Texto escrito por José de Souza Castro:
As
pessoas ricas estão cada vez mais ricas em São Paulo, revelou a
prefeitura paulistana, com base nos Censos de 2000 e 2010 do IBGE. O
grupo formado por 1% dos mais ricos fica com 20% da renda total dos
salários, aluguéis e investimentos na cidade, conforme o último Censo.
Dez anos antes, quando o país era presidido por Fernando Henrique
Cardoso, do PSDB, o percentual era de 13%.
É
o avanço da concentração de renda representada pela população da cidade
maior e mais endinheirada do país, ao longo dos primeiros oito anos do
governo petista. Os oito anos do governo Lula.
Não sei se a reportagem assinada por Vanessa Correa
e publicada no último domingo pela “Folha de S.Paulo” teve repercussão.
É possível que boa parte daquele 1% dos mais ricos não tenha tomado
conhecimento da notícia. Não é uma turma chegada a ler jornais.
Sendo
assim, não deve ter amofinado os candidatos Aécio Neves e Eduardo
Campos, mais do que eles já se preocupam com as dificuldades para
financiar suas custosas campanhas eleitorais, mesmo sendo os principais
opositores do governo de Dilma Rousseff e, presumivelmente, apoiados
pelos donos do dinheiro, refratários a qualquer proposta de repartir
mais igualitariamente a riqueza, como pregava antigamente o Partido dos
Trabalhadores.
Os
que tomaram conhecimento da notícia, porém, ficarão ainda mais
relutantes. Por que dar dinheiro à oposição, se com a situação estão se
dando muito bem? Não se mexe em time que está ganhando, não é mesmo?
Para
mim, o surpreendente na notícia não é o aumento da concentração de
renda, algo já sabido, mas a informação de que quem tem uma renda
individual de R$ 15 mil por mês se inclui naquele grupo de pouco mais de
100 mil pessoas. Ou seja, no grupo de 1% mais rico, numa população que
soma 11,8 milhões de moradores da capital paulista.
Fiquei
curioso sobre a concentração que deve existir dentro desse grupo
restrito de privilegiados. Será que 1% deles detém metade da renda do
grupo? Como saber? É um pessoal que se esconde até quando são obrigados,
pela lei, a declarar seus bens à Justiça Eleitoral.
É
mais fácil, para os pesquisadores, conhecer a renda dos 50% da
população de menor renda. Mas não é o caso de humilhá-los ainda mais,
aqui, revelando quanto ganham. Basta dizer que a participação deles na
renda paulistana cresceu muito menos, na primeira década deste século,
do que a dos mais ricos.
Há
até uma explicação para isso, dada pelo diretor do Departamento de
Informação da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Tomás Wissenbach,
responsável pela pesquisa. Desde a década de 1970, segundo ele, a cidade
de São Paulo vem perdendo suas indústrias e também os empregos que
pagavam bons salários a pessoas com escolaridade média. Hoje a economia
paulistana está concentrada nos setores de serviços, que produzem, de um
lado, superempregos para executivos e consultores e, de outro,
ocupações de baixa remuneração em funções terceirizadas como limpeza e
telemarketing.
Assim
sendo, não surpreende que o candidato do PT tenha vencido nas últimas
eleições a disputa pela prefeitura de São Paulo, pois os baixa-renda
tendem a votar nesse partido. Haverá surpresa nas eleições de outubro
próximo? O tempo dirá.
Enquanto isso, vamos ficar com mais uma notícia de domingo, no mesmo jornal paulista. Agora, uma reportagem de Dimmi Amora:
“O
jatinho Embraer Phenom 300 vale R$ 18 milhões, mas estacioná-lo nos
aeroportos brasileiros custa apenas R$ 1. Mais precisamente, apenas 92
centavos por hora. O preço para parar máquinas milionárias dentro dos
aeroportos do país equivale a um décimo do custo de deixar um carro nos
estacionamentos dessas unidades. Em Congonhas (SP), onde parar um Phenom
sai a R$ 1,21 a hora, estacionar um carro pelo mesmo período custa R$
14. Mesmo para um dia inteiro de uso, os preços são distorcidos. Uma
diária de estacionamento de veículo custa R$ 70, enquanto para um avião
não passa de R$ 26”, começa Amora o seu relato.
Mas
isso deve mudar. Os aeroportos brasileiros eram administrados por uma
estatal, a Infraero. Agora restam a ela apenas 63 aeroportos. Pelo menos
20 já são administrados pela iniciativa privada (nesse número, o jornal
não inclui o famoso aeroporto de Cláudio...). O Sindicato Nacional das
Empresas de Administração Aeroportuária conta com 13 empresas associadas
e já solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil a revisão das
tarifas. Vai conseguir. Agora, é briga de cachorro grande...
(fonte: http://kikacastro.com.br/2014/08/05/briga-de-cachorro-grande/)
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