Recebi hoje, de uma pessoa que não vou identificar, o email abaixo que repasso.
Carta enviada pelo meu colega Vitor Rocha, ao Deputado Anselmo Jose Domingos (http://www.facebook.com/anselmo.josedomingos?fref=ts). Simplesmente sensacional!!! É grande, mas vale a leitura de cada linha:
Ilmo. Sr. Deputado Anselmo José Domingos (PTC-MG),
escrevo-lhe
na condição de um cidadão preocupado com a destinação dos nossos
escassos recursos públicos, especialmente no que diz respeito aos gastos
realizados com a chamada 'verba indenizatória' da Assembleia
Legislativa de Minas Gerais.
Em
meados de dezembro de 2012, recebi uma correspondência remetida pelo
gabinete de V. Exa., na qual o Sr. me desejava "Feliz Natal". Estranhei o
fato por diversos motivos, entre eles:
a) Eu não conhecia o Sr.;
b) Eu não conhecia o seu partido (PTC) e nunca me inscrevi para receber qualquer tipo de correspondência de qualquer partido;
c)
Fiquei intrigado pelo fato de a correspondência ter sido emitida pelo
seu gabinete, em envelope timbrado da Assembleia, e me perguntei se
aquela correspondência, porventura, não teria sido paga com recursos
públicos.
Para
esclarecer a situação, entrei em contato com a sua Assessoria, que não
soube me explicar como o meu nome e endereço foram parar na mala direta
do seu gabinete. No entanto, a assessora prontamente me explicou que
cada Deputado conta com uma verba indenizatória no valor de R$ 20.000,00
mensais. Nesse valor, há uma rubrica denominada "Divulgação da
Atividade Parlamentar", que custeou o envio da referida
correspondência.
Fiquei
bastante interessado pelo assunto. Consultei a Deliberação 2.446, de
2009, e descobri que a dita verba indenizatória também pode custear
despesas com locação de imóvel, combustível, manutenção de veículos,
serviços de consultoria, dentre outras. Tudo isso mediante requerimento e
comprovação por notas fiscais ou documentos equivalentes – sem
licitação ou qualquer procedimento análogo. Nada mais justo e condizente
com a relevância da atividade parlamentar.
No
entanto, fiquei com algumas dúvidas. A primeira foi a seguinte: "em que
medida uma correspondência me desejando 'Feliz Natal' se propõe a
divulgar a atividade parlamentar"?
Novamente,
entrei em contato com a sua assessoria, que não soube responder minha
pergunta, mas se prontificou a tirar o meu nome da mala direta do
gabinete.
Não me contentei com a resposta. E resolvi dar uma olhada no Portal de Transparência da Assembleia.
Assim,
analisei Nota Fiscal por Nota Fiscal da atividade do Sr. nos exercícios
de 2011, 2012 e 2013. Durante a análise, encontrei alguns aspectos
curiosos.
Em
primeiro lugar, parabenizo-lhe pela perfeita utilização dos recursos no
ano passado: somando-se os 12 meses, o resultado é de exatamente R$
240.000,00 (R$ 20.000,00 por mês). Nem um centavo a mais, nem um centavo
a menos.
Em segundo lugar, gostaria que o Sr. esclarecesse alguns elementos que constam na sua prestação de contas. São eles:
I - Pagamento de despesas na rubrica "Consultoria, Assessoria, e Pesquisa" para os seguintes indivíduos (dentre outros):
1)
Ildeu Lucas Pereira - CPF 228.911.456-15 - doou R$ 14.000,00 para a sua
campanha e recebeu inúmeros pagamentos mensais (evitarei o uso do termo
"mensalão" para não haver confusão) no valor de R$ 2.500,00 por meio da
verba indenizatória.
2) Patrícia Alves de Paula
- CPF 960.863.006-15 - doou R$ 1.700,00 para a sua campanha e recebeu
R$ 4.200,00 por meio de verba indenizatória.
3)
Jaime Donizete Pinto - CPF 519.959.216-53 - doou R$ 15,00 para a sua
campanha e recebeu R$ 6.100,00 por meio de verba indenizatória.
