Segundo análise do IPEA o número de
indigentes no Brasil subiu quase 4% em 2013. Passaram de 10.081.225, em 2012
para 10.452.383, em 2013. Esses dados foram divulgados após as eleições de
outubro próximo passado. Se divulgados antes, certamente a mídia conservadora
teria atribuído ao governo a culpa por tal aumento e não à má distribuição de
renda reinante no país. Não é por acaso que o lucro somado de 4 bancos
brasileiros, em 2013, é maior que o PIB de 83 países. A soma de 20 bilhões de
dólares é uma fábula. Só o Bradesco teve um lucro de U$ 12 bilhões, enquanto o
PIB da Libéria foi de U$ 2 bilhões. O
lucro do banco Itaú foi de U$ 15 bilhões e do Santander de 6 bilhões.
Baseado em pesquisa da OXFAM (rede
internacional de ONGs que combatem a pobreza) o economista italiano Cláudio
Bernabucci, revela que de 2009 a 2014,
período considerado crítico para a economia mundial, o número de bilionários do
planeta dobrou: eram 793 e agora somam 1.645. Os 85 mais ricos movimentaram no
mesmo período, o equivalente à renda da metade da população do planeta, isto é,
3,5 bilhões de habitantes. Com raras exceções, a desigualdade tem aumentado no
mundo inteiro. O enriquecimento desmedido de um número restrito de indivíduos
contribuiu para limitar o crescimento das classes médias, comprometendo sua
capacidade de gastos e também o crescimento mundial. A participação do trabalho
na composição do PIB vem diminuindo a partir da ofensiva neoliberal, desde
1990. Equivale dizer que as classes médias e inferiores que vivem do trabalho,
estão se degradando. O aumento de miseráveis no Brasil está associado à falta
de ocupação. Quem está na parte baixa da escala social, tem grande desvantagem
em termo de escolaridade, saúde e expectativa de vida. A pobreza interage com a
desigualdade econômica que empurra os mais pobres e marginalizados para o fundo
e os mantém lá.
Belo
Horizonte, novembro de 2014
Antônio
de Paiva Moura
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