Admirável
Mundo Novo (Brave New Word) foi
escrito pelo inglês Aldous Huxley, em 1931. Narra um hipotético futuro onde as
pessoas são geradas em um laboratório de genética e nascem pré-condicionadas
biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as
leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. O
laboratório produzia seres humanos de acordo com as funções que iam exercer,
espécies de robôs de carne e osso. Todos os valores humanistas dos indivíduos
eram destruídos, inclusive os princípios éticos e a organização familiar.
Qualquer dúvida e problemas dos cidadãos eram resolvidos com o consumo de
drogas lícitas. Muitas afirmações colocadas nas bocas dos personagens de Huxley
revelam o retrato da sociedade contemporânea, como: Nunca deixes para amanhã a diversão que podes ter hoje. Acredita-se ser
a felicidade essa instantânea realização dos desejos. Todo mundo é feliz hoje
em dia. As crianças têm o que querem e nunca querem o que não podem ter. É
a necessidade de um consumo imediato de mercadorias e a consumação imediata dos
desejos sexuais. Na verdade o livro relata as preocupações ideológicas do autor
com a liberdade individual e contra o autoritarismo tanto do estado quanto da
sociedade.
Outro livro de Huxley A porta da percepção (The doors of perception) escrito em 1954
influenciou em muito a cultura hippie que florescia, que incentivava o uso da
mescalina como forma de expandir a consciência, tornando-se assim, o primeiro
manifesto da cultura das drogas psicodélicas. Huxley contribui com a degradação
mental da juventude, de vez que ela torna-se passiva e inconsciente. Michael
Minnicino em artigo de 1974 afirma que durante seu período em Harvard, Huxley
esteve em contato com o laboratório Sandoz, que trabalhava em uma encomenda da
CIA para produzir grande quantidade de LSD a ser utilizado na guerra química.
Os testes usavam humanos que eram torturados e depois eram tratados com LSD que
ao invés de ficarem revoltados, ficavam agradecidos e pacíficos. As drogas
adquiridas pela CIA acabaram nas ruas dos EUA no final da década de 60. O
hedonismo e a degradação mental são preferíveis que a resistência ou protesto
contra o mundo oficial americano.
No dizer de Muggiati (2010) a década de
1960 descontraia, mesmo com a ameaça do apocalipse nuclear, quando surgiram as
canções hedonistas nos EUA e na Europa. A década adotou como lema sexo, drogas
e rock in roll, um ideário hedonista como poucas épocas conheceram. O sexo
fazia parte de explosão literária conhecida como “revolução sexual”. Apesar da
predominância do discurso amoroso e da noção de casais estáveis, como na canção
de Fábio Júnior que diz: “Carne e unha / alma gêmea / as metades da laranja
{...}” havia uma forte tendência para o sexo livre, desvinculado do amor, na
base do “ninguém é de ninguém / na vida tudo passa”. As drogas, além do êxtase
químico, representavam a busca do autoconhecimento. Os Murry Pranksters percorriam a Califórnia num velho ônibus escolar
pintado de cores psicodélicas, espalhando a mensagem do LSD e a própria droga,
que era colocada em jarras de ponche nas festas caretas ou nos bazares de
igrejas. Surgem os hippies e ganham notoriedade com reportagem na revista Time trazendo a mensagem da flor
substituindo as máquinas de guerra. É da mesma época, no Brasil, a música de
Geraldo Vandré, “pra não dizer que não falei de flores”.
Em entrevista ao jornalista Stephen
Sackur da BBC de Londres, no dia 27 de outubro de 2010, o presidente México,
Felipe Calderón disse que os EUA têm uma clara responsabilidade na questão da
violência gerada pelo tráfico de droga no seu país e que, além disso, não estão
fazendo a sua parte para combater o problema. Disse ainda, que os EUA são o
maior comprador de drogas dos cartéis mexicanos e o maior fornecedor de armas
para eles. Só em 2009, a violência gerada pelo narcotráfico resultou na morte
de mais de sete mil pessoas. Desde 2006 as mortes superam 28 mil. Ao mesmo
tempo, os EUA eliminaram proibição sobre as armas de assalto em 2004,
contribuindo para o fortalecimento e aumento dos criminosos no México. Os EUA
proporcionam aos traficantes o mercado e o armamento.
Belo
Horizonte, abril de 2015.
Antônio
de Paiva Moura
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