Texto escrito por José de Souza Castro:
“Numa democracia séria, a cúpula do PMDB, incluindo Temer, Eduardo
Cunha, Sarney, Romero Jucá, junto com Aécio Neves e outros personagens
sombrios do conglomerado que se articula em torno do PSDB estariam
presos e julgados por conspiração contra o Estado e contra a democracia.
Até mesmo juízes do STF e o Procurador Geral da República estariam
sendo investigados e sob o risco de prisão por conspiração.”
A afirmação é de Aldo Fornazieri, num artigo em que comenta gravações
de Sérgio Machado, ex-senador pelo PSDB e que presidiu a Transpetro
(Petrobras Transporte S.A.), subsidiária de nossa principal estatal.
Para Fornazieri, doutor em Ciência Política e diretor acadêmico da
Fundação Escola de Sociologia e Política desde 2006, as gravações “de
Sérgio Machado não deixam dúvidas de que houve uma ampla e criminosa
conspiração contra o Estado e contra a ordem democrática.”
Na perspectiva do autor do livro “Introdução ao Risco Político”, da
Editora Campus, os políticos citados no início do artigo, “se não forem
derrubados e presos nos próximos meses em consequência da luta política e
da desobediência civil em curso terão que ser presos e julgados num
futuro governo democrático”.
Para Fornazieri, nenhuma anistia futura, como a que beneficiou os que
cometeram crimes no regime militar, deverá livrar os golpistas de hoje
de condenações amanhã, quando a normalidade democrática e constitucional
for restabelecida. Acrescenta:
“O ativismo político e social progressista e os intelectuais
honestamente comprometidos com o Estado de Direito devem defender
abertamente e cobrar das autoridades a necessidade de deter e julgar os
golpistas. É até mesmo conveniente que se instaure um tribunal popular,
dado o possível comprometimento do STF com o golpe, para que os
conspiradores sejam julgados num ato de julgamento cívico e político.”
Recomendo aos que leram essa parte que continuem lendo o artigo AQUI.
Na minha opinião, o autor acerta quando atribui ao PSDB papel
importante no golpe, que nasceu do protagonismo de Aécio Neves no
movimento iniciado logo depois de conhecido 31o resultado das eleições
de 2014 e que foi queimando etapas até chegar ao afastamento de Dilma
Rousseff e à posse provisória, com ares de definitiva, do
vice-presidente Michel Temer.
O que não foi previsto pelos golpistas é a rápida e irremediável
caracterização do golpe como golpe, tanto no Brasil como no Exterior. O
respaldo do Supremo Tribunal Federal não é capaz de dar legitimidade à
deposição da presidente eleita, pois o próprio Supremo se desmoralizou
com o protagonismo do ministro Gilmar Mendes e de outros ministros que
se omitiram ou foram partícipes do golpe contra a democracia.
A imprensa blindou, até onde possível, os tucanos envolvidos em
corrupção e que agiam para impedir o avanço da Lava Jato sobre suas
carcaças. Até fora da jurisdição da Lava Jato – do juiz Sérgio Moro, do
relator no STF, ministro Teori Zavascki, e do Procurador Geral da
República, Rodrigo Janot – tucanos começam a ser presos.
É o caso da prisão, nesta segunda-feira, do ex-deputado federal
tucano Nárcio Rodrigues, que foi presidente do PSDB mineiro de 2004 a
2007, quando Aécio Neves governava o Estado, e de 2009 a 2011. Foi
também secretário de Ciência e Tecnologia no governo Antonio Anastasia, o
nobre relator do processo de impeachment no Senado.
A prisão de Nárcio – pai do deputado federal Caio Nárcio, do PSDB
mineiro – se deu durante a operação Aequalis, deflagrada pelo Ministério
Público de Minas Gerais, que, nos oito anos do governo Aécio Neves e
nos quatro de Anastasia, fazia cara de paisagem quando o assunto eram
crimes atribuídos a membros do PSDB mineiro.
Não se diga que é surpreendente essa mudança de comportamento do
Ministério Público Estadual, pois no momento o governador chama-se
Fernando Pimentel, do PT, que foi indiciado pela Polícia Federal em abril, na Operação Acrônimo.
Não me estenderei sobre a operação Aequalis. Os portais de “O Tempo” e da “Folha de S.Paulo” informaram suficientemente a respeito, na própria segunda-feira. No portal O Tempo,
é imperdível o vídeo em que Caio Nárcio votou pelo afastamento de Dilma
citando a honestidade do pai: “Por um Brasil aonde meu pai e meu avô
diziam que decência e honestidade não eram possibilidade, eram
obrigação.”
Coisas assim me fazem pensar que Aldo Fornazieri não peca por excesso de
otimismo quando prevê que, um dia, quando se restabelecer a democracia
no Brasil, os golpistas vão pagar por seus crimes.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2016/05/31/conspiradores-poderao-escapar-agora-mas-nao-quando-democracia-voltar/#more-12638)
golpe é golpe! Não tem outro nome para o que está acontecendo. Infelizmente é muito otimismo de quem pensa que os golpistas serão punidos E qdo os políticos brasileiros levaram o Brasil a sério???
ResponderExcluirEu tenho uma dúvida, quando o PT pediu o Impeachment de Collor e FHC também era golpe? Afinal ambos foram legitimamente eleitos, num processo democrático. Se aqueles impeachement tivessem acontecido, teria havido uma "quebra" democracia ou quando é o PT quem pede não interfere?
ResponderExcluir