sábado, 18 de maio de 2013

Velhas ideias emperram a economia

O texto abaixo, do jornalista José de Castro, nosso antigo colaborador, corrobora o post anterior, em que se fazem críticas ao terrorismo econômico praticado por certa mídia.
A matéria foi extraída do blog da Kika Castro



Texto escrito por José de Souza Castro:
Em seus artigos nos jornais, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto vem descrevendo a realidade econômica brasileira com opiniões divergentes daquelas manifestadas, em entrevistas no rádio e na televisão, por colegas economistas. Sobretudo, por profissionais conhecidos e dispostos a criticar na TV Globo, na CBN e na Globo News, linhas de frente da direita brasileira, o Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda e todos os demais responsáveis pela política econômica do governo Dilma Rousseff.
Isso tem acontecido com mais garra desde que o governo começou a enfrentar o problema dos juros altos, numa tentativa de reativar a economia, mas se ampliou neste ano com a alta da inflação. Divergências em assuntos econômicos são naturais, pois a economia não é uma ciência exata. O questionável é quando se usa um dos lados da divergência para martelar opiniões, o dia todo, no noticiário e nos comentários econômicos, para fazer oposição. Fazer aquilo que Janio de Freitas chama de “terrorismos e eleitorismos”.
O respeitável jornalista sugeriu na última quinta-feira, na “Folha de S. Paulo”, a leitura de um artigo do economista Bráulio Borges, publicado dois dias antes no mesmo jornal. Nele, o economista-chefe da LCA Consultores afirma que ocorre um debate mundial que começa a reavaliar velhas ideias. (E que, é a minha opinião, vem sendo ignorado por aqueles economistas, por ignorância mesmo ou por má-fé.)
Essas “velhas ideias” são as mesmas que fundamentam as críticas à política econômica do governo brasileiro, por ele estar se despregando, a duras penas, da política macroeconômica estabelecida no Brasil na década de 1990. Até a crise financeira mundial de 2008, diz Bráulio Borges, os seguidores dessa política – que nasceu do chamado Consenso de Washington, no final da década de 1980 – acreditavam que manter a inflação baixa e estável, com o emprego de taxas de juros, era condição necessária e suficiente para alcançar a estabilidade macroeconômica no seu sentido mais amplo. No entanto, verifica-se hoje, segundo Borges, que “há cada vez mais consenso de que os Bancos Centrais não devem perseguir apenas uma meta (inflação), mas também se preocupar explicitamente com a atividade econômica e com a estabilidade financeira”.
É o que vem tentando fazer o Banco Central do Brasil, ao lançar mão de outros instrumentos – e não apenas elevar a taxa básica de juros. Sem abandonar o sistema de metas de inflação, estão sendo levadas em consideração outras metas. O novo consenso implica em mudanças na política cambial e adoção seletiva de alguns tipos de controles de capitais.
Conforme Bráulio Borges, muitos defensores das ideias antigas, como John Williamson, tido como um dos pais do Consenso de Washington, vêm mudando suas cabeças, ao menos parcialmente. O autor cita John Maynard Keynes, criador da macroeconomia: "A verdadeira dificuldade não está em aceitar novas ideias, mas escapar das antigas".
Cabe a nós, que não somos economistas, escapar dessas ideias que nos querem impingir. Não devemos deixar que os serviçais do grande capital façam a nossa cabeça, porque dificilmente o melhor para eles é o melhor para nós.
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Não assinantes da “Folha de S. Paulo” podem ler AQUI o artigo de Janio de Freitas e AQUI o de Bráulio Borges.


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