Texto escrito por José de Souza Castro:
Há um mês escrevi que chegou a hora de ser pessimista. Errei. Certifiquei-me do erro ao ler esta entrevista do governador do Maranhão, Flavio Dino, publicado dois dias antes do 7 de Setembro pelo Brasil de Fato.
Pessimismo, diz o político do PCdoB, “é uma armadilha ideológica,
porque é a paralisia da sociedade em relação aos problemas nacionais e,
ao mesmo tempo, uma espécie de diversionismo, porque você desvia a
atenção do que está acontecendo”.
É hora, isso sim, de a esquerda se programar para as eleições de
2018, trazendo ao eleitor novas propostas. “Não se pode continuar a
fazer o mesmo que fazíamos, porque há novas questões”, disse Flávio Dino
à repórter Cristiane Sampaio. “Precisamos financiar os serviços
públicos e, para isso, precisamos de Justiça Tributária, no sentido de
que os mais ricos, os milionários, bilionários, os rentistas e o capital
financeiro têm que pagar os seus impostos com proporcionalidade em
relação aos mais pobres”, exemplificou Dino. Para ele, a injustiça
tributária no Brasil é uma anomalia escabrosa.
Ao lado disso, o país está perdendo o próprio conceito de soberania
que é o poder de estabelecer a confiabilidade da nossa moeda, a
segurança das relações jurídicas, Conforme Dino, “quando olhamos tudo
isso que está acontecendo, é que nós identificamos que, com esse
sentimento de que o Brasil não tem jeito, o povo brasileiro realmente
põe tudo a perder, ou, no sentido mais da luta política, de que ‘a culpa
é dos vermelhos’, ‘a culpa é da esquerda’, é algo que atende exatamente
aos interesses dessa minoria de privilegiados que não têm o menor
respeito pelo sofrimento do nosso povo, pelos desempregados, por aqueles
que precisam do trabalho, da geração de renda, de investimentos, que
moram no Brasil”.
Só é possível para a esquerda voltar ao comando do país se debater
com a sociedade um programa correto, de modo a que o brasileiro olhe
para a eleição de 2018 “com a bandeira da esperança nas mãos e com o
programa na outra mão”.
Quando o atual governo destrói a soberania nacional, via destruição
da soberania energética (privatização do pré-sal e das hidrelétricas),
então, a defesa dos interesses nacionais adquire uma nova centralidade,
verifica o governador do Maranhão. Segundo ele, em torno do tripé
nação-educação-produção, “nós temos que encontrar as respostas e
conseguir comunicar isso à população, por isso eu acredito no nosso
êxito eleitoral, porque só nós podemos fazer isso”.
O desafio da esquerda é transformar em mensagens e políticas capazes
de alavancar uma nova mobilização social sua crença em direitos e nos
serviços públicos. Diferenciando-se, frontalmente dessa fração da elite
que “acredita na naturalização da injustiça, na exclusão social, na
concentração de riqueza nas mãos de uma minoria” e que tenta “empurrar
goela abaixo uma noção de que a mão invisível do mercado vai salvar o
país, como se isso tivesse acontecido em algum país do planeta. Nem nos
Estados Unidos…”.
E conclui:
“Essa tragédia do desemprego, do aniquilamento de políticas sociais, a
destruição desse patrimônio que nós construímos ao longo do tempo que é
o Sistema Único de Saúde (SUS), a destruição das universidades
públicas… Temos que transformar isso em potência política, em movimento.
Acho que esse é o nosso desafio, de encontrar esses temas corretos, que
já estão identificados, em negação ao que está aí, mas, pelo caminho da
afirmação, precisamos despertar uma nova esperança na população.”
Com pessimismo, vamos todos fracassar. Encerro, para não cair mais
nessa esparrela, com uma sábia definição de George Bernard Shaw. “Um
pessimista? Um homem que pensa que todo mundo é tão detestável como ele
mesmo, e odeia a todos por isso”.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/09/06/chegou-a-hora-de-ser-otimista/#more-14402)
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