Robert Kuttner, Huffington Post
Como pode ser que Donald Trump esteja no
limite de superar Hillary Clinton? Mesmo com todas as maneiras em que
Trump demonstrou sua total inadequação para liderar os Estados Unidos,
quase metade dos eleitores norte-americanos parece disposta a dar uma
colher de chá para ele o suficiente para elegê-lo.
Um
fator é que as elites políticas subestimaram o desafeto profundo da
classe média e trabalhadora. Os brancos da classe trabalhadora podem
estar melhor de vida em comparação com a maioria dos negros, latinos e
imigrantes, mas eles não vêem desse modo, e não sem razão.
Por
décadas, duas tendências estiveram convergindo: o aumento da
insegurança econômica e a queda do ganho entre homens brancos, e as
tardias, inteiramente legítimas reclamações de grupos isolados.
O
Partido Democrata abraçou essas demandas – das mulheres, negros, gays,
lésbicas e transsexuais, imigrantes e refugiados. Isso é um crédito aos
Democratas.
Essa eleição seria uma história
totalmente diferente se também defendessem as pessoas da classe
trabalhadora contra as elites econômicas, mas ele fizeram isso de
maneira hesitante. Ao contrário, para a maioria da classe trabalhadora
branca, os Democratas parecem estar nos bolsos dos banqueiros igual aos
Republicanos.
Há um grupo para
o qual as reclamações deveriam ser direcionadas - magnatas corporativos
e outros membros do Um Porcento. Mas a coalizão de todo mundo contra
contra o um porcento não se realizou. Política identitária está em
contradição com política de classe. Trump, enquanto isso, faz um bom
trabalho em fingir indignação em nome do norte-americano comum, mesmo
com seu próprio histórico de ferrar com quem puder.
A
mais jovem de todas as raças enfrenta futuros desoladores, e não estão
ansiosos co nenhum candidato. Normalmente, o voto iria para o Democrata.
O que aconteceu fortemente para Bernie Sanders e Barack Obama. Mas eles
representavam mudança.
O que
nos leva a um segundo fator na ascensão de Trump, chamada Hillary
Clinton. Ela é bem liberal na maioria das questões sociais. Mas é
difícil vendê-la como uma candidata da mudança.
Os
eleitores estão em um clima populista e em um clima de se virar a um
forasteiro. Isso ajuda a explicar tanto a atração de Trump quanto a
'quase vitória' de Bernie Sanders.
Mas
vamos encarar – entre os Democratas, seria difícil pensar em um
candidato que seja menos populista e mais informante do que Clinton. Até
o fato de ela ser uma mulher não causou a ansiedade que se esperaria
desse tipo de avanço. As taxas para oradores da Goldman Sachs e as ainda
secretas transcrições desses discursos, são coisas bem mansas
comparadas às mentiras e furtos de Trump, mas em um nível simbólico, em
uma campanha, acabam se equivalendo.
Em
um ano comum, contra um oponente comum, o histórico de Clinton de
experiência excepcional seria algo a mais. Esse ano, é um sinal de que é
uma informante.
Barack Obama
foi capaz de conquistar uma vitória surpreendente, como um jovem quase
desconhecido senador e como um afro-americano, precisamente por não ser
um infiltrado. Ele gerou grande entusiasmo entre os jovens que Clinton
tem sido incapaz de incitar.
Então
a eleição vai se resumir em três fatores: se os Democratas podem
motivar sua base para ir votar – se não pelo entusiasmo então por
tarefa, dado os atos riscos; como os dois candidatos se sairão nos
debates; e o papel da sorte.
Barack
e Michelle Obama irão trabalhar cada vez mais para conseguir o voto
Democrata. Isso é um plus, mas também tem um risco. Com seu carisma,
eles podem ofuscar o candidato.
Os
debates irão se resumir em alguns pontos. O hábito do Trump de dominar o
palco virá como especialidade ou bullying? A longa experiência de
Hillary nos debates virá como evidência de sua expertise superior, ou
irá fazer com que ela pareça fechada?
Trump
irá, fora do roteiro, realizar um de seus equívocos padrões ? –
inventar fatos e ser pego, depreciar algum grupo – e o eleitorado ao
menos prestará atenção?
Se eu
tivesse que apostar, apostaria que os debates serão um plus para Clinton
contra o impetuoso Trump. Mas as habilidades de Trump como
exibicionista têm sido constantemente subestimadas.
É difícil aprimorar a prévia dos debates de James Fallow, que você deveria ler.
As
semanas finais, que Deus nos ajude, irão se resumir à pura sorte.
Haverá mais um episódio terrorista, outra estagnada na saúde de Clinton,
revelações por email ou da Fundação Clinton? Trump, o impulsivo falhará
em se manter no roteiro? E os eleitores irão, ao menos, enxergar o quão
ameaçadora seria uma presidência Trump?
Um
amigo sugeriu uma festa na noite da eleição, em Montreal. Muitos
canadenses já brincaram que se Trump ganhar, irão erguer um muro – e
fazer com que os norte-americanos paguem por ele.
Isso não é engraçado.
(fonte: http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Internacional/Dificil-de-acreditar-mas-Trump-pode-ganhar/6/36872)
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