Publicamos mais uma colaboração do prof. Antônio de Paiva Moura
Antônio de Paiva Moura
Conforme matéria da jornalista Malu
Delgado, (junho 2014), o perfil autoritário de Aécio Neves foi explicitado com
muita sinceridade e com muita franqueza.
Ela ouviu a promotora de justiça, Jossely Ramos Pontes e explicitou o
caso dos 4,3 bilhões de reais movimentados de forma ilegal. A promotora
investiga a aplicação de recursos na Saúde, durante o governo Aécio. Descobriu
que mais de 50% dos investimentos na referida área provinham de ações desenvolvidas
pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais COPASA, Uma auditoria descobriu
que nos documentos contáveis da Copasa não apareciam tais recursos. Daí a ação
de improbidade contra Aécio. Em janeiro de 2014, o procurador Geral de Justiça
de Minas Gerais, Carlos André Bittencourt mandou arquivar o processo sem entrar
no mérito.
Além do poderio de Aécio sobre os
serviços públicos, há também um visível controle sobre a mídia, conforme
denúncia o bloco parlamentar “Minas Sem Censura”. Ainda conforme Malu Delgado,
a blindagem do governo foi tema de documentário de um estudante de jornalismo
da UFMG, Marcelo Baêta, que teve repercussão no País e no exterior. Entre
outros, relaciona o caso Marco Nascimento, diretor da Rede Globo Minas, que
publicou matéria pouco agradável ao governo.
Andrea Neves entrevistou-se com Marco Nascimento e em pouco tempo ele
foi demitido do cargo.
Para tirar José Serra do páreo
político e figurar como candidato a presidente pelo PSDB, Aécio mandou espionar
e investigá-lo, através do jornal “Estado de Minas”, tendo como agente o
jornalista Amaury Ribeiro Júnior. Amaury aproveitou o material que tinha em
mãos e publicou o livro “A privataria tucana”. Com esse ato Aécio se comportou
como Dom Corleone, personagem do filme “O poderoso chefão”.
Ricardo Melo (2014) diz que Aécio
foge das perguntas incômodas; ataca as críticas como obra de um submundo
abominável e aciona a Justiça para tentar limpar sua controvertida biografia.
Vídeos na Internet mostram práticas nada republicanas. Maquiavelicamente, tudo
faz para sufocar críticas. A guilhotina tucana decapitou, sem piedade, inúmeros
jornalistas de Minas Gerais. Melo diz que Aécio tem se atrapalhado quando o
assunto é droga. Desvia dizendo que tudo não passa de calúnias.
Na convenção do dia 14 de junho de 2014,
Aécio teve a oportunidade de apresentar um programa que justificasse sua
candidatura, mas na verdade o evento teria envergonhado até os militantes da
antiga UDN: Nada mais que maledicências, bravatas, gesticulações e ódio ao
Partido dos Trabalhadores. Ouviu-se insistentemente anátemas contra a
corrupção, mas ocultando o “Mensalão Mineiro” com o malabarismo de Eduardo
Azeredo para escapar à condenação. Em
lugar de proposta, diz Ricardo Melo, metáforas mal construídas que começam com
brisa, crescem para ventania e acabam cm tsunami. Na verdade tsunami não escolhe
a quem vai atingir, daí a fraqueza da metáfora. Aécio saiu dos ventos moderados
das montanhas de Minas, onde a imprensa é garroteada para abafar desmandos de
sua gestão, para um campo mais amplo, onde a imprensa é mais livre e mais
crítica. Não adianta apostar somente nos erros dos adversários, conclui Melo.
Referências:
DELGADO,
Malu. O público e o privado: o dilema que
acompanha Aécio Neves. Revista Piaui. São Paulo, n. 92, junho de 2014.
MELO,
Ricardo Os esqueletos de Aécio Neves.
Folha de São Paulo, São Paulo, 14
jun. 2014.
RIBEIRO
JR, Amaury. A privataria tucana. São
Paulo: 2011.Geração Editorial.
Nenhum comentário:
Postar um comentário