Ideologias e utopias marcam a história da humanidade por vários séculos. No final do século passado, a ruína daquela que se imaginava a grande utopia sendo realizada, deixou como legado a vitória da ideologia dominante no mundo, o capitalismo neoliberal que avançou pelo mundo todo, triturando sem dó nem piedade as populações que não se enquadravam no modelo. O lucro vale mais que as pessoas, relembrando o livro de Chomsky.
É hora de voltarmos a novas utopias. É hora de encontrarmos novos caminhos. Este artigo de Washington Araújo nos alerta sobre essa necessidade.
Mundo em transe
(publicado no site da Agência Carta Maior)
A sociedade civil precisa ter protagonismo de fato e
não mais apenas de direito. Não se trata de manter intacta a velha
dicotomia claudicante e insustentável de governantes e governados,
poderosos e ‘des-empoderados’. Na verdade, novas vozes precisam ser
ouvidas com urgência avassaladora: as vozes sofridas das massas anônimas
da humanidade. E estas vozes jamais serão ouvidas a se manter o atual
desenho da posse dos meios de comunicação. Estes meios encontram-se tão
dissociados da realidade humana que não sabem fazer nada diferente salvo
a manutenção do status quo – um mundo respirando por máquinas, saindo
de uma para outra Unidade de Tratamento Intensivo, em estado vegetativo.
Há que se desligar as máquinas e canalizar as energias na construção do
novo mundo que por tantos milênios pacientemente aguardamos surgir.
O advento de um novo ciclo no poder humano demonstrado - de forma incontestável - com o surgimento e acesso de milhões de seres humanos à rede mundial de computadores, à Web, descortinam ante as presentes gerações de seres humanos infindáveis possibilidades de trazer a lume milhões de visões de mundo, percepções da realidade bem como a construção de mundos virtuais através de redes sociais congregando objetivos, metas, anseios, aspirações, sonhos e utopias. Temos que aproveitar o momento antes que uma miríade de leis e regulamentos para se proteger os donos da informação venham engessar e criminalizar os usuários da ‘Grande Teia’.
As relações que sustentam a sociedade precisam se repensadas, revistas, reexaminadas. Estas relações são as que fazem interagir estados nacionais, dentro e entre comunidades, entre indivíduos e instituições sociais, entre os próprios indivíduos, e entre a humanidade e a natureza ao seu redor. Nada, absolutamente nada, escapa ao imperativo da época em que vivemos: a percepção da unificação da espécie humana. Somos, com efeito, cidadãos e cidadãs de um único e mesmo país – o planeta Terra.
Uma dimensão crítica do desenho e implementação das novas estruturas econômicas e institucionais é o senso de uma guardiania mundial – a ideia de que cada um de nós ingressa no mundo sob a guarda do todo e que, por sua vez, possui como legado um certo grau de responsabilidade para com o bem-estar da coletividade. O princípio da guardiania questiona a eficácia das expressões atuais de soberania. Ele desafia a base ética das lealdades que não vão além do estado nacional. Embora o multilateralismo tenha fortalecido e expandido a cooperação entre estados nacionais, ele não foi capaz de eliminar os conflitos de poder que prevalecem nas relações entre esses estados.
A miopia de sucessivas gerações, esparramando-se no leito dos milênios, não mais pode ser tolerada, seja por qual princípio for. Temos que nos ver a todos como passageiros de uma mesma História humana. E não existem cabines diferenciadas para primeira classe e para os serviçais, simplesmente porque este padrão enraizado de injustiças não mais se sustenta e está desmoronando por si mesmo. De tão podre.
Temos que nos olhar como somos – sujeitos de nossa história e aptos a escrevermos, com nossas próprias mãos, nosso próprio futuro.
Neste vácuo de autoridade moral, nesses escombros de povos vítimas de seus governantes, massas de manobras de interesses inconfessáveis na velha e cruel luta do (e pelo) poder, há que surgir novos personagens que articulem uma estrutura visionária e ambiciosa que permita o florescimento humano.
http://www.facebook.com/blogcidadaodomundo
O advento de um novo ciclo no poder humano demonstrado - de forma incontestável - com o surgimento e acesso de milhões de seres humanos à rede mundial de computadores, à Web, descortinam ante as presentes gerações de seres humanos infindáveis possibilidades de trazer a lume milhões de visões de mundo, percepções da realidade bem como a construção de mundos virtuais através de redes sociais congregando objetivos, metas, anseios, aspirações, sonhos e utopias. Temos que aproveitar o momento antes que uma miríade de leis e regulamentos para se proteger os donos da informação venham engessar e criminalizar os usuários da ‘Grande Teia’.
As relações que sustentam a sociedade precisam se repensadas, revistas, reexaminadas. Estas relações são as que fazem interagir estados nacionais, dentro e entre comunidades, entre indivíduos e instituições sociais, entre os próprios indivíduos, e entre a humanidade e a natureza ao seu redor. Nada, absolutamente nada, escapa ao imperativo da época em que vivemos: a percepção da unificação da espécie humana. Somos, com efeito, cidadãos e cidadãs de um único e mesmo país – o planeta Terra.
Uma dimensão crítica do desenho e implementação das novas estruturas econômicas e institucionais é o senso de uma guardiania mundial – a ideia de que cada um de nós ingressa no mundo sob a guarda do todo e que, por sua vez, possui como legado um certo grau de responsabilidade para com o bem-estar da coletividade. O princípio da guardiania questiona a eficácia das expressões atuais de soberania. Ele desafia a base ética das lealdades que não vão além do estado nacional. Embora o multilateralismo tenha fortalecido e expandido a cooperação entre estados nacionais, ele não foi capaz de eliminar os conflitos de poder que prevalecem nas relações entre esses estados.
A miopia de sucessivas gerações, esparramando-se no leito dos milênios, não mais pode ser tolerada, seja por qual princípio for. Temos que nos ver a todos como passageiros de uma mesma História humana. E não existem cabines diferenciadas para primeira classe e para os serviçais, simplesmente porque este padrão enraizado de injustiças não mais se sustenta e está desmoronando por si mesmo. De tão podre.
Temos que nos olhar como somos – sujeitos de nossa história e aptos a escrevermos, com nossas próprias mãos, nosso próprio futuro.
Neste vácuo de autoridade moral, nesses escombros de povos vítimas de seus governantes, massas de manobras de interesses inconfessáveis na velha e cruel luta do (e pelo) poder, há que surgir novos personagens que articulem uma estrutura visionária e ambiciosa que permita o florescimento humano.
http://www.facebook.com/blogcidadaodomundo
Washington Araújo é jornalista e escritor. Mestre em Comunicação pela UNB, tem livros sobre mídia, direitos humanos e ética publicados no Brasil, Argentina, Espanha, México. Tem o blog http://www.cidadaodomundo.org
Email - wlaraujo9@gmail.com
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