sexta-feira, 20 de junho de 2014

Aécio Neves: a brisa acabou

Publicamos mais uma colaboração do prof. Antônio de Paiva Moura




Antônio de Paiva Moura

Conforme matéria da jornalista Malu Delgado, (junho 2014), o perfil autoritário de Aécio Neves foi explicitado com muita sinceridade e com muita franqueza.  Ela ouviu a promotora de justiça, Jossely Ramos Pontes e explicitou o caso dos 4,3 bilhões de reais movimentados de forma ilegal. A promotora investiga a aplicação de recursos na Saúde, durante o governo Aécio. Descobriu que mais de 50% dos investimentos na referida área provinham de ações desenvolvidas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA, Uma auditoria descobriu que nos documentos contáveis da Copasa não apareciam tais recursos. Daí a ação de improbidade contra Aécio. Em janeiro de 2014, o procurador Geral de Justiça de Minas Gerais, Carlos André Bittencourt mandou arquivar o processo sem entrar no mérito. 

            Além do poderio de Aécio sobre os serviços públicos, há também um visível controle sobre a mídia, conforme denúncia o bloco parlamentar “Minas Sem Censura”. Ainda conforme Malu Delgado, a blindagem do governo foi tema de documentário de um estudante de jornalismo da UFMG, Marcelo Baêta, que teve repercussão no País e no exterior. Entre outros, relaciona o caso Marco Nascimento, diretor da Rede Globo Minas, que publicou matéria pouco agradável ao governo.  Andrea Neves entrevistou-se com Marco Nascimento e em pouco tempo ele foi demitido do cargo.

            Para tirar José Serra do páreo político e figurar como candidato a presidente pelo PSDB, Aécio mandou espionar e investigá-lo, através do jornal “Estado de Minas”, tendo como agente o jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Amaury aproveitou o material que tinha em mãos e publicou o livro “A privataria tucana”. Com esse ato Aécio se comportou como Dom Corleone, personagem do filme “O poderoso chefão”. 

            Ricardo Melo (2014) diz que Aécio foge das perguntas incômodas; ataca as críticas como obra de um submundo abominável e aciona a Justiça para tentar limpar sua controvertida biografia. Vídeos na Internet mostram práticas nada republicanas. Maquiavelicamente, tudo faz para sufocar críticas. A guilhotina tucana decapitou, sem piedade, inúmeros jornalistas de Minas Gerais. Melo diz que Aécio tem se atrapalhado quando o assunto é droga. Desvia dizendo que tudo não passa de calúnias.

Na convenção do dia 14 de junho de 2014, Aécio teve a oportunidade de apresentar um programa que justificasse sua candidatura, mas na verdade o evento teria envergonhado até os militantes da antiga UDN: Nada mais que maledicências, bravatas, gesticulações e ódio ao Partido dos Trabalhadores. Ouviu-se insistentemente anátemas contra a corrupção, mas ocultando o “Mensalão Mineiro” com o malabarismo de Eduardo Azeredo para escapar à condenação.  Em lugar de proposta, diz Ricardo Melo, metáforas mal construídas que começam com brisa, crescem para ventania e acabam cm tsunami. Na verdade tsunami não escolhe a quem vai atingir, daí a fraqueza da metáfora. Aécio saiu dos ventos moderados das montanhas de Minas, onde a imprensa é garroteada para abafar desmandos de sua gestão, para um campo mais amplo, onde a imprensa é mais livre e mais crítica. Não adianta apostar somente nos erros dos adversários, conclui Melo.


Referências:
DELGADO, Malu. O público e o privado: o dilema que acompanha Aécio Neves. Revista Piaui. São Paulo, n. 92, junho de 2014.

MELO, Ricardo Os esqueletos de Aécio Neves. Folha de São Paulo, São Paulo, 14 jun. 2014.

RIBEIRO JR, Amaury. A privataria tucana. São Paulo:  2011.Geração Editorial.
           

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