O texto abaixo, do jornalista José de Castro, nosso antigo colaborador, corrobora o post anterior, em que se fazem críticas ao terrorismo econômico praticado por certa mídia.
A matéria foi extraída do blog da Kika Castro
Texto escrito por José de Souza Castro:
Em
seus artigos nos jornais, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto vem
descrevendo a realidade econômica brasileira com opiniões divergentes
daquelas manifestadas, em entrevistas no rádio e na televisão, por
colegas economistas. Sobretudo, por profissionais conhecidos e dispostos
a criticar na TV Globo, na CBN e na Globo News, linhas de frente da
direita brasileira, o Banco Central do Brasil, o Ministério da Fazenda e
todos os demais responsáveis pela política econômica do governo Dilma
Rousseff.
Isso
tem acontecido com mais garra desde que o governo começou a enfrentar o
problema dos juros altos, numa tentativa de reativar a economia, mas se
ampliou neste ano com a alta da inflação. Divergências em assuntos
econômicos são naturais, pois a economia não é uma ciência exata. O
questionável é quando se usa um dos lados da divergência para martelar
opiniões, o dia todo, no noticiário e nos comentários econômicos, para
fazer oposição. Fazer aquilo que Janio de Freitas chama de “terrorismos e
eleitorismos”.
O
respeitável jornalista sugeriu na última quinta-feira, na “Folha de S.
Paulo”, a leitura de um artigo do economista Bráulio Borges, publicado
dois dias antes no mesmo jornal. Nele, o economista-chefe da LCA
Consultores afirma que ocorre um debate mundial que começa a reavaliar
velhas ideias. (E que, é a minha opinião, vem sendo ignorado por aqueles
economistas, por ignorância mesmo ou por má-fé.)
Essas
“velhas ideias” são as mesmas que fundamentam as críticas à política
econômica do governo brasileiro, por ele estar se despregando, a duras
penas, da política macroeconômica estabelecida no Brasil na década de
1990. Até a crise financeira mundial de 2008, diz Bráulio Borges, os
seguidores dessa política – que nasceu do chamado Consenso de
Washington, no final da década de 1980 – acreditavam que manter a
inflação baixa e estável, com o emprego de taxas de juros, era condição
necessária e suficiente para alcançar a estabilidade macroeconômica no
seu sentido mais amplo. No entanto, verifica-se hoje, segundo Borges,
que “há cada vez mais consenso de que os Bancos Centrais não devem
perseguir apenas uma meta (inflação), mas também se preocupar
explicitamente com a atividade econômica e com a estabilidade
financeira”.
É
o que vem tentando fazer o Banco Central do Brasil, ao lançar mão de
outros instrumentos – e não apenas elevar a taxa básica de juros. Sem
abandonar o sistema de metas de inflação, estão sendo levadas em
consideração outras metas. O novo consenso implica em mudanças na
política cambial e adoção seletiva de alguns tipos de controles de
capitais.
Conforme
Bráulio Borges, muitos defensores das ideias antigas, como John
Williamson, tido como um dos pais do Consenso de Washington, vêm mudando
suas cabeças, ao menos parcialmente. O autor cita John Maynard Keynes,
criador da macroeconomia: "A verdadeira dificuldade não está em aceitar
novas ideias, mas escapar das antigas".
Cabe
a nós, que não somos economistas, escapar dessas ideias que nos querem
impingir. Não devemos deixar que os serviçais do grande capital façam a
nossa cabeça, porque dificilmente o melhor para eles é o melhor para
nós.
***
Não assinantes da “Folha de S. Paulo” podem ler AQUI o artigo de Janio de Freitas e AQUI o de Bráulio Borges.
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