Perceba
que não questiono a idoneidade e nem a qualidade técnica dos
profissionais contratados – até mesmo por não os conhecer. Apenas
gostaria que o Sr:
a) esclarecesse o critério de seleção dos contratados;
b)
apresentasse o produto das referidas consultorias, assessorias ou
pesquisas, para que eu possa verificar se os serviços foram prestados de
forma satisfatória.
c)
se manifestasse sobre a questão ética inerente ao pagamento realizado a
doadores da sua campanha por meio de verba indenizatória. O Sr. acha
correta a contratação dos referidos doadores? Veja que não me apego à
restrita legalidade, gostaria de saber a sua opinião sob a perspectiva
da ética.
II - Pagamento de despesas de combustível
A
título exemplificativo: apenas no mês de abril de 2013, o Sr. foi
reembolsado em R$ 3.805,16 por meio da referida rubrica. Desse valor, R$
2.355,87 foram pagos somente ao Posto Cabral (CNPJ 17.228.339/00001-42)
que, curiosamente, é o quarto posto de gasolina mais caro de Belo
Horizonte, de acordo com estudo divulgado pela própria Assembleia. Mais
curioso ainda é o fato de que, em alguns dias específicos, foram
apresentadas duas, três, quatro notas fiscais. Veja o exemplo do dia
25/04: foram apresentadas três notas fiscais do Posto Cabral, no valor
total de R$ 321,78. No dia seguinte, mais uma nota de R$ 106,67, no
mesmo posto.
Fato é, Ilustríssimo
Deputado, que no ano de 2012 o Sr. gastou R$ 36.448,58 na rubrica de
combustível. São aproximadamente 12 mil litros de gasolina, que dariam
para rodar 120 mil quilômetros - três vezes o tamanho da circunferência
do Planeta Terra. É bastante coisa, o Sr. há de convir. Mas, frise-se,
tudo de acordo com a Deliberação nº 2.446, de 2009.
Quer
dizer: QUASE TUDO. No mês de agosto de 2012, o Sr. gastou R$ 6.536,16 e
extrapolou o limite não acumulável de R$ 5.000,00 da referida rubrica.
As contas, no entanto, foram devidamente aprovadas. O que o Sr. me diz a
este respeito? Acredito que não passe de um pequeno equívoco, motivo
pelo qual sugiro que o Sr. devolva imediatamente o valor excedente aos
cofres públicos.
Não
quero parecer redundante, Sr. Deputado, mas reitero: não questiono
somente a legalidade destes atos. Gostaria que o Sr. me explicasse como
funciona a utilização dessa importante rubrica. Quais veículos são
abastecidos? Apenas o veículo oficial (que custa R$ 5.400,00 por mês aos
cofres públicos) ou também veículos particulares? O Sr. acharia uma
medida importante exigir que a placa dos carros constasse nas notas
fiscais? Ajude-me, Ilmo. Deputado, no nobre propósito de fiscalizar a
boa utilização desses relevantes recursos públicos.
III - Divulgação da Atividade Parlamentar
Afora
a questão concernente à correspondência na qual o Sr. me desejou "Feliz
Natal", questão esta que deu origem a todo o meu interesse pela
atividade de V.Exa., restaram algumas dúvidas a respeito dessa
importante rubrica.
Por exemplo:
No
mês de dezembro de 2011, foi realizado um reembolso para o Sr. no valor
de R$ 27.000,00, referente ao pagamento de uma nota fiscal da empresa
Minas em Cena Empreendimentos Ltda-ME. Nunca tinha ouvido falar na
Revista Minas em Cena. A duras penas, consegui um exemplar da referida
publicação, na qual constava uma reportagem sobre o Sr. na sessão
denominada "Perfil". Não havia qualquer referência ao fato de a matéria
ter sido custeada com recursos públicos, muito menos à rubrica de
'divulgação da atividade parlamentar'. Fiquei com várias dúvidas:
a) qual o critério de seleção da Revista Minas em Cena?
b)
será que o leitor e, consequentemente, o eleitor não se confundiria com
a referida reportagem, já que não aparentava se tratar de uma matéria
comprada com recursos públicos? A Legislação eleitoral não proíbe esta
prática?
