Niilismo
e manifestações violentas
Alguns segmentos grupais presentes nas
manifestações de rua, como os “black blocs” e outros que provocam destruição
estão na linha conceitual do anarquismo e do niilismo.
Niilismo. Do latim “nihil”, nada, ou
redução a nada, aniquilamento; tendência anarquista russa que preconizava a
destruição da ordem social estabelecida, sem preocupar com a substituição por
outra, ficando somente a descrença absoluta. Ficou muito conhecida a frase de
Dostoievski pronunciada pelo personagem Ivan Karamasov, na novela “Irmãos
Karamasov”, que diz: Se Deus está morto,
então tudo é possível. Entende-se por “Deus” a verdade e o princípio
estabelecido com a crença.
O Niilismo mata ou pretende matar as
ideologias dominantes como a democracia liberal capitalista; os mitos e os
heróis gerados pela mídia e que idealizam um porvir risonho para a humanidade.
Para Carl Marx, as ideologias são sempre uma falsa crença, como por exemplo a
afirmação de que todos são iguais perante a lei. Sabe-se que somente os ricos
se beneficiam com os atos da Justiça. A novela “O processo”, de Franz Kafka tem
esse caráter niilista. O drama do personagem Josef K é angustiante à espera de
um resultado. A corrente de pensamento
niilista atingiu diversas esferas da cultura no mundo contemporâneo, como a
literatura, arte, filosofia e ciências sociais.
O Niilismo se coloca sempre em plano
utópico. Mas segundo Karl Manhein, as utopias são as ideias que aspiram outra
realidade, ainda inexistente. Tem, portanto, uma dimensão crítica de negação da
ordem social existente.
Para Ana Elizabeth Cavalcante (2014) Nietzsche
usa o termo decadência para situar e agrupar as condições existenciais do ser
humano que causam o surgimento do Niilismo. Ele vê na decadência um tipo de
doença social. A decadência provoca um mal-estar na humanidade, manifesta,
primeiramente, no desregramento dos instintos. Daí o decadente carrega uma
série de problemas, como perda da capacidade de assimilação e de síntese;
desencadeamento caótico das paixões. No homem decadente as motivações provêm da
vontade de vingança. Nele a noção de justiça se encontra pervertida pelo
ressentimento dos decadentes. Quando eles
dizem: sou justo, tem-se a impressão de ouvir: Estou vingando. (Assim falou Zaratrustra).
Nietzsche compreendia dois tipos de
Niilismo: o ativo e o passivo. No ativo, o indivíduo não acredita que a vida deve
ser regida por qualquer tipo de padrão moral, fazendo com que o homem minta a
si mesmo. No Niilismo passivo o indivíduo não muda de valores nem mesmo com a
revolução.
Belo
Horizonte, 9 de fevereiro de 2014.
Antônio
de Paiva Moura
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