A profecia ouvida de meu chefe, quando comecei a carreira no “Jornal do Brasil”, em 1972, vai sendo realizada aos poucos: quem começa a frequentar muito as páginas sociais acaba saindo na página policial. Seria o caso, agora, de Bernardo de Mello Paz, o badalado dono do Inhotim, condenado a nove anos e três meses de prisão por lavagem de dinheiro. Sob o estado atual da imprensa, não sei se ele frequentará a página policial ou mesmo, dadas as inúmeras possibilidades de recursos na Justiça, se gozará alguns dias de paz numa cela de prisão antes de morrer.
Diga-se que não foi só este blog, pela prosa animada da Kika (pode-se ver aqui, aqui e aqui e ainda por suas belas fotografias), não foi só este blog, ia dizendo, que contribuiu para que Inhotim tenha se transformado numa das maiores atrações turísticas de Minas – na qual, por culpa minha, nunca fui.
Também o “New York Times” gastou muito espaço para descrever as maravilhas do Inhotim e de seu idealizador. O iG traduziu e puxou o assunto, no título, pela fortuna de Bernardo Paz: “O empresário brasileiro que gasta US$ 70 milhões ao ano para ter um jardim de arte”.
Não é também a primeira vez que a imprensa se ocupa de Bernardo Paz e de suas estripulias, digamos assim, pouco artísticas. A Folha de S.Paulo, por exemplo, no dia 17 de setembro de 2009, publicou reportagem que pode ser lida aqui, denunciando que o governo de Minas, na época sob a regência de Aécio Neves, deu benefício de R$ 20 milhões a suspeito de sonegação. O suspeito: Bernardo Paz. O fato vem descrito abaixo do intertítulo “Negócio da China”:
“O governo mineiro acertou com o Instituto
Cultural Inhotim, que gerencia o centro e cujo conselho de
administração é presidido por Bernardo Paz, a construção de um centro de
convenções orçado em R$ 19,6 milhões. O prédio ficará ao lado do centro
cultural.
Para isso, o instituto doou ao governo de
Minas, em dezembro passado, um terreno de 25 mil m², avaliado em R$ 20
mil. Mas a doação veio acompanhada de uma série de condicionantes —
entre elas, que o governo construirá o centro e entregará a
administração do espaço ao próprio Inhotim.”
Nada mal para um empresário que, pouco depois, faria outro negócio da China.
Em março de 2010, anunciou a venda para uma empresa chinesa, por US$
1,1 bilhão, da Itaminas, mineradora de Bernardo Paz que tinha dívidas de
US$ 400 milhões.O valor da venda despertou a cobiça de parentes e outros acionistas da Itaminas que se sentiram prejudicados por Bernardo. Quem tiver pachola, vai encontrar algumas ações tramitando na Justiça. Não foi por alguma delas que ele e uma irmã foram condenados agora. Foi nesta: Ação Penal nº 0046570-71.2013.4.01.3800.
Conforme nota divulgada nesta quinta-feira (16 de novembro) pela assessoria de imprensa do Ministério Público Federal, o “empresário idealizador do Museu de Inhotim é condenado por lavagem de dinheiro”. E mais: “Sentença considerou que Bernardo de Mello Paz utilizou artifícios, como a pulverização de movimentações financeiras entre as empresas de seu grupo, para lavar dinheiro proveniente da sonegação de contribuições previdenciárias.”
Sonegações de contribuições previdenciárias: um tema bem atual, né mesmo? A notícia interessou? Você pode ler mais aqui.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/11/17/dono-inhotim-condenado-prisao/#like-14711)
Oh, céus.
ResponderExcluira banalização dos rombos realizados por abomináveis monstros.
até quando?
a desesperança diz que é até o momento da minha morte consumada.
daí não haverá mais ilusão consumida.