Durante os 15 anos que dirigiu o Memorial JK em Brasília, desde sua construção até 1995, o coronel Affonso Heliodoro ouviu de muitos dos mais de 400 visitantes por dia uma pergunta que não soube responder em seu livro “JK Exemplo e Desafio”, publicado há 11 anos. Amigo e auxiliar do ex-presidente, o autor afirma que não há resposta à grande questão: JK morreu num acidente de trânsito ou foi assassinado?
O ex-presidente foi assassinado. É o que garantem os autores do livro “O assassinato de JK pela ditadura” (804 páginas, em dois volumes, R$ 200,00), lançado em agosto passado na Faculdade de Direito da USP, na data em que se completavam os 40 anos do assassinato. Em entrevista a Paulo Henrique Amorim, divulgada nesta segunda-feira, 7 de novembro, com o título “(Quase) todos os assassinos de JK”, um dos coordenadores das pesquisas que resultaram no livro, Alessandro Octaviani, cita Affonso Heliodoro como uma de suas fontes.
Aos 100 anos de idade, desinteressado de quase tudo, segundo o filho Affonsinho – o compositor e cantor casado com uma de minhas filhas, Viviane –, o velho coronel da PM mineira que auxiliou o conterrâneo JK desde que ele era prefeito de Belo Horizonte talvez se interesse em saber, finalmente, a resposta à pergunta que todos queríamos ouvir.
“Não temos resposta”, escreveu Affonso Heliodoro em 2005, em seu livro. “Ninguém a tem. Em sã consciência, pessoa alguma pode hoje afirmar ou negar. São tantas as evidências e as não-evidências!…”, lamentou.
A Comissão Nacional da Verdade não se interessou em esclarecer tais evidências. “Não tinha agenda para isso”, ouviu Alessandro Octaviani, quando a procurou. Ele não desanimou. Com os colegas Lea Vidigal Medeiros e Marco Aurélio Braga, coordenou o Grupo de Trabalho, envolvendo cerca de 30 pesquisadores da USP e do Mackenzie, com um propósito bem definido: levantar a nuvem de obscurantismo que “bloqueou a verdade sobre a morte de JK, negando aos brasileiros seu direito à verdade e à memória nacional, que devem ser os fundamentos de nossa República, ainda por construir”, como se lê no resumo publicado pela editora. E conclui:
“O objetivo da ditadura militar sempre foi
o de que o Brasil não soubesse de seus crimes ou de que deles não se
falasse mais. (…) A vida e a morte de JK integram o patrimônio da Nação e
pertencem a cada um de nós, cidadãos. Não pertence aos militares que o
perseguiram, não pertence aos políticos e burocratas que se arvoraram em
monopolistas das versões enviesadas, não pertence sequer a seus
auxiliares fiéis ou queridos familiares. Pertence ao Brasil, seu povo. O
povo amado por Juscelino, como qual sua identificação foi plena,
integral. Ao qual deu esperança sem igual e no qual se reconfortou.”
Os autores planejam a continuidade do Grupo de Trabalho Juscelino Kubitschek (GT-JK), para que não restem dúvidas sobre o que levou a ditadura militar, em conluio, possivelmente, com a Operação Condor, a assassinar JK e todos os principais líderes dos que faziam oposição, na década de 1970, aos regimes ditatoriais na América do Sul.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2016/11/08/jk-assassinado-ditadura/#more-13216)
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