quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Em quem não votar


por Rudá Ricci

É compreensível que se faça crítica à gestão de Dilma Rousseff. Afinal, a economia faz água e o clima de “Brasil Grande” ou “Gigante que Acordou” parece que se foi. Também é compreensível que não se tenha tanta confiança em Eduardo Campos ou outro candidato não muito conhecido. Afinal, para que apostar no incerto? De qualquer maneira, entre os candidatos de pequenos partidos, há pessoas experientes ao menos como parlamentares, que já comprovaram que rumo tomam na vida pública, como Luciana Genro. Há os que defendem interesses específicos, como pastor Everaldo. Mesmo assim, é compreensível que um eleitor não deseje votar em quem não parece competitivo nesta eleição.

Finalmente, é compreensível que grande parte dos brasileiros tenha abandonado completamente sua esperança e expectativa com o sistema partidário inteiro do país. Mas não é compreensível se espelhar na candidatura de Aécio Neves. Explico. Aécio teve toda a sua vida adulta voltada para a política. Começou como secretário pessoal de Tancredo Neves. Deveria ter um amplo currículo de realizações.
Enfim, o que se espera de um político? Que nos represente e melhore nossas vidas.

Mas, o que fez Aécio? Seu cartão de visitas é o Choque de Gestão. Algo que foi elaborado por Antonio Anastasia e nada mais é que um remix da Nova Gestão Pública do Reino Unido. Uma proposta de gestão, não de realizações. É como se a maior realização de um time de futebol fosse a manutenção e conservação de seu estádio, não a conquista de campeonatos. Este é o único “legado” de Aécio. Na área social, não avançou em nada. Fiz um levantamento de todos os projetos sociais de seu governo. Muitos programas com baixa cobertura ou abrangência. Escrevi sobre isto.

Ainda no ano passado, em meio ao tiroteio das manifestações de junho, era de se esperar que falasse algo aos jovens. Ficou calado. Em seguida, propôs a velha cantilena das privatizações. Algo que revela a falta de projeto e perspectiva. Em seu próprio Estado, os manifestantes o rechaçaram, segundo pesquisa realizada pela Innovare.

Como senador, os jornais publicaram que quase 90% de suas viagens de final de semana foram destinadas ao Rio de Janeiro. Um político mineiro que não veio a Minas Gerais.
Não vou listar as críticas ao seu comportamento pessoal. São muitas, desde quando a polícia barrou o automóvel que dirigia no Rio de Janeiro e que estava registrado na empresa Rádio Arco-Íris (Jovem Pan BH), cuja propriedade é de sua família e que passou a ser investigada pelo MP - leia mais aqui - à atual acusação de construção de aeroportos em cidades muito pequenas do interior mineiro, com dinheiro público, para uso ainda incerto. As acusações são graves e muito importantes para esclarecer como o candidato age quando governa. Mas está em vários jornais e websites. Basta consultar.

O que quero destacar é que Aécio não oferece segurança para o Brasil. E não parece ter experiência para governar a 7ª economia mundial, o segundo país mais poderoso do nosso continente, um país com 200 milhões de habitantes. Erramos uma vez ao tentar algo que se apresentava como novo, embora fosse de uma família de políticos regionais e já tinha sido governador o que, portanto, oferecia um currículo extenso para sabermos com quem estávamos tratando. Errar uma vez é até humano.  Cometer duas vezes o mesmo erro não tem perdão.

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