Mais uma colaboração do professor Antônio Moura
A opressão implícita
No mundo contemporâneo cresce a
liberdade de expressão e manifestação de pensamentos, desejos e anseios. Mas,
ao mesmo tempo, vivemos sob uma tremenda opressão. O poder, tal qual se apresentava
nas grandes ditaduras do século XX, a exemplo do franquismo, salazarismo,
getulismo, hitlerismo e stalinismo, já declinou, embora seus espectros rondem
nossas cabeças. A opressão contemporânea não é tão explicita quanto foi no
passado. Michel Foucault (1926 – 1984) atacou todas as formas de poder
existentes, que moldam o comportamento dos indivíduos, de modo que eles não
percebam que são peados e algemados. As ideologias e os costumes congelam
comportamentos como o desejo de enriquecimento como meio de alcançar status
sociais elevados; o moralismo e a honestidade imposta aos pobres e as tradições
que contribuem para a submissão dos indivíduos.
A mais terrível das submissões é a
manipulação dos indivíduos e a transformação da intimidade em mercadoria. A
propaganda politiqueira que visa roubar a consciência, enganar e dominar. O
Facebook tornou-se um instrumento de indução ao consumo. O programa libertário
de Foucault buscava eliminar o ideal fascista dos indivíduos. Sempre que o poder acumula em uma única
esfera e passa a submeter o outro, sem possibilidade de defesa, se instaura uma
relação do tipo fascista. Para Foucault o homem não fascista é desobediente
civil. Recusa ser influenciado pela propaganda: Recusa ao modismo e ao padrão
estético da magreza; das intervenções cirúrgicas e de um pseudo luxo; recua
substituir a língua pátria por línguas de países hegemônicos.
O pensamento de Foucault sobre o poder
que oprime, leva a refletir que o maior perigo que corre a humanidade neste
início de século 21 é o capitalismo global.
Diz Paul Graig Roberts que o capitalismo regido pela ganância está
destruindo as perspectivas de emprego no mundo. As agriculturas se tornaram
monoculturas para exportação a serviço dos capitais globais, para alimentarem a
si mesmos. Com o poder acima dos organismos internacionais e acima dos estados
constituídos, o capitalismo não deve obrigação à sociedade. Fora as armas
nucleares, reforça Roberts, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já
teve diante de si. Diante da situação atual Hobbies teria dito que o Leviatã
não é mais o Estado, mas o capitalismo global. Foucault ficaria estarrecido com
o poder do capitalismo.
Belo Horizonte, 2 de abril de 2014.
Antônio de Paiva Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário