Pessoas que combateram a ditadura no Brasil contam suas histórias
quando se deparam com fotos tiradas pela polícia e por militares no
documentário que tem sessão às 20h, no Cine Vila Rica, seguida de
bate-papo da diretora Anita Leandro com o público após a exibição do
filme
Durante a ditadura, os presos políticos eram fotografados em diferentes
situações: investigações, atos de prisão, tortura, exames de corpo de
delito, processos de banimento, inquéritos e necropsias. Esses retratos
de identificação policial, produzidos com o objetivo de controle dos
prisioneiros, ressurgem agora em Retratos de Identificação, de Anita Leandro, como provas de crimes e atos violentos perpetrados pelas Forças Armadas e pela Polícia Civil.
Resultado de quatro anos de pesquisa junto aos arquivos públicos, o documentário será exibido na 10ª Mostra de Cinema de Ouro Preto a CineOP, em 21 de junho, às 20h, no
Cine Vila Rica, seguido de um bate-papo da diretora com o público. O
filme traz à tona um conjunto importante de documentos textuais e
iconográficos, até então desconhecidos, da história da ditadura militar.
A documentação mostrada no filme refere-se, especificamente, à prisão
de quatro pessoas, todas barbaramente torturadas. No filme, os dois
únicos sobreviventes desse grupo se deparam, pela primeira vez, com
documentos e fotografias relativos a esses acontecimentos.
Antônio Roberto Espinosa, na época comandante da organização
VAR-Palmares, conta como foi sua prisão ao lado de Maria Auxiliadora
Lara Barcellos e Chael Schreier, e testemunha sobre o assassinato de
Schreier. Reinaldo Guarany, do grupo tático armado ALN, relembra sua
saída do território nacional em 13 de janeiro de 1971, em troca da vida
do embaixador suíço Giovanni Bucher; a vida no exílio, sem documentos, e
o suicídio de Maria Auxiliadora Lara Barcellos, com quem vivia na época
em Berlim.
Alguns documentos revelados pelo filme, como as fotos de Chael
Schreier, comprovam que ele não foi ferido em combate na noite da
prisão, como pretende um documento forjado por um de seus torturadores, o
capitão Celso Lauria. As fotografias, provenientes dos acervos de
diferentes agências de repressão, como o DOPS da Guanabara e o Serviço
Nacional de Informação, encontram-se, hoje, sob a guarda do Arquivo
Estadual do Rio de Janeiro, Arquivo Nacional e Superior Tribunal
Militar.
A Diretora
Documentarista e professora de cinema na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Anita Leandro deu
aulas, por 6 anos, na Université Bordeaux 3, onde coordenou o master
profissional "Realização de documentários e valorização dos arquivos".
Realizou diversos documentários e instalações audiovisuais. Sua pesquisa
em torno dos acervos fotográficos das agências de repressão deu origem
ao filme Retratos de identificação e às instalações sonoras da exposição Arquivos da ditadura (Centro Cultural Justiça Federal do Rio Janeiro, agosto-setembro de 2014).
Retratos de Identificação
Documentário, Brasil, 2014, cor, 71min
Realização: Anita Leandro / UFRJ / Comissão de Anistia do Ministério da Justiça (Projeto Marcas da Memória)
Direção: Anita Leandro
Imagem: Marcelo Brito
Som Direto: Alexandre Nascimento
Edição e Tratamento das Fotografias: Marta Leandro
Montagem: Anita Leandro
Corte final: Joana Collier e Isabel Castro
Videografismo: Guilherme Hoffmann
Criação Sonora e Mixagem: Edson Secco
Produção: Anita Leandro
Produção de Finalização: Amanda Moleta e Pojó Filmes
Assistente de Produção: Maíra Bosi
Finalização: Link Digital
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