Texto escrito por José de Souza Castro: (do blog da KikaCastro)
A
prefeitura de Belo Horizonte tem pela frente um grande desafio: acabar
com o descrédito em que se encontra. Sobretudo em relação a obras, que
no ano passado serviram de pano de fundo para a campanha de reeleição de
Marcio Lacerda. A foto publicada no dia 10 deste mês
pelo jornal "Hoje em Dia", mostrando uma máquina demolindo uma
plataforma recém-construída para o embarque de passageiros no BRT da
avenida Cristiano Machado, é mais que chocante. É um exemplo do que
parece ocorrer, em geral, com as obras da prefeitura.
E
não se pode jogar a culpa, nesse caso, à greve dos funcionários
iniciada 11 dias antes, pois o fato gerador da demolição é anterior.
Quem quer que seja o culpado, a conta será deixada, certamente, para que
a população pagadora de impostos arque com o prejuízo. Não é o que
afirma o prefeito, claro. “Isso não vai sair do nosso imposto de cada
dia”, disse. Como acreditar, porém?
A
demolição se deve a um erro grosseiro de engenharia: a plataforma ficou
mais baixa do que as portas dos ônibus, algo inadmissível nesse tipo de
transporte coletivo. O custo da obra demolida foi estimado pelo jornal
em mais de R$ 1,8 milhão.
Outros
erros têm ocasionado atrasos irrecuperáveis na execução das obras do
BRT. No site da prefeitura, lê-se que Belo Horizonte foi a primeira,
entre as cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo em 2014, a
assinar com o governo federal contratos de financiamento do PAC da
Mobilidade, totalizando mais de R$ 1 bilhão para a capital mineira. A
grande maioria, acrescenta a informação oficial, “com término previsto
para antes da Copa das Confederações” – que começa dentro de um mês. As
obras do corredor da BRT na Cristiano Machado, iniciadas em setembro de
2011, deveriam ter ficado prontas há dois meses. Elas prosseguem ali e
noutros dois corredores sem tempo certo para terminar.
Tais
fatos explicam o descrédito que recai sobre programa apresentado há
duas semanas pelo prefeito aos vereadores. (Só aos membros da Mesa
Diretora, deve ter tido vergonha de uma apresentação pública, em
plenário.) Nesse documento está escrito que serão construídos, até 2016,
mais dois corredores de ônibus rápidos – os BRTs –, na área central da
cidade e na avenida Amazonas. A previsão mais ambiciosa é o término, em
2017, da Linha 3 do metrô – um trecho subterrâneo entre Savassi e
Lagoinha –, um ano depois da conclusão da Linha 2 e da modernização da
Linha 1. Pelo andar da carruagem, planos de mobilidade urbana como esses
não passam de obra de ficção, embora as obras previstas sejam
extremamente necessáriaos.
Mas
o programa do prefeito vai muito além. Chegam a 40 as metas a serem
perseguidas nos próximos três anos. Curiosamente, não consta dele a
construção do Centro Administrativo da prefeitura que Márcio Lacerda,
segundo confirmou na última terça-feira, pretende construir num terreno
próximo das Torres Gêmeas, prédios inacabados localizados no bairro
Santa Tereza. Prédios inacabados... E Lacerda querendo nos deixar mais
um!
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