Mídia e Judiciário engavetam aos poucos maior fraude fiscal da
história, envolvendo grandes bancos e maior afiliada da Globo. Alguns
deputados resistem
Por Marco Weissheimer, no Sul21
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), relator da subcomissão da
Câmara dos Deputados que acompanha as investigações da Operação Zelotes,
está cogitando a possibilidade de solicitar ao Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) que acompanhe os desdobramentos do caso para evitar uma
“operação abafa” sobre a operação que envolve grandes empresas nacionais
e multinacionais. Pimenta reuniu-se nesta terça-feira, em Brasília, com
o Procurador da República Frederico Paiva, que lidera a equipe que atua
no caso. Nesta quarta-feira (29), o deputado apresentará o plano de
trabalho da subcomissão e terá uma reunião com o delegado Marlon Cajado,
da Polícia Federal. Pimenta adiantou que vai propor também uma reunião
entre Paiva e os deputados que compõem a subcomissão.
Com o passar dos dias, a Operação Zelotes foi sumindo da mídia, após
envolver valores superiores ao da Lava Jato. Também ao contrário do que
ocorreu com a Lava Jato, no caso da Zelotes o Ministério Público Federal
pediu a prisão preventiva de 26 investigados, mas todos os pedidos
foram negados pelo Poder Judiciário. Daí a ideia de pedir ao Conselho
Nacional de Justiça para que acompanhe o caso. “A sociedade não aceitará
uma operação abafa sobre a Zelotes”, disse Paulo Pimenta.
O deputado criticou a cobertura da mídia sobre o maior esquema de
sonegação fiscal do país. “Curiosamente, a Zelotes não é noticia, e a
chamada grande mídia não demonstra nenhum interesse em ter acesso ao
processo, em cobrar providências. Como explicar à sociedade brasileira
que um esquema que causou um prejuízo aos cofres públicos de R$ 19
bilhões não seja de interesse público”, questionou.
A Operação Zelotes foi desencadeada no dia 28 de março por diversos
órgãos federais para desbaratar um esquema de fraudes tributárias
envolvendo grandes empresas brasileiras e multinacionais. As
investigações foram conduzidas por uma força-tarefa formada pela Receita
Federal, Polícia Federal, Ministério Público Federal e Corregedoria do
Ministério da Fazenda. O Grupo RBS, a Gerdau, os bancos Bradesco,
Santander, Safra, Pontual e Bank Boston, as montadoras Ford e Mitsubishi
e um grupo de outras grandes empresas estão sendo investigados pela
suspeita de pagamento de propina a integrantes do Conselho
Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), para anular multas
tributárias milionárias.
Entre os crimes investigados na Zelotes, estão advocacia
administrativa, tráfico de influência, corrupção, associação criminosa e
lavagem de dinheiro. Segundo nota divulgada pelo Ministério da Fazenda,
“o esquema envolveria a contratação de empresas de consultoria que,
mediante trânsito facilitado junto ao CARF, conseguiam controlar o
resultado do julgamento de forma a favorecer o contribuinte autuado.
Constatou-se que muitas dessas consultorias tinham como sócios
conselheiros ou ex-conselheiros do CARF”.
Segundo a Polícia Federal, o grupo que atuava no CARF fazia um
levantamento dos grandes processos em curso no conselho, procurava
empresas com altos débitos no Fisco e oferecia facilidades, como a
anulação de multas. Conforme as investigações feitas até aqui, mais de
70 processos tributários podem ter sido fraudados, com um prejuízo
superior a R$ 19 bilhões aos cofres públicos.
Os casos que estão sob investigação da força-tarefa da Operação
Zelotes teriam ocorrido entre os anos de 2005 e 2015. Segundo o jornal O
Estado de São Paulo, os investigadores suspeitam que a RBS teriam
efetuado o pagamento de R$ 15 milhões de reais para fazer desaparecer um
débito de mais de R$ 150 milhões de reais. No total, diz também a
reportagem, as investigações se concentram em débitos da RBS que chegam a
R$ 672 milhões. O grupo RBS negou, em nota oficial, a prática de
qualquer irregularidade. O Grupo Gerdau também é investigado pela
suposta tentativa de anular débitos que chegariam a R$ 1,2 bilhão. A
empresa também negou qualquer irregularidade.
(fonte: http://outras-palavras.net/outrasmidias/?p=143250)
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