sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A importância da História


Antônio de Paiva Moura

Conforme Robert Schafer, apud Martins Filho (2005), é atribuída à palavra “história”, três diferentes significados. No primeiro, ela se refere aos eventos do passado, os acontecimentos de qualquer época. No segundo significado, história representa registro dos acontecimentos dos primórdios da vida civilizada até nossos dias, em documentos, livros, objetos e até computação eletrônica de hoje. Na terceira versão, história significa uma disciplina, uma área de conhecimento, dotada de método, técnicas e conceitos, com os quais, os historiadores realizam suas pesquisas.

Para os gregos, história significa “pesquisa”, conhecimento oriundo da investigação. Ciência que investiga o homem no tempo e no espaço. O estudo da história começa quanto os homens encontram os elementos de
sua existência, nas realizações de seus antepassados.

Para que serve a história?

Na resposta a esta questão os estudiosos têm recorrido, invariavelmente, à obra “Apologia da História ou o ofício do historiador”, publicada por Lucien Febvre, em homenagem póstuma a Marc Bloch. Por ser judeu, Bloch foi detido, torturado e fuzilado pela Gestapo, em junho de 1944. O autor parte da pergunta de uma criança: “Papai, então me explica para que serve a história." (BLOCH, 2001,p.41). Num primeiro momento, o capítulo “A história, os homens e o tempo”, traz em seu título o que o autor pretende representar: o homem quanto sujeito da sua história. Não mais uma História atrelada apenas aos fatos, às datas, aos relatos. Busca-se a partir de então, uma história que consiga compreender as relações que se
deram através dos fatos, suas problematizações e seu contextos históricos.

Indicando dessa maneira que o seu objeto não era o passado, mas o homem, mais precisamente os homens no tempo. Porém nunca se esquecendo de aliar o passado com presente, uma vez que as indagações do presente são o que fazem o historiador voltar-se para o passado, sempre questionando e
interpretando. Mas interpretar o que? Os fatos que aconteceram no passado da humanidade? De certa forma sim. Mas lembrando que o modo de se compreender o passado pode acontecer de diferentes formas. O historiador não dispõe de uma máquina do tempo para voltar a determinado fato histórico. Então, é justamente aqui onde entram os conceitos interpretativos, que fazem da história uma ciência não exata. Onde a determinado fato podem ser atribuídas diferentes versões, de acordo com as diferentes visões. Mesmo nenhuma sendo a correta ou a errada. Aliás, isto é que torna a história instigante, pois em meio a suas pesquisas, todo historiador sempre se depara com questionamentos a suas teorias, que caso não o faça mudar de idéia, suas teorias ficam mais reforçadas.

Então me veio outra luz. Um pensamento que acho que explica de uma forma bem sucinta o porquê de se estudar e de se conhecer a história. E talvez seja a mais justa e explicativa idéia que releva “para quê serve a
História".

Falei para o jovem: “Posso até não saber de sua real serventia! Só sei, que a estudo por que ela me causa um imenso prazer, o prazer de conhecer, o prazer do saber.”  E no outro dia lhe levei estas sábias palavras
de São Bernardo de Claraval, Sobre o cantar dos cantares, Sermão 36, III. “Há quem busque o saber pelo saber: é uma torpe curiosidade. Há quem busque o saber para se exibir: é uma torpe vaidade. Há quem busque o saber para vendê-lo: é um torpe tráfico. Mas há quem busque o saber para edificar, e isto é caridade. E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência.

A globalização econômica influenciou a mudança no eixo do poder mundial. São óbvios os constrangimentos que esse processo gera para a liberdade de ação dos governos dos países em via de desenvolvimento, em face da necessidade de se adequar às exigências para o acesso a mercados
externos. O ideal de nação e de estados nacionais sofreu revisões e contestações por parte da economia global. Alguns direitos sociais básicos, como direito ao emprego, se vêem desafiados pelo desemprego estrutural causado pela necessidade das empresas de cortar custos para competir num
mrcado globalizado. A crise fiscal dos estados também está exigindo reformulações em outros campos da política de bem-estar, como aposentadoria, pensão. Como observou o filósofo contemporâneo
Habermas, nesse contexto a política se transforma caca vez mais em administração e o status de cidadão se vê ameaçado. (CARVALHO, 1998)

A nova face do capitalismo se caracteriza por enormes concentrações de rendas em determinada região e grupo familiar, fazendo aumentar a carência nas regiões periféricas. Em face dessa má distribuição de renda; as lutas pelo  meio de ganhar a vida; a competição por status social, posições e papéis; a busca pelo espaço físico, têm feito das grandes cidades um campo de permanentes conflitos. Nesse quadro de transformações e inquietações é que se procura repensar o ensino e a escrita da história.
                                                                                                                                                                                                                          
.A História serve para justificar visões de mundo."“Com a História entende-se o passado, compreende-se o presente e faz-se projeções para o futuro." “A História serve para se entender o presente." 
“A História é uma das formas de reflexão da vida social, pois nossa sociedade é auto-reflexiva."
“A História serve para se entender o desenvolvimento das sociedades e dos valores da humanidade; com ela o historiador constrói e divulga conceitos e ideologias com o intuito de promover uma melhora na vida das pessoas."
“A História serve para que nos divirtamos lendo uma novela que aconteceu na realidade".
“A História é como a Química antes de Boyle ou a Matemática antes de Euclides, ou seja, não houve ainda um Galileu ou Newton que criasse um paradigma da História, e talvez jamais haja."
“A história é, antes de tudo, um divertimento: o historiador sempre escreveu por prazer e para dar prazer aos outros. Mas também é verdade que a história sempre desempenhou uma função ideológica, que foi
variando ao longo dos tempos."

BLOCH, Marc. Apologia da história ou o ofício do historiador. Tradução de André Telles Jorge Zahar. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: UFMG, 1998.

MARTINS Filho, Amilcar Viana. Como escrever a história de sua cidade. Belo Horizonte: ICAM, 2005.

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