por Fernando Brito
A história e a biografia de Fidel Castro você lerá hoje e por muitos anos.
Pretensioso procurar resumir aqui 70 anos de lutas políticas e quase
60 em que foi um dos nomes mais amados e mais temidos do mundo.
Fico nas modéstia das chinelas de um sujeito que veio ao mundo nos
dias em que ele se preparava pera entrar em Havana, na virada do agora
distante 1958 para 1959.
Tinha a barba e a idade de um Cristo, mas era ele quem triunfava sobre Roma, numa pequena ilha.
Quando eu crescia, seu nome era maldito.
Maldito e suspeito até usar barba, como a dele, embora barbas fartas
nos venham desde Tiradentes, D. Pedro II e Machado de Assis.
Era preciso banir até a imagem do homem que empolgara os jovens do
mundo inteiro, com sua impossível vitória na Revolução, à frente de uns
guris, barbados também.
Mas nunca o conseguiram, porque o milagre que ele operava,
sobrevivendo e transformando uma ilha, que era antes apenas bordel e
cassino dos EUA, num milagre de educação e saúde para todos, se
sobrepunha às narrativas do paredón e da “tirania castrista”.
Não fazia sentido que aquela pequena nação triunfasse tanto nos
esportes, com seus negros sadios e luzidios ganhando as medalhas que a
nós só raramente cabiam.
Não fazia sentido que as crianças não morressem no berço ou perambulassem pelas ruas, como aqui.
Menos ainda era compreensível que o país arrasado e falido pudesse
mandar à África as divisões que impediam que o moderníssimo exército da
África do Sul invadisse Angola.
Sobretudo, não tinha a menor lógica que, a escassas 90 milhas da
Flórida, um microscópico país confrontasse os próprios Estados Unidos.
Quando a União Soviética, de quem se dizia que Cuba era assim por ser
seu simples satélite, desmilinguiu-se e desmoronou, o fim de Fidel era
questão de dias.
Cortada a ponte que restava ao feroz embargo americano, como aqueles desgraçados sobreviveriam?
Não é preciso dizer o que aconteceu: com escassez, racionamento,
êxodos, resistiram e não fizeram “o dever de casa” da recolonização.
E o que resta dizer aos tolos que ainda preferem o preconceito aos olhos, o ódio ao diálogo, a morte à vida?
Que o comunismo cubano continua a tentar nos invadir, com seus
médicos e estetoscópios que vão aonde parte dos médicos brasileiros não
quer ir?
Na morte, o que fica não são seus erros, nem seus heroísmos. Fica a
resistência, a sobrevivência teimosa, que centenas de atentados,
complôs, conspirações puseram abaixo, não conseguiram fazer algo que o
próprio tempo gastou 90 anos para conseguir.
Fidel parte deixando aos filhos o que se deve aos filhos deixar: saúde, educação e princípios.
Nada pode descrever melhor a ligação entre um homem e seu sonho que seu próprio nome: Fidel, fiel.
(fonte: http://www.tijolaco.com.br/blog/fidel-o-nome-que-ligava-um-homem-e-um-sonho/)
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