Muito interessante este comentário do site da Agência Carta Maior:
CRISE, ESTADOS FALIDOS, SONEGAÇÃO GLOBAL E ARROCHO; UM ENRÊDO DE GARCIA MÁRQUEZ
"A
Starbucks não paga impostos sobre seus rendimentos porque, segundo
dizem, "não tem lucros contábeis".E não tem porque suas empresas locais,
de propriedade e administração de Starbucks, pagam a uma empresa de
Starbucks fora do país uma quantidade sideral pelo direito de usar o
nome Starbucks. Ou seja, Starbucks paga a Starbucks pelo uso do nome
Starbucks. E na legislação tributária neoliberal, isso é perfeitamente
legal. É realismo mágico contábil. A meu juízo, Gabriel Garcia Márquez
deveria ter sido consultor de empresas de contabilidade". O desabafo é
do economista Gabriel Palma, da Universidade de Cambridge, um
dos entrevistados pelo correspondente de Carta Maior, em Londres,
Marcelo Justo, na reportagem de leitura obrigatória por quem deseja
entender as raízes de uma crise que há cinco anos imobiliza Estados e
penaliza nações.
As 100 empresas mais importantes do Reino Unido, por
exemplo, tem mais de 8 mil subsidiárias em paraísos fiscais, informa
Marcelo Justo. A Inglaterra não é exceção. A desregulação das últimas
décadas submeteu os Estados a um duplo torniquete fiscal.
De um lado,
corroeu a carga tributária deliberadamente,extinguindo impostos e
mimando endinheirados com baixas alíquotas e isenções .Tudo em nome das
reformas amigáveis aos mercados. De outra parte, o livre trânsito dos
capitais favoreceu a evasão e a sonegação em triangulações contábeis
lubrificadas pelo predomínio do comércio intra e inter-companhias e
de suas respectivas conexões com paraísos fiscais.
O conjunto empurrou a
política fiscal dos governos à servidão do endividamento público, que
por sua vez reduziu Estados nacionais a um anexo dos interesses
rentistas. O colapso de 2008 encontrou governos alijados de ferramentas
para reagir e corporações solidamente apetrechadas para defender seus
privilégios. Alguma surpresa que a Europa patine na mais longa recessão
de sua história?
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