O governo federal divulgou nessa terça-feira, em Brasília, que a taxa
de desmatamento na Amazônia caiu 16% entre agosto de 2016 e julho de
2017 em relação ao mesmo período anterior. Com isso, a derrubada volta a
cair depois de dois anos de tendência de alta, mas não há real motivo
para celebração.
A reportagem é publicada por Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - IPAM, 17-10-2017.
“Bom que caiu a taxa, mas temos de focar em acabar com o
desmatamento. Já passou da hora de o Brasil pensar somente em comando e
controle e passar a trabalhar as políticas públicas que estimulam
aqueles que não desmatam e que produzem de maneira sustentável. Só assim
poderemos comemorar”, afirma o diretor-executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), André Guimarães.
“Adicionamos 6.624 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia –
somando tudo desde o início da série histórica, é uma Alemanha e um
Portugal destruídos”, afirma o pesquisador sênior do IPAM, Paulo
Moutinho. “Enquanto ficarmos comemorando as quedas das taxas, vamos
fechar os olhos para o fato que estamos apenas destruindo florestas em
um ritmo mais lento, mas a destruição continua.”
Em 2016, o Brasil desmatou 7.893 km2 na Amazônia e, no ano anterior, 6.207 km2. A taxa ainda é muito mais alta do que a meta proposta pelo próprio governo, em 2009, de chegar a 3,5 mil km2 em 2020.
Com isso, também fica em xeque a capacidade do país de cumprir sua parte no Acordo de Paris, compromisso global de redução de emissão de gases estufa: são mais 330 milhões de toneladas de CO2
emitidos pelo desmatamento em 2017, quando deveríamos reduzir de 36% a
39% essas emissões até 2020, em relação aos níveis de 1990. E isso na
véspera da 23ª Conferência do Clima da ONU, que acontecerá em novembro, na Alemanha.
O desmatamento na Amazônia também não traz
benefícios ao país, pelo contrário: proteção florestal, num contexto de
mudança climática, representa a manutenção de um regime climático mais
estável, incluindo a ocorrência de chuvas, tão necessária para a
produção agrícola. Sem florestas, haverá impactos econômicos
consideráveis na produção no campo no futuro.
“Tudo indica que essas quedas são flutuações que existem desde 2012,
pelo menos. Mas o fato é que todo ano uma área enorme é desmatada na
região. Só vamos comemorar quando o desmatamento chegar a zero”, diz Moutinho.
(fonte: http://www.ihu.unisinos.br/572748-desmatamento-na-amazonia-o-que-comemoramos)
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