Ontem,
quando eu assistia à sessão para cassação de André Vargas (ex-PT), vi o
Jair Bolsonaro tentando se justificar por ter dito, pela segunda vez, que não estupraria Maria do Rosário porque "ela não merece". Depois de sentir vontade de vomitar com a declaração (será que ele não percebe que, ao dizer isso, ele quer dizer que há que MEREÇA
ser estuprado?!), pensei: se os deputados fossem sérios (os outros,
quero dizer, porque Bolsonaro não é sério mesmo), interromperiam naquele
momento o processo de cassação de Vargas e iniciariam imediatamente a
cassação de Jair Bolsonaro, por conduta atentatória ou incompatível com o
decoro parlamentar, como é previsto na Constituição (artigo 55) e no regimento da Câmara (art. 10). Depois, continuassem com o caso do Vargas, que também foi cassado.
Jair
Bolsonaro não é conhecido só por falar asneiras contra gays, contra
negros e contra mulheres. Ele também defende veementemente o período da
ditadura militar no Brasil, onde o Estado infligiu pelo menos 19 tipos
de tortura diferentes, de acordo com o relatório final da Comissão
Nacional da Verdade, divulgado nesta quarta. Você pode ler os detalhes
sobre cada um desses métodos asquerosos AQUI. Bolsonaro, aliás, defende a prática da tortura mesmo nos dias de hoje, em plena democracia.
Infelizmente,
num ano em que a campanha eleitoral foi bastante acirrada, com pessoas
de ânimos muito exaltados e o principal candidato da oposição se
aproximando cada vez mais da extrema-direita (inclusive depois de sair
derrotado nas urnas), tenho visto muita gente apoiando Jair Bolsonaro.
Prefiro acreditar que mais por desconhecimento do discurso dele, por
ignorância mesmo, do que por uma defesa consciente desse deputado.
Também é o que prefiro acreditar quando lembro que ele foi o mais votado
do Rio de Janeiro -- assim como já aconteceu no passado com figuras
como Tiririca, Garotinho, Ratinho Júnior, Russomano, Pastor Feliciano
etc. As pessoas não pesquisam sobre seus candidatos e, não raro, nem
mesmo se lembram em quem votaram nas eleições passadas.
Mas
não dá, gente. Bolsonaro não dá. Sua mãe merece ser estuprada? Sua
filha? Sua mulher ou namorada? Sua irmã? Para Bolsonaro, se "derem um
caldo", podem bem merecer, vejam só. Você odeia a Dilma e ficou
chateadíssimo/a que ela venceu as eleições por maioria simples, como
mandam as regras? Ficou puto que um monte de gente resolveu abdicar de
votar (indo pelo branco ou nulo) em vez de sair de cima do muro? Achava
que esse povo daria o voto para Aécio e não para Dilma (mas como saber,
né?)? Tudo bem, está no seu direito. Faça sua oposição, acompanhe o
governo de perto, faça cobranças, como todo cidadão, eleitor de Dilma ou
de Aécio, deveria fazer. Mas não pense que, ao apoiar Bolsonaro, você
está atacando Dilma. Não, querido: você está atacando as mulheres, os
negros, os homossexuais, os que já sofreram as consequências de
policiais mal preparados (que existem, como todo profissional), os que
querem ver o progresso da democracia no Brasil, seja nas mãos de qual
grupo político for. Sacou?
Você
já sabe que o Bolsonaro não está à altura do cargo que infelizmente
ocupa? Então faça sua parte repudiando as coisas que este senhor diz e
defende, sem nem corar as bochechas, dia após dias. Criticar, contestar,
cobrar e exigir também são papel de um cidadão, como você.
Algumas coisas podem ser feitas:
- Você pode assinar a petição online pedindo a cassação de Bolsonaro. É rápido e fácil e, no momento em que escrevo, já ultrapassou as 70 mil assinaturas.
- Você pode compartilhar essa petição.
- Você pode enviar um email para todos os deputados -- inclusive aquele em que você já votou -- cobrando um posicionamento.
- Você pode protestar pelo Facebook e pelo Twitter (o auge da campanha será nesta quinta-feira, às 19h)!
- Você pode conversar com seus conhecidos e amigos que não sabem bem o que andam defendendo por aí, por serem despolitizados (e são a maioria, viu). Comece entrando na página do deputado e vendo quem, dentre seus amigos, já passou por ali "curtindo" o sujeito. E depois dar um toque para esses curtidores inconsequentes. Vale até enviar este post para eles, hein ;)
É isso,
pessoal. Não dá mais pra ter um cara como Bolsonaro no Congresso
Nacional. Se nada disso valer, vamos pelo menos trabalhar com a
conscientização das pessoas para que a catástrofe não se repita nas
eleições de 2018, né?
(fonte: blog da KikaCastro)
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