domingo, 10 de março de 2013

Livro resgata os bastidores da 'Realidade'

Minha amiga Vania mandou hoje este comentário da Folha, a respeito de um livro que está sendo lançado, em que o autor disseca a história de uma das mais espetaculares revistas já publicadas neste nosso país, a "Realidade".
Considero-me um espectador privilegiado, porque acompanhei a revista, desde que foi lançada. 
Comprei todos os números, exceto o número 10, que foi proibido de circular, só o consegui muitos anos depois.
Encadernei todos os números, até o 90. Mas os últimos já não eram o espelho dos primeiros números. E depois do número 90, até o formato foi modificado, e ela ficou parecida com uma Seleções, de pior qualidade até!
Durante alguns anos, Realidade foi companheira da Veja, dirigida pelo Mino Carta. Uma mensal, a outra semanal, eram as grandes leituras que faziamos na época.
Com o tempo passando, a Realidade morreu e a Veja passou a ser impressa com tinta de esgoto. Um dramático quadro do que a mídia impressa da Abril se transformou.
Esta é a capa do número 10, o número proibido. Coincidência ou não, o livro está sendo lançado na semana em que se comemorou o Dia Internacional da Mulher.






Ano atrasado eu me desfiz da maior parte da minha biblioteca. Os volumes da Realidade não tinham preço, não consegui comprador para eles. Doei, então, para o pai de uma amiga. Mais ou menos da minha idade, ele saberia dar o devido valor à revista.




Obra do ex-redator Mylton Severiano inclui informações inéditas do criador da revista
DA COLUNISTA DA FOLHA

O jornalista Paulo Patarra guardou por 40 anos uma caixa de papelão amarelo da Kodak, com cartas, bilhetes e fotos dos tempos em que dirigia a "Realidade", referência de jornalismo nos anos 1960.
Antes de morrer, em 2008, entregou o material a Mylton Severiano, o Myltainho. O antigo redator da revista, como Patarra sabia, estava àquela altura escrevendo um livro sobre a publicação.
Esse material, somado a um "diário de bordo" sobre os 16 primeiros números, também deixados pelo diretor, são a maior riqueza de "Realidade: A História da Revista que Virou Lenda", que Myltainho lança agora pela catarinense Insular. Especialmente pelo ineditismo.
A publicação, afinal, já foi tema de estudos a perder de vista, além de ter sido retratada por outros ex-membros da equipe, como José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão, organizadores de "Realidade Re-Vista" (Realejo, 2010).
Como todo remanescente da revista gosta de lembrar, a "Realidade" foi lançada em 1966 com um projeto singular bancado pela editora Abril -mensal, ambicionava dar conta de assuntos do momento em grandes reportagens, sem perder a atualidade.
Entravam nas edições histórias tão variadas como a cobertura fotográfica de um parto, por Claudia Andujar, ou o premiado perfil dos meninos de rua do Recife, por Roberto Freire (o terapeuta).
O fato de ninguém ali ter certeza de como seria o resultado, eles dizem, ajudou. Assim como, é claro, contar com reportagens de nomes como Luiz Fernando Mercadante e o escritor João Antônio.
No auge, a revista chegou aos 500 mil exemplares vendidos em bancas, em plena ditadura, dando um jeitinho de ser provocativa sem incomodar demais os militares.
Mas a fórmula, como anotou Patarra em 1968, a certa altura deixou de funcionar: "Os generais pediam (depois iam impor) que Realidade se autocastrasse". Pouco depois ele deixaria a revista, acompanhado por mais de dez membros da equipe.
A "Realidade" sobreviveria até 1976, com menos impacto. Myltainho, no livro, encerra sua história em 1968.
REALIDADE: A HISTÓRIA DA REVISTA QUE VIROU LENDA
AUTOR Mylton Severiano
EDITORA Insular
QUANTO R$ 49 (320 págs.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário