domingo, 11 de agosto de 2013

Se isso é verdade, é de arrepiar!

Leiam tudo e vejam se não concordam comigo. Quando surgiu essa ideia de Alcântara ser dos americanos, na época do FHC, eu estudei o tal "acordo" , pois fui convidado a dar uma palestra a respeito, e fiquei pasmo, pois uma das cláusulas determinava que NENHUM BRASILEIRO poderia entrar no local! E agora estão querendo isso de volta? Será que isso tem a ver com a presença de uma embaixadora golpista por excelência e com a visita do Secretário de Estado norte-americano por esses dias?



As negociações para o uso de Alcântara por outros países
Enviado por luisnassif, sex, 09/08/2013 - 10:10

Sugerido por Assis Ribeiro

Da Carta Capital

O destino de Alcântara

por Roberto Amaral

Enquanto o Brasil for ocupado ideologicamente, não conseguirá fazer
política soberana em temas como o programa espacial

O Estadão (29 de julho, p. A6) diz que o “Brasil volta a negociar uso
de base de Alcântara com os EUA.” Há, no título o primeiro erro, pois
não se trata de uso de "base de Alcântara", que não existe, mas de
cessão de território estratégico brasileiro, para que nele os EUA e,
mais tarde, "europeus e japoneses", continua o jornal, instalem bases
para lançamentos de satélites, suprindo assim suas (deles) atuais
carências, exatamente aquelas que hoje tornam concorrencialmente
viável o projeto espacial brasileiro – o qual tem (ou deveria ter)
objetivos estratégicos determinantes e fins comerciais secundários.

Os europeus não devem ter interesse na empreitada, pois já possuem, em
pleno funcionamento, a base de Kourou, na Guiana Francesa, cuja
localização geográfica, a 5,0º ao Norte da linha do Equador, preserva
algumas das muitas vantagens oferecidas pela península de Alcântara,
no Maranhão. Ela poderia interessar aos russos, pois suas atuais bases
de lançamento, como a de Baikonur, mediterrâneas, exigem o sobrevoo do
satélite sobre áreas habitadas; mas eles estão associados aos
franceses em Kourou, de onde serão lançados os foguetes Soyuz, e com
ucranianos, noruegueses e norte-americanos da Boeing trabalham  o
lançamento de satélites a partir de um navio lançador, o Sea Launch,
fundeado na linha do  Equador. Coisa que até aqui,  felizmente, não se
revelou comercialmente viável. Por enquanto, portanto, a abertura de
Alcântara é o seu fechamento para a exploração dos EUA, e o anunciado
réquiem de nosso projeto de programa espacial autônomo.

A matéria diz que as discussões são levadas a cabo pelo Itamaraty,
“que espera ter um acordo pronto para ser assinado na visita da
presidente Dilma Rousseff a Washington, em outubro”. Como se vê, ou a
coisa vem de longe ou é levada a toque-de-caixa. A primeira hipótese é
a mais provável, é o que deduzo de mais uma informação do jornal,
aquela que diz que “o assunto é ainda classificado como secreto pelo
governo”. Mas eu me pergunto: como é secreta  informação à qual o
jornal tem acesso? E me pergunto, ainda: por que matéria de tal
relevância é tratada de forma secreta? Em qualquer hipótese, não
sabemos a opinião da Agência Espacial Brasileira - AEB, autarquia
brasileira encarregada legalmente de monitorar o programa espacial
brasileiro (Qual sua parte nesse negócio? Foi tudo feito à sua
revelia?). Não se conhece a opinião do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais- INPE (responsável pelo programa brasileiro de satélites).
Não se sabe, tampouco, a opinião da Alcântara Cyclone Space-ACS (a
bi-nacional resultante da associação do Brasil com a Ucrânia,
responsável pela  construção, em andamento, em Alcântara, de uma base
habilitada ao lançamento do foguete, médio, Cyclone-4). Não se sabe, a
opinião do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a cuja
jurisdição estão subordinadas essas instituições. E não se conhece a
opinião da SBPC, tão fogosa e falante nos idos de 2003. Se alguém sabe
de alguma coisa, a reportagem sonegou aos leitores essas informações.

E a cidadania não sabe, nem lhe é dado saber, qual a importância, para
seu cotidiano, de um programa espacial, que controla desde o espaço
aéreo de nosso país à prospecção de nosso território, passando pelo
controle das comunicações e das condições meteorológicas e de nossas
safras.

Mas voltemos ao Estadão.

