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Wanderley Parizotto **
O recente massacre de presos em Manaus, não surpreendeu quase ninguém. Causou, claro, comoção, mas não surpresa.
Sabemos da falência do sistema
carcerário brasileiro. Sabemos da existência do tal “ crime
organizado”. Estamos cansados de ver nos meios de comunicação celas
lotadas, desmandos, corrupção sistêmica. Porém, enquanto sociedade, não
nos envolvemos. Não discutimos. Passamos ao largo, como se não fosse com
a gente.
O judiciário parcial e lento, a atuação
policial inadequada, mais o sistema carcerário desumano e precário,
formam uma indústria de crimes em escala exponencial que permeia nosso
cotidiano. Claro que esta análise é simplista, contudo, é real. Grande
parte dos presos brasileiros estão, provisoriamente, aguardando o
julgamento que nunca chega. Outra poderia estar cumprindo penas
alternativas. Mas não estão. E por aí vamos de tragédia em tragédia, até
o dia que ela bate à nossa porta. Todos os dados estatísticos que
brotaram na mídia nos últimos dias apontam erros, malefícios e indicam
novas tragédias.
Mesmo assim, teimamos em não discutir a
questão de forma ampla, sem preconceitos e de forma objetiva. INSISTIMOS
em colocar o sistema prisional de um lado e o resto da sociedade em
outro, quando, na verdade, trata-se de uma sociedade única.
As grandes tragédias sociais e naturais
apresentam sintomas ao longo de muito tempo. São, em boa parte,
previsíveis e evitáveis. Como também têm signatários inequívocos. Não
são obras do além, de extraterrestres ou da maldição divina.
Como o sistema prisional brasileiro deu e
dá sinais claríssimos de total falência o processo de envelhecimento no
Brasil também aponta para, em breve, um enorme caos. O país envelhece
rapidamente. Em menos de três décadas, pessoas com mais de 60 anos serão
mais de 45 milhões de cidadãos.
Cidadãos que precisarão produzir,
estudar, ir e vir. O Brasil será outro. O problema será previdenciário
sim, mas não só. Seu espectro terá um contorno muito maior.
A população envelhecida deverá estar
preparada para continuar no mercado de trabalho. E com saúde do corpo e
do cérebro em ordem. A capacitação pessoal e profissional se não for
continuada ao longo de toda a vida, inviabilizará a vida de milhões de
velhos.
Assim como as tragédias prisionais, esta
outra, a do envelhecimento populacional rápido, começa a apresentar os
primeiros sinais.
A sociedade precisa olhar, discutir,
criar interlocução com seus representantes em todas as esferas, trazer a
questão para as escolas. Colocar o assunto na agenda política.
Se não o fizermos, em breve conviveremos com presídios falidos, cracolândias , velholândias e outros.
** Economista, criador do Portal Plena.
(fonte: https://portalplena.com/vamos-discutir/massacres-em-presidios-cracolancias-velhos-inativos-tragedias-brasileiras-anunciadas/)
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