sexta-feira, 1 de abril de 2016

Impostos: nem todos os ricos são miseráveis


No Brasil, Fiesp quer pagar ainda menos. Mas em Nova York, quarenta milionários lançam manifesto, dizendo-se envergonhados com desigualdade e dispostos a elevar suas contribuições

Na BBC

O chamado “1% plan for fairness” (plano do 1% para justiça, em inglês) foi apresentado recentemente em uma carta aberta e elaborado em conjunto pelo centro de estudos de esquerda Fiscal Policy Institute e o projeto Responsible Wealth, que tem entre seus membros 700 dos americanos mais ricos do país que advogam por “impostos mais justos” e por “responsabilidade corporativa”.
“Como nova-iorquinos que contribuíram e se beneficiaram da economia vibrante de nosso Estado, temos tanto a capacidade quanto a responsabilidade de pagar uma quantia justa”, disseram eles na mensagem endereçada ao governador Andrew Cuomo e aos membros do Legislativo estadual.
Atualmente, em Nova York, quem ganha mais de US$ 2 milhões (R$ 7,4 milhões) por ano paga sobre esta renda um imposto de 8,82%, o valor máximo no Estado. O grupo propõe que esta taxa seja aplicada a quem ganha entre US$ 1 milhão e US$ 2 milhões.
De acordo com o plano, o imposto subiria a 9,35% para quem ganha entre US$ 2 milhões e US$ 10 milhões, a 9,85% para a faixa entre US$ 10 milhões e US$ 100 milhões e a 9,99% para rendas acima de U$ 100 milhões.
Isso elevaria a arrecadação estadual em US$ 2,2 bilhões, dizem eles. Esses milionários defendem que o dinheiro é necessário para combater problemas como a pobreza entre crianças, a falta de moradia e falhas de infraestrutura.

‘Vergonha’

No documento, o grupo diz ser uma “vergonha” que o índice de pobreza infantil seja recorde no Estado, atingindo mais de 50% desta parcela da população em centros urbanos.
Também destaca que o Estado tem hoje mais de 80 mil sem-tetos e que muitos dos seus residentes carecem das qualificações necessárias para trabalhar em uma “economia do século 21”.
Na visão dos defensores da proposta, investimentos em pessoas e infraestrutura levarão à criação de empregos, a uma força de trabalho melhor preparada e à redução da desigualdade de renda “extrema” que existe em Nova York.
Entre eles, estão Steven Rockefeller, membro da quarta geração de uma das famílias mais abonadas do país, Abigail Disney, sobrinha-neta de Walt Disney, e o empresário e filantropo Lewis Cullman.
“Quem ganha muito dinheiro deve doar a maior parte dele. Eu já fiz isso por meio de fundações e doações”, diz Cullman à BBC ao explicar por que assinou a carta. “O Estado de Nova York deveria estar fazendo mais pelos desprivilegiados economicamente.”
Para ele, quanto mais visibilidade a proposta tiver, maior a chance de “algo construtivo ser feito”. “Se você ficar de boca calada, nada vai acontecer.”

Novo acordo em debate

Atualmente, os deputados de Nova York já debatem um novo acordo fiscal, a ser apresentado até 1º de abril.
Isso porque o prazo de validade do esquema atual se encerra no fim de 2017. Se um novo sistema não for aprovado, passará a valer a lei permanente que regula esta questão no Estado.
Segundo esta legislação, qualquer renda acima de US$ 40 mil deve pagar 6,85% de imposto.
O novo acordo em discussão na Assembleia estadual já prevê um aumento do imposto cobrado dos mais ricos.
O imposto seria de 8,82% para rendas anuais entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões, de 9,32% para aquelas entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões e de 9,82% para quem ganha mais de US$ 10 milhões.
A Assembleia estadual tem uma maioria democrata, a favor do aumento, enquanto o Senado de Nova York é de maioria republicana, que se opõe a esse aumento de impostos.

(fonte: http://outraspalavras.net/outrasmidias/capa-outras-midias/impostos-nem-todos-os-ricos-sao-miseraveis/)

Nenhum comentário:

Postar um comentário