de idade com a qual começou na atividade rural 12,0 anos
Tempo médio de utilização de agrotóxico (em anos) 18,1 anos
Principais sintomas reportados
73,3% relatam ter sentido ao menos um dos sintomas nos últimos seis meses
Sintomas mais citados foram dor de cabeça (70,2%), seguido por cansaço (52,1%) e dor no corpo (46%)
Mal estar
54 agricultores (41,5%) responderam já ter sentido mal estar após uso de agrotóxicos.
Dor de cabeça foi novamente o sintoma de intoxicação mais citado (55,6%), seguido por enjoo (48,1%) e fraqueza (11,1%).
Uso de Equipamento de Proteção Individual
118 (90,8%) utilizam algum tipo de EPI
12 (9,2%) não utilizam nenhum tipo de EPI
EPI’s mais utilizados
95,0% usam botas;
93,3% usam roupa longa
1,7% utilizam viseira
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