domingo, 4 de janeiro de 2015

BIG BANG DEMOGRÁFICO



Para Saramago a história da humanidade é um desastre contínuo. Além das

guerras, existem os conflitos de classes e os conflitos interpessoais. Os humanos vivem

com raiva. O instinto é melhor nos animais que a razão nos homens. O animal, para se

alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nos não, nos  matamos por prazer, por

gosto. “A humanidade não merece a vida”. Faça um calculo de quantos delinqüentes

existem no mundo.  Os humanos usam a razão para destruir a vida e não para defendê-

Saramago tem razão. O homem ultrapassou o limite sustentável de presença na

terra. Com maior perspectiva de vida e menor mortalidade infantil, em 50 anos a

população da Terra pulou de 3,5 bilhões para 7 bilhões de habitantes. Corre-se o risco

de virar um problema para todos os seres vivos que habitam os mesmos espaços. Daqui

a 30 anos a o planeta poderá chegar 8 bilhões de humanos. Esse número tornar-se-á

insuportável, porque exigirá crescimento econômico mais acelerado do que o atual, com

um enorme sacrifico da natureza. A acumulação riquezas e a desigualdade social têm

aumentado, sustentadas pelo vigor da ideologia neoliberal.

 Sabe-se que a renda pessoal está distribuída de maneira tão desigual no mundo,

que os 2% mais ricos da população adulta detém mais da metade das riquezas do

planeta. A outra metade das riquezas é dividida com 98% da população adulta, cerca de

5 bilhões de habitantes. Para se incluir entre o 1% de mais ricos do mundo o indivíduo

terá que ter em média, um patrimônio de U$ 500 mil dólares, cerca de um milhão cento

e cinqüenta mil reais. Dos 5 bilhões de adultos do mundo, apenas 34 milhões de pessoas

têm um patrimônio superior a 1 milhão de reais. A América do Norte que tem apenas

6% da população mundial detêm um terço de toda a riqueza do mundo. Segundo a

revista Exame (2012) existiam no Brasil somente 130 mil multimilionários e 65% desse

total, (84.500) residiam em São Paulo e Rio de Janeiro.

A concentração de riquezas em mãos de poucos, em uma região, é um

verdadeiro desastre. Começa com o fato consumado do aumento da violência e da

degradação do modo de viver a marginalidade. Os mais pobres são os mais atingidos

pelas catástrofes naturais provocadas pela ação dos mais ricos sobre a natureza. Pode-se

imaginar o quanto serão dolorosas e trágicas as lutas por espaços e por melhores

Logo depois da Segunda Guerra mundial a ONU passou a se preocupar com o

crescimento demográfico, como fator de ameaça à paz mundial. Talvez seja por essa

expectativa e por essa consciência que o livro do economista francês, Thomas Piketty,

“O capital no século XXI”, seja o mais lido no mundo, na atualidade. A referida obra

analisa e aponta caminhos para melhorar a questão da distribuição de renda no mundo.

Sem uma eficaz política de melhoria na distribuição de renda e redução da pobreza,

nenhuma medida de controle de natalidade e de sustentabilidade econômica será eficaz.

Como diz o jargão popular: ´vai enxugar gelo”.

Belo Horizonte, janeiro de 2015

Antônio de Paiva Moura

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