segunda-feira, 7 de abril de 2014

A opressão implícita

Mais uma colaboração do professor Antônio Moura



A opressão implícita

No mundo contemporâneo cresce a liberdade de expressão e manifestação de pensamentos, desejos e anseios. Mas, ao mesmo tempo, vivemos sob uma tremenda opressão. O poder, tal qual se apresentava nas grandes ditaduras do século XX, a exemplo do franquismo, salazarismo, getulismo, hitlerismo e stalinismo, já declinou, embora seus espectros rondem nossas cabeças. A opressão contemporânea não é tão explicita quanto foi no passado. Michel Foucault (1926 – 1984) atacou todas as formas de poder existentes, que moldam o comportamento dos indivíduos, de modo que eles não percebam que são peados e algemados. As ideologias e os costumes congelam comportamentos como o desejo de enriquecimento como meio de alcançar status sociais elevados; o moralismo e a honestidade imposta aos pobres e as tradições que contribuem para a submissão dos indivíduos.
A mais terrível das submissões é a manipulação dos indivíduos e a transformação da intimidade em mercadoria. A propaganda politiqueira que visa roubar a consciência, enganar e dominar. O Facebook tornou-se um instrumento de indução ao consumo. O programa libertário de Foucault buscava eliminar o ideal fascista dos indivíduos.  Sempre que o poder acumula em uma única esfera e passa a submeter o outro, sem possibilidade de defesa, se instaura uma relação do tipo fascista. Para Foucault o homem não fascista é desobediente civil. Recusa ser influenciado pela propaganda: Recusa ao modismo e ao padrão estético da magreza; das intervenções cirúrgicas e de um pseudo luxo; recua substituir a língua pátria por línguas de países hegemônicos.
O pensamento de Foucault sobre o poder que oprime, leva a refletir que o maior perigo que corre a humanidade neste início de século 21 é o capitalismo global.  Diz Paul Graig Roberts que o capitalismo regido pela ganância está destruindo as perspectivas de emprego no mundo. As agriculturas se tornaram monoculturas para exportação a serviço dos capitais globais, para alimentarem a si mesmos. Com o poder acima dos organismos internacionais e acima dos estados constituídos, o capitalismo não deve obrigação à sociedade. Fora as armas nucleares, reforça Roberts, o capitalismo é a maior ameaça que a humanidade já teve diante de si. Diante da situação atual Hobbies teria dito que o Leviatã não é mais o Estado, mas o capitalismo global. Foucault ficaria estarrecido com o poder do capitalismo.

Belo Horizonte,  2 de abril de 2014.


Antônio de Paiva Moura
        

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