Minhas dúvidas são sinceras, Ilustre Deputado, e tenho certeza de que serão sanadas a contento.
IV - Locação de Imóvel e despesas a ele concernentes
Não
tomarei muito do tempo do Sr. nos meus questionamentos referentes a
esta rubrica (apesar de possuir diversas dúvidas sobre ela). A minha
pergunta é a seguinte:
Que plano de TV a cabo e internet o Sr. usa?
Consultei
o site da GVT e verifiquei que o plano mais caro custa exatamente R$
304,70. São 82 canais, sendo 21 em HD; Banda Larga de 35MB; e telefone
fixo ilimitado. No entanto, verifiquei que, por exemplo, em agosto de
2012, o Sr. pagou R$ 1.077,01 à GVT, para custear despesas com TV a Cabo
e internet. É uma vez e meia o valor do salário mínimo. É mais de três
vezes o valor do plano mais caro oferecido pela empresa. Como isso pode
acontecer? O Sr. poderia me explicar?
V - Banimento de Usuários do Facebook
Por
último, gostaria que o Sr. explicasse o meu banimento e o de diversos
usuários da sua página no Facebook. É uma pena, pois acredito que a
referida rede social seja uma excelente ferramenta de comunicação com o
seu eleitorado e (por que não?) com os seus críticos. Não menospreze as
redes sociais, Ilustríssimo Deputado. O momento pelo qual o país passa é
testemunha da sua força.
Imagino que o Sr. possua
boas explicações para todos os questionamentos feitos acima e tenho
certeza que eu e meus colegas seremos aceitos novamente na sua página do
Facebook. Afinal, como diz o ditado popular: "quem não deve não teme".
VI - Conclusão e Convite
Sabemos
da importância do cargo exercido por V.Exa., e consequentemente sabemos
da importância da verba indenizatória – no total, são disponibilizados
R$ 18,5 milhões para o custeio desse tipo de despesa. É o valor
necessário para a construção de quatro escolas de segundo grau, ao valor
de R$ 4,3 milhões cada.
Por isso, Deputado, é
preciso gastar menos com questões supérfluas. É preciso que os Srs.
entendam que a existência da verba indenizatória não concede aos seus
detentores o direito de utilizá-las indiscriminadamente. É preciso
gastar melhor o recurso público, ilustríssimo Deputado.
Assim,
para concluir, gostaria de fazer um convite a V.Sa. Sabendo da sua
idoneidade, manifestada principalmente por seus posts no Facebook (veja
que ironia), gostaria que convidá-lo para levantar a bandeira da
moralização dos gastos públicos na Assembleia Legislativa do Estado de
Minas Gerais. Sugiro que o debate se inicie justamente pela revisão da
Deliberação 2.446, de 2009, visando à diminuição do valor da verba
indenizatória e ao melhor controle dos seus gastos.
O
Poder Público em nosso país goza de privilégios que remetem ao período
dos regimes absolutistas. Recordo-lhe que, nas revoluções burguesas, foi
preciso cortar a cabeça de determinados membros da nobreza para que
esses privilégios fossem extintos e as desigualdades e injustiças
diminuídas. A oportunidade que lhe ofereço, portanto, é única: a de
liderar esse movimento de extinção de privilégios do Poder Público
Brasileiro, valendo-se dos mecanismos democráticos tão valiosos à nossa
República.
Aguardo resposta sobre os esclarecimentos solicitados e também sobre o convite feito acima.
Atenciosamente,
Vitor Rocha
(31) 9121-8264
Também assinam esta Carta:
Mariana Dias
André Macedo
Felipe Campos
*todas as informações foram retiradas do site www.almg.gov.br .
Estão
em cópia oculta neste e-mail: a) todos os membros que foram expulsos da
sua página no Facebook; b) a Ouvidoria e Corregedoria do Ministério
Público Estadual e da Assembleia Legislativa; c) representantes de
diversos segmentos da mídia.
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