terça-feira, 3 de setembro de 2013

Mais uma interpretação (boa) do possível conflito na Síria

Publicado no blog da KikaCastro, a análise do nosso colaborador emérito, José de Castro, revela novas facetas sobre os motivos do possível novo conflito na região do Oriente Médio.

Os reais motivos por trás de uma guerra dos EUA contra a Síria



Texto escrito por José de Souza Castro:
É possível que muitos leitores estejam se indagando o quê, de fato, move os Estados Unidos a entrar numa nova guerra, desta vez para derrubar Bashar Al-Assad, pondo em risco milhares de vidas a pretexto de punir o ditador pela morte, com armas químicas, de pouco mais de mil sírios.
Talvez Jerry Robinson, autor do best-seller “Bankruptcy of Our Nation: 21 Income Streams” e publisher do site "Follow the Money Weekly", possa ser de alguma ajuda para vencer a nossa perplexidade.
Em artigo publicado no dia 27 de agosto e que pode ser lido AQUI em tradução portuguesa, um tanto atroz, Robinson afirma que em 2011, algumas semanas após ser desencadeada a guerra civil na Síria, o jornal "Tehran Times" informou que Síria, Irã e Iraque planejavam construir o Gasoduto Islâmico para exportar gás iraniano (e russo) para a Europa. Teria extensão total de 6.000 quilômetros e custaria US$ 10 bilhões, com previsão de ficar pronto em 2018.
Em julho passado, os líderes da Síria, Irã e Iraque se reuniram para assinar um acordo preliminar sobre o gasoduto, com esperança de fechá-lo até o fim deste ano.
Os três países são governados por xiitas. O problema é que países do Golfo governados por sunitas, principalmente Arábia Saudita e Qatar, aliados dos Estados Unidos e de outros países ocidentais, têm seu próprio projeto (o Gasoduto Árabe), que também passaria pela Síria. Mas que sofre forte oposição de Assad. Este, por sua vez, tem como inimigos na região Israel, Jordânia e Turquia, além da Al Qaeda, que gostaria de derrubar Assad para instalar um governo sunita na Síria.
Jerry Robinson classifica como propaganda tudo isso que vem sendo dito a respeito do uso de armas químicas pelo governo Assad. Afirma que os EUA planejavam, há muito tempo, tomar a Síria. Ele cita um general americano, Wesley Clark, segundo o qual os Estados Unidos já tinham tomado a decisão de invadir a Síria em 2001. Além disso, afirma o autor, evidências mais contundentes da intenção do Ocidente de lançar um ataque preventivo contra a Síria foram reveladas num relatório “explosivo” divulgado pelo jornal britânico “Daily Mail” em janeiro de 2013.
O jornal teria se baseado em e-mails alegadamente vazados que provariam que a Casa Branca “deu luz verde a um ataque com armas químicas na Síria que poderia ser atribuído ao regime de Assad”, para estimular uma ação militar internacional contra o país devastado. Os e-mails seriam de dois altos funcionários de uma empresa britânica (a Britan) do ramo de defesa. Se verdadeiros, o Qatar é que financiaria as forças rebeldes na Síria para o uso de armas químicas. Por sinal, algumas semanas atrás o “Daily Mail” retirou essa história de seu site, “talvez na expectativa da recente ação de armas químicas”, escreveu Robinson.
Outro autor, Paul Joseph Watson, afirmou no dia 28 de agosto que interceptações de chamadas telefônicas indicam que o governo sírio não ordenou o ataque. Mesmo assim, elas seriam apresentadas pelo governo Obama como prova de que Bashar Al-Assad estava por trás da matança por armas químicas.
As chamadas telefônicas feitas pelo Ministério da Defesa da Síria foram interceptadas pelo Mossad, o serviço secreto israelense, e comunicadas aos EUA. Os oficiais sírios trocaram, em pânico, telefonemas com o líder de uma unidade de armas químicas, exigindo respostas para uma ação que matou mais de mil pessoas, horas após o ataque da semana passada. Por que, indaga Watson, estaria o Ministério da Defesa fazendo tais chamadas assustadas, se ele tivesse ordenado o ataque? Ou o Ministério não deu a ordem ou, no pior dos cenários, ela foi dada por um oficial sírio que ultrapassou os limites de sua competência.
O que precisamos saber, antes de ser contra ou a favor de Barack Obama nessa decisão de atacar a Síria, é se ele está preocupado mesmo com vidas humanas ou com os bilhões de dólares que empresas de seu país esperam ganhar com a guerra – ou com o Gasoduto – ou será oleoduto? – Árabe.

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