sábado, 27 de janeiro de 2018

Os 12 bilionários que poderiam ter salvado o Brasil sete vezes

(por Cristina Castro)

Em tempos de julgamento — com cartas marcadas — de Lula, algumas outras notícias importantes acabam passando batido por nós. Afinal, é nesta quarta-feira que começará a ser desenhado o resultado das eleições presidenciais deste ano, as primeiras depois que uma presidente eleita foi derrubada sem justificativa legal para tanto. As primeiras depois do golpe parlamentar que varreu Dilma do poder.

Como eu disse, acho que este julgamento está com as cartas marcadas, então me sinto desanimada para escrever a respeito. Amanhã, quem sabe, comento o resultado óbvio.
Mas retomando minha linha de raciocínio da primeira frase deste post, algumas notícias importantes, que não deveriam passar batido, acabaram não recebendo o destaque e repercussão necessários. É o caso desta: “Aumento de bilionários em 2017 poderia acabar com a extrema pobreza por 7 vezes“.
São tantos números absurdos, a desigualdade de renda está tão desigual, especialmente no Brasil, que a gente fica meio sem palavras. Recomendo a leitura na íntegra desta matéria da Agência Brasil e também da versão da Folha, mas abaixo destaco meus trechos surrealistas favoritos:
  • De toda a riqueza gerada no mundo em 2017, 82% ficaram concentrados nas mãos dos que estão na faixa de 1% mais rica, enquanto a metade mais pobre – o equivalente a 3,7 bilhões de pessoas – não ficou com nada.
  • Houve um aumento histórico no número de bilionários no ano passado: um a mais a cada dois dias. Esse aumento seria suficiente para acabar sete vezes com a pobreza extrema no planeta.
  • Atualmente há 2.043 bilionários no mundo. A concentração de riqueza também reflete a disparidade de gênero, pois a cada dez bilionários nove são homens.
  • O Brasil ganhou 12 bilionários a mais no período, passando de 31 para 43.
  • O patrimônio dos bilionários brasileiros alcançou R$ 549 bilhões no ano passado, um crescimento de 13% em relação a 2016. Por outro lado, os 50% mais pobres tiveram a sua fatia na renda nacional reduzida de 2,7% para 2%.
  • Um brasileiro que ganha um salário mínimo precisaria trabalhar 19 anos para ganhar o mesmo que recebe em um mês uma pessoa enquadrada entre o 0,1% mais rico.
  • No Brasil, as alíquotas de imposto sobre herança chegam no máximo a 8%, quando no Reino Unido, por exemplo, podem atingir 40%.
  • Os 10% mais pobres do país gastam 32% de sua renda em tributos, a maior parte deles indiretos (sobre bens e serviços), e os 10% mais ricos gastam 21%.
  • Cinco bilionários brasileiros concentram o equivalente à metade da população do país.
  • De novo: “O país ganhou 12 novos bilionários em 2017. Hoje, eles somam 43 ultrarricos. Cinco deles têm riqueza igual à da metade da população brasileira. O país foi apontado por diversos estudos como um dos mais desiguais do mundo.”
Ah sim, quer saber quem são esses bilionários brasileiros? Aí está a lista da Forbes de 2017:
1. Jorge Paulo Lemann – US$ 29,2 bilhões (AB/Inbev)
2. Joseph Safra – US$ 20,5 bilhões (Banco Safra)
3. Marcel Telles – US$ 14,8 bilhões (AB/Inbev)
4. Carlos Alberto Sicupira – US$ 12,5 bilhões (AB/Inbev)
5. Eduardo Saverin – US$ 7,9 bilhões (Facebook)
6. Ermirio Pereira de Moraes – US$ 3,9 bilhões (Votorantim)
7. Maria Helena Moraes Scripilliti – US$ 3,9 bilhões (Votorantim)
8. José Roberto Marinho – US$ 3,8 bilhões (Grupo Globo)
9. Roberto Irineu Marinho – US$ 3,8 bilhões (Grupo Globo)
10. João Roberto Marinho – US$ 3,7 bilhões (Grupo Globo)
11. Abilio Diniz – US$ 3,3 bilhões (BRF/Carrefour)
12. Walter Faria – US$ 3,3 bilhões (Grupo Petrópolis)
13. Jorge Moll Filho – US$ 3,2 bilhões (Rede D’Or)
14. Fernando Roberto Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)
15. João Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)
16. Pedro Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões (Itaú Unibanco)
17. Walther Moreira Salles – US$ 3,2 bilhões(Itaú Unibanco)
18. Rossana Camargo de Arruda Botelho – US$ 3,1 bilhão (Camargo Corrêa)
19. Renata de Camargo Nascimento – US$ 1,9 bilhão (Camargo Corrêa)
20. Regina de Camargo Pires Oliveira Dias – US$ 3,1 bilhão (Camargo Corrêa)
21. Aloysio de Andrade Faria – US$ 2,4 bilhões bilhão (Banco Alfa)
22. José Luís Cutrale – US$ 2,2 bilhões (Cutrale)
23. Alexandre Grendene Bartelle – US$ 2 bilhões (Grendene)
24. Alfredo Egydio Arruda Villela Filho – US$ 1,9 bilhão (Itaú Unibanco)
25. Júlio Bozano – US$ 1,8 bilhão (Grupo Bozano)
26. Dulce Pugliese de Godoy Bueno – US$ 1,8 bilhão (Amil)
27. André Esteves – US$ 1,8 bilhão (BTG Pactual)
28. Carlos Sanchez – US$ 1,8 bilhão (EMS)
29. Ana Lucia de Mattos Barretto Villela – US$ 1,7 bilhão (Itaú Unibanco)
30. Jayme Garfinkel – US$ 1,5 bilhão (Porto Seguro)
31. Liu Ming Chung – US$ 1,5 bilhão – (Nine Dragons)
32. Ana Maria Marcondes Penido Sant’Anna – US$ 1,5 bilhão (CCR)
33. José Isaac Peres – US$ 1,5 bilhão (Multiplan)
34. João Alves de Queiróz Filho – US$ 1,4 bilhão (Hypermarcas)
35. Rubens Ometto Silveira Mello -US$ 1,4 bilhão (Cosan)
36. Lírio Parisotto – US$ 1,4 bilhão (Videolar-Innova)
37. Lina Maria Aguiar – US$ 1,3 bilhão (Bradesco)
38. Maurizio Billi – US$ 1,3 bilhão (Eurofarma)
39. Nevaldo Rocha – US$ 1,3 bilhão (Riachuelo)
40. Antonio Luiz Seabra – US$ 1,3 bilhão (Natura)
41. Miguel Krigsner – US$ 1,2 bilhão (Grupo O Boticário)
42. Lia Maria Aguiar – US$ 1,1 bilhão (Bradesco)
43. Daisy Iguel – US$ 1,1 bilhão (Grupo Ultra)
Durante o governo Lula, este que está para ser julgado em segunda instância, conseguimos sair do Mapa da Fome, tiramos muitas crianças das ruas com o Bolsa Família e reduzimos a pobreza no Brasil. Mas nem toda a política social promovida nos primeiros anos do governo federal petista conseguiram acabar com essa desigualdade de renda histórica, só piorada nos últimos três anos (até porque os banqueiros e ricaços também foram muito beneficiados no período). E agora é que esse problema não será resolvido tão cedo.
Ah, sim: e estamos caminhando para retomar o posto no Mapa da Fome…
(fonte: https://kikacastro.com.br/2018/01/24/bilionarios-desigualdade/#more-14965)

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