domingo, 10 de dezembro de 2017

Empregados repudiam presença do juiz Sérgio Moro em evento na sede da Petrobras


Texto escrito por José de Souza Castro:

A Petrobrás realiza nesta sexta-feira, em sua sede, palestra do juiz Sérgio Moro, em virtude do Dia Internacional de Combate à Corrupção. Na véspera, um manifesto dos petroleiros, com uma centena de assinaturas, foi divulgado em repúdio ao convite feito ao juiz da Lava Jato e visando evidenciar que ele não conta com aprovação plena de toda a Petrobrás.
Também nesta quinta-feira foi divulgado amplamente pela imprensa que a Petrobrás recebeu R$ 716 milhões em razão do trabalho da Lava-Jato. Para quem ganha pouco, parece um dinheirão. Não para os que assinam o manifesto, seja lá quanto recebem de salário na Petrobrás.
“Com a justificativa de recuperar o dinheiro roubado dos cofres públicos e punir poderosos, a operação avança gerando um rastro de destruição econômica que não é compensada por seus supostos benefícios”, argumenta o documento que, eu suspeito, será amplamente ignorado pela imprensa.
As cinco famílias que praticamente controlam a imprensa no Brasil não gostam de coisas como estas ditas pelos empregados da Petrobrás:
“Esta ‘parceria’ entre judiciário e mídia criou uma narrativa que vem justificando a destruição do país, da própria Petrobrás, e entrega as nossas riquezas ao capital estrangeiro. Não estamos afirmando que a Operação Lava-Jato é a única responsável por todos os males que atualmente recaem sobre o Brasil, mas é o principal fator que viabilizou a ascensão ao poder central da quadrilha de Michel Temer, trazendo consigo inúmeros retrocessos ou acelerando aqueles iniciados pelo PT.”
O manifesto lança dúvida também sobre o valor monetário recuperado para a Petrobrás pela Operação Lava-Jato. É controverso, diz: “Reportam-se as cifras de 1 bilhão, 4 bilhões e até 10 bilhões, as quais seriam provenientes de pagamento de multas, acordos de leniência, delações premiadas e bens bloqueados”.
Lembra estudo feito em 2015 que estimou impacto de R$ 140 bilhões no PIB brasileiro, representando uma perda de cerca de 2,5%, como um “custo” da Lava Jato. “Para se ter ideia, em 2014, quando esta Operação teve início, o PIB era de US$ 2,456 trilhões, terminando 2016 em US$ 1,796 trilhões por vários fatores, inclusive pela paralisia trazida pelo pretenso combate a corrupção. Logo, as perdas foram muito mais significativas que os ganhos, gerando um processo de desindustrialização no país com retorno a uma economia voltada ao setor primário”, afirmam os signatários do manifesto.
Citam também estudo do Dieese, segundo o qual a estimativa de perda, em razão da Lava Jato, foi de mais de um milhão de empregos, fragilizando a Petrobrás e as empresas da cadeia produtiva do óleo e gás, num momento de sérias dificuldades para essa indústria no mundo.
Além disso, prossegue o manifesto, “a fragilização das empresas de construção pesada e o ajuste fiscal reduziram o volume e o ritmo de investimentos públicos em infraestrutura; só as obras paralisadas somam R$90 bilhões que foram jogados fora. Portanto, o valor de R$ 38,1 bilhões que a Força-Tarefa espera recuperar no total não chega nem perto do prejuízo causado à indústria, à economia brasileira e à elevação da taxa de desemprego”.
Quem se interessou pode ler a íntegra do manifesto aqui, incluindo os nomes dos subordinados de Pedro Parente que tiveram a ousadia de contestar o poderoso chefão, sobre o qual já tive o desprazer de escrever algumas vezes neste blog.
Já escrevi tanto sobre a Petrobrás que pareço militante da campanha “O Petróleo é nosso”, aquela do governo Vargas. Na época, eu tinha uns 7 anos, vivia na roça e me preocupava em aprender a matar passarinhos com o estilingue. Matar passarinho tornou-se politicamente incorreto. Ir matando aos poucos nossa maior empresa estatal e dando, aos jorros, nosso pré-sal aos gringos, não.
(fonte: https://kikacastro.com.br/2017/12/08/empregados-repudiam-presenca-do-juiz-sergio-moro-em-evento-na-sede-da-petrobras/#more-14783)

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