terça-feira, 12 de março de 2013

Mataram-me porque eu estava condenada a viver

Texto e fotos da minha amiga Katia Lima
As árvores são aquelas que ficavam na rua Carangola, no passeio do antigo Colégio de Aplicação, onde eu estudei, fiz meu curso Clássico.
Hoje a Fafich, onde fiz meu curso de História, e que fica ao lado, é a Secretaria Municipal de Educação.
Onde era o colégio será edificado o Memorial que se vê na placa na primeira fotografia.
Pena que as árvores não tenham sido anistiadas! 


A árvore ouve o barulho que faz seus galhos agitarem-se, mais que em dias de ventania: o som da moto-serra. Em dias de ventania, seus galhos ganham movimentos de forma natural. Mas ao ouvir o som ameaçador da serra, sua grandiosa copa treme e se balança de temor.
Eu vi os homens chegarem com suas serras a motor.
Perguntei:
- Por que vocês estão aqui, com todo esse arsenal que destroi o que leva anos para crescer? Sei que essas árvores ganharam altura desde a época onde, aqui, era uma unversidade que abrigava estudantes que viviam sob o temor de uma ditadura.
- Você é esquisita. Essas árvores estão condenadas.
- Mas são tres árvores que, de uma só vez, foram consideradas condenadas? Que crimes cometeram?
- (risos e risos) o muro está em risco de desabamento.
- Mas os homens já estão destruindo o muro com marretas...
- Com licença, mas temos que fazer o nosso serviço, dona.
- Entendi...as árvores estão condenadas a viver e isso não é possível...há o memorial que será construido. E ele terá um nome que contradiz com os tempos da universidade: Memorial da Anistia Política do Brasil. Sabia que até hoje esse prédio é conhecido como Fafich? Se eu digo Secretaria Municipal de Educação, ninguém sabe onde se localiza?

Hoje passo, com tristeza, ao lado das árvores serradas. Penso em escrever sobre o tronco largo que ficou: mataram-me porque eu estava condenada a viver.





3 comentários:

  1. Memorial da "HIPOCRISIA" Política do Brasil.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. A despeito de ir bastante ao Santo Antônio, só na última quinta-feira percebi que as árvores haviam sido cortadas. Essa canela mostrada na segunda foto era uma aroeira, espécie ameaçada de extinção e protegida por lei federal. Mas a bestialidade foi lá e a extirpou. Merda!!!

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