A mesma matéria, assinada por Lisandra Paraguassu, diz que  “O governo
vê a localização de Alcântara – que, segundo especialistas, reduz em
até 30% o custo de um lançamento – como um ativo que deve ser
explorado, inclusive para financiar o próprio programa espacial
brasileiro”. Esse é raciocínio típico de contador, passando ao largo
de todas as questões estratégicas.

Expliquemos.

Nossa única vantagem, posto que não dominamos a tecnologia de
lançamentos (dependente do êxito da ACS) é geográfica, isto é, deriva
da proximidade de nosso litoral Norte-Nordeste em relação à linha do
Equador: o município de Alcântara está a 2,2º e o Nordeste brasileiro
a 3,2º Sul do Equador, e Kourou, vimos, a 5,0º ao Norte. São duas as
vantagens nossas daí consequentes. Primeiro de tudo,  essas condições
nos possibilitam realizar, a partir de um único centro, lançamentos em
todas as direções de órbitas utilizadas para os satélites e outras
espaçonaves. Os EUA são obrigados a ter bases nas suas costas Leste e
Oeste, e a Rússia em várias áreas de seu território e mesmo em outro
país, o Cazaquistão.

Às vantagens decorrentes da proximidade com o Equador, somam-se, ainda
no caso brasileiro, condições favoráveis de segurança, pois, além de
evitar sobrevoos sobre regiões habitadas, dispomos de todo o mar como
área para retombamento dos estágios e coifas (‘narizes’ de foguetes,
onde armazenam-se cargas) que são ejetados durante o voo. E essas
vantagens fazem cair as despesas com seguro, baixando ainda mais os
custos de quaisquer lançamentos a partir de Alcântara. Enquanto isso,
para evitar acidentes e invasão de territórios estrangeiros, os
veículos que partem dos cosmódromos russos são obrigados a proceder a
grandes e custosas manobras em voo, determinantes de maior consumo de
combustível e de perda de capacidade de colocação de carga útil em
órbita. Os lançamentos a partir das bases dos EUA também precisam
efetuar manobras – custosas – para entrar em órbita no Equador.

A grande  vantagem geográfica brasileira é, além do litoral aberto, a
proximidade com o Equador.

Como vemos, por estarem localizados no hemisfério Norte, os veículos
da maioria dos países do clube espacial, para entrar em órbita
equatorial, têm de fazer uma manobra (denominada em inglês dog leg)
para injetar seus foguetes em órbitas equatoriais, o que exige muito
mais combustível, em comparação a lançamentos realizados na
proximidade da linha do Equador, como é o caso do Centro Espacial de
Kourou e será o do futuro Centro de Lançamentos da ACS, o nosso, o
qual não requer a manobra adicional.  De acordo com as leis da
mecânica espacial, quando um lançamento é realizado em direção ao
Leste, e o mais proximamente possível do Equador, conta com a vantagem
total da rotação da terra, com o chamado “efeito catapulta”
maximizando a carga útil e, em consequência, minimizando o custo de
lançamento.

Qual é o nosso patrimônio, único? A localização, que torna os
lançamentos a partir de Alcântara altamente competitivos, ao
proporcionar uma redução, reconhece o jornal, de até 30% do custo
(estimado entre 25 e 30 milhões de dólares) ou um acréscimo de 30% no
peso da carga transportada, em face, por exemplo, de um lançamento dos
EUA ou da Rússia. Insisto: somente esta vantagem geográfica nos torna
competitivos em face dos EUA, da Europa, da Rússia, da China e do
Japão.

Qual a proposta comercial de nossa única base de lançamentos, a futura
ACS? Disputar o mercado internacional de satélites, a começar pelo
maior de todos, o dos  EUA, oferecendo-lhe  lançamentos mais baratos.
E o que anuncia o jornal? Que vamos jogar fora essa vantagem
competitiva. Quando os EUA e os demais concorrentes puderem fazer seus
lançamentos a partir de Alcântara, transferiremos para eles a economia
dos 30%, e os nossos lançamentos e os deles passarão competir no
mercado com o mesmo preço, donde o total desinteresse de proceder a
lançamentos a partir de nossa base.  O que sobrará para o Brasil? De
player, nosso projeto original, seremos, a partir da concretização
dessa nova política, mero agente imobiliário.

Eis um caso ilustrativo de como, quando não se tem estratégia própria,
adota-se a estratégia do outro – julgando aproveitar, assim,
maravilhosas vantagens. Ou, dito de outro modo: é difícil, impossível
quase, fazer política soberana em país ocupado ideologicamente.
fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/as-negociacoes-para-o-uso-de-alcantara-por-outros-paises#comment-1465903

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