Diretor da Federação Única dos Petroleiros denuncia: no Pré-Sal,
empresa está entregando campos de petróleo a preço trinta vezes inferior
aos de mercado
Por Eduardo Maretti, na RBA
A nota divulgada pela Petrobras na sexta-feira (31), na qual anunciou
desinvestimentos e a nova rodada de venda de ativos da companhia em
duas semanas, significa “destruição completa” da empresa, nas palavras
do diretor de Relações Internacionais e de Movimentos Sociais da
Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes. Segundo o
comunicado da estatal, a medida é parte do processo de “capitalização e
saneamento” e envolve desinvestimentos que totalizam US$ 21 bilhões.
Para se ter uma ideia da dimensão do “pacote”, a chamada “meta de
desinvestimentos”, para o biênio 2017-2018, segundo a própria Petrobras,
comandada pelo tucano Pedro Parente, prevê a venda da cessão dos
direitos de concessão em águas rasas nos estados de Sergipe e Ceará; a
alienação de parte da participação acionária da BR Distribuidora; dos
direitos de concessão nos campos de Baraúna e Tartaruga Verde, em
Sergipe; e a venda da participação no Campo de Saint Malo, no Golfo do
México.
“Eles estão doando tudo. Estão doando ativos na ordem de até 30 para
um, em termos de valor”, diz Moraes. “A proporção é dessa ordem. O que
fizeram com o campo de Iara, por exemplo. Tem o equivalente a dois anos
de toda a produção brasileira e entregaram por dois bilhões de dólares,
sendo que vale mais de 30 bilhões. O petróleo está a 60 dólares o
barril, e estão entregando a 1,50.”
Em negociações fechadas no carnaval, a Petrobras vendeu os direitos de 22,5%, para a empresa francesa Total referentes
ao campo de Iara, na Bacia de Santos, que inclui campos de Sururu,
Berbigão e Oeste de Atapu. As reservas de Iara podem chegar a 4
bilhões de barris de petróleo e gás natural.
Segundo o dirigente da FUP, apesar das denúncias no Ministério Público e tentativas judiciais
diante da magnitude e rapidez da operação de entrega de ativos da
estatal brasileira, não há nada a fazer, a não ser a mobilização.
“Conscientizar o povo a ir às ruas, fazer greve geral. Só a rua para
resolver.”
Conteúdo local
Durante a tarde de hoje, Moraes e outros dirigentes estão em
Brasília, para reuniões com os presidentes do Senado, Eunício Oliveira
(PMDB-CE), e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para
discutir as novas regras de conteúdo local previstas para vigorar em
setembro, na 14ª rodada de licitações de blocos para exploração de
petróleo e gás natural, e novembro, em nova rodada de leilões de blocos
no pré-sal.
Em fevereiro, o governo anunciou mudanças na exigência de conteúdo
local para contratações de equipamentos pela indústria de petróleo.
“O ataque ao conteúdo local parte principalmente dos interesses das
grandes petroleiras mundiais, que querem vir ao Brasil trazer sua cadeia
de fornecedores junto e exportar o emprego brasileiro para eles”, disse à RBA o deputado Davidson Magalhães (PCdoB-BA), organizador de comissão geral realizada na semana passada para debater o assunto na Câmara.
O deputado federal Henrique Fontana (PT-RS) lançou ontem a Frente
Parlamentar em Defesa da Indústria Naval Brasileira. Segundo ele, a
iniciativa tem o objetivo de acompanhar as demandas do setor, “exigir do
governo Temer medidas que recuperem os polos navais e lutar pela
manutenção e proteção dos empregos, investimentos e a política de
conteúdo local”, segundo postagem no Facebook.
(fonte: http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=447880)
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