terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sistema político brasileiro



Sistema político brasileiro

            As manifestações de junho de 2013 serviram para explicitar o mal-estar da sociedade brasileira, em face do direcionamento do sistema político brasileiro. Esse sistema não atende às carências de grande parte da população, especialmente dos pobres.
            O sistema de financiamento de campanha política, misto de público e privado, acaba privilegiando os mais ricos elegendo representantes nos legislativos, defensores de seus interesses. Há no sistema de financiamento de campanha uma série de impurezas que precisam ser extirpadas; O multipartidarismo permite a existência de pequenos partidos que acabam dominados pelos maiores e mais ricos. Os grandes partidos não conseguem se libertar do interesse do capital. E das classes médias superiores. O interesse do capital aparece no discurso da “Eficácia”, da “eficiência” e do empreendedorismo.
            Sistema midiático oligopolizado e oligárquico, notadamente a rede concessionária de TVs e rádios, articuladas a jornais, revistas e portais, atuando com “partido da imprensa golpista”, no dizer de Paulo Henrique Amorim. O partidarismo da imprensa não consegue ocultar a tendência em favor do capital. É o setor onde há maior e mais premente necessidade de reforma, como ocorreu na Argentina com a “Lei de Médios”. A estrutura do Estado brasileiro, historicamente, tem servido aos interesses das elites para a manutenção de seu poder sobre os trabalhadores, excluídos e o povo brasileiro. Portanto, o sistema político brasileiro é contrário aos interesses populares.
            O sistema tributário pesa sobre os cidadãos pobres. O sistema financeiro privado e o BNDES beneficiam o agronegócio em detrimento da produção agrícola familiar. Conforme o manifesto de 7 de setembro de 2013, nos últimos anos, tem-se presenciado essa estrutura de poder oprimindo as populações quilombolas, indígenas e populações ribeirinhas pelo desrespeito à sua cultura e ao seu território, em favor do agronegócio.
            As chamadas “reformas progressistas” colocadas em prática pelos governos Lula e Dilma, na área social, só podem ocorrer de forma tímida e sem assustar as elites. As demais reformas, como do sistema judiciário prisional, que atualmente, só penaliza os pobres; Reforma agrária e política agrícola tímidas; poder exorbitante dos bancos e do capital financeiro; intocabilidade da taxação às grandes fortunas. O atual sistema partidário anula a ação dos partidos progressistas impedindo as grandes transformações. A estatística mostra que nas eleições de 2014, o número de parlamentares milionários aumentou consideravelmente, o que contribui para aumentar os obstáculos às reformas e avanços desejados.
            Belo Horizonte, novembro de 2014.


            Antônio de Paiva Moura

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