segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Pré-sal: quem desdenha quer vender



Texto escrito por José de Souza Castro:

No dia 5 de maio último escrevi neste blog artigo intitulado “O que se pode esperar de Parente na Petrobras”. Passados quase cinco meses, não tenho o que mudar no texto. Como dito ali, ele acaba de confirmar que pretende repassar pedaços do pré-sal à iniciativa privada e, ao invés de valorizar o ativo à venda, cobiçado pelas grandes petroleiras internacionais, desdenha dele.
Pedro Parente é ágil e não se limita a apoiar o projeto de lei do senador tucano José Serra (hoje ministro das Relações Exteriores) em tramitação no Congresso Nacional. Ele quer vender a Petrobras aos pedaços, aparentemente sem qualquer preocupação com o fato de que não é a melhor hora de vender, tendo em vista o momento atual da economia global.
O presidente da Petrobras parece ter ojeriza às termoelétricas (que também pretende vender), talvez porque tenha algum sentimento de culpa em relação a elas. Vale repetir esse trecho de nota da Federação Única dos Petroleiros (FUP), de maio:
“Um dos maiores escândalos protagonizados por Pedro Parente no governo tucano foram os contratos para compra de energia emergencial e as ‘compensações’ feitas às concessionárias privadas e aos investidores atraídos pelo Programa Prioritário de Termeletricidade, que impôs prejuízos bilionários à Petrobrás. Professores do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP chegaram na época a denunciá-lo ao Ministério Público Federal por improbidade administrativa. Sob a chancela de Pedro Parente, a Petrobrás teve que assinar contratos de parceria com o setor privado para construção de usinas termoelétricas, entre 2000 e 2003, onde se comprometeu a garantir a remuneração dos investidores, mesmo que as empresas não dessem lucro, bem como cobrir os custos dos empreendimentos, caso a venda de energia não fosse suficiente para sustentar os investimentos. A chamada “contribuição de contingência” gerou prejuízos de mais de US$ 1 bilhão à Petrobrás, que se viu obrigada a assumir integralmente as termoelétricas para evitar perdas maiores. O valor das usinas, avaliadas em US$ 800 milhões, equivalia a um terço dos US$ 2,1 bilhões que a estatal teria que desembolsar para honrar as compensações garantidas aos investidores até o final dos contratos, em 2008. Tudo autorizado por Pedro Parente.”
O prejuízo de R$ 1,2 bilhão no primeiro trimestre deste ano era a dica para que Pedro Parente começasse a vender ativos para livrar a estatal de parte do endividamento líquido de R$ 369,5 bilhões registrado no dia 31 de março.
Durante evento promovido em São Paulo, na última sexta-feira, pela revista “Exame”, do Grupo Abril, Parente disse que “existe uma parte de investimentos no pré-sal que traz resultados, mas a maior parte não”. E confirmou que espera levantar mais de US$ 15 bilhões com a venda de ativos até 2018.
Um leitor da “Folha de S.Paulo”, Jaime Aranovich, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, teve seu comentário publicado pelo site do jornal:
“Mesmo sendo um vendilhão da pátria, um crápula, eu julgava Pedro Parente mais competente. Vender um patrimônio por um preço justo, ou até com pequena perda é algo que segundo uma visão neoliberal poderia ser louvável. Agora, declarar que o pré-sal é sobrestimado, isto não é a atitude de alguém que quer vender seu peixe pelo melhor preço. Ao contrário mostra claramente a que veio, aí a incompetência, que é fazer o jogo de quem está lhe pagando para liquidar uma das maiores riquezas brasileiras, pelo menor preço possível. Desnuda os golpistas como antinacionalistas, inescrupulosos, sem compromisso com a nação a qual usurparam o comando legítimo. Governam para seus próprios interesses, não é nem para os 1% mais ricos não, é para si próprios. O que está sendo perpetrado na Petrobras é, sem a menor dúvida, o maior roubo da história deste país. Nenhum brasileiro vai ter qualquer vantagem nesta venda, desta maneira, a não ser os ratos que ai estão governando, na hora da divisão do butim.”
Depois disso, eu não precisaria acrescentar mais nada. A não ser recomendar a leitura DESTE esclarecedor artigo escrito por Paulo Cesar Roberto Lima. Engenheiro, ele trabalhou na Petrobras e depois passou num concurso, tornando-se assessor legislativo da Câmara dos Deputados, tendo auxiliado na redação da lei dos royalties do petróleo que destinou os recursos para a educação e a saúde.
Nesta segunda-feira, dia 3 de outubro, o Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro inicia, às 16 horas, uma vigília de trabalhadores da estatal na Avenida Chile, diante da sede da Petrobras. É um protesto contra a tentativa de desmonte da empresa, criada exatamente no dia 3 de outubro de 1953 pelo presidente Getúlio Vargas.

(fonte: https://kikacastro.com.br/2016/10/03/pre-sal-a-venda/#more-13096)

Um comentário:

  1. Lá vem de novo aquele papo furado de privatização. Esse pessoal xiita, qua ainda acha que impeachment foi golpe, sempre omitem que os 13 anos petistas quebraram o país. Começou ainda no primeiro mandato do Lula, com o Mensalão, depois o Petrolão além do saqueamento de outras estatais, BNDES, etc.,etc. e poe etcs nisso. A resposta veio nesta eleição para prefeitos. O PT tornou-se partido nanico com baixissima e inexpressiva votação por esse Brasil afora. Precisa mais? E ainda tiveram o descaramento de pedir peblicito ou novas eleições. Puro jogo de cena para a militancia e seus fanaticos seguidores.

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