A degradação florestal na Amazônia, por fogo e
eventos de secas extremas, tem se tornado frequente nos últimos anos.
Para avaliar quais são os próximos cenários, cientistas aprimoraram um
modelo que analisa o comportamento do fogo e a dinâmica de carbono,
prevendo os padrões futuros da potencial degradação no bioma amazônico.
A informação é publicada por IPAM, 14-09-2017.
Esse modelo permite aos pesquisadores, por exemplo, prever que se uma seca como a de 2010 ocorrer em meados do século, entre 2040 e 2069, cerca de 550.000 km2, uma área maior que a França, estará vulnerável a incêndios florestais intensos.
O estudo, publicado na revista Environmental Research Letters dentro da edição especial Focus on Changing Fire Regimes, considera o aumento da temperatura e a diminuição da precipitação como os principais fatores para a frequente intensidade de fogo no futuro.
Segundo um dos autores, Bruno Lopes, estudante de
doutorado da Universidade Federal de Viçosa (UFV), a pesquisa é inédita
por desenvolver um modelo que representa a seca e seus efeitos na
mortalidade de árvores, bem como as suas interações com os regimes de
fogo.
“Esses aumentos previstos na intensidade do fogo podem ser até 90% mais letais para as árvores da floresta amazônica e consequentemente ocasionar um acréscimo nas emissões de carbono florestal na mesma proporção”, afirma Lopes.
O equilíbrio climático da Amazônia é perturbado por uma série de fatores, como mudanças de uso da terra, aquecimento global, incêndios florestais, elevadas concentrações de CO2 na atmosfera e aumentos na frequência e intensidade das secas.
Desde meados de 1970 ocorre um aquecimento médio de cerca de 0,26°C por
década nas regiões de floresta tropical. Os modelos climáticos globais
sugerem um aquecimento maior em todas as regiões de florestas tropicais
entre 3 e 8°C até ao final do século. Isto aponta que em 2100 as
temperaturas tropicais atingirão valores nunca antes alcançados, fora da
variabilidade natural dos últimos 2 milhões de anos.
Modelos de fogo e os impactos nos estoques de carbono da vegetação se
destacam pela importância na investigação de um limiar crítico de
temperatura e intensidade de seca, e consequentes alterações nos regimes
de fogo que poderiam levar a um declínio substancial da floresta em um
futuro próximo. Compreender e monitorar as respostas da vegetação em
relação às mudanças climáticas é essencial para ampliar as opções de políticas de conservação.
“Assim, podemos ter um novo modelo de desenvolvimento agropecuário
com uso sustentável do fogo em áreas vulneráveis e a criação de um plano
nacional de combate a incêndios para a Amazônia, tendo implicações diretas na biodiversidade e ciclo de carbono”, defende Lopes.
Os dados do modelo tiveram como base experimentos realizados na Fazenda Tanguro, em Querência (MT), onde o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM desenvolve pesquisas que analisam como conciliar a produção de alimentos, conservação ambiental e mudanças climáticas.
(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/571726-emissoes-de-carbono-podem-aumentar-ate-90-na-amazonia-em-50-anos